Cara, é por isso que eu amo o canal do Arthur. Demonstra amor pelas diversas faces do cinema, e mesmo tendo um grande conhecimento, respeita e não tem pré-conceitos com certas obras. Confesso que até peguei ranço de críticos de cinema por causa da visão da maioria que desprezam filmes mais comerciais.
Gaspar Noé soube construir essa imagem de "poeta maldito". Sem dúvidas é algo q tem muito da tal "pose de artístico", mas ao mesmo tempo acho ele necessário. Alguém precisa ser provocativo e testar os limites do tal "bom gosto".
Devemos nos lembrar que arte é um termo substantivo, que atribui tipo àlguma coisa. Não é simplesmente um termo que da qualidade a algo, como se o que eu gostasse fosse arte e o resto não.
Caramba Arthur vc tá mudando minha visão sob a crítica profissional, tô muito feliz em estar errado em meus preconceito de achar que a crítica profissional era baseada em achar defeito, e você tá me mostrando que muito mais além e profundo muito obrigado.
Boa tarde Arthur, sempre amei filmes, porém apenas a partir do ano passado que passei a me aprofundar mais nessa arte, e apenas ao final do ano passado comecei a escrever minhas resenhas a respeito dos filmes que assisto, não sou especializado e também não tenho uma das melhores escritas, mas graças a canais como o seu e do Dalenogare por exemplo estou aprendendo cada vez mais sobre esse mundo magnífico que é o cinema. E eu gostaria de por um adendo a respeito das coisas que você disse no vídeo, muitas vezes quem começou a acompanhar com afinco o cinema quer ir direto para os clássicos e os melhores rankeados no IMDb, e eu não vou dizer que isso está errado, na verdade é ótimo mas, as pessoas passam a menosprezar obras que elas já tinham um carinho ou lançamentos dos quais elas provavelmente veriam se estivessem com a mesma mentalidade de alguns anos atrás, mas não o fazem porque tudo que importa agora é o cinema cult. A dica que eu dou é, não façam isso, não deixem de gostar do que vocês sempre gostaram só porque você quer se tornar um grande conhecedor ou especialista no assunto, o importante é ter um bom senso critico e saber avaliar essas obras, não tem vergonha em gostar de filmes evidentemente ruins, até porque como você mesmo disse, "cult" é relativo, já que até filmes como o terrível Driller Killer é considerado um desses clássicos.
Valeu, Mateus! Fico feliz em saber que está aproveitando o conteúdo! Realmente rola essa tendência em quem começa a estudar cinema. É extremamente essencial ir atrás de clássicos e filmes de arte, faz parte do processo de estudos, mas a pessoa também não pode se alienar nisso. Uma das coisas mais importantes que o estudo ao cinema nos traz é justamente esse olhar mais amplo que não julga as obras pelo seu gênero, mas pela forma que lida com a linguagem.
Único filme que assisti do Gaspar Noé até então foi Clímax. Me impactou demais o contraponto que ele fez com a primeira metade do filme, com todo mundo dançando e se divertindo e a segunda metade, perpetuada por uma bad trip imensa. Além de que a coreografia dos dançarinos nessa primeira parte do filme é um show a parte, que na minha opinião, foi muito bem apresentada por ele. O que você quis dizer sobre ele ser "vazio", seria pelo fato dele sempre construir seus filmes com essa mesma formula de contraponto de extremos, que induz ao choque e impacto no telespectador, mostrando a falta de vontade de inovar e mudar do diretor?
Belo vídeo, Arthur! Concordo com o que você disse, no entanto, não posso opinar sobre os diretores citados, com exceção do Matt Reeves, que eu adoro! Acho que esse preconceito que muitos cinéfilos tem é um verdadeiro impedimento para viver a experiência plena do cinema. Existem muitas pérolas em blockbusters, assim como também várias porcarias em filmes cult. Como você bem disse, o importante é ir com a cabeça aberta e, caso haja um impacto emocional, tentar entender como a linguagem cinematográfica causou isso. Forte abraço!
É isso ai. O bizarro é que tem muita gente que quando começa a assistir mais filmes de arte passa a fechar a cabeça pra outros filmes. E ai acaba se alienando da mesma forma.
