O TEMPO NA MODERNIDADE LÍQUIDA | Zygmunt Bauman
Вставка
- Опубліковано 21 лип 2024
- Neste vídeo vamos conversar sobre o tempo na obra de Zygmunt Bauman. Antes disso, acesse o link da comunidade baumaniana:
meuamigobauman.com
🕑 TEMPO CÍCLICO
Nas sociedades em que o consumo servia à vida, o tempo cíclico era vivido e concebido a partir das repetições percebidas da relação do homem com o meio natural. As estações do ano, os ciclos de chuva e seca, a duração do dia, os tipos de alimentos que poderiam ser cultivados nas regiões que habitavam.
O homem colocou o tempo à serviço dos ciclos de produção de alimentos e matérias primas para serem consumidos. Só eram consumidos produtos “da estação”, aqueles que estavam próximos o bastante para serem alcançados e que fazem parte do tempo da produção para serem desenvolvidos, confeccionados e montados. Os objetos que faziam parte da vida humana eram, em sua grande maioria, provenientes de suas necessidades.
🕗 TEMPO LINEAR
Já a percepção do tempo linear remonta ao século 19 e meados do século 20, período de seu ápice. No entanto, pode ser percebido em algumas sociedades, como a inglesa e a francesa, no século 18.
O tempo linear tem relação direta com a rotinização da vida produtiva nas fábricas, com o inchaço das cidades proveniente do êxodo rural; com a noção, ainda que equivocada, da ideia de evolução que passou a ser familiarizada desde então; ou mesmo em algumas dimensões da filosofia positivista.
A sociedade do tempo linear enxergava que estava com seu destino traçado pela ciência, pela razão, pela ilustração, direcionada, portanto, ao bem comum, à igualdade, à fraternidade e à liberdade. Embora controverso em sua premissa fundamental (se este desenvolvimento é inevitável ou se deve ser induzido, planejado ou forçado) o tempo linear pode ser representado pelas esteiras das fábricas de produção. O tempo linear é o tempo percebido e vivido pela sociedade de produtores.
🕙 TEMPO PONTILHISTA
O tempo pontilhista, diferentemente do tempo linear, não pode ser preenchido por uma sucessão de acontecimentos planejados e previsíveis como para as sociedades anteriores.
O tempo pontilhista é, para a sociedade de consumidores, a normatização de uma vida repleta de acontecimentos desconexos e fragmentados. Não há vínculo entre estes eventos. E o que se constitui como pontilhista no tempo presente não são as marcações dos acontecimentos no calendário ou na agenda da vida, mas os intervalos e os interstícios entre elas. Nestes lapsos está a ansiedade da espera pelo próximo momento de euforia e do prazer do consumo. O conteúdo dos pontos importa muito pouco. Desde que seja preenchido pelo consumo, os sujeitos líquido-modernos o vivenciam como um “instante eterno”.
O tempo pontilhista, diferentemente das pinturas de Seurat, Signac, Pissarro, é mais perceptível no ato de pontilhar do que na pintura pronta. Há outra diferença fundamental: nas pinturas, os desenhos do todo antecedem o ato de pontilhar; o todo dá sentido às decomposições tonais evidenciadas pelos pontos. No tempo pontilhista, não é possível prever a imagem que dará sentido ao todo, até porque ela não foi concebida antes. Como Bauman nos informou, o sentido das experiências fugazes do tempo pontilhista só ganhará sentido a posteriori, depois, cujo enredo deverá ser construído pelo próprios sujeito líquido-moderno. Mas mesmo assim, haverá grandes chances deste enredo inverter a ordem dos fatos, substituir personagens, alterar cenários, porque a experiência do tempo pontilhista é vazia. A atenção fica hiper concentrada no gozo, na efusividade que hiper fraciona a memória. Posteriormente, no momento da construção do enredo da vida, o tempo pontilhista exerce uma pressão absurda sobre memória destes sujeitos, que impossibilita enxergar os pontilhados distantes de modo preciso, ao ponto de serem vistos como borrões.
Então, na nossa sociedade de consumidores que vivencia o tempo como uma experiência pontilhista há sempre o lapso, o vazio, a distância entre um evento e outro, um acontecimento e outro, uma oportunidade e outra, um sonho e outro, um amor e outro, um sexo e outro, um desejo e outro. Exatamente por isso, por essa hiper compressão do espaço-tempo no agora, neste instante, nossa sociedade é pautada pela pressa, pela ansiedade, pelo medo. Não há espaço para o planejamento de longo prazo, para a paciência, para a prudência, para a observação, para o tempo lento. O tempo pontilhista é o serial killer das oportunidades desperdiçadas, o cemitério de possibilidades.
Daí vem o a baixa autoestima, a autodepreciação, a angústia, burnout, a eterna sensação de perda. Como escreveu Bauman em Vida para consumo: na sociedade de consumidores que vive intensamente
Minutagem
0:33 - Apresentação
01:32 - Tema
03:30 - O tempo cíclico
05:02 - O tempo linear
07:55 - O tempo pontilhista
15:45 - Reflexões sobre o tempo vivo
Instagram: / meuamigobauman
Pinterest: / meuamigobauman
#tempo #bauman #zygmuntbauman #modernidade #tempopontilhista
Bárbaro querido!🎉
Mandou legal!!!!
VALEU , OBRIGADO.
Orientou bastante
poh muito legal, queria coisas mais profundas sobre ele mesmo
Obrigado pela informação, você é um amigo especial...
Incrível! O melhor canal do UA-cam sobre a vasta obra de Bauman! Muito obrigado
Amei este conteúdo! Parabéns!
Armes, obrigado. Seja sempre bem-vinda por aqui!
aiii eu amo esse professor! tão didático
Seus vídeos são uma bússula para quem quer sair da ignorância🙏❤
Muito bom seus vídeos, você aborda o Baumam de uma maneira mais profunda.
Ansiosa pelo próximo vídeo. Já me inscrevi 😊
Ana, muitíssimo obrigado! Vamos aprofundar mais e mais o pensamento dele aqui. Seja bem-vinda!
Muita meditação e autoconhecimento! Busquemos, apesar de toda essa loucura da matrix, o caminho do meio!
Viver com lucidez tá difícil...
"Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos... Tempo tempo tempo tempo"
Obrigado por apresentar a obra de Bauman de forma tão didática.
Ainda pensativo pensando nos três momentos.
Zygmunt Bauman.
VIDEOS MUITO BEM CLAROS!!!!
Obrigado, Miguel.