Essa sua reflexão é ouro puro! Acho até que o título poderia ser "Forma e Conteúdo" ou algo do tipo. Me fez pensar sobre uma outra questão: Sempre me pego aborrecido com comentários de internet ou memes ofensivos a quem não sabe escrever da forma mais correta e eu sempre contraponho o conteúdo em relação à forma, que a inteligência não está no decorar de regras e sim na proposição do pensamento como as músicas do Racionais, na poesia de Patativa do Assaré e etc... Pesando contigo agora é pra se ir além!!! O rap, a poesia do Patativa, a música caipira acertam em forma e conteúdo, pois estão conectados intimamente. O rap perderia toda força se não fosse capaz de subverter a formalidade da língua! É um duplo acerto artístico e de narrativa! Recentemente o Entreplanos fez um vídeo mostrando essa contradição em Watchmen: o texto diz uma coisa, as imagens outra. Isso é muito importante para compreender outras coisas...
Obrigado, Moisés! Concordo com seu comentário. A unidade de qualquer obra está nessa relação peculiar entre forma e conteúdo. Não existe um certo ou errado nesse sentido, mas sim uma articulação própria dessas relações.
Tenho assistido alguns de seus vídeos (e gosto muito por sinal) e tem alguns conceitos que vc menciona que me são muito interessantes. Primeiro é a questão do fetiche como resultado de algumas escolhas por parte dos diretores (o preto e o branco de Roma, por exemplo). A outra ideia é a forma calculada que torna as ideias banais (suas palavras). Eu entendo que os seus comentários pretendem ser desprovidos de carga essencialmente crítica (e isso é bom). Mas, isso me preocupa com questão ao trabalho/hobby que venho realizando com roteiros, pois esse resultado fetichista e essa forma calculada me parecem negativas, pois empobrecem a obra. Aí lhe pergunto: como pensar a linguagem dos roteiros sem cair nessas armadilhas? Gostaria muito de saber o seu ponto de vista. Obrigado
Como você disse, a proposta do filme tem que andar de mãos dadas com a mise-en-scene. Não adianta ter um puta roteiro de terror, se você não souber conduzir o suspense na tela. Um exemplo que eu pensei é o filme A Ghost Story. O filme é quase todo sem fala mas o diretor soube conduzir a proposta do filme de luto e solidão com as cores pálidas e escuras na casa, o andar lento e desanimado da personagem, as roupas da personagem, os planos parados, etc. Cinema é imagem. Se você conseguir contar sua história só com a mise-en-scene e sem falas, ótimo. Não são todos que conseguem, é claro. É como o Hitchcock disse: Faça filmes para que as pessoa entendam sem legenda.
O A Ghost Story é um ótimo exemplo mesmo. Não gosto de tudo no filme, mas com certeza ele consegue construir várias relações estéticas interessantes (especialmente da metade pro final) que partem de uma premissa dramática bem simples.
Arthur você estaria dizendo também que as decisões de como filmar um roteiro, tem de combinar com o tema? Porque falando do filme Roma, ele é muito bonito, caprichado, planejado, e ao ler o seu texto depois desse vídeo, acho que entendi mais ou menos isso: Ou seja, o tema ou a moral da história pedia menos glamour e espetacularização e mais contrastes nas diferença de classes. Sei lá, não tinha pensado que os cuidados técnicos com a cenografia, obejtos de cena, enquadramentos e movimentos de câmera tinham de harmonizar com a mensagem. Você não dá refresco aos realizadores hein rapaz....rsrsrs Ps Você acha que Dunkirk e 1919 se encaixam nessa sua tese? Ambos filmes que retratam a guerra mas que enaltece a técnica como diferencial pra contar um tema tão sério e emocionante. Ambos pretensiosos e incrivelmente esquecidos. Ou seja, não serviu pra emocionar mas pra impressionar .