Uma vez escutei a frase "Que todo filme é uma obra de arte, até o filme mais vagabundo do mundo é uma obra arte" e isso me fez ver o cinema com outra perspectiva, realmente é algo que levo para meus estudos sobre o cinema. E concordo sim com o argumento de que vários filmes blockbusters trabalham melhor a linguagem do cinema do que filmes considerados cult pela gangue de cinéfilos e críticos de cinema (geralmente aqueles que tem uma visão elitista de classe média ou pequeno-burguesa sudestina, sem contar o vira-latismo histórico no nosso país). Porém, vejo o cinema atualmente pelo o que os filmes representam, o momento histórico do porque do filme estar passando no cinema e o que eles querem "vender" para o público, principalmente filmes norte-americanos. Vejo essas franquias, como "Missão Impossível", filmes da Marvel, "Fast and Furious", entre vários outros, como uma simples propaganda tecnocrata dos EUA em prol das forças armadas e manipular a subjetividade das massas nos países de terceiro-mundo como o Brasil, para despolitizar e criar opiniões que afetam nas políticas culturais dos países aonde esses filmes passam. (Não é a toa que criticam tanto a lei Rouanet, falando que dá dinheiro para vagabundo, mas amam o cinema gringo) O último filme que eu vi dessas franquias, "Viúva Negra", tem um revisionismo histórico sobre as experiências socialistas no final da URSS, e até um pedaço de Cuba, querendo criar um "inimigo" no imaginário desses "nerds" que chega a ser engraçado, pois ver podcast como o MRG (que atingem milhares de pessoas, principalmente jovens homens brancos de classe média das metrópoles) falando besteiras sobre a história, a história do comunismo e que vão replicar esses pensamentos nas conversas nos seus grupos sociais é muito triste. (E sim, esse filme é muito ruim rs o personagem do David Harbour tem tatuado nos dedos KARL MARX rs como se ele fosse uma pessoa perigosa e que devemos ficar afastado de quem fala da obra de Karl Marx) Vejo os filmes de franquias norte-americanas nesse viés, e até filmes "cults" nos mesmos moldes. Agora se eles trabalham bem a linguagem cinematográfica é outros quinhentos. Só acho perigoso quando as pessoas entram nesse pensamento de "falem da linguagem cinematográfica" e ficam vendo um filme de propaganda militar que quer mostrar um "altruísmo" norte-americano é o que me dá raiva mesmo, e isso me faz ver esses filmes assim, como uma bela obra de arte tecnocrata com conteúdo de merda. E eu também acho o trabalho do Gaspar Noé bem pretencioso. Seu canal é excelente Tuoto. Parabéns pelo trabalho.
Essa visão de que "filmes comerciais não são arte" não é reforçada justamente pelas premiações que sempre dizem que os melhores filmes do ano são de dramas? Acha que essa percepção poderia mudar se as premiações começassem a reconhecer mais os outros gêneros?
Sim. Pelas premiações e principalmente pelo ensino do cinema de modo geral. Rola essa ideia de que se um filme foi feito para "ganhar dinheiro", essa obra necessariamente não teria (ou teria menos) qualidades artísticas.
Tuoto, pretende trazer mais coisas relacionadas aos festivais? Como filmes que você gostaria de ressaltar pela sua qualidade(ou qualquer outra características) ou curiosidades e etc.
Eu reassisti Death Note esses dias e é inegavelmente um filme autoral, gostando ou não dele, por mais que tenha algumas coisinhas genéricas de anos 80(das quais eu gosto muito), mas até essa parte genérica dele traz identidade
Eu gosto porque ele é um filme assumidamente anacrônico. Mistura muito bem elementos contemporâneos (a montagem é ultra dinâmica) com essa atmosfera oitentista.
Boa analise. Esse conceito acaba abrindo o leque sobre cinema de uma forma hiper relativista, mas, de certa forma é como a vida, subjetiva. O que me incomoda mais é a postura de alguns criticos que "encerram" o assunto, como se existisse alguma norma absoluta do que é arte, ou filme, desconsiderando as multiplas formas de interpretação que a gente tem. No meu caso, acredito que todo filme merece algum tipo de respeito e atenção, a não ser quando o fator comercial é muito escancarado e desleixado.
