A grande parte faz resenha (às vezes muito boa até) de um filme. O mesmo acontece com livros. Acompanhando seu trabalho percebo o quanto a crítica é uma obra à parte que exige profundo conhecimento e ajuda a compreender não só a obra em si mas o cinema como um todo.
Obrigado, Marta! Acredito que mesmo quem está apenas começando a estudar cinema já consegue articular algumas ideias. Com certeza é importante conhecer o cinema como um todo, mas também é possível articular algo profundo sobre a nossa relação com o filme pelo filme.
Isso, a maioria é muito vago. Só vai jogando nomes. "Fotografia maravilhosa, atuações otimas. Trilha pelo tal cara é fantastica. Gostei do filme". 100likes na "review".
E pior que no fim das contas nem é só culpa da pessoa, mas de toda uma cultura que impõe isso. Muita gente nem sabe das possibilidades de uma verdadeira crítica. O triste mesmo é quem sabe disso e ainda continua produzindo conteúdo assim.
@@arthurtuoto Sim. Essas reviews mais rasas acabam pegando mais gente pela sua simplicidade, todo mundo entende. Já um texto mais profundo, uma pessoa comum que só quer ver um opinião rápida, n vai se importar em ler.
A crítica deve correlacionar o saber formal e técnico com a capacidade subjetiva da pessoa de concatenar e articular reflexões acerca da linguagem fílmica de maneira singular. Cada filme é uma película própria e deve ser tratada como tal, o contexto e os postulados basilares de uma boa obra acabam por romper com qualquer tipo de “fundamentos intrínsecos do que faz um filme bom". Em suma, o critico deve acima de tudo saber pensar, refletir, e argumentar sobre suas próprias impressões dentro da experiência cinematográfica, o saber técnico-formal é necessário, mas não pode ser mecanizado ou cristalizado em uma bolha de regras herméticas. O grande foda é que esse pessoal diz que a fotografia é bonita, mas muitas vezes não sabe nem explicar o porquê. Ótimo vídeo, como sempre.
Exatamente! Devemos estudar a linguagem não para conhecer os "padrões de qualidade" desses elementos, mas para conhecermos suas possibilidades expressivas.
Ando muito em dúvida sobre as teorias da análise fílmica e as teorias da crítica cinematográfica e do audiovisual. Percebo algumas propostas que se afirmam como "análise crítica" e que buscam articular essas maneiras de lidar com as obras. Vejo esse método de análise crítica em alguns textos acadêmicos e em textos de críticos/as específicos/as que escrevem fora da academia. Essa fala do Tuoto contribui para a gente entender melhor sobre essas questões principalmente essas "análises" que ele cita que se comportam como resenhas, resumos, etc, e idealizam o que o filme deve ser dentro de um modelo e não o que, como, porquê, quando etc o filme é na sua complexidade e na experiência do cinema. Algo que o Bazin falou mais ou menos de que a crítica é um prolongar a relação com o filme e assim articular uma ideia com ele, pôr em crise. Sinto que aprendo bastante com as aulas do Tuoto. Bom demais!
Esse vídeo me lembrou de quando conversava com uma pessoa sobre Pulp Fiction do Tarantino. Ele afirmava que o filme é ruim pois n tem personagens bem desenvolvidos sendo que essa claramente n é a proposta do longa.
Eu até falei sobre o Tarantino nos vídeos da websérie sobre A IMPORTÂNCIA DA FORMA CINEMATOGRÁFICA. Talvez reposte alguns trechos aqui no canal. Várias pessoas elogiam os diálogos e os roteiros, mas existe uma proposta particular de direção que torna aquilo impactante.
Prezado Arthur, você propõem uma reflexão muito interessante, contudo, eu sempre acreditei que uma boa crítica cinematográfica partisse da análise dos aspectos formais da obra: Papel criador da câmera; tipos de montagem; uso do som etc. Eu julgava que só depois de esgotar a análise da forma fílmica, o crítico partisse para buscar o significado de como a linguagem subverte ou se adequa ao conteúdo (a ideia) do cineasta.
