já li em algum artigo que no tempo da guerra do paraguay, a provincia que mais levou soldados foi a província do Amazonas, sobretudo indígenas e falantes de Nheengatu. "Outro forte golpe sofrido pela LGA ocorreu durante a Guerra do Paraguai (1864- 1870). A província do Amazonas, proporcionalmente às outras províncias do Império, foi a que mais enviou homens para esse conflito. O recrutamento dos índios se deu de modo extremamente violento, já que a maior parte deles foi apresada e obrigada a combater em terras paraguaias. Isso levou à morte de quase todos os falantes de LGA que para lá foram enviados na condição de “voluntários” da Pátria." Texto retirado do artigo: Tradução comentada da obra Le Petit Prince, de Antonio de Saint-Exupéry, do francês ao Nheengatu" por Rodrigo Godinho Trevisan
Jana, eu sou redatora desde o ano 2000 e lembro que, nesse período do novo acordo ortográfico (que ganhou "fama" antes de 2012... acho que lá por volta de 2008, 2009, já rolava um desespero das pessoas na comunicação sobre qual é o certo, o que tinha mudado, etc e tal. E isso durou um tempo mesmo. Era engraçado porque, como redatora, às vezes eu tinha que revisar alguns textos e, quando eu apontava alguma correção a ser feita, a pergunta que eu ouvia era sempre: "mas por que está errado? mudou com o novo acordo?" Esse vídeo ainda me fez lembrar de algumas tentativas de canetada que são absurdas, como a ideia de proibir/restringir o uso estrangeirismos (projeto de lei apresentado pelo Aldo Rebelo, em 1999). Ansiosa pela aula de amanhã!
Pode ser total ignorância da minha parte, mas eu ainda não entendo a importância de um acordo ortográfico com outros países. E se fosse por uma questão política, eu veria sentido entre países colonizados, não com o colonizador. Acho que é importante termos um acordo dentro do mesmo país, principalmente um país do tamanho de um continente. Mas com Portugal, não vejo nenhum sentido mesmo. Dito isso, na época da transição, achava horrível. Por muito tempo continuei escrevendo idéia, lingüiça, e várias outras palavras que já estavam corretas e não sei pra que mudaram. Só aprendi a reescrevê-las com o tempo, lendo diversas vezes como outras pessoas as escreviam, mas acho que fui meio revoltada. Me recusei a eu mesma me esforçar a reaprender regras, uhahuahuahua. O aprendizado teve que ser vagaroso e por osmose.
E com o apoio e endosso da "maravilhosa" Igreja Católica, não podemos esquecer, né?! E sempre me vem a mente o fato de que colonizadores tem como estratégia básica proibir os povos invadidos de falar seus idiomas, assim como proibem de professar suas crenças. Essa estratégia de apagamento da cultura original dos povos é muito impressionante.
Obrigado por trazer essa discussão de maneira acessível, Jana! No meu doutorado, eu pesquisei um tema parecido, o debate sobre a padronização da pronúncia, que foi promovido pelo Mário de Andrade no Congresso da Língua Nacional Cantada (1937). Os discursos sobre a pronúncia padrão levavam muito em conta a ortografia. O próprio Mário tinha uma reflexão sobre isso, que ele expôs nos seus artigos de jornal. É imuito interessante ver como as coisas que parecem sólidas hoje em dia flutuavam naquele momento, como o caso clássico do nome da língua (questão da identidade linguística brasileira).
Eu acho uma pena termos perdido essas outras línguas. Seria interessante ser bilíngue de casa. Entendo que existem vantagens em se ter um idioma dominante, mas com um idioma indígena teríamos um "pé a mais na terra" e, talvez, um pouco mais de respeito pelos povos originários ( que estão entre meus ancestrais). Um tempo atrás iniciei o estudo do Tupi antigo e descobri uma beleza enorme nesse idioma ( infelizmente morto). Por exemplo, o Tupi possui um sistema de "pós-posições" em vez de proposições. Outra coisa interessante é o número de palavras que ainda utilizamos e que vieram dessa línguas. E isso vai além do nome de lugares e animais. E ainda existe a teoria da influência muito forte do Tupi sobre o dialeto caipira. A língua geral paulista é o desenvolvimento do Tupi antigo. Havia outras variantes. Hoje resta o Nheengatu falado na Amazônia. Aliás, Nheengatu significa em tupi "Boa fala", ou melhor, "bom som", já que o termo não é usado apenas para a fala humana.