Mais um vídeo muito bom. Parabéns! Só pra polemizar um pouco, apesar de eu concordar com tudo o que você disse: A frase famosa do Godard, que é uma semente de todo esse debate ("Um travelling é uma questão de moral") foi dita em 1960, logo em seguida Rivette detonou Pontecorvo dizendo que este era desprezível pelo travelling que fez em Kapo (mantendo a lógica do argumento de Godard), ainda, o Daney retomou a questão muitos anos depois e manteve a crítica ferrenha. Porém, nenhum deles, seja como cineastas ou críticos se importaram profundamente com as atrocidades que a França estava cometendo na Argélia, justamente nos anos 60. Sobre isso Pontecorvo teria dito: "Foi necessário um italiano ir filmar a Argélia diante do silêncio do franceses", se referindo ao seu "A Batalha de Argel" de 1966 (essa frase é fofoca, mas vale para esse debate aqui). Ou seja, concordo que o como se filma é fundamental, mas o olhar seletivo para o mundo ao redor do cineasta, ou sua omissão sobre as grandes questões deste mundo, também são problemas morais.
Obrigado, Baggio! Eu não diria que a omissão é um problema moral, mas uma escolha moral. O Godard sempre me pareceu mt mais um provocador do que um ativista direto. Mas entendo que é uma problemática bem profunda de toda forma.
Já ouvi críticas de monomaníacos dizendo que Roma falava sobre Sororidade, então tudo vale. No entanto, tem algo no filme da Muylaert que me incomoda mais do que no Roma. Acho que a forma como ela retrata as "patroas", digamos. Onde no Roma há uma certa catatonia existencial por parte da mãe, marcada por cenas onde há um distanciamento emocional pré-programado após um momento de empatia, no Que horas ela volta?, existe uma vilania declarada. Fugindo um pouco do tema, queria uma opinião: pode-se dizer que mesmo assim, em ambos os casos, há a mensagem de que uma classe mais abastada é sempre anestesiada e imune a uma verdade ligada a pobreza? E quanto disso não se confunde com um complexo de culpa, já que ambos diretores declararam uma influência autobiográfica nas obras?
Eu reconheço esse lado caricato do "Que horas ela volta", mas prefiro muito mais isso do que a apatia do Roma. Porque pelo menos é algum tipo de expressão, é uma escolha. O Roma prefere ficar sempre em um lugar seguro demais. Não sei se eu acredito nessa ideia de uma "verdade" ligada a uma temática ou realidade. Com certeza se você tem uma relação de vivência com aquilo, acaba tendo uma outra perspectiva. Mas acho que existe uma liberdade que possibilita todo tipo de olhar. Claro que, por uma questão de classe, os patrões acabam tendo bem mais chances. Com certeza existe um complexo de culpa. Uma vontade de dar espaço pro outro mas que, em alguns casos, acaba por cair numa exploração oportuna.
Ótimo vídeo, sempre com boas reflexões. Gostaria de ter algumas indicações sobre ensaios de cinema para iniciantes (quem está começando neste formato de texto).
Olá, César. Além dos artigos no meu site (arthurtuoto.com/ ), algumas revistas online sobre cinema que gosto bastante: www.revistacinetica.com.br/ www.contracampo.com.br/ multiplotcinema.com.br/ www.planoaberto.com.br/ revistamoviement.net Um livro legal pra iniciante é o Introdução à Teoria Do Cinema, do Robert Stam, ou o História do Cinema Mundial.
Uma outra questão que vem embaralhando a questão da moral do filme, me parece, é o lugar de fala. Reconhecendo a importância de todo esse debate iniciado com mais afinco no fim dos anos 1940, me pergunto (e te pergunto): como podemos falar sobre a moral de determinados filmes, reconhecendo o lugar de fala do diretor e de quem analisa, sendo justo e, ao mesmo tempo, sem que isso nos paralise com o receio de invasão do lugar de fala? Ps: bom vídeo e boas provocações.
Eu acho que qualquer pessoa pode falar o que quiser sobre qualquer coisa. Mas ninguém é obrigado a ouvir ou a levar a sério. Acho que existe uma liberdade de discurso, mas a legitimação disso já depende de vários fatores. Coisa que muda muito a partir do contexto de cada obra e do seu autor. Esse texto sobre Roma da Ana Flavia Gerhardt toca em algumas dessas questões: www.planoaberto.com.br/2019/roma-e-a-perversidade-colonial/
Daria para fazer um vídeo sobre se um filme deveria ter uma moral. Como o "Elle" que teve muitas pessoas dizendo que era machista ou feminista, sendo que eu acho um filme em sua cerne algo mais complexo e imoral.