Concordo plenamente. O pior foi o dia em que eu vi uma pessoa falar que a fotografia do filme era maravilhosa e nesse momento apareceu o cartaz no vídeo kkkkk ou seja á pessoa acreditava que fotografia eram a fotos promocionais do filme kkķkkk em fim... tem de tudo na internet. Mas há também expert do assunto.
Percebo estes mesmos pontos que apontou em várias áreas. Além de filmes, também séries, livros, quadrinhos, mangas, animes, e até mesmo música e arte em geral, não tem críticos mas tem muitas pessoas que fazem resumos.
Com certeza. É uma abordagem que serve para qualquer linguagem artística. Nunca devemos limitar uma linguagem a uma cartilha de certo e errado, mas estudar essa linguagem justamente para propor ideias sobre o seu uso.
Arthur, eu sempre fui muito fã de cinema (como um todo). Apesar de ser leigo em diversos assuntos, eu tento me esforçar ao máximo para adentrar e extrair nas experiências cinematográfica. Conheci o teu canal a pouco tempo atrás e já me apaixonei logo de cara. É extremamente cativante ver a maneira que você fala sobre os assuntos. Queria te dizer que Já sou um grande fã. Você faz um trabalho impecável. Continue partilhando seu amor e conhecimento conosco. Um abraço.
Excelente colocação, Tuoto! É sempre um grande desafio expandir a percepção para enxergar a peculiaridade de uma cosmologia fílmica, mas é fundamental para pensarmos criticamente.
Infelizmente o que percebo é que pouca gente deve querer ver uma crítica mais aprofundada e que ainda o faça pensar sobre algo, por isso os finais explicados e reviews estão em alta, conteúdo curto, de fácil assimilação e que terminando, eu posso simplesmente partir para o próximo.
Concordo que muitas pessoas preferem um conteúdo já "mastigado". O problema é que várias pessoas não tem nem a noção dessa outra possibilidade. Eu vejo isso pelo meu próprio conteúdo. Várias pessoas dizem que consideram esse pensamento libertador já que nem sabiam que isso era possível. Então também é uma questão de tornar essa abordagem mais popular. Investir numa certa educação audiovisual básica pra que essa ideias possam ser mais conhecidas.
E respondendo sua pergunta há melhor diretores porque eles têm uma assinatura, e isso não é palpável. Usam o conjunto da obra para transmitir seu próprio conceito, isso é perceptível, mesmo àquele que desconhece nomes, a sensação é de que aquilo tem significado muito maior e de fato tem.
a diferença entre o resenheiro e o critico, arthur, cada dia que passa aprendo mais e mais com voce, está sendo um prazer ampliar meus conhecimentos, com fã de cinema e também como crítico.
Acho que um ótimo exemplo do que estas discutindo a partir de 21:30 é a obra de Shakespeare, que desde suas primeiras apresentações teve inúmeras interpretações, e, até hoje, não esgotou as ideias nelas apresentadas. A obra fala muito mais do que a intenção do autor quando a escreveu.
Sim. É descrever a sua experiência com o filme a partir do seu conhecimento sobre a linguagem. Entender de que forma, na sua perspectiva, o diretor lidou com os elementos da linguagem para ter o efeito que teve sobre a sua sensibilidade.
Vídeo absolutamente essencial, Arthur! Essa é a questão mais primordial acerca do debate sobre cinema hoje, eu diria. Percebo que ultimamente tenho evitado bastante entrar em discussão sobre cinema na internet muito por conta disso, de ver que a outra pessoa (a maioria, infelizmente) tá analisando através de uma cartilha, que acha que existe os filmes objetivamente bons e ruins e etc. O que torna o debate limitador e quase inviável, ao meu ver. E isso é um problema do qual infelizmente não vejo uma solução, visto que esse tipo de visão sempre foi a dominante no cinema, inclusive entre os próprios indivíduos que trabalham nela. (basta ver a quantidade de diretor que vive querendo revelar - e algumas vezes até impor - a "grande verdade" de sua obra). Ou seja, simplesmente nem dá pra culpar o público por isso, de fato.