Exatamente. O perigo está em estabelecer essa norma! É impossível definir uma regra universal para estabelecer o que é uma boa arte ou não. A questão é usar o nosso conhecimento sobre linguagem para argumentar bem sobre aquilo que a gente gosta.
É OBVIO QUE NÃO PODE! afirmo aqui com total convicção criada com a minha eterna e imortal experiência como cinéfilo obsessivo(diagnosticado) que NÃO É TODO FILME QUE PODE SER CONSIDERADO COMO ARTE!
Arthur, ótima colocação, sou grande admirador do seu trabalho, mas queria saber sua opinião quanto à assistir a filmes dublados ou legendados; ver um filme dublado prejudica a nossa experiência? Assistir um filme legendado é a forma correta de se ver um filme? Muitos cinéfilos falam que a melhor forma de assistir é legendado, que ao ver dublado não estamos absorvendo o todo do filme, pois retira um elemento importante que é a voz original dos atores; quando assistimos ao filme legendado, preservamos a voz, no entanto prestamos grande parte da atenção às legendas e deixamos escapar o lado visual. O que você acha?
Jonatas, eu acho mais interessante assistir legendado. Até porque a atuação é parte essencial da unidade estilística da obra. O tom da atuação, o modo como o ator fala, é uma escolha estilística essencial para a unidade do filme como um todo. Mesmo que você olhe mais pra baixo em alguns momentos, acaba absorvendo o filme de modo mais completo.
É mau uma pessoa concordar com o que dizem Scorsese e o Coppola, de que os filmes da Marvel são um "parque temático" e não devem ser considerados cinema ? Eu entendo que não se deve julgar um filme unicamente pelo seu gênero, mas eu ainda não consigo ter a humildade de perceber arte em filmes como "Os Vingadores", eu atualmente estou vendo a filmografia do Ingmar Bergman, e simplesmente não consigo respeitar artisticamente filmes com um viés comercial .
Arthur, sou seu aluno no seu curso, e cada vez tenho mais certeza de que você é a voz dissonante mais necessária na cena do cinema no Brasil, hoje. Você deveria falar para muito mais pessoas. Sua visão da arte e seus argumentos desmoronam a "oposição" e a maneira engessada que eles pregam que se deve relacionar com um filme, e com as outras artes, em geral, também. Minha única ressalva é quanto ao trabalho do Gaspar Noé. Não acho que ele faça algo genérico pelo genérico, para fazer parte da turma do cult. Já ouvi ele até dizer que não considera o que faz arte, algo que eu particularmente discordo, seus filmes também costumam ser detestados pela beautiful people, e inclusive tem uma cena icônica, disponível no UA-cam, das pessoas deixando a estreia do Irreversível, no festival de cannes, no meio do sessão, e na saída xingando para câmera. Suas próprias referências também vem de diretores tidos como malditos por muitos, como o Passolini, de quem ele é, publicamente, muito fã, e até no Love, o garoto tem um cartaz do Sodoma colado na parede. Além disso, o estilo próprio dele vem desde seu primeiro curta metragem, e essa mesma autoralidade se faz presente desde então. Os planos frontais que acompanham os personagens, sem nunca, me parece, assumir um pessoalidade, quase como um voyeur que acompanha o que acontece. Cito também a cena de estup*o em Irreversível, considerada a mais realista já filmada, e que com certeza tem um mérito narrativo e formal que não pode ser ignorado. A forma como ele utiliza as cores, o neon, e muitas vezes tons mais desbotados, é algo que ele vem fazendo há bastante tempo, muito antes disso virar um febre e quase um padrão entre filmmakers e cineastas no mundo todo. Eu na verdade acredito, que o Gaspar Nóe pode acabar servindo de referência para muita gente, que acaba tentando chegar no seu estilo de uma maneira muito pobre, um control c control v mal executado, e talvez por isso a sensação de seus filmes parecerem genéricos. Na verdade, eu acho que são os outros filmes que se parecem com o trabalho dele, e não o contrário. Ele não passa a imagem, nem seu trabalho faz isso, de que está tentando parecer o cult entre os cults. Pra trazer uma referência nacional, ele em muitos aspectos me lembra bastante o Cláudio Assis, outro que não me parece ter vontade de fazer parte da entourage da patota do cinema nacional. E pra finalizar, vendo climax, não pude deixar de ter uma sensação imensa de prazer nos 40 minutos iniciais do filmes, onde os personagens apenas dançam, a maneira como ele conduz a opera, realmente me lembrou do prazer que é assistir um bom filme. Mas, tirando esse ponto, concordo com todo o resto que você disse. Sua voz deveria ter mais volume no cenário Brasil. Tem muito padre que nunca leu a Bíblia rezando a missa, e alguns seminaristas que sabem mais que os bispos só escutando. Grande abraço!