Eu acredito que todo filme tem uma moral. Se existe uma escolha estética, existe uma moral. O que a gente pode fazer é explorar as possibilidades e leituras disso. O "Elle" com certeza sofreu bastante por ser analisado pelas suas ideias meramente ilustrativas. Tenho um vídeo sobre o filme: ua-cam.com/video/683-42WoJUE/v-deo.html
Na verdade eu nem acredito nessa dualidade. Acredito que o filme precisa ter uma unidade acima de qualquer coisa. O filme do Lars von Trier, por exemplo, é "imoral", mas possui uma unidade nisso.
Eu concordo com quase tudo que disse mas discordo de vários exemplos citados, como: Cidade de Deus é nitidamente espetaculizado, mas creio que esse espetáculo potencializa aquela realidade e não o afasta dela; em Roma não acho que o Cuaron explora aquela realidade ao invés de expô-la, mas ele faz ambos, em um universo "maquiado" ele cria um deleite visual que nos imerge naquela realidade através do trabalho técnico, e isso nos aproxima do filme e não nos afasta, não é uma bordagem mecânica e distante igual você disse é apenas calculista.
Essa visão da intenção do Padilha com Tropa de Elite é bem real mesmo
Essa sua reflexão é ouro puro! Acho até que o título poderia ser "Forma e Conteúdo" ou algo do tipo. Me fez pensar sobre uma outra questão: Sempre me pego aborrecido com comentários de internet ou memes ofensivos a quem não sabe escrever da forma mais correta e eu sempre contraponho o conteúdo em relação à forma, que a inteligência não está no decorar de regras e sim na proposição do pensamento como as músicas do Racionais, na poesia de Patativa do Assaré e etc... Pesando contigo agora é pra se ir além!!! O rap, a poesia do Patativa, a música caipira acertam em forma e conteúdo, pois estão conectados intimamente. O rap perderia toda força se não fosse capaz de subverter a formalidade da língua! É um duplo acerto artístico e de narrativa! Recentemente o Entreplanos fez um vídeo mostrando essa contradição em Watchmen: o texto diz uma coisa, as imagens outra. Isso é muito importante para compreender outras coisas...
Obrigado, Moisés! Concordo com seu comentário. A unidade de qualquer obra está nessa relação peculiar entre forma e conteúdo. Não existe um certo ou errado nesse sentido, mas sim uma articulação própria dessas relações.
Existe algum livro sobre o assunto que trata no video?. Achei super interessante.
Discussão simples de como a forma pode influenciar o conteúdo. Bom vídeo.
Excelente ter abordado este tema... Parabéns!!! Como eu digo, Netflix não é uma distribuidora de filmes, e sim de ideologia.
Obrigado, Cristiano!
Tenho assistido alguns de seus vídeos (e gosto muito por sinal) e tem alguns conceitos que vc menciona que me são muito interessantes. Primeiro é a questão do fetiche como resultado de algumas escolhas por parte dos diretores (o preto e o branco de Roma, por exemplo). A outra ideia é a forma calculada que torna as ideias banais (suas palavras). Eu entendo que os seus comentários pretendem ser desprovidos de carga essencialmente crítica (e isso é bom). Mas, isso me preocupa com questão ao trabalho/hobby que venho realizando com roteiros, pois esse resultado fetichista e essa forma calculada me parecem negativas, pois empobrecem a obra. Aí lhe pergunto: como pensar a linguagem dos roteiros sem cair nessas armadilhas? Gostaria muito de saber o seu ponto de vista. Obrigado
Como você disse, a proposta do filme tem que andar de mãos dadas com a mise-en-scene. Não adianta ter um puta roteiro de terror, se você não souber conduzir o suspense na tela. Um exemplo que eu pensei é o filme A Ghost Story. O filme é quase todo sem fala mas o diretor soube conduzir a proposta do filme de luto e solidão com as cores pálidas e escuras na casa, o andar lento e desanimado da personagem, as roupas da personagem, os planos parados, etc. Cinema é imagem. Se você conseguir contar sua história só com a mise-en-scene e sem falas, ótimo. Não são todos que conseguem, é claro.