Valeu, Heitor! Apesar de ser uma abordagem que, infelizmente, domina vários meios, acredito que a solução seja investir mais em uma educação básica audiovisual. Muitas pessoas limitam a sua experiência a uma cartilha porque, simplesmente, não sabem que existem outras possibilidades. A questão é mostrar que existe uma abordagem muito mais libertadora e expressiva. Produzir críticas e conteúdos que apresentam essas ideias.
Eu sinto que essas análises que a gente acha o tempo todo no UA-cam são meio mecanizadas demais. Até pq a plataforma exige essa consistência semanal de vídeos, essa pressão não dá liberdade pra desenvolver uma boa crítica.
Até entendo isso, mas acho possível articular ideias em poucos minutos ou em até poucas linhas. Vale mais um vídeo ou texto curto que proponha alguma coisa do que algo longo que só descreve tudo de forma impessoal. De toda forma, talvez seja algo que não tenha tanto "apelo" assim em algum sentido.
Excelente, um vídeo mais que necessário, pois existem várias pessoas que se julgam críticos mas que seguem uma cartilha e muitas vezes essa cartilha nem é coerente com o filme que está sendo crticicado ou análisado. Um exemplo recente são as pessoas comparando Salt And Fire do Herzog com filmes mais mainstream para dizer que o filme é ruim, sendo que há ali um trabalho primoroso e ousado do diretor que inclusive quebra várias regras que muitos filmes aclamados hoje em dia seguem à risca. E muitos desses "críticos" são preguiçosos, eles seguem uma cartilha porque é muito mais fácil do que entrar de cabeça no universo do filme e entender as suas nuances.
Valeu, João! Eu até acho natural alguns críticos caírem nessa ideia quando começam a estudar. Mas o complicado é quando as pessoas estudam cinema, sabem dessas possibilidades, e mesmo assim preferem usar uma cartilha porque, como você bem disse, é mais fácil. Vira algo muito mais cômodo e que nunca propõe de fato um olhar sobre as obras.
O tanto de canal de you tube ou até critica no letterboxd que analisa o filme, com certos critérios equivocados é de assustar, não que tem algo de errado em analisar com base em um gosto pessoal, mas boa parte tá interessada em dar uma resposta final e objetiva da obra, sem propor nada sobre ela só apenas é bom ou ruim.
O pior é que essa abordagem acaba sendo legitimada por grandes "críticos". E aí muitas pessoas que estão começando a estudar cinema só enxergam essa possibilidade.
Como são análises que, em alguns casos, servem apenas como uma grande sinopse da obra, elas acabam servindo como um "guia de cultura" mesmo. O que pode até ter a sua utilidade para algumas pessoas, mas ainda assim não acho que devam ser chamadas de críticas.
Boa noite. Por favor, pode perguntar no grupo se alguém se lembra o nome de um filme da década de 60 ou 70, que uma pessoa via o mundo de uma forma, colorida, bonita, e depois acha um óculos e quando o coloca, vê o mundo como ele é? A mensagem do filme é obey (obedeça)... obrigada!
Saudações Arthur! Tudo bem? Espero que sim. Uma boa crítica poderia ser, entre várias possibilidades, a síntese de uma nova ideia sobre o filme? Poderia ser uma ideia inovadora sobre o filme? Sobre o "2OO1: Uma Odisseia no Espaço": há críticas que mencionam Nietzsche, o questionamento sobre a existência de Deus, a evolução da espécie humana e da tecnologia e a relação entre um e outro. Uma boa crítica poderia ser fundadora de uma nova ideia sobre o filme acima?
Sim, Carlos! Na verdade o papel da crítica é exatamente esse. Não é "descobrir" o que o autor quis dizer, mas propor uma ideia sobre a obra. O legado de um filme não é formado pelas intenções do autor, mas pelas perspectivas que a obra gerou no mundo. Nesse vídeo falo um pouco mais sobre isso: ua-cam.com/video/3LVD55v_FmQ/v-deo.html
@@arthurtuoto muito obrigado pelo link, meu caro. Não duvido que a resposta para minha próxima pergunta possa ser um "sim", mas há algo além do consenso de toda obra ser aberta? Há mais alguma possibilidade de vias de interpretação sobre as obras? Abraços e boa semana.
