Francisco Alves e Rosa Negra - Não Quero Saber Mais d'Ella (Odeon - 10100a)

Por que foi que tu deixaste
Nossa casa na favela
Não quero saber mais dela
Não quero saber mais dela
A casa que eu te dei
Tem uma porta e uma janela
Também não quero saber mais dela
Também não quero saber mais dela
Português, tu não me invoca
Me arrespeita, eu sou donzela
Não vou na sua potoca
Nem vou morar na favela
Eu bem sei que tu és donzela
Mas isto é uma coisa à toa
Mulata, lá na favela
Mora muita gente boa
Aquela crioulinha
Que tu dava tanto nela
Não quero saber mais dela
Não quero saber mais dela
E aquela portuguesa
Que tu te casou com ela
Também não quero saber mais dela
Também não quero saber mais dela

[@jeca_gay.toca_gado]

Um sucesso até hoje! Este samba de Sinhô que pelo próprio foi titulado de Samba da Favela. Este se tornou um dos 10 sambas de Sinhô mais escutados hoje em dia.

[@rogelsondasilva]

Note que o personagem português mora na favela e a mulata não! Um fato hoje quase ignorado é que no inicio do século havia muitos negros ricos (como José do Patrocínio, o primeiro fluminense a ter um automóvel) e muitos imigrantes europeus miseráveis, assim não era de se estranhar o fato da mulata não querer ir com o português morar na favela.

[@Vinicius-lw9uz]

Eu entendo essa música com os dois personagens sendo igualmente paupérrimos, a "mulata" apenas não quer ir morar na Favela(apesar de já ter morado, segundo a própria música). Favela na década de 1920 era um lugar específico, o Morro da Favela(atual Morro da Providência). A "mulata" pode morar em qualquer outro bairro pobre do Rio dos tempos de República Velha, como Cidade Nova, Morro de São Carlos, Salgueiro, Mangueira, etc.

[@rogelsondasilva]

@@Vinicius-lw9uz muito legal a sua observação. Realmente o período da República Velha é cheia de histórias fascinantes

[@octaviocgsa]

Como disse o Vinícius, certamente os dois eram pobres. Ainda assim, é fato que havia grande quantidade de imigrantes pobres no morro da Favela. Benjamin Costallat conta que havia até mesmo uma parte do morro denominado "Portugal Pequeno", onde se ajuntavam os portugueses.