É como o Hitchcock disse: Faça filmes para que as pessoa entendam sem legenda.
O A Ghost Story é um ótimo exemplo mesmo. Não gosto de tudo no filme, mas com certeza ele consegue construir várias relações estéticas interessantes (especialmente da metade pro final) que partem de uma premissa dramática bem simples.
Arthur você estaria dizendo também que as decisões de como filmar um roteiro, tem de combinar com o tema?
Porque falando do filme Roma, ele é muito bonito, caprichado, planejado, e ao ler o seu texto depois desse vídeo, acho que entendi mais ou menos isso:
Ou seja, o tema ou a moral da história pedia menos glamour e espetacularização e mais contrastes nas diferença de classes.
Sei lá, não tinha pensado que os cuidados técnicos com a cenografia, obejtos de cena, enquadramentos e movimentos de câmera tinham de harmonizar com a mensagem.
Você não dá refresco aos realizadores hein rapaz....rsrsrs
Ps
Você acha que Dunkirk e 1919 se encaixam nessa sua tese? Ambos filmes que retratam a guerra mas que enaltece a técnica como diferencial pra contar um tema tão sério e emocionante.
Ambos pretensiosos e incrivelmente esquecidos. Ou seja, não serviu pra emocionar mas pra impressionar .
ce ta fortinho mano
Eu gostei de Roma, particularmente. Ótimo vídeo, como sempre, Arthur! Adoro te acompanhar aqui.
Valeu, Gabriel!
seria o Dressed to kill, assumidamente imoral também?
Mais um vídeo muito bom. Parabéns!
Só pra polemizar um pouco, apesar de eu concordar com tudo o que você disse: A frase famosa do Godard, que é uma semente de todo esse debate ("Um travelling é uma questão de moral") foi dita em 1960, logo em seguida Rivette detonou Pontecorvo dizendo que este era desprezível pelo travelling que fez em Kapo (mantendo a lógica do argumento de Godard), ainda, o Daney retomou a questão muitos anos depois e manteve a crítica ferrenha. Porém, nenhum deles, seja como cineastas ou críticos se importaram profundamente com as atrocidades que a França estava cometendo na Argélia, justamente nos anos 60. Sobre isso Pontecorvo teria dito: "Foi necessário um italiano ir filmar a Argélia diante do silêncio do franceses", se referindo ao seu "A Batalha de Argel" de 1966 (essa frase é fofoca, mas vale para esse debate aqui). Ou seja, concordo que o como se filma é fundamental, mas o olhar seletivo para o mundo ao redor do cineasta, ou sua omissão sobre as grandes questões deste mundo, também são problemas morais.
Obrigado, Baggio! Eu não diria que a omissão é um problema moral, mas uma escolha moral. O Godard sempre me pareceu mt mais um provocador do que um ativista direto. Mas entendo que é uma problemática bem profunda de toda forma.
@@arthurtuoto Interessante a separação entre problema moral e a escolha moral. Nunca tinha pensado dessa forma, vou pensar sobre isso.
Muito boa a análise do Roma.
Obrigado, Diego. Tenho texto sobre ROMA no meu site também: arthurtuoto.com/2018/12/17/roma/
Já ouvi críticas de monomaníacos dizendo que Roma falava sobre Sororidade, então tudo vale. No entanto, tem algo no filme da Muylaert que me incomoda mais do que no Roma. Acho que a forma como ela retrata as "patroas", digamos. Onde no Roma há uma certa catatonia existencial por parte da mãe, marcada por cenas onde há um distanciamento emocional pré-programado após um momento de empatia, no Que horas ela volta?, existe uma vilania declarada. Fugindo um pouco do tema, queria uma opinião: pode-se dizer que mesmo assim, em ambos os casos, há a mensagem de que uma classe mais abastada é sempre anestesiada e imune a uma verdade ligada a pobreza? E quanto disso não se confunde com um complexo de culpa, já que ambos diretores declararam uma influência autobiográfica nas obras?