Em alguns pontos você tem razão, mas chamar essa 'cartilha' de clichê é quase uma ofensa para muitos festivais de cinema e os profissionais que trabalham neles e distribuem prêmios. Sem critérios para avaliar um filme, qualquer produção poderia ser considerada boa ou ruim, dependendo apenas de gosto pessoal, e sabemos que não é assim que funciona. Tudo na vida precisa de regras, como no futebol, nos esportes e outras areas. Acho que existe um excesso de 'mimimi' de quem faz cinema alternativo e quer ser visto como um sucesso de massa. O seu filme pode não ser bom para a maioria, e ponto final. Ele não vai ganhar prêmios porque simplesmente não atende aos critérios para isso. Não vai ganhar um Oscar porque, de acordo com as regras do Oscar - que, sim, podem ser injustas - ele não se enquadra. Na minha opinião, o maior festival de cinema é Cannes. Lá, qualquer pessoa pode se inscrever de forma gratuita, enviar o filme, e, se for selecionado, então sim, precisa levantar uma grana para enviar o DCP. E aí, de fato, tem chance de ganhar gastando bem pouco. Agora, no Oscar? Para chegar lá, é um jogo de malabarismo e apadrinhamento. Você pode ter o melhor filme do mundo de acordo com a 'cartilha', mas se não tiver uma grande empresa que apoie e distribua seu filme, ele se perde no caminho. Portanto, a 'cartilha' atrapalha bastante em certos contextos, mas em alguns festivais ela faz sentido - especialmente nos que não exigem rios de dinheiro para competir. Porque sim, existem muitos filmes bons que ficam fora dessa bolha dominada pelos que têm mais poder aquisitivo, e não pelos filmes que realmente são bons."
eu queria saber de você quando um filme nao tem no seu roteiro um grande conflito ..mas sim ele se propoe a ser uma expriencia... o que você diz sobre esse filme?
Há o cinema que preza pela mínima atuação, por exemplo, como no caso do Kaurismaki. Sugiro inclusive a crítica, não análise, rsrsrs, de Sombras no Paraíso.
Olá, tudo bem Arthur? É possível realizar uma critica após assistir um filme pela primeira vez? Eu acho que a absorção de uma obra requer algumas visitas e um tempo de reflexão. Nunca consegui entender como as pessoas ao sair do cinema alcançam um entendimento completo sobre um trabalho que demorou um longo tempo para ser concluído e foi realizado pelo esforço de n pessoas. Até mesmo as criticas de bate e pronto do lendário Roger Ebert me soa estranho, a vista da complexidade do que é o cinema, enfim... É possível fazer uma critica solida em uma única visita a uma obra cinematográfica? Parabéns pelo trabalho. Abraço!
gostaria de saber o que tu pensa sobre as analises psicanalíticas do cinema. E também se tu concorda que a psicanálise se apropria dos conceitos do cinema para explicar a própria psicanálise como diz Deleuze?
@@romulomartinez314 Isso aí é filosofia barata. Ele propôs um conceito sobre critica, e não uma cartilha. E o conceito dele é baseado justamente na relativização da arte. Fora que as tais "cartilhas" que ele cita, ele se refere a cartilhas cinematográficas.
A grande parte faz resenha (às vezes muito boa até) de um filme. O mesmo acontece com livros.
Acompanhando seu trabalho percebo o quanto a crítica é uma obra à parte que exige profundo conhecimento e ajuda a compreender não só a obra em si mas o cinema como um todo.
Obrigado, Marta! Acredito que mesmo quem está apenas começando a estudar cinema já consegue articular algumas ideias. Com certeza é importante conhecer o cinema como um todo, mas também é possível articular algo profundo sobre a nossa relação com o filme pelo filme.
Isso, a maioria é muito vago. Só vai jogando nomes. "Fotografia maravilhosa, atuações otimas. Trilha pelo tal cara é fantastica. Gostei do filme". 100likes na "review".