Jana, lendo jornais portugueses não é raro encontrar exemplos de ortografia diferente da que usamos no Brasil, mesmo após o Acordo. Não é estranho que isso aconteça mesmo entre países que ratificaram? Essa é uma questão que carrego há tempo
Interessante ver essas carteiradas e pensar no povo revoltado dizendo que a linguagem não-binária está sendo forçada à população. Aí fico me perguntando: esse povo está revoltado com o quê mesmo? Não é exatamente com a "possível" mudança linguística. Sobre o novo acordo ortográfico, eu estava no meu primeiro ano da faculdade de Letras, pensa no caos!
@JanaViscardi, o que vc da posição linguística e política da defesa da emancipação política da língua brasileira ou português brasileiro como uma língua distinta da falada hoje em Portugal, como Marcos Bagno defende??
Interessante, eu sou jornalista e moro nos Estados Unidos ha quase 3 décadas. Nos países de idioma ingles, cada um deles define, independentemente, os seus acordos ortográficos, pois, como voce brilhantemente citou, unificar a lingua em países com historias tao dispares, seria insanidade.
Eu peguei ess mudança enquanto estava sendo alfabetizada. Lembro muito da frustração de, depois de finalmente ter aprendido a escrever da forma que queriam, ter que desaprender hahahah e fazer de outra forma
vídeo maravilhoso! especialmente sobre a primeira carteirada (o que sou hoje é resultado dessa carteirada…) eu lembro que em 2009 eu tava no terceiro ano do ensino médio em belém e comprei uma cartilha pra aprender a nova ortografia haha havia uma certa polêmica sobre esse acordo, mas na minha escola não se tornou uma grande discussão.
Professora, a enorme variedade de sotaques e expressões existentes no Brasil em cada Estado ou região não seriam varias nuances da lingua oficiosa portuguesa? Quase outras linguas derivadas da lingua colonizadora?
é interessante notar que em políticas linguísticas não há somente as de cima pra baixo (top down), mas e, principalmente, as que são colocadas em prática pelos próprios usuários da língua (bottom up) e que são a base das nossas práticas sociais.
Lembro quando esse processo de transição pra nova ortografia tava mais ou menos no começo e eu disse que eu não conseguia escrever uma determinada palavra do jeito novo porque não parecia certo na minha cabeça. Essa foi uma conversa no Facebook e uma pessoa disse que compreendia minha posição e disse que só pessoas jovens se acostumariam. Meter idade no meio foi um golpe tão forte na minha vaidade que desde aquele dia eu passei a escrever aquela palavra e todas as outras do jeito novo. Eu não lembro qual ano foi, nem qual era a palavra e nem quem foi a pessoa, deve ser a idade...
Eu desconhecia que Vargas deu uma carteirada contra o falar italiano por aqui... Para mim , estas carteiradas no seculo XX só aconteciam no oriente : Turquia , União Soviética...
Jana, você me fez lembrar de que essas carteiradas se estendem as salas de aulas das escolas brasileiras, principalmente, as públicas, já que, de fato, a língua é atravessada por diferentes aspectos - e a violência é uma delas, como meninos e meninas se sentem na sala de aula aprendendendo uma língua estrangeira - o português, que não se relaciona em nada com aquela que ele traz de casa ou da rua, por exemplo. Esse contato com a sala de aula, se o(a) professor(a) não abrange os aspectos da variação linguística - a aula de língua portuguesa continua contando uma história única, ou seja, a dos vencedores/dominadores. Sei que a formação do professor no Brasil é heterogênea (não culpo os professores, sou um) e tbm não estou contra ao ensino de gramática da escola, mas é necessário alargar a visão sobre a língua e ensinar línguas, como você bem ressaltou nesse vídeo esclarecedor. Obrigado!
