LIBERDADE E SEGURANÇA | Zygmunt Bauman e Sigmund Freud | O MAL-ESTAR
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- Опубліковано 7 бер 2023
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O mal-estar da pós-modernidade, obra de Zygmunt Bauman de 1997, faz referência direta ao clássico de Sigmund Freud, O mal-estar a Cultura, de 1930. Neste texto, Bauman interessou-se pela análise e crítica que Freud fez à cultura, que em síntese apontava que na civilização renunciamos a liberdade nome da segurança, da certeza e da proteção (sicherheit). Esta era a fonte de nosso mal-estar.
No entanto, em O mal-estar da pós-modernidade, Bauman apontou uma virada da razão de nosso mal-estar: a liberdade. Renunciamos a segurança em nome da liberdade, cujos efeitos colaterais são a incerteza, a ansiedade e a angústia (unsicherheit), que passaram a ser nossa fonte de mal-estar.
Bauman e Freud: aproximações
À época de O mal-estar na Cultura Freud, com 74 anos, vivia na Áustria e atuou como um intérprete de seu contexto histórico-geográfico: o entreguerras na Europa Central com o acirramento das tensões políticas; da repressão à psicanálise; da ascensão do nazifascismo e do agravamento do antissemitismo, do qual sofreu.
Bauman tinha 5 anos quando O mal-estar a Cultura foi publicado e vivia na Polônia, nação vizinha. Era, tal qual Freud, de origem judaica. Em função do contexto, seus destinos seriam compartilhados: ambos se exilaram; Freud, na Inglaterra, quando da anexação da Áustria à Alemanha nazista em 1938 (a Anschluss); e Bauman, na União Soviética, após a invasão alemã à Polônia em 1939. Freud faleceu um ano após seu exílio. Bauman, 77 anos depois. Ambos na Inglaterra.
Liberdade e Segurança
A relação de Bauman com Freud não se limita a O mal-estar na Pós-modernidade. Bauman passa a sustentar a tese de que “o progresso histórico faz pensar mais num pêndulo que numa linha reta” (BAUMAN, 2017, 19). Nos polos do movimento do pêndulo estão a liberdade e a segurança, e as sociedades migram de um ao outro de tempos em tempos em busca da felicidade, tentando encontrá-la.
Outro ponto importante que Bauman se apoiará na obra Freudiana são as fontes do medo humano: “o poder superior da natureza, a fragilidade do nosso próprio corpo e a deficiência das disposições que regulam os relacionamentos humanos” (FREUD, 2013, p. 80). A terceira fonte advém da vida em sociedade e que, tanto para Freud quanto para Bauman, será uma fonte difícil de resolução.
Bauman a analisou em diversos livros: Vida Líquida (2005); Tempos Líquidos (2007); Medo Líquido (2008); Confiança e Medo na Cidade (2009); A Arte da Vida (2009); Cegueira Moral (2014); Vigilância Líquida (2013); O Retorno do Pêndulo (2017); Mal líquido (2019).
Estes livros nos dão uma boa introdução da relação teórica entre Bauman e Freud.
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
BAUMAN, Zygmunt. O retorno do Pêndulo. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
BAUMAN, Zygmunt. Retrotopia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
FREUD, Sigmund. O mal-estar na Cultura. Porto Alegre: L&PM, 2013.
Link da comunidade baumaniana:
meuamigobauman.com
Minutagem
00:47 - Tema do vídeo
01:20 - Ponderação sobre a teoria universalista de Zygmunt Bauman
02:01 - Princípios do mal-estar na modernidade sólida a partir de Freud
03:23 - O Estado-nação como instituição moderna
03:50 - A família como instituição moderna
04:12 - Pacto entre o Estado e a nação e o princípio da segurança moderna (Freud)
05:00 - Crise no pacto entre o Estado e a nação e o princípio da segurança (Bauman)
07:09 - Amor líquido como sintoma do mal-estar produzido pela liberdade
08:04 - Amor e ódio entre liberdade e segurança
08:34 - O retorno do pêndulo - a nova busca pela segurança
10:51 - A retrotopia como sintoma do desespero pela segurança (a negação da negação da utopia)
11:59 - BREXIT e os perigos da retrotopia para Bauman
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Esse canal é um pêndulo para despertar as consciências e dar perspectivas de que não estamos sozinhos e que talvez evitemos a retroutopia! Muitas reflexões e alimento para mentes e corações que sonham com um mundo utópico possível! Gratidão🙏🌹
Sempre colocando pontos importantes para as reflexões de nosso tempo! Que venham mais vídeos com esse dueto Freud + Bauman!
Assim seja, Educa Periferia. Novas abordagens dessa dupla virão.
Excelente o vídeo!
Conteudo de alta qualidade, muito obrigado professor.
Eu que agradeço, Claudemir. Muito obrigado!
Muito bom! Em especial a capacidade de associar pontos importantes de vários livros de Bauman que se conectam entre si. Estou lendo O Retorno do Pêndulo. Muita coisa que já havia lido em Retrotopia (que eu francamente não sei qual foi escrito primeiro). Obrigado por mais um vídeo que facilita muito a compreensão desse pensador tão importante pra compreender o que estamos vivendo
A liberdade e a segurança são difíceis de equacionar na vida. O ponto de equilíbrio é impossível de ser alcançado no nível social, até porque a sociedade é fragmentada em guetos e tribos. Algumas querem segurança. Outras querem liberdade. Talvez a solução para esse impasse seja mesmo o diálogo e a negociação.
Exatamente We. Exatamente!
Muita reflexão🤔❤👋👋👋👋👋
A liberdade tem que andar junto com a segurança, os direitos políticos e o bem estar social! O contrário disso, é ilusão, é sofrimento e não se sustenta!
Tô gostando do teu canal. 594° inscrito
Obrigado, Menezes. A casa é nossa.
A vida grosso modo é agonia, desamparo e insanidade mental conforme Sigmund Freud vinha apontando desde meados dos seus escritos. Em especial o mal estar na civilização como a potência da natureza, envelhecimento e conviver em sociedade e uma cultura que reprime e viola a pulsão de vida. FREUD E BAUMAN SÃO REFERÊNCIAS PARA A ESPÉCIE HUMANA E MUNDO!!!!
Sendo arquiteto e psicanalista, acho que todas essas questões de mal estar e interações neste tempo, fazem a vida nas cidades ser algo que em sua liquidez, a esvaziam no aspecto humano e a lotam em aspectos sub humanos quando a violência, o isolamento e o domínio dos mecanismos de alienação e subsistências insalubres para a saúde mental, reforçam a necessidade de constante revisão do indivíduo em seus conteúdos e reais necessidades, e das cidades quanto ao que podem oferecer em aspectos urbanos a bem do humano antes de tudo.