Cabeça de Gestor: Marcelo Guterman, especialista em investimentos da Western Asset
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- Опубліковано 6 лют 2025
- O chamado "Trump trade" teve exageros e, agora, os mercados começam a devolver esses retornos, como foi no caso do câmbio. "O 'Trump trade' foi muito precificado. O mercado age com exageros, que agora devem voltar. Mas não deve voltar tudo, não", disse Marcelo Guterman, especialista em investimentos da Western Asset, e entrevistado do programa Cabeça de Gestor desta quinzena.
O "Trump trade" foi baseado em algumas promessas de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como a desregulamentação de setores da economia, o que beneficia o mercado de ações; a deportação de imigrantes ilegais, o que afeta diretamente o mercado de trabalho americano, e o "tarifaço" comercial.
Guterman pontua que Trump já deu sinais que vai "falar muito antes de executar as promessas de campanha". Foi o que ele fez, inclusive, com as tarifas contra grandes exportadores globais. Contra a China, o republicano prometeu tarifa de 60% e acabou aplicou uma alíquota de 10%.
DeepSeek
Guterman disse que encara de forma positiva a notícia de ontem (27/01) sobre a DeepSeek, a empresa chinesa de inteligência artificial (IA) mais eficiente que as gigantes da tecnologia. Ele argumenta que, embora no curto prazo haja um choque - as ações das gigantes ontem despencaram, como foi o caso da Nvidia (-17%) -, a notícia é positiva para o longo prazo.
"A empresa mostrou uma eficiência que, no longo prazo, deve se disseminar entre as outras companhias. Tenho certeza que, hoje, a OpenAI, Microsoft, Google, Amazon já estão correndo atrás", afirmou.
Retorno de 60% em 2024
Guterman afirma que, dificilmente, o fundo BDR Nível 1 da Western Asset irá repetir o feito do ano passado, quando teve um retorno de 60%. Isso porque 2024 foi um "momento raro" de combinação de fatores que culminaram nesse resultado, e que, provavelmente, não deve se repetir.
"O primeiro fator que contribuiu para esse resultado foi o câmbio. O real foi a moeda que mais se desvalorizou entre as pares no ano passado", disse Guterman, acrescentando que a depreciação do real foi positiva visto que o fundo tem exposição ao dólar.
O segundo fator foi o comportamento das bolsas americanas, que tiveram um ano de novos recordes, tanto do índice Nasdaq quanto do S&P500. "E o terceiro fator foi a escolha dos papéis", disse o especialista da Western Asset. A carteira tem hoje 42 BDRs de empresas classificadas como "growth large caps". Ou seja, são companhias grandes em termos de capitalização e que estão em franco crescimento. Todas são listadas nas bolsas americanas e pertencem a setores diversos, sendo o de tecnologia o de maior peso.
A mudança (turnover, na expressão em inglês) das ações é pequena, com um giro médio de 25% da carteira por ano. Para 2025, a gestora reduziu o peso do setor de tecnologia e aumentou de consumo discricionário, considerado mais resistente ao atual nível de volatilidade. "Aumentamos [o peso de setores como o de consumo discricionário] para proteger a carteira, visto que o PL (múltiplo Preço/Lucro) da bolsa americana e de algumas ações está bem esticado", disse o especialista da Western Asset.