E pior que no fim das contas nem é só culpa da pessoa, mas de toda uma cultura que impõe isso. Muita gente nem sabe das possibilidades de uma verdadeira crítica. O triste mesmo é quem sabe disso e ainda continua produzindo conteúdo assim.
@@arthurtuoto Sim. Essas reviews mais rasas acabam pegando mais gente pela sua simplicidade, todo mundo entende. Já um texto mais profundo, uma pessoa comum que só quer ver um opinião rápida, n vai se importar em ler.
Isso já tá ultrapassado na real, agora críticas populares consiste na pessoa contar a história de vida dela ou fazer algum meme
"Tá certa a indignação!"
A crítica deve correlacionar o saber formal e técnico com a capacidade subjetiva da pessoa de concatenar e articular reflexões acerca da linguagem fílmica de maneira singular. Cada filme é uma película própria e deve ser tratada como tal, o contexto e os postulados basilares de uma boa obra acabam por romper com qualquer tipo de “fundamentos intrínsecos do que faz um filme bom". Em suma, o critico deve acima de tudo saber pensar, refletir, e argumentar sobre suas próprias impressões dentro da experiência cinematográfica, o saber técnico-formal é necessário, mas não pode ser mecanizado ou cristalizado em uma bolha de regras herméticas.
O grande foda é que esse pessoal diz que a fotografia é bonita, mas muitas vezes não sabe nem explicar o porquê.
Ótimo vídeo, como sempre.
Exatamente! Devemos estudar a linguagem não para conhecer os "padrões de qualidade" desses elementos, mas para conhecermos suas possibilidades expressivas.
Ando muito em dúvida sobre as teorias da análise fílmica e as teorias da crítica cinematográfica e do audiovisual. Percebo algumas propostas que se afirmam como "análise crítica" e que buscam articular essas maneiras de lidar com as obras. Vejo esse método de análise crítica em alguns textos acadêmicos e em textos de críticos/as específicos/as que escrevem fora da academia. Essa fala do Tuoto contribui para a gente entender melhor sobre essas questões principalmente essas "análises" que ele cita que se comportam como resenhas, resumos, etc, e idealizam o que o filme deve ser dentro de um modelo e não o que, como, porquê, quando etc o filme é na sua complexidade e na experiência do cinema. Algo que o Bazin falou mais ou menos de que a crítica é um prolongar a relação com o filme e assim articular uma ideia com ele, pôr em crise. Sinto que aprendo bastante com as aulas do Tuoto. Bom demais!
Esse vídeo me lembrou de quando conversava com uma pessoa sobre Pulp Fiction do Tarantino. Ele afirmava que o filme é ruim pois n tem personagens bem desenvolvidos sendo que essa claramente n é a proposta do longa.
Eu até falei sobre o Tarantino nos vídeos da websérie sobre A IMPORTÂNCIA DA FORMA CINEMATOGRÁFICA. Talvez reposte alguns trechos aqui no canal. Várias pessoas elogiam os diálogos e os roteiros, mas existe uma proposta particular de direção que torna aquilo impactante.
Prezado Arthur, você propõem uma reflexão muito interessante, contudo, eu sempre acreditei que uma boa crítica cinematográfica partisse da análise dos aspectos formais da obra: Papel criador da câmera; tipos de montagem; uso do som etc. Eu julgava que só depois de esgotar a análise da forma fílmica, o crítico partisse para buscar o significado de como a linguagem subverte ou se adequa ao conteúdo (a ideia) do cineasta.
Concordo plenamente. O pior foi o dia em que eu vi uma pessoa falar que a fotografia do filme era maravilhosa e nesse momento apareceu o cartaz no vídeo kkkkk ou seja á pessoa acreditava que fotografia eram a fotos promocionais do filme kkķkkk em fim... tem de tudo na internet. Mas há também expert do assunto.
Percebo estes mesmos pontos que apontou em várias áreas. Além de filmes, também séries, livros, quadrinhos, mangas, animes, e até mesmo música e arte em geral, não tem críticos mas tem muitas pessoas que fazem resumos.
Com certeza. É uma abordagem que serve para qualquer linguagem artística. Nunca devemos limitar uma linguagem a uma cartilha de certo e errado, mas estudar essa linguagem justamente para propor ideias sobre o seu uso.