Valeu! Espero que esteja curtindo o curso! E muito obrigado pelo comentário. Como você já é aluno, com certeza deve saber que, na minha perspectiva, todo esse juízo é subjetivo. Eu posso considerar Gaspar Noé genérico, mas outras pessoas podem gostar e, inclusive, podem construir ótimos argumentos sobre os filmes dele. Tem até alguns textos positivos sobre Enter the void que eu gosto bastante. Consigo admirar esse outro olhar, desde que bem argumentado. Mas, comigo, ele realmente ainda não funcionou!
Não usar a linguagem apenas para "ilustrar" o roteiro, mas fazer escolhas específicas, ter uma "ideia cinematográfica". Dá uma olhada no meu minicurso gratuito A FORMA CINEMATOGRÁFICA aqui no youtube que é basicamente sobre isso.
Significa que o filme lida com os elementos da linguagem do cinema (planos, montagem, decupagem) a partir de escolhas próprias. Não é uma obra genérica que simplesmente ilustra o seu roteiro. Mas propõe ideias a partir das suas escolhas audiovisuais.
Qual sua visão sobre o trabalho de Nicolas Winding Refn? Eu particularmente gosto muito de Drive e da trilogia Pusher, mas acredito que os filmes mais recentes acabam caindo no msm vazio que os filmes do Gaspar Noé
Eu nunca consegui gostar do Gaspar Noé nem do Lars Von Trier, acho um cinema choque pelo choque, nunca entendi o motivo de serem tão cultuados. Os caras sempre pensam que estão fazendo o melhor filme da história.
Sim. Mesmo não gostando de tal filme, a pessoa pode considerar aquilo uma obra de arte. Pode dar os seus motivos, usar o seu conhecimento sobre linguagem para dizer porque a obra não funcionou com ela. Ou, ainda, pode dizer que a relação do filme com a linguagem é tão nula que nem chega a considerar qualquer qualidade artística.
Cara, é por isso que eu amo o canal do Arthur. Demonstra amor pelas diversas faces do cinema, e mesmo tendo um grande conhecimento, respeita e não tem pré-conceitos com certas obras. Confesso que até peguei ranço de críticos de cinema por causa da visão da maioria que desprezam filmes mais comerciais.
Valeu!! Também não curto quem já se recusa a assistir um filme só porque ele é de certo gênero. Esse, na verdade, é o trabalho oposto de um crítico.
Gaspar Noé soube construir essa imagem de "poeta maldito". Sem dúvidas é algo q tem muito da tal "pose de artístico", mas ao mesmo tempo acho ele necessário. Alguém precisa ser provocativo e testar os limites do tal "bom gosto".
Cara, a trilogia planeta dos macacos do Reeves é de uma sensibilidade e sutileza que eu me assusto até hoje
São filmes bem subestimados!
As cenas de acao sao pavorosas de boas.
Minha namorada riu de mim quando eu disse que Velozes e furiosos 1 é pura arte ahahaha
"Se existem formulazinhas para blockbusters, não se engane, também há fórmulas para filmes cult."
Muito bom. Tuoto manda muito bem.
Devemos nos lembrar que arte é um termo substantivo, que atribui tipo àlguma coisa. Não é simplesmente um termo que da qualidade a algo, como se o que eu gostasse fosse arte e o resto não.
