Eu era calouro da geografia em 2000 e tive o privilégio de presenciar esse debate com o prof. Milton Santos, que até então só conhecia por meio de livros e artigos. Sua lucidez e a energia com que defendia suas ideias só fez confirmar a admiração que eu já tinha por esse grande mestre. Infelizmente não tive outra oportunidade de vê-lo falar. Lembro que foi uma das últimas aparições públicas de Milton Santos, que ainda frequentaria a universidade até março do ano seguinte, três meses antes de seu falecimento. Obrigado a quem postou esse momento histórico para a geografia e que, sem sombra de dúvida, marcou minha vida em particular.
É um debate histórico para quem não conhece bem a produção acadêmica de Milton Santos!! Podemos notar a humildade receber as críticas (e aplaudir) e o vigor de rebatê-las (sobretudo a partir de 1:29:00¨ do vídeo uma surra!). Milton Santos superou o jogo funcionalismo e estruturalismo de 1970 à 1990 e com seus livros fundamentais da Geografia reelaborou conceitos que definem o Espaço (lugar, território, região e paisagem) e categorias analíticas do Espaço (a forma, a função, o processo, a estrutura). As frases famosas de que o Espaço é "desigual combinado", ou de que a Geografia é "a filosofia do espaço", ou a ideia geral que o Espaço deve ser interpretado pela dialética do Espaço-Tempo (ser/estar), atribuímos a esse exímio cientista baiano. Leiam mas sobretudo apliquem o método miltoniano! A dialética periférica que o século XX alimentou.
Só um complemento, que em nada compromete sua bela exposição: Milton Santos, de fato, utiliza a expressão "desigual e combinado" atrelado ao espaço - Cabe salientar que esta expressão é tributária da "teoria do desenvolvimento desigual e combinado", contribuição de Trotsky à teoria marxista.
Sinto camarada, certa passividade dos geógrafos do ponto de vista político... Essa na minha concepção era uma preocupação desse manifesto arduamente defendido em debate... A própria AGB parece-me ter perdido o fôlego...
2:31:14 eu gostei muito dessa passagem. Especialmente quando ele pergunta um pouco mais a frente: "[...] e por que razão um de nós não pode criar coisas novas no domínio da produção das ideias? Por quê? Por que temos que estar sempre inferindo na produção de outros autores?" - Não só a outros autores muito distantes espacialmente, mas também temporalmente. Sempre me estranhou o tipo de atração que pessoas hoje possuem por autores cristalizados em seu tempo como se pudessem, de alguma forma, ter um modelo concreto e preciso sobre a organização atual do nosso mundo e sociedade.
Muito interessante quando Milton Santos diz que "A totalidade não pode ser tratada de forma nua ou cega, tem que encontrar a sua manifestação empírica e por isso nem se separa o fenomenológico do ontológico, é a busca da não separação entre o que as coisas são e a forma como elas se dão ao olhar que constitui o centro da preocupação no mundo [...]
É mesmo um debate histórico para a Geografia brasileira. Pena que me pareceu não tão bem aproveitado, talvez pelo fato do manifesto ser muito recente. Hoje seria muito proveitoso uma visão em perspectiva. O fato maior é a obra de um pensador como Milton Santos ser um enigma a ser decifrado. Como ele mesmo afirmou neste vídeo, ele não tem por tarefa responder a todos os caminhos abertos por suas formulações teóricas. Cabem aos outros operários dessa atividade. Infelizmente, acredito que vinte anos depois esse debate está a ser feito. Apesar de muitas operacionalizações interessantes, o conceito de território usado continua controverso, pouco refletido, muitas vezes reduzido a imediaticidade do seus termos. No mais, acho que o fundamento do manifesto continua aí, esta crise sem fim da Geografia, seu papel na sociedade e no debate público. Grande Milton!
2:31:44 "E porque razão um de nós não pode criar coisas novas?". Em seguida, um exercício de reflexão posto em forma de questionamento pela professora Ana Fani.
Milton Santos, ouviu e aplaudiu a todos para, depois, com toda classe, elegância e sabedoria, entrar com os dois pés no peito dos pseudo intelectuais "doentes e preguiçosos". Tive que aplaudir de pé. O Brasil só não perdeu mais com a morte de Milton Santos porque a sua obra é para sempre.
Ana Fani nunca compreendeu Milton Santos, ela só quer saber de estudar o Lefebvre. Por isso levou essas bordoadas do Milton por falar de questões que nada tinham a ver com o manifesto.
A leitura da obra do Milton Santos é mais complicada que ler Kant. Eu desconfio de todos que falam de Milton Santos pela dificuldade de captar o conteúdo imenso em seus escritos. Gosto muito da Professora Maria Adélia e seu canal no UA-cam, faz uma ótima abordagem.