Arthur, eu sempre fui muito fã de cinema (como um todo). Apesar de ser leigo em diversos assuntos, eu tento me esforçar ao máximo para adentrar e extrair nas experiências cinematográfica. Conheci o teu canal a pouco tempo atrás e já me apaixonei logo de cara. É extremamente cativante ver a maneira que você fala sobre os assuntos. Queria te dizer que
Já sou um grande fã. Você faz um trabalho impecável. Continue partilhando seu amor e conhecimento conosco.
Um abraço.
Muito obrigado, Luiz! Fico feliz em saber que está aproveitando o conteúdo!
Excelente colocação, Tuoto!
É sempre um grande desafio expandir a percepção para enxergar a peculiaridade de uma cosmologia fílmica, mas é fundamental para pensarmos criticamente.
Muito obrigado! Realmente é um pensamento mais do que necessário, ainda mais atualmente.
Infelizmente o que percebo é que pouca gente deve querer ver uma crítica mais aprofundada e que ainda o faça pensar sobre algo, por isso os finais explicados e reviews estão em alta, conteúdo curto, de fácil assimilação e que terminando, eu posso simplesmente partir para o próximo.
Concordo que muitas pessoas preferem um conteúdo já "mastigado". O problema é que várias pessoas não tem nem a noção dessa outra possibilidade. Eu vejo isso pelo meu próprio conteúdo. Várias pessoas dizem que consideram esse pensamento libertador já que nem sabiam que isso era possível. Então também é uma questão de tornar essa abordagem mais popular. Investir numa certa educação audiovisual básica pra que essa ideias possam ser mais conhecidas.
E respondendo sua pergunta há melhor diretores porque eles têm uma assinatura, e isso não é palpável. Usam o conjunto da obra para transmitir seu próprio conceito, isso é perceptível, mesmo àquele que desconhece nomes, a sensação é de que aquilo tem significado muito maior e de fato tem.
Excelente vídeo, finalmente alguém explicando as diferenças entre crítica e análise.
a diferença entre o resenheiro e o critico, arthur, cada dia que passa aprendo mais e mais com voce, está sendo um prazer ampliar meus conhecimentos, com fã de cinema e também como crítico.
Valeu, Júlio! Fico feliz em saber que está aprendendo com o conteúdo!
Acho que um ótimo exemplo do que estas discutindo a partir de 21:30 é a obra de Shakespeare, que desde suas primeiras apresentações teve inúmeras interpretações, e, até hoje, não esgotou as ideias nelas apresentadas. A obra fala muito mais do que a intenção do autor quando a escreveu.
Exatamente. Acredito muito que o legado de uma obra não é formado pelas intenções do autor, mas pelas perspectivas que a obra gerou no mundo.
Então criticar um filme é você estabelecer o seu ponto de vista sobre o objetivo de determinada uma obra??
Sim. É descrever a sua experiência com o filme a partir do seu conhecimento sobre a linguagem. Entender de que forma, na sua perspectiva, o diretor lidou com os elementos da linguagem para ter o efeito que teve sobre a sua sensibilidade.
@@arthurtuoto Excelente isso que você diz aqui.
Vídeo absolutamente essencial, Arthur! Essa é a questão mais primordial acerca do debate sobre cinema hoje, eu diria. Percebo que ultimamente tenho evitado bastante entrar em discussão sobre cinema na internet muito por conta disso, de ver que a outra pessoa (a maioria, infelizmente) tá analisando através de uma cartilha, que acha que existe os filmes objetivamente bons e ruins e etc. O que torna o debate limitador e quase inviável, ao meu ver.
E isso é um problema do qual infelizmente não vejo uma solução, visto que esse tipo de visão sempre foi a dominante no cinema, inclusive entre os próprios indivíduos que trabalham nela. (basta ver a quantidade de diretor que vive querendo revelar - e algumas vezes até impor - a "grande verdade" de sua obra). Ou seja, simplesmente nem dá pra culpar o público por isso, de fato.