Exatamente, não são todos professores, alguns estão na luta para mudar esse cenário, e relatar os fatos como eles realmente se desenrolaram com o nosso idioma e a nossa cultura. É muito bom encontrar um professor engajado nesse propósito também! 🙃
Sim, isso que vc traz é muito importante, Bruno! Uma discussão que se faz na Linguística há bastante tempo também, mas que não necessariamente chega às salas de aula - num país tão desigual e que ainda valoriza tanto a entrega exclusiva de conteúdo sobre uma gramática idealizada e irreal.
Marquês de Pombal deu a carteirada 1, e o Temer adora dar continuidade na carteirada do colonizador ... O curso da Jana é sensacional, recomendo muito, é essencial para dar um outro olhar para a língua. ❤️
essa situação, como eu pontuei no vídeo, não é exclusiva do brasil. questões de língua e carteiradas acontecem em diferentes culturas e territórios. tem a ver com poder, que é algo que atravessa um sem fim de culturas. acho importante pontuar isso justamente pra gente não cair no "ai, no br tudo é assim, ruim".
O período pombalino é bastante controverso em vários aspectos. Até Pombal, o país n tinha uma politica educacional além da predominância da educação jesuítica, que embora tivesse problemas, foi o que se estabeleceu por dois séculos. Aí, de repente me chega o Marquês dando essa "carteirada", expulsa todo mundo e acaba com uma estrutura educacional de forma até violenta e sem qualquer transição. Mesmo q Pombal tivesse fortes influências iluministas, com propostas educacionais até relevantes, não se pode ignorar a contaminação dos interesses burgueses até pela propria origem do movimento, o q leva à percepções como a do próprio Pombal sobre a língua. Outra coisa é que Pombal foi extremamente impositivo em um país no qual a Coroa "terceirizou" a educação ao financiar a Igreja Catolica para faze-la em seu lugar, então o nível de reflexão e senso crítico da população minimamente escolarizada ou letrada era muito limitada. Logo, não tinha como dar certo, e a gente carrega as consequências desses equívocos e tropeços até hoje, que como vc disse, é uma caracteristica de países colonizados.
Neste vídeo, a professora limita-se a apresentar ideias e taxá-las de quantos nomes lhe aprouver, sem apresentar argumentação ou linha de raciocínio para justificar seus pontos. É lamentável que uma linguista negue o conceito de conquista portuguesa do Brasil, quando o próprio dicionário apresenta o verbo conquistar como "apossar-se ou dominar pelas armas". Sei que a linguística é uma ciência com menos rigor que a gramática, mas negar a língua ainda soa um tanto antiquado. Sei também que, talvez, possa ela ter se referido a isso em forma de conceito ou divagar filosófico, porém duvido um pouco dessa hipótese. Mas meu Deus do céu, a questão tratada pelo marquês de Pombal (que foi, certamente, um dos sem-vergonhas da história, e dele não gosto mesmo), foi justa e pragmática. É evidente que a língua portuguesa tem uma capacidade civilizatória e cultural exponencialmente maior que o tupi ou qualquer língua que tiver vindo de quaisquer outros países, que naquele século (vide o rótulo temporal, NAQUELE SÉCULO) eram todos menos desenvolvidos. Portugal no século XIII era a maior potência da Europa, e depois de sua consolidação absoluta como território com o condestável Nuno Álvares Pereira, ou mesmo antes, com o rei-trovador e amante das artes Dom Dinis, a nação Lusitana veio a ser um poço infinito de desenvolvimento e cultura. Muitas tribos indígenas praticavam ritos antropofágicos, ou, sendo menos eufemista, canibais. Na África não houve literatura até o século XIX, sendo grande parte de suas tradições transmitidas de forma oral. Mas não é possível que ninguém concorde que a língua portuguesa foi BOA para esses povos, pois é uma língua extremamente complexa e mais capaz que as outras envolvidas (que tiveram sim sua contribuição, posto que a língua portuguesa no Brasil é bastante ecumênica, como todos sabemos). É inegável que o ápice de nossa cultura (e, chuto, a do mundo também) tem como cerne a Europa. Praticamente todos os escritores usam dos métodos e formas que os europeus construíram, todo o sistema de música tonal usado amplamente na indústria (eu também sou músico, então dessa parte da história falo com mais propriedade) veio da Europa, todo o estudo da reprodução plástica das coisas, e de suas formas, provém também da Europa. Até cinquenta anos atrás nos vestíamos como vestiam-se na Europa. Enfim, acho que deu para entender. Ninguém concorda com a escravidão, e de fato este tempo foi uma mancha incorrigível na história da nossa nação, mas a professora aqui demonstra que deixou o livre-pensamento de lado, e que apenas repete os estigmas propostos pela academia brasileira, que há muito tempo já se perdeu no preconceito, deixando de lado os fatos.