"Com a globalização, a valorização dos objetos e a valorização da natureza, [é] que definem a natureza para as ciências sociais. E acredito que a geografia física é uma ciência social, a geografia física não é uma ciência natural, é uma ciência social. Se ela quer valorizar as coisas ditas naturais segundo um valor social." (01:50:09)
Não temos mais palestras históricas como estas. As pessoas que atuam nesse momento poderiam promover mais encontros geográficos. Porém seria interessante nomes que representam a geografia física com a GEO humana.
Se não é capaz de ouvi, então saia. Se não têm conteúdo intelectual para o debate, então não entre num debate, desonestidade intelectual é típica dos preguiçosos que não leram o suficiente e resolve se manifestar num debate, quando são refutados ficam melindrados. Silêncio religioso está na base do estudo, pois sem isso é impossível escutar as vozes do passado que estão guardadas nas bibliotecas. Falta de respeito não escutar a fala do outro, o respeito está no silêncio religioso, quem fala e gosta de falar também tem que saber escutar. Um Professor que eu não respeito, nem me dou só trabalho de comentar as falas dele perante uma aula em execução. O silêncio religioso é para todos, o silêncio do desprezo será o prêmio dos medíocres.
Eu era calouro da geografia em 2000 e tive o privilégio de presenciar esse debate com o prof. Milton Santos, que até então só conhecia por meio de livros e artigos. Sua lucidez e a energia com que defendia suas ideias só fez confirmar a admiração que eu já tinha por esse grande mestre. Infelizmente não tive outra oportunidade de vê-lo falar. Lembro que foi uma das últimas aparições públicas de Milton Santos, que ainda frequentaria a universidade até março do ano seguinte, três meses antes de seu falecimento. Obrigado a quem postou esse momento histórico para a geografia e que, sem sombra de dúvida, marcou minha vida em particular.
É um debate histórico para quem não conhece bem a produção acadêmica de Milton Santos!! Podemos notar a humildade receber as críticas (e aplaudir) e o vigor de rebatê-las (sobretudo a partir de 1:29:00¨ do vídeo uma surra!). Milton Santos superou o jogo funcionalismo e estruturalismo de 1970 à 1990 e com seus livros fundamentais da Geografia reelaborou conceitos que definem o Espaço (lugar, território, região e paisagem) e categorias analíticas do Espaço (a forma, a função, o processo, a estrutura). As frases famosas de que o Espaço é "desigual combinado", ou de que a Geografia é "a filosofia do espaço", ou a ideia geral que o Espaço deve ser interpretado pela dialética do Espaço-Tempo (ser/estar), atribuímos a esse exímio cientista baiano. Leiam mas sobretudo apliquem o método miltoniano! A dialética periférica que o século XX alimentou.
Só um complemento, que em nada compromete sua bela exposição: Milton Santos, de fato, utiliza a expressão "desigual e combinado" atrelado ao espaço - Cabe salientar que esta expressão é tributária da "teoria do desenvolvimento desigual e combinado", contribuição de Trotsky à teoria marxista.
Professora maravilhosa, Maria Adélia. Tem um canal no UA-cam.
Um dos últimos momentos de coragem da geografia brasileira. Milton é imortal!
Sinto camarada, certa passividade dos geógrafos do ponto de vista político... Essa na minha concepção era uma preocupação desse manifesto arduamente defendido em debate... A própria AGB parece-me ter perdido o fôlego...
2:31:14 eu gostei muito dessa passagem. Especialmente quando ele pergunta um pouco mais a frente: "[...] e por que razão um de nós não pode criar coisas novas no domínio da produção das ideias? Por quê? Por que temos que estar sempre inferindo na produção de outros autores?" - Não só a outros autores muito distantes espacialmente, mas também temporalmente. Sempre me estranhou o tipo de atração que pessoas hoje possuem por autores cristalizados em seu tempo como se pudessem, de alguma forma, ter um modelo concreto e preciso sobre a organização atual do nosso mundo e sociedade.
"Como é que o mundo deixa de ser para existir? Através dos eventos, os eventos transportam a ação possível naquele presente."
Muito interessante quando Milton Santos diz que "A totalidade não pode ser tratada de forma nua ou cega, tem que encontrar a sua manifestação empírica e por isso nem se separa o fenomenológico do ontológico, é a busca da não separação entre o que as coisas são e a forma como elas se dão ao olhar que constitui o centro da preocupação no mundo [...]
Obrigada pela publicação!
É mesmo um debate histórico para a Geografia brasileira. Pena que me pareceu não tão bem aproveitado, talvez pelo fato do manifesto ser muito recente. Hoje seria muito proveitoso uma visão em perspectiva. O fato maior é a obra de um pensador como Milton Santos ser um enigma a ser decifrado. Como ele mesmo afirmou neste vídeo, ele não tem por tarefa responder a todos os caminhos abertos por suas formulações teóricas. Cabem aos outros operários dessa atividade. Infelizmente, acredito que vinte anos depois esse debate está a ser feito. Apesar de muitas operacionalizações interessantes, o conceito de território usado continua controverso, pouco refletido, muitas vezes reduzido a imediaticidade do seus termos. No mais, acho que o fundamento do manifesto continua aí, esta crise sem fim da Geografia, seu papel na sociedade e no debate público. Grande Milton!