Parabéns, Tuoto, vc é extremamente necessário no meio cinéfilo
Caramba Arthur vc tá mudando minha visão sob a crítica profissional, tô muito feliz em estar errado em meus preconceito de achar que a crítica profissional era baseada em achar defeito, e você tá me mostrando que muito mais além e profundo muito obrigado.
Valeu, Matthaeus! Fico feliz em saber! Com certeza o papel da crítica vai muito além disso.
Boa tarde Arthur, sempre amei filmes, porém apenas a partir do ano passado que passei a me aprofundar mais nessa arte, e apenas ao final do ano passado comecei a escrever minhas resenhas a respeito dos filmes que assisto, não sou especializado e também não tenho uma das melhores escritas, mas graças a canais como o seu e do Dalenogare por exemplo estou aprendendo cada vez mais sobre esse mundo magnífico que é o cinema.
E eu gostaria de por um adendo a respeito das coisas que você disse no vídeo, muitas vezes quem começou a acompanhar com afinco o cinema quer ir direto para os clássicos e os melhores rankeados no IMDb, e eu não vou dizer que isso está errado, na verdade é ótimo mas, as pessoas passam a menosprezar obras que elas já tinham um carinho ou lançamentos dos quais elas provavelmente veriam se estivessem com a mesma mentalidade de alguns anos atrás, mas não o fazem porque tudo que importa agora é o cinema cult.
A dica que eu dou é, não façam isso, não deixem de gostar do que vocês sempre gostaram só porque você quer se tornar um grande conhecedor ou especialista no assunto, o importante é ter um bom senso critico e saber avaliar essas obras, não tem vergonha em gostar de filmes evidentemente ruins, até porque como você mesmo disse, "cult" é relativo, já que até filmes como o terrível Driller Killer é considerado um desses clássicos.
Valeu, Mateus! Fico feliz em saber que está aproveitando o conteúdo! Realmente rola essa tendência em quem começa a estudar cinema. É extremamente essencial ir atrás de clássicos e filmes de arte, faz parte do processo de estudos, mas a pessoa também não pode se alienar nisso. Uma das coisas mais importantes que o estudo ao cinema nos traz é justamente esse olhar mais amplo que não julga as obras pelo seu gênero, mas pela forma que lida com a linguagem.
eu tava basicamente concordando até vc chutar o ferrara do nada
"Filme cult genérico" adorei! kkkkk
Único filme que assisti do Gaspar Noé até então foi Clímax. Me impactou demais o contraponto que ele fez com a primeira metade do filme, com todo mundo dançando e se divertindo e a segunda metade, perpetuada por uma bad trip imensa. Além de que a coreografia dos dançarinos nessa primeira parte do filme é um show a parte, que na minha opinião, foi muito bem apresentada por ele. O que você quis dizer sobre ele ser "vazio", seria pelo fato dele sempre construir seus filmes com essa mesma formula de contraponto de extremos, que induz ao choque e impacto no telespectador, mostrando a falta de vontade de inovar e mudar do diretor?
vídeo essencial, obrigado por subir, Arthur
Valeu, Henrique!
"Tente entender o kit impactou"
Belo vídeo, Arthur! Concordo com o que você disse, no entanto, não posso opinar sobre os diretores citados, com exceção do Matt Reeves, que eu adoro!
Acho que esse preconceito que muitos cinéfilos tem é um verdadeiro impedimento para viver a experiência plena do cinema. Existem muitas pérolas em blockbusters, assim como também várias porcarias em filmes cult.
Como você bem disse, o importante é ir com a cabeça aberta e, caso haja um impacto emocional, tentar entender como a linguagem cinematográfica causou isso.
Forte abraço!
É isso ai. O bizarro é que tem muita gente que quando começa a assistir mais filmes de arte passa a fechar a cabeça pra outros filmes. E ai acaba se alienando da mesma forma.