Sobre a segunda carteirada, até hoje é uma novela esse negócio de "acordo" ortográfico. Brasil é o único país onde a última reforma ortográfica teve um sucesso relevante, com pouquíssima resistência. Portugal mergulhou-se num caos ortográfico e a maior parte dos outros países sequer o seguem. No século XX, ocorreram pelo menos 5 grandes mudanças na ortografia - em 1911, 1943, 1945, 1971 e 1973 -, isso sem contar as tentativas fracassadas. Em 1911, 1945 e 1973, apenas Portugal e suas então colônias aderiram ao "acordo". Em 1943 e 1971, foram as vezes do Brasil. O acordo de 1945 chegou a ser aprovado no papel aqui no Brasil, mas nunca implementado na prática e foi revogado 10 anos depois.
No final foi a melhor coisa para o país, enfiar goela abaixo nosso português, facilita tudo poder ir em qualquer cidade grande e se comunicar. Ninguém merece ser pobre e ainda ter uma babel no seu próprio território. Não é difícil acreditar que daqui 100 anos, essas mais de 60 línguas indígenas também caírão em desuso. Deus queira que no futuro todas as famílias sejam pelo menos de classe média, porque essa segregação entre ricos e pobres e essa enorme massa de semianalfabetos acaba com a unidade linguística. Gosto de diversidade, mas não no idioma falado na nossa nação.
A professora de História aqui que está se deliciando com esse conteúdo
ah que legal!!!
já li em algum artigo que no tempo da guerra do paraguay, a provincia que mais levou soldados foi a província do Amazonas, sobretudo indígenas e falantes de Nheengatu.
"Outro forte golpe sofrido pela LGA ocorreu durante a Guerra do Paraguai (1864-
1870). A província do Amazonas, proporcionalmente às outras províncias do Império,
foi a que mais enviou homens para esse conflito. O recrutamento dos índios se deu de
modo extremamente violento, já que a maior parte deles foi apresada e obrigada a
combater em terras paraguaias. Isso levou à morte de quase todos os falantes de LGA
que para lá foram enviados na condição de “voluntários” da Pátria."
Texto retirado do artigo: Tradução comentada da obra Le Petit Prince, de Antonio de Saint-Exupéry, do francês ao Nheengatu" por Rodrigo Godinho Trevisan
Excelente excelente Jana maravilhosa
Jana, eu sou redatora desde o ano 2000 e lembro que, nesse período do novo acordo ortográfico (que ganhou "fama" antes de 2012... acho que lá por volta de 2008, 2009, já rolava um desespero das pessoas na comunicação sobre qual é o certo, o que tinha mudado, etc e tal. E isso durou um tempo mesmo. Era engraçado porque, como redatora, às vezes eu tinha que revisar alguns textos e, quando eu apontava alguma correção a ser feita, a pergunta que eu ouvia era sempre: "mas por que está errado? mudou com o novo acordo?"
Esse vídeo ainda me fez lembrar de algumas tentativas de canetada que são absurdas, como a ideia de proibir/restringir o uso estrangeirismos (projeto de lei apresentado pelo Aldo Rebelo, em 1999). Ansiosa pela aula de amanhã!