Eu reconheço esse lado caricato do "Que horas ela volta", mas prefiro muito mais isso do que a apatia do Roma. Porque pelo menos é algum tipo de expressão, é uma escolha. O Roma prefere ficar sempre em um lugar seguro demais. Não sei se eu acredito nessa ideia de uma "verdade" ligada a uma temática ou realidade. Com certeza se você tem uma relação de vivência com aquilo, acaba tendo uma outra perspectiva. Mas acho que existe uma liberdade que possibilita todo tipo de olhar. Claro que, por uma questão de classe, os patrões acabam tendo bem mais chances. Com certeza existe um complexo de culpa. Uma vontade de dar espaço pro outro mas que, em alguns casos, acaba por cair numa exploração oportuna.
não será porque o glorioso cinema penisular è morto ?@@arthurtuoto
10:49 se puder digitar o nome desse diretor, agradeço.
Ótimo vídeo, sempre com boas reflexões. Gostaria de ter algumas indicações sobre ensaios de cinema para iniciantes (quem está começando neste formato de texto).
Olá, César. Além dos artigos no meu site (arthurtuoto.com/ ), algumas revistas online sobre cinema que gosto bastante: www.revistacinetica.com.br/
www.contracampo.com.br/
multiplotcinema.com.br/
www.planoaberto.com.br/
revistamoviement.net
Um livro legal pra iniciante é o Introdução à Teoria Do Cinema, do Robert Stam, ou o História do Cinema Mundial.
@@arthurtuoto valeu muito, cara! Tu é foda.
Clint Eastwood
Uma outra questão que vem embaralhando a questão da moral do filme, me parece, é o lugar de fala.
Reconhecendo a importância de todo esse debate iniciado com mais afinco no fim dos anos 1940, me pergunto (e te pergunto): como podemos falar sobre a moral de determinados filmes, reconhecendo o lugar de fala do diretor e de quem analisa, sendo justo e, ao mesmo tempo, sem que isso nos paralise com o receio de invasão do lugar de fala?
Ps: bom vídeo e boas provocações.
Eu acho que qualquer pessoa pode falar o que quiser sobre qualquer coisa. Mas ninguém é obrigado a ouvir ou a levar a sério. Acho que existe uma liberdade de discurso, mas a legitimação disso já depende de vários fatores. Coisa que muda muito a partir do contexto de cada obra e do seu autor. Esse texto sobre Roma da Ana Flavia Gerhardt toca em algumas dessas questões: www.planoaberto.com.br/2019/roma-e-a-perversidade-colonial/
Daria para fazer um vídeo sobre se um filme deveria ter uma moral. Como o "Elle" que teve muitas pessoas dizendo que era machista ou feminista, sendo que eu acho um filme em sua cerne algo mais complexo e imoral.
Eu acredito que todo filme tem uma moral. Se existe uma escolha estética, existe uma moral. O que a gente pode fazer é explorar as possibilidades e leituras disso. O "Elle" com certeza sofreu bastante por ser analisado pelas suas ideias meramente ilustrativas. Tenho um vídeo sobre o filme: ua-cam.com/video/683-42WoJUE/v-deo.html
@@arthurtuoto Quando me refiro a moral, é como uma é boa e a outra é ruim, nesse sentido
Na verdade eu nem acredito nessa dualidade. Acredito que o filme precisa ter uma unidade acima de qualquer coisa. O filme do Lars von Trier, por exemplo, é "imoral", mas possui uma unidade nisso.
aulas
Obrigado, Gabriel!
Eu concordo com quase tudo que disse mas discordo de vários exemplos citados, como: Cidade de Deus é nitidamente espetaculizado, mas creio que esse espetáculo potencializa aquela realidade e não o afasta dela; em Roma não acho que o Cuaron explora aquela realidade ao invés de expô-la, mas ele faz ambos, em um universo "maquiado" ele cria um deleite visual que nos imerge naquela realidade através do trabalho técnico, e isso nos aproxima do filme e não nos afasta, não é uma bordagem mecânica e distante igual você disse é apenas calculista.