Valeu, Heitor! Apesar de ser uma abordagem que, infelizmente, domina vários meios, acredito que a solução seja investir mais em uma educação básica audiovisual. Muitas pessoas limitam a sua experiência a uma cartilha porque, simplesmente, não sabem que existem outras possibilidades. A questão é mostrar que existe uma abordagem muito mais libertadora e expressiva. Produzir críticas e conteúdos que apresentam essas ideias.
Obrigado pela belíssima aula, Arthur. Um abraço!
Eu sinto que essas análises que a gente acha o tempo todo no UA-cam são meio mecanizadas demais. Até pq a plataforma exige essa consistência semanal de vídeos, essa pressão não dá liberdade pra desenvolver uma boa crítica.
Até entendo isso, mas acho possível articular ideias em poucos minutos ou em até poucas linhas. Vale mais um vídeo ou texto curto que proponha alguma coisa do que algo longo que só descreve tudo de forma impessoal. De toda forma, talvez seja algo que não tenha tanto "apelo" assim em algum sentido.
Excelente aula. Parabéns
Valeu, Pedro!
Excelente, um vídeo mais que necessário, pois existem várias pessoas que se julgam críticos mas que seguem uma cartilha e muitas vezes essa cartilha nem é coerente com o filme que está sendo crticicado ou análisado. Um exemplo recente são as pessoas comparando Salt And Fire do Herzog com filmes mais mainstream para dizer que o filme é ruim, sendo que há ali um trabalho primoroso e ousado do diretor que inclusive quebra várias regras que muitos filmes aclamados hoje em dia seguem à risca. E muitos desses "críticos" são preguiçosos, eles seguem uma cartilha porque é muito mais fácil do que entrar de cabeça no universo do filme e entender as suas nuances.
Valeu, João! Eu até acho natural alguns críticos caírem nessa ideia quando começam a estudar. Mas o complicado é quando as pessoas estudam cinema, sabem dessas possibilidades, e mesmo assim preferem usar uma cartilha porque, como você bem disse, é mais fácil. Vira algo muito mais cômodo e que nunca propõe de fato um olhar sobre as obras.
valeu pelas dicas
O tanto de canal de you tube ou até critica no letterboxd que analisa o filme, com certos critérios equivocados é de assustar, não que tem algo de errado em analisar com base em um gosto pessoal, mas boa parte tá interessada em dar uma resposta final e objetiva da obra, sem propor nada sobre ela só apenas é bom ou ruim.
O pior é que essa abordagem acaba sendo legitimada por grandes "críticos". E aí muitas pessoas que estão começando a estudar cinema só enxergam essa possibilidade.
Em que medida essas não-críticas são feitas unicamente para levar o público aos cinemas?
Como são análises que, em alguns casos, servem apenas como uma grande sinopse da obra, elas acabam servindo como um "guia de cultura" mesmo. O que pode até ter a sua utilidade para algumas pessoas, mas ainda assim não acho que devam ser chamadas de críticas.
Boa noite. Por favor, pode perguntar no grupo se alguém se lembra o nome de um filme da década de 60 ou 70, que uma pessoa via o mundo de uma forma, colorida, bonita, e depois acha um óculos e quando o coloca, vê o mundo como ele é? A mensagem do filme é obey (obedeça)... obrigada!
Eles Vivem/They Live (1989), John Carpenter
Saudações Arthur!
Tudo bem? Espero que sim.
Uma boa crítica poderia ser, entre várias possibilidades, a síntese de uma nova ideia sobre o filme? Poderia ser uma ideia inovadora sobre o filme?
Sobre o "2OO1: Uma Odisseia no Espaço": há críticas que mencionam Nietzsche, o questionamento sobre a existência de Deus, a evolução da espécie humana e da tecnologia e a relação entre um e outro.
Uma boa crítica poderia ser fundadora de uma nova ideia sobre o filme acima?