Por ter 71 anos passei por outra reforma antes dessa dos anos 2000
Nos anos 70, na minha época de faculdade, também houve uma reforma ortográfica.
sim, foi tirado o acento grave em sílabas subtônicas. Inegavelmente se escrevia "inegàvelmente".
inegável => inegàvelmente
pé => pèzinho
só = sòzinho
Pode ser total ignorância da minha parte, mas eu ainda não entendo a importância de um acordo ortográfico com outros países. E se fosse por uma questão política, eu veria sentido entre países colonizados, não com o colonizador. Acho que é importante termos um acordo dentro do mesmo país, principalmente um país do tamanho de um continente. Mas com Portugal, não vejo nenhum sentido mesmo.
Dito isso, na época da transição, achava horrível. Por muito tempo continuei escrevendo idéia, lingüiça, e várias outras palavras que já estavam corretas e não sei pra que mudaram. Só aprendi a reescrevê-las com o tempo, lendo diversas vezes como outras pessoas as escreviam, mas acho que fui meio revoltada. Me recusei a eu mesma me esforçar a reaprender regras, uhahuahuahua. O aprendizado teve que ser vagaroso e por osmose.
Eu trabalhava em uma editora na época da obrigatoriedade do acordo e foi um trabalho gigantesco wue tivemos de fazer em todo o catálogo
Ótimo vídeo! Jana, seu trabalho é indispensável e de extrema importância e qualidade! Meus parabéns daqui de Cuiabá! 💖
Aquela "boa" e velha falácia do "eles são bárbaros" como se a brutalidade imposta pelos próprios colonizadores não fosse em si mesma uma barbárie.
pois
E com o apoio e endosso da "maravilhosa" Igreja Católica, não podemos esquecer, né?! E sempre me vem a mente o fato de que colonizadores tem como estratégia básica proibir os povos invadidos de falar seus idiomas, assim como proibem de professar suas crenças. Essa estratégia de apagamento da cultura original dos povos é muito impressionante.
Obrigado por trazer essa discussão de maneira acessível, Jana! No meu doutorado, eu pesquisei um tema parecido, o debate sobre a padronização da pronúncia, que foi promovido pelo Mário de Andrade no Congresso da Língua Nacional Cantada (1937). Os discursos sobre a pronúncia padrão levavam muito em conta a ortografia. O próprio Mário tinha uma reflexão sobre isso, que ele expôs nos seus artigos de jornal. É imuito interessante ver como as coisas que parecem sólidas hoje em dia flutuavam naquele momento, como o caso clássico do nome da língua (questão da identidade linguística brasileira).
muito interessante, né? eu adoro
@lucianomonteiro onde acho sua tese para ler? pareceu interessante!
Sensacional Viscardi ❤ continue sempre brilhante ❤
Eu acho uma pena termos perdido essas outras línguas. Seria interessante ser bilíngue de casa. Entendo que existem vantagens em se ter um idioma dominante, mas com um idioma indígena teríamos um "pé a mais na terra" e, talvez, um pouco mais de respeito pelos povos originários ( que estão entre meus ancestrais). Um tempo atrás iniciei o estudo do Tupi antigo e descobri uma beleza enorme nesse idioma ( infelizmente morto). Por exemplo, o Tupi possui um sistema de "pós-posições" em vez de proposições. Outra coisa interessante é o número de palavras que ainda utilizamos e que vieram dessa línguas. E isso vai além do nome de lugares e animais. E ainda existe a teoria da influência muito forte do Tupi sobre o dialeto caipira. A língua geral paulista é o desenvolvimento do Tupi antigo. Havia outras variantes. Hoje resta o Nheengatu falado na Amazônia. Aliás, Nheengatu significa em tupi "Boa fala", ou melhor, "bom som", já que o termo não é usado apenas para a fala humana.
Como eu gosto de te ouvir, Jana! ❤️
Jana, amo tu, você é muito necessaria
Como que eu descobri esse canal só agora?? Muito bom, passando a acompanhar a partir de hoje!
Jana, Jana, esses seus achados são maravilhosos. Estou ancioso para o nosso encontro amanhã sobre poder e língua. :-D
Eba! Nos vemos amanhã, Daniel!
