João Gilberto - Gravações Perdidas (c. 1957)
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- Опубліковано 8 лип 2024
- 0:00 - Hino ao Sol (Tom Jobim e Billy Blanco)
2:36 - Chove Lá Fora (Tito Madi)
Acetato inédito e - na minha opinião - histórico.
A história por trás destas gravações nada mais é do que nebulosa e cheia de dúvidas.
A viúva de Jonas Silva, primeiro crooner dos Garotos da Lua, doou após sua morte parte de seu acervo de discos ao grande escritor, biógrafo, jornalista e flamenguista Ruy Castro.
Visitando a casa de Ruy, notei que uma destas caixas de discos continha apenas acetatos, a maioria sem marcações ou selos, e me ofereceu então para tentar ouvi-los.
Para os que não conhecem, acetatos são a primeira etapa no processo de fabricação de um disco fonográfico.
São discos geralmente com um núcleo composto de alumínio ou de vidro e recoberto por uma fina camada de laca.
Nesta superfície de laca o áudio é "cortado", ou seja, literalmente gravado.
Em um torno de gravação (lathe) uma agulha aquecida recebe as vibrações necessárias para escavar um formato tridimensional análogo ao sinal de áudio recebido pelos amplificadores de corte.
Este sinal pode vir de uma sessão de gravação ao vivo (processo direct-to-disc) ou de material pré-gravado.
Após o corte e finalização do acetato ocorrerão as etapas de galvanoplastia para a geração das masters, das mothers e dos stampers, dependendo as duas últimas apenas do volume de produção de cada lançamento.
Antes da popularização da fita magnética para uso doméstico, muitas gravações foram realizadas em acetatos destinados para uso amador através de pequenos tornos de gravação.
Geralmente eram gravados em 78 RPM, com qualidade sofrível e sem nenhuma intenção de passagem por etapas de pós-corte como a galvanoplastia.
Mas o maior inimigo dos acetatos é o próprio tempo.
Os que possuem núcleo metálico são mais resistentes a impactos, mas extremamente vulneráveis a variação climática.
O alumínio expande e contrai dependendo da temperatura enquanto a laca permanece estática.
Com uma variação de temperatura mais significativa a camada de laca acaba trincando em inúmeros pontos, acabando por soltar e perder pedaços que nada mais são do que trechos da gravação.
Os que possuem núcleo de vidro não resistem ao choque, mas por outro lado o vidro não dilata significativamente com variações de temperatura.
No caso deste acetato o problema era ainda pior.
Em algum ponto das décadas passadas, acabou por sofrer uma queda, amassando uma das bordas de alumínio e soltando pedaços da laca, havendo pequenas perdas de material gravado.
No início de minha audição aos acetatos havia apenas a curiosidade, pois peguei um dos mais avariados, e sendo um material sem significado o esforço de restauro não valeria o retorno.
Mas após ouvir segundos de uma das partes íntegras, não pude acreditar no que tinha em mãos.
Sangue, suor e lágrimas durante horas de trabalho foram dedicados ao processo de recuperação.
Trago aqui as duas faixas já citadas.
Existe uma versão de "Hino ao Sol" gravada por João Gilberto e erroneamente chamada de "Sinfonia do Rio de Janeiro", pois "Sinfonia do Rio de Janeiro" é uma suíte onde um de seus movimentos é "Hino ao Sol".
A versão já existente está abafada e possui um minuto a menos do que a trazida aqui, sendo provavelmente originária de outro acetato desta mesma sessão de gravação.
Mas "Chove Lá Fora" na voz de João Gilberto ainda é um material desconhecido.
Certamente este acetato foi gravado em um ambiente tendendo ao profissionalismo pois a gravação é de boa qualidade e feita em 33 1/3 RPM, algo incomum em acetatos amadores na época.
Outro fato é a ausência de selos, o que indica o propósito de passagem por galvanoplastia.
Mas como esta gravação foi parar justamente no acervo de Jonas Silva, ainda é uma incógnita.
Jonas Silva foi expulso dos Garotos da Lua pelos outros integrantes do grupo para ser substituído por: João Gilberto.
Mas é sabido que após todas as rusgas acabaram se tornando bons amigos.
Agradeço ao amigo Ruy Castro por mais esta oportunidade.
Equipamento de transcrição composto por toca-discos Thorens TD124 MKII equipado com braço SME 3009 Series III, com cápsula Pioneer PC-Q1.
Isso é ouro puro! Como vcs chegaram ao “c. 1957”? Ele ainda, aparentemente, está no processo do que seria a sua revolução, ainda não tem a batida do violão e ele ainda canta com muito vibrato, especialmente em Chove lá fora, que, segundo a Bíblia Chega de Saudade é de 1955. Em 57, segundo a mesma Bíblia, João Gilberto estava de volta ao Rio em 57 (depois de 2 anos fora) já “pronto”. Detalhe mínimo, perto dessa preciosidade!
Uau! Ele aqui está cantando notas mais longas e com vibrato! 😃 Um registro precioso e importante pra constatar as mudanças que ocorreriam no canto dele depois, como bem escreveu o Ruy Castro.
Que preciosidade!
Fabuloso! Obrigado por nos presentear com essa raridade. Saúde e paz.
Que maravilha! Obrigada, Cristiano Grimaldi (e Ruy Castro)!
Preciosidade única. Obrigado por trazer as auditivas portas de nos outros, essas pérolas musicais. Certamente Tito, caso ainda estivesse entre nós teria um momento de muita emoção ao ouvir esse registro rarissimo de um de seus maiores sucessos.
Canal Dr. Fonocaptor, Hugo, muito obrigado meu querido amigo!
Que pérola! Mais por favor !!
bravo!
Fantástico
Luiz Octavio Oliveira muito obrigado pelo carinho.
Vim parar aqui por causa de uma matéria sugerida pelo Google.
O ano começa melhor assim!
Soundz seven, muito obrigado amigo.
Grimaldi, essa gravação de Chove lá Fora, é anterior a gravação do Tito? Sabes qual das duas veio primeiro? Se parecem bastante.
Foi gravado em acetato ou em 78 Normal? que relíquia
Edson Ricardo, acetato de 33 1/3 rpm.
Infelizmente em péssimo estado.
Tive que realizar a recuperação física dele com os cacos da camada de laca que pude encontrar.
@@cristianogrimaldi Faz um vídeo mostrando esse material. Estou lendo Ruy Castro e tudo de João me interessa.