Uma vez escutei a frase "Que todo filme é uma obra de arte, até o filme mais vagabundo do mundo é uma obra arte" e isso me fez ver o cinema com outra perspectiva, realmente é algo que levo para meus estudos sobre o cinema. E concordo sim com o argumento de que vários filmes blockbusters trabalham melhor a linguagem do cinema do que filmes considerados cult pela gangue de cinéfilos e críticos de cinema (geralmente aqueles que tem uma visão elitista de classe média ou pequeno-burguesa sudestina, sem contar o vira-latismo histórico no nosso país).
Porém, vejo o cinema atualmente pelo o que os filmes representam, o momento histórico do porque do filme estar passando no cinema e o que eles querem "vender" para o público, principalmente filmes norte-americanos. Vejo essas franquias, como "Missão Impossível", filmes da Marvel, "Fast and Furious", entre vários outros, como uma simples propaganda tecnocrata dos EUA em prol das forças armadas e manipular a subjetividade das massas nos países de terceiro-mundo como o Brasil, para despolitizar e criar opiniões que afetam nas políticas culturais dos países aonde esses filmes passam. (Não é a toa que criticam tanto a lei Rouanet, falando que dá dinheiro para vagabundo, mas amam o cinema gringo)
O último filme que eu vi dessas franquias, "Viúva Negra", tem um revisionismo histórico sobre as experiências socialistas no final da URSS, e até um pedaço de Cuba, querendo criar um "inimigo" no imaginário desses "nerds" que chega a ser engraçado, pois ver podcast como o MRG (que atingem milhares de pessoas, principalmente jovens homens brancos de classe média das metrópoles) falando besteiras sobre a história, a história do comunismo e que vão replicar esses pensamentos nas conversas nos seus grupos sociais é muito triste. (E sim, esse filme é muito ruim rs o personagem do David Harbour tem tatuado nos dedos KARL MARX rs como se ele fosse uma pessoa perigosa e que devemos ficar afastado de quem fala da obra de Karl Marx)
Vejo os filmes de franquias norte-americanas nesse viés, e até filmes "cults" nos mesmos moldes. Agora se eles trabalham bem a linguagem cinematográfica é outros quinhentos. Só acho perigoso quando as pessoas entram nesse pensamento de "falem da linguagem cinematográfica" e ficam vendo um filme de propaganda militar que quer mostrar um "altruísmo" norte-americano é o que me dá raiva mesmo, e isso me faz ver esses filmes assim, como uma bela obra de arte tecnocrata com conteúdo de merda. E eu também acho o trabalho do Gaspar Noé bem pretencioso.
Seu canal é excelente Tuoto. Parabéns pelo trabalho.
Essa visão de que "filmes comerciais não são arte" não é reforçada justamente pelas premiações que sempre dizem que os melhores filmes do ano são de dramas? Acha que essa percepção poderia mudar se as premiações começassem a reconhecer mais os outros gêneros?
Sim. Pelas premiações e principalmente pelo ensino do cinema de modo geral. Rola essa ideia de que se um filme foi feito para "ganhar dinheiro", essa obra necessariamente não teria (ou teria menos) qualidades artísticas.
Tuoto, pretende trazer mais coisas relacionadas aos festivais? Como filmes que você gostaria de ressaltar pela sua qualidade(ou qualquer outra características) ou curiosidades e etc.
Eu reassisti Death Note esses dias e é inegavelmente um filme autoral, gostando ou não dele, por mais que tenha algumas coisinhas genéricas de anos 80(das quais eu gosto muito), mas até essa parte genérica dele traz identidade
Eu gosto porque ele é um filme assumidamente anacrônico. Mistura muito bem elementos contemporâneos (a montagem é ultra dinâmica) com essa atmosfera oitentista.
Vc ja viu o desenho animado?
Boa analise. Esse conceito acaba abrindo o leque sobre cinema de uma forma hiper relativista, mas, de certa forma é como a vida, subjetiva. O que me incomoda mais é a postura de alguns criticos que "encerram" o assunto, como se existisse alguma norma absoluta do que é arte, ou filme, desconsiderando as multiplas formas de interpretação que a gente tem. No meu caso, acredito que todo filme merece algum tipo de respeito e atenção, a não ser quando o fator comercial é muito escancarado e desleixado.