Jana, lendo jornais portugueses não é raro encontrar exemplos de ortografia diferente da que usamos no Brasil, mesmo após o Acordo. Não é estranho que isso aconteça mesmo entre países que ratificaram? Essa é uma questão que carrego há tempo
Excelente. Obrigado
Interessante ver essas carteiradas e pensar no povo revoltado dizendo que a linguagem não-binária está sendo forçada à população. Aí fico me perguntando: esse povo está revoltado com o quê mesmo? Não é exatamente com a "possível" mudança linguística.
Sobre o novo acordo ortográfico, eu estava no meu primeiro ano da faculdade de Letras, pensa no caos!
@JanaViscardi, o que vc da posição linguística e política da defesa da emancipação política da língua brasileira ou português brasileiro como uma língua distinta da falada hoje em Portugal, como Marcos Bagno defende??
Aquele comentário maroto para aumentar o engajamento
Obrigada, Thiago!
Interessante, eu sou jornalista e moro nos Estados Unidos ha quase 3 décadas. Nos países de idioma ingles, cada um deles define, independentemente, os seus acordos ortográficos, pois, como voce brilhantemente citou, unificar a lingua em países com historias tao dispares, seria insanidade.
Eu peguei ess mudança enquanto estava sendo alfabetizada. Lembro muito da frustração de, depois de finalmente ter aprendido a escrever da forma que queriam, ter que desaprender hahahah e fazer de outra forma
hahahaha
Ela é excelente.Didarica e❤ engraçada
Saudade do trema!😢
Ótima reflexão... a história e toda sua complexidade...
feliz que vc gostou!
Essas mudanças influenciam até mesmo a legislação e seu conteúdo. Muito sério. Amo esse assunto.
vídeo maravilhoso! especialmente sobre a primeira carteirada (o que sou hoje é resultado dessa carteirada…)
eu lembro que em 2009 eu tava no terceiro ano do ensino médio em belém e comprei uma cartilha pra aprender a nova ortografia haha
havia uma certa polêmica sobre esse acordo, mas na minha escola não se tornou uma grande discussão.
Professora, a enorme variedade de sotaques e expressões existentes no Brasil em cada Estado ou região não seriam varias nuances da lingua oficiosa portuguesa? Quase outras linguas derivadas da lingua colonizadora?
ótimo tema para (re)pensarmos a língua portuguesa no brasil
é interessante notar que em políticas linguísticas não há somente as de cima pra baixo (top down), mas e, principalmente, as que são colocadas em prática pelos próprios usuários da língua (bottom up) e que são a base das nossas práticas sociais.
sim, certamente. é que o tema do vídeo nao era esse, por isso nao trouxe essa questão pro centro.
@@JanaViscardi parabéns pelo seu trabalho!
Janā, me explica aí, em modalidade imperativa, como tu diferencia dona e proprietária? :)
Muito bom!
Saudade do trema, tão útil! Já o hífen …
Lembro quando esse processo de transição pra nova ortografia tava mais ou menos no começo e eu disse que eu não conseguia escrever uma determinada palavra do jeito novo porque não parecia certo na minha cabeça. Essa foi uma conversa no Facebook e uma pessoa disse que compreendia minha posição e disse que só pessoas jovens se acostumariam. Meter idade no meio foi um golpe tão forte na minha vaidade que desde aquele dia eu passei a escrever aquela palavra e todas as outras do jeito novo.
Eu não lembro qual ano foi, nem qual era a palavra e nem quem foi a pessoa, deve ser a idade...
Hahhaha FABIANO 😅
Eu costumo praticar a desobediência civil, viu, Professora? 😂 Obrigada pela ótima aula! 🥰
Muito bom
O Vargas tbm deu uma carteirada ná epoca da segunda guerra mundial ao proibir o ensino/fala do do Alemão, Italiano e Japonês aqui na nossa terra
Justamente por que os povos originários não eram bárbaros que os povos realmente bárbaros prevaleceram! 🤔🤔😕😔😢😞
Eu desconhecia que Vargas deu uma carteirada contra o falar italiano por aqui...
Para mim , estas carteiradas no seculo XX só aconteciam no oriente : Turquia , União Soviética...