2:31:44 "E porque razão um de nós não pode criar coisas novas?".
Em seguida, um exercício de reflexão posto em forma de questionamento pela professora Ana Fani.
O teor da discussão e sobretudo os embates energizantes tornaram este vídeo antes de qualquer coisa, histórico.
A geografia pulsa! rs
Ei Toca do Vale!
aiii meu deeeusss
Ah, miseravih!
Vou trocar essa foto kkkk
Agora tá lindu 💜
Esse registro é realmente de mais! Uma grande fonte!!!
Professor Milton Santos um intelectual que poucos brasileiros tiveram acesso.
Milton Santos, ouviu e aplaudiu a todos para, depois, com toda classe, elegância e sabedoria, entrar com os dois pés no peito dos pseudo intelectuais "doentes e preguiçosos". Tive que aplaudir de pé. O Brasil só não perdeu mais com a morte de Milton Santos porque a sua obra é para sempre.
Grande Milton Santos.
Conhecido mundialmente.
maravilhoso!! e desolador perceber o quão pouco o cenário intelectual brasileiro mudou. o ambiente acadêmico ainda carece de debates e de coragem
pobre Fani, dando voltas pra não dizer nada. "eu acho... eu acho..." coitada, leu muito Michel de Certeau e não entendeu Milton Santos.
A sociedade vista através de um de seus aspectos, isto é o espaço. O espaço é o território usado.
O território usado, é o território presente.
Ana Fani nunca compreendeu Milton Santos, ela só quer saber de estudar o Lefebvre. Por isso levou essas bordoadas do Milton por falar de questões que nada tinham a ver com o manifesto.
1:53:05 hahaha O problema da epistemologia e um toque de humor (Alguns diriam narcisismo) do professor Milton.
esse cara é muito bom. com certeza suas ideia servem de norte pra planejar um futuro mais decente pra essa nossa realidade chinfrim
Se fosse uma banca, o genial Milton Santos teria sido reprovado!
"Parabéns aos envolvidos!
Quase 3h de debate e ninguém debateu o manifesto em si, só questões fora dele.
A Odete Seabra foi a única que deu uma contribuição bacana sobre o manifesto
2:22:34 - "A senhora fica nervosa por quê?"
Estaria a Ana Fani irritada com a não permissão de fala com o Armen Mamigonain?
Milton Santos me dá forças pra continuar! Que pena que é tão mal conpreendido
A leitura da obra do Milton Santos é mais complicada que ler Kant. Eu desconfio de todos que falam de Milton Santos pela dificuldade de captar o conteúdo imenso em seus escritos. Gosto muito da Professora Maria Adélia e seu canal no UA-cam, faz uma ótima abordagem.
2:13:55 sensacional. Grande Milton Santos!
"Com a globalização, a valorização dos objetos e a valorização da natureza, [é] que definem a natureza para as ciências sociais. E acredito que a geografia física é uma ciência social, a geografia física não é uma ciência natural, é uma ciência social. Se ela quer valorizar as coisas ditas naturais segundo um valor social." (01:50:09)
Podes explicar claramente o q significa!
Pena que o audio esteja muito desgastado.
Quem são esses estudantes da equipe dele? Como vivem? O que comem? Como encontrá-l@s?
Conheço um deles, Edison Bicudo, por sorte meu amigo. Um gênio formado por esse mestre chamado Milton Santos.
Ele comenta criticamente sobre a Amazônia e Marx e a noção crítica de Território em 2:03:00"
Morreu com 75 anos e deixou uma lacuna irreparável.
Quase 90 anos foi um exagero hehe
@@astropgn erro de digitação haha
Não temos mais palestras históricas como estas. As pessoas que atuam nesse momento poderiam promover mais encontros geográficos. Porém seria interessante nomes que representam a geografia física com a GEO humana.
Acho que você não entendeu o debate: não há mais espaço para esta (falsa) dicotomia!
Parabéns!
Infelizmente o áudio está péssimo..
O Milton Santos deu uma comida de rabo em alguem da plateia 1:45:27
A pancada foi em todo mundo.
New stay here
sacanagem desmoralizar colega incitando o riso
complicado ouvir um debate/discurso/opinião religiosamente
Se não é capaz de ouvi, então saia. Se não têm conteúdo intelectual para o debate, então não entre num debate, desonestidade intelectual é típica dos preguiçosos que não leram o suficiente e resolve se manifestar num debate, quando são refutados ficam melindrados.
Silêncio religioso está na base do estudo, pois sem isso é impossível escutar as vozes do passado que estão guardadas nas bibliotecas.
Falta de respeito não escutar a fala do outro, o respeito está no silêncio religioso, quem fala e gosta de falar também tem que saber escutar. Um Professor que eu não respeito, nem me dou só trabalho de comentar as falas dele perante uma aula em execução. O silêncio religioso é para todos, o silêncio do desprezo será o prêmio dos medíocres.
é desonesto contar com aplausos da imaturidade intelectual