Exatamente. O perigo está em estabelecer essa norma! É impossível definir uma regra universal para estabelecer o que é uma boa arte ou não. A questão é usar o nosso conhecimento sobre linguagem para argumentar bem sobre aquilo que a gente gosta.
É OBVIO QUE NÃO PODE! afirmo aqui com total convicção criada com a minha eterna e imortal experiência como cinéfilo obsessivo(diagnosticado) que NÃO É TODO FILME QUE PODE SER CONSIDERADO COMO ARTE!
Adam Sandler pode??
No fucking way
Ai desculpa, esqueci de Uncut Gems, esse é arte
Excelente vídeo, Arthur!
Prefiro um filme de herói com fórmula do que um cult também de fórmula genérica.
Haha melhor os que evitam ser genéricos, independente do gênero.
E como aprendo com você, dileto Arthur Tuoto. Muito, muito obrigada! 🎬🎬🎬🎬🎬 Vanessa, cinéfila ⭐⭐⭐⭐⭐
Ótimo vídeo, extremamente necessário
Obrigado, Caio!
Arthur, ótima colocação, sou grande admirador do seu trabalho, mas queria saber sua opinião quanto à assistir a filmes dublados ou legendados; ver um filme dublado prejudica a nossa experiência? Assistir um filme legendado é a forma correta de se ver um filme?
Muitos cinéfilos falam que a melhor forma de assistir é legendado, que ao ver dublado não estamos absorvendo o todo do filme, pois retira um elemento importante que é a voz original dos atores; quando assistimos ao filme legendado, preservamos a voz, no entanto prestamos grande parte da atenção às legendas e deixamos escapar o lado visual. O que você acha?
Jonatas, eu acho mais interessante assistir legendado. Até porque a atuação é parte essencial da unidade estilística da obra. O tom da atuação, o modo como o ator fala, é uma escolha estilística essencial para a unidade do filme como um todo. Mesmo que você olhe mais pra baixo em alguns momentos, acaba absorvendo o filme de modo mais completo.
É mau uma pessoa concordar com o que dizem Scorsese e o Coppola, de que os filmes da Marvel são um "parque temático" e não devem ser considerados cinema ?
Eu entendo que não se deve julgar um filme unicamente pelo seu gênero, mas eu ainda não consigo ter a humildade de perceber arte em filmes como "Os Vingadores", eu atualmente estou vendo a filmografia do Ingmar Bergman, e simplesmente não consigo respeitar artisticamente filmes com um viés comercial .
Arthur, sou seu aluno no seu curso, e cada vez tenho mais certeza de que você é a voz dissonante mais necessária na cena do cinema no Brasil, hoje. Você deveria falar para muito mais pessoas. Sua visão da arte e seus argumentos desmoronam a "oposição" e a maneira engessada que eles pregam que se deve relacionar com um filme, e com as outras artes, em geral, também.
Minha única ressalva é quanto ao trabalho do Gaspar Noé. Não acho que ele faça algo genérico pelo genérico, para fazer parte da turma do cult. Já ouvi ele até dizer que não considera o que faz arte, algo que eu particularmente discordo, seus filmes também costumam ser detestados pela beautiful people, e inclusive tem uma cena icônica, disponível no UA-cam, das pessoas deixando a estreia do Irreversível, no festival de cannes, no meio do sessão, e na saída xingando para câmera. Suas próprias referências também vem de diretores tidos como malditos por muitos, como o Passolini, de quem ele é, publicamente, muito fã, e até no Love, o garoto tem um cartaz do Sodoma colado na parede. Além disso, o estilo próprio dele vem desde seu primeiro curta metragem, e essa mesma autoralidade se faz presente desde então. Os planos frontais que acompanham os personagens, sem nunca, me parece, assumir um pessoalidade, quase como um voyeur que acompanha o que acontece.
Cito também a cena de estup*o em Irreversível, considerada a mais realista já filmada, e que com certeza tem um mérito narrativo e formal que não pode ser ignorado. A forma como ele utiliza as cores, o neon, e muitas vezes tons mais desbotados, é algo que ele vem fazendo há bastante tempo, muito antes disso virar um febre e quase um padrão entre filmmakers e cineastas no mundo todo. Eu na verdade acredito, que o Gaspar Nóe pode acabar servindo de referência para muita gente, que acaba tentando chegar no seu estilo de uma maneira muito pobre, um control c control v mal executado, e talvez por isso a sensação de seus filmes parecerem genéricos. Na verdade, eu acho que são os outros filmes que se parecem com o trabalho dele, e não o contrário.