Jana, você me fez lembrar de que essas carteiradas se estendem as salas de aulas das escolas brasileiras, principalmente, as públicas, já que, de fato, a língua é atravessada por diferentes aspectos - e a violência é uma delas, como meninos e meninas se sentem na sala de aula aprendendendo uma língua estrangeira - o português, que não se relaciona em nada com aquela que ele traz de casa ou da rua, por exemplo. Esse contato com a sala de aula, se o(a) professor(a) não abrange os aspectos da variação linguística - a aula de língua portuguesa continua contando uma história única, ou seja, a dos vencedores/dominadores. Sei que a formação do professor no Brasil é heterogênea (não culpo os professores, sou um) e tbm não estou contra ao ensino de gramática da escola, mas é necessário alargar a visão sobre a língua e ensinar línguas, como você bem ressaltou nesse vídeo esclarecedor. Obrigado!
Exatamente, não são todos professores, alguns estão na luta para mudar esse cenário, e relatar os fatos como eles realmente se desenrolaram com o nosso idioma e a nossa cultura. É muito bom encontrar um professor engajado nesse propósito também! 🙃
@@ericatenorio8263 oi, Érica, isso mesmo, sigamos, então, variando linguisticamente! 😉
Sim, isso que vc traz é muito importante, Bruno! Uma discussão que se faz na Linguística há bastante tempo também, mas que não necessariamente chega às salas de aula - num país tão desigual e que ainda valoriza tanto a entrega exclusiva de conteúdo sobre uma gramática idealizada e irreal.
Marquês de Pombal deu a carteirada 1, e o Temer adora dar continuidade na carteirada do colonizador ... O curso da Jana é sensacional, recomendo muito, é essencial para dar um outro olhar para a língua. ❤️
obrigada!
BR é o país da carteirada. Aqui tem descendentes de tantas etnias e há tantas culturas. Como pode tanta soberba?
essa situação, como eu pontuei no vídeo, não é exclusiva do brasil. questões de língua e carteiradas acontecem em diferentes culturas e territórios. tem a ver com poder, que é algo que atravessa um sem fim de culturas.
acho importante pontuar isso justamente pra gente não cair no "ai, no br tudo é assim, ruim".
De fato, @@JanaViscardi
Jana você se considera adepta ao Funcionalismo?
❤
O período pombalino é bastante controverso em vários aspectos. Até Pombal, o país n tinha uma politica educacional além da predominância da educação jesuítica, que embora tivesse problemas, foi o que se estabeleceu por dois séculos. Aí, de repente me chega o Marquês dando essa "carteirada", expulsa todo mundo e acaba com uma estrutura educacional de forma até violenta e sem qualquer transição. Mesmo q Pombal tivesse fortes influências iluministas, com propostas educacionais até relevantes, não se pode ignorar a contaminação dos interesses burgueses até pela propria origem do movimento, o q leva à percepções como a do próprio Pombal sobre a língua. Outra coisa é que Pombal foi extremamente impositivo em um país no qual a Coroa "terceirizou" a educação ao financiar a Igreja Catolica para faze-la em seu lugar, então o nível de reflexão e senso crítico da população minimamente escolarizada ou letrada era muito limitada. Logo, não tinha como dar certo, e a gente carrega as consequências desses equívocos e tropeços até hoje, que como vc disse, é uma caracteristica de países colonizados.
Ou seja, "desde os primórdios até hoje em dia" somos permeados de fakenews 😢😢😢😢😢
Neste vídeo, a professora limita-se a apresentar ideias e taxá-las de quantos nomes lhe aprouver, sem apresentar argumentação ou linha de raciocínio para justificar seus pontos. É lamentável que uma linguista negue o conceito de conquista portuguesa do Brasil, quando o próprio dicionário apresenta o verbo conquistar como "apossar-se ou dominar pelas armas". Sei que a linguística é uma ciência com menos rigor que a gramática, mas negar a língua ainda soa um tanto antiquado. Sei também que, talvez, possa ela ter se referido a isso em forma de conceito ou divagar filosófico, porém duvido um pouco dessa hipótese.