Sim, Carlos! Na verdade o papel da crítica é exatamente esse. Não é "descobrir" o que o autor quis dizer, mas propor uma ideia sobre a obra. O legado de um filme não é formado pelas intenções do autor, mas pelas perspectivas que a obra gerou no mundo. Nesse vídeo falo um pouco mais sobre isso: ua-cam.com/video/3LVD55v_FmQ/v-deo.html
@@arthurtuoto muito obrigado pelo link, meu caro. Não duvido que a resposta para minha próxima pergunta possa ser um "sim", mas há algo além do consenso de toda obra ser aberta? Há mais alguma possibilidade de vias de interpretação sobre as obras? Abraços e boa semana.
Em alguns pontos você tem razão, mas chamar essa 'cartilha' de clichê é quase uma ofensa para muitos festivais de cinema e os profissionais que trabalham neles e distribuem prêmios. Sem critérios para avaliar um filme, qualquer produção poderia ser considerada boa ou ruim, dependendo apenas de gosto pessoal, e sabemos que não é assim que funciona. Tudo na vida precisa de regras, como no futebol, nos esportes e outras areas.
Acho que existe um excesso de 'mimimi' de quem faz cinema alternativo e quer ser visto como um sucesso de massa. O seu filme pode não ser bom para a maioria, e ponto final. Ele não vai ganhar prêmios porque simplesmente não atende aos critérios para isso. Não vai ganhar um Oscar porque, de acordo com as regras do Oscar - que, sim, podem ser injustas - ele não se enquadra.
Na minha opinião, o maior festival de cinema é Cannes. Lá, qualquer pessoa pode se inscrever de forma gratuita, enviar o filme, e, se for selecionado, então sim, precisa levantar uma grana para enviar o DCP. E aí, de fato, tem chance de ganhar gastando bem pouco. Agora, no Oscar? Para chegar lá, é um jogo de malabarismo e apadrinhamento. Você pode ter o melhor filme do mundo de acordo com a 'cartilha', mas se não tiver uma grande empresa que apoie e distribua seu filme, ele se perde no caminho.
Portanto, a 'cartilha' atrapalha bastante em certos contextos, mas em alguns festivais ela faz sentido - especialmente nos que não exigem rios de dinheiro para competir. Porque sim, existem muitos filmes bons que ficam fora dessa bolha dominada pelos que têm mais poder aquisitivo, e não pelos filmes que realmente são bons."
eu queria saber de você quando um filme nao tem no seu roteiro um grande conflito ..mas sim ele se propoe a ser uma expriencia... o que você diz sobre esse filme?
Há o cinema que preza pela mínima atuação, por exemplo, como no caso do Kaurismaki.
Sugiro inclusive a crítica, não análise, rsrsrs, de Sombras no Paraíso.
Com certeza. Várias obras do cinema buscam essa atuação mais contida e esse minimalismo em vários sentidos.
Olá, tudo bem Arthur?
É possível realizar uma critica após assistir um filme pela primeira vez?
Eu acho que a absorção de uma obra requer algumas visitas e um tempo de reflexão. Nunca consegui entender como as pessoas ao sair do cinema alcançam um entendimento completo sobre um trabalho que demorou um longo tempo para ser concluído e foi realizado pelo esforço de n pessoas. Até mesmo as criticas de bate e pronto do lendário Roger Ebert me soa estranho, a vista da complexidade do que é o cinema, enfim... É possível fazer uma critica solida em uma única visita a uma obra cinematográfica?
Parabéns pelo trabalho.
Abraço!
gostaria de saber o que tu pensa sobre as analises psicanalíticas do cinema. E também se tu concorda que a psicanálise se apropria dos conceitos do cinema para explicar a própria psicanálise como diz Deleuze?
Esta foi a aula disponibilizada na semana da crítica?
Sim, André. É a mesma aula.
Sem contar os que "Criticam" colocando ideologias políticas no meio. 🥱
Boa, mas o Corinthians ta na merda
Uma nova cartilha
Ausência de cartilha
Sempre haverá uma cartilha.
@@romulomartinez314 Isso aí é filosofia barata. Ele propôs um conceito sobre critica, e não uma cartilha. E o conceito dele é baseado justamente na relativização da arte. Fora que as tais "cartilhas" que ele cita, ele se refere a cartilhas cinematográficas.
Bem, cartilhas...