Ele não passa a imagem, nem seu trabalho faz isso, de que está tentando parecer o cult entre os cults. Pra trazer uma referência nacional, ele em muitos aspectos me lembra bastante o Cláudio Assis, outro que não me parece ter vontade de fazer parte da entourage da patota do cinema nacional.
E pra finalizar, vendo climax, não pude deixar de ter uma sensação imensa de prazer nos 40 minutos iniciais do filmes, onde os personagens apenas dançam, a maneira como ele conduz a opera, realmente me lembrou do prazer que é assistir um bom filme.
Mas, tirando esse ponto, concordo com todo o resto que você disse. Sua voz deveria ter mais volume no cenário Brasil. Tem muito padre que nunca leu a Bíblia rezando a missa, e alguns seminaristas que sabem mais que os bispos só escutando. Grande abraço!
Valeu! Espero que esteja curtindo o curso! E muito obrigado pelo comentário. Como você já é aluno, com certeza deve saber que, na minha perspectiva, todo esse juízo é subjetivo. Eu posso considerar Gaspar Noé genérico, mas outras pessoas podem gostar e, inclusive, podem construir ótimos argumentos sobre os filmes dele. Tem até alguns textos positivos sobre Enter the void que eu gosto bastante. Consigo admirar esse outro olhar, desde que bem argumentado. Mas, comigo, ele realmente ainda não funcionou!
o que seria exatamente "estabelecer uma relação com a linguagem"?
Não usar a linguagem apenas para "ilustrar" o roteiro, mas fazer escolhas específicas, ter uma "ideia cinematográfica". Dá uma olhada no meu minicurso gratuito A FORMA CINEMATOGRÁFICA aqui no youtube que é basicamente sobre isso.
@@arthurtuoto bacana! olharei! obg, professor!
Arthur, o que significa “o filme estabelece uma relação com a linguagem”? Comecei a me interessar recentemente pelo cinema.
Significa que o filme lida com os elementos da linguagem do cinema (planos, montagem, decupagem) a partir de escolhas próprias. Não é uma obra genérica que simplesmente ilustra o seu roteiro. Mas propõe ideias a partir das suas escolhas audiovisuais.
Qual sua visão sobre o trabalho de Nicolas Winding Refn? Eu particularmente gosto muito de Drive e da trilogia Pusher, mas acredito que os filmes mais recentes acabam caindo no msm vazio que os filmes do Gaspar Noé
Na esteira dessa conversa gostaria de ver ou ler sua crítica sobre o Ema, do Pablo Larrain, ou simplesmente saber sua opinião.
Não assisti!
Eu nunca consegui gostar do Gaspar Noé nem do Lars Von Trier, acho um cinema choque pelo choque, nunca entendi o motivo de serem tão cultuados. Os caras sempre pensam que estão fazendo o melhor filme da história.
Oi, Arthur. Comentou sobre o juízo de quem assiste. Daí a régua do juízo dependeria do que a pessoa estabelece com a linguagem?
Sim. Mesmo não gostando de tal filme, a pessoa pode considerar aquilo uma obra de arte. Pode dar os seus motivos, usar o seu conhecimento sobre linguagem para dizer porque a obra não funcionou com ela. Ou, ainda, pode dizer que a relação do filme com a linguagem é tão nula que nem chega a considerar qualquer qualidade artística.
Não mas todo filme tem elementos de arte. Nos jogos de videogame é assim também.
Conteúdo muito importante mas precisava falar mal logo de You Were Never Really Here? hahaha :((
Valeu, Renan! Tem que tocar na ferida da cinefilia...
@@arthurtuoto tá certo demais hahaha
QUEREMOS VIDEOS COM O CABELINHO NOVO 😡
Quem é aluno já tem uma aula a disposição com o novo visual...