Mas meu Deus do céu, a questão tratada pelo marquês de Pombal (que foi, certamente, um dos sem-vergonhas da história, e dele não gosto mesmo), foi justa e pragmática. É evidente que a língua portuguesa tem uma capacidade civilizatória e cultural exponencialmente maior que o tupi ou qualquer língua que tiver vindo de quaisquer outros países, que naquele século (vide o rótulo temporal, NAQUELE SÉCULO) eram todos menos desenvolvidos. Portugal no século XIII era a maior potência da Europa, e depois de sua consolidação absoluta como território com o condestável Nuno Álvares Pereira, ou mesmo antes, com o rei-trovador e amante das artes Dom Dinis, a nação Lusitana veio a ser um poço infinito de desenvolvimento e cultura. Muitas tribos indígenas praticavam ritos antropofágicos, ou, sendo menos eufemista, canibais. Na África não houve literatura até o século XIX, sendo grande parte de suas tradições transmitidas de forma oral. Mas não é possível que ninguém concorde que a língua portuguesa foi BOA para esses povos, pois é uma língua extremamente complexa e mais capaz que as outras envolvidas (que tiveram sim sua contribuição, posto que a língua portuguesa no Brasil é bastante ecumênica, como todos sabemos).
É inegável que o ápice de nossa cultura (e, chuto, a do mundo também) tem como cerne a Europa. Praticamente todos os escritores usam dos métodos e formas que os europeus construíram, todo o sistema de música tonal usado amplamente na indústria (eu também sou músico, então dessa parte da história falo com mais propriedade) veio da Europa, todo o estudo da reprodução plástica das coisas, e de suas formas, provém também da Europa. Até cinquenta anos atrás nos vestíamos como vestiam-se na Europa. Enfim, acho que deu para entender.
Ninguém concorda com a escravidão, e de fato este tempo foi uma mancha incorrigível na história da nossa nação, mas a professora aqui demonstra que deixou o livre-pensamento de lado, e que apenas repete os estigmas propostos pela academia brasileira, que há muito tempo já se perdeu no preconceito, deixando de lado os fatos.
Sobre a segunda carteirada, até hoje é uma novela esse negócio de "acordo" ortográfico. Brasil é o único país onde a última reforma ortográfica teve um sucesso relevante, com pouquíssima resistência. Portugal mergulhou-se num caos ortográfico e a maior parte dos outros países sequer o seguem.
No século XX, ocorreram pelo menos 5 grandes mudanças na ortografia - em 1911, 1943, 1945, 1971 e 1973 -, isso sem contar as tentativas fracassadas. Em 1911, 1945 e 1973, apenas Portugal e suas então colônias aderiram ao "acordo". Em 1943 e 1971, foram as vezes do Brasil. O acordo de 1945 chegou a ser aprovado no papel aqui no Brasil, mas nunca implementado na prática e foi revogado 10 anos depois.
Eu nunca vou superar o minissaia... É horroroso escrever isso assim 😂😂😂😂
Eu adorava o trema, sofri muito e sofro até hoje. hahahahhahaa
No final foi a melhor coisa para o país, enfiar goela abaixo nosso português, facilita tudo poder ir em qualquer cidade grande e se comunicar. Ninguém merece ser pobre e ainda ter uma babel no seu próprio território. Não é difícil acreditar que daqui 100 anos, essas mais de 60 línguas indígenas também caírão em desuso. Deus queira que no futuro todas as famílias sejam pelo menos de classe média, porque essa segregação entre ricos e pobres e essa enorme massa de semianalfabetos acaba com a unidade linguística. Gosto de diversidade, mas não no idioma falado na nossa nação.
Sinceramente, eu não gostei da reforma, era tão linda a palavra assembleia com acento...
O grande Sebastião foi um genio, o simples fato de ter expulsoo os jesuítas de lá e cá já é digno do meu respeito.
Cheguei
Oie!
Barbáre x civilização , ingerência , violência...
Bliu
mas o acordo ortográfico se limita à língua escrita, que é uma convenção, não é "a" língua.
a língua escrita é também língua. não existe "a" língua.
tem razão @@JanaViscardi
Basta lembrar q os queridos jesuítas eram da pior casta da igreja
Eu non fixen nada hahaah
_Só quero saber quando vão abolir a tal da cedilha, meu?😮😂😂_
❤