Artur Bernardes - Biografia

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  • Опубліковано 10 лип 2022
  • Errático, nacionalista radical, faccioso, foi um presidente da lei e da ordem. De inimigo jurado a aliado, de aliado a adversário, político por paixão da adolescência à morte, foi florianista, hermista, anti-hermista, getulista, antigetulista, udenista e juscelinista. Artur da Silva Bernardes, paradoxalmente, fez um bom governo, atrapalhado por algumas de suas paranoias. No poder, foi apenas bernardista.
    Sua chegada ao governo de Minas, em 1918, foi um sopro de renovação na pasmaceira da política estadual. Tinha como base eleitoral a Zona da Mata, então a mais próspera de um estado com muitas partes tomadas por letargia sem remédio. Bernardes enfrentou resistências, de velhos e moços, mas se impôs pelo estilo decidido, enérgico. Tocador de obras, construtor de escolas (434) e organizador da tributação e das finanças públicas, se opôs, porém, ao investimento estrangeiro na mineração de ferro no estado.
    Em 1920, lançou-se como candidato à sucessão de Epitácio Pessoa. Apelou a todos, incluindo os paulistas. São Paulo não estivera alinhado com Minas o tempo todo nas três primeiras décadas de República. Até aquele ano, não há evidência da chamada “política do café com leite”. No mais das vezes, predominaram paixões e interesses em contrário. Quando estiveram unidos os dois estados é porque em geral os demais estavam, nos consensos estabelecidos pela “política dos estados”, dos 20 estados, de Campos Sales. Bernardes não era o candidato dos sonhos dos paulistas, mas com desunião interna e o sentimento de ter o resto do país contra si, toparam fechar um acordo: apoiariam o mineiro em troca do compromisso de chancela a Washington Luís em 1926. Bastou esse episódio para mais tarde apelidarem “café com leite” a Primeira República toda.
    Embora Epitácio negasse apoio explícito a Bernardes, indicou-lhe o vice. Para a oposição, formada por sindicalistas e militaristas, vitaminada por borgistas (os chimangos do Rio Grande do Sul) e seabristas (populistas da Bahia), a identificação do governador mineiro com o oficialismo federal bastou para unir forças em torno de uma chapa alternativa, a chamada “reação republicana”, um balaio de gatos liberticidas que convence o ex-presidente Nilo Peçanha, um político decente, a encabeçar o arranjo.
    Quando, em março de 1922, Artur Bernardes é eleito, a oposição se recusa a aceitar o resultado. Eclodem rebeliões país afora e na capital federal, em que o levante do forte de Copacabana marca o início do chamado “tenentismo”, golpismo de baixa patente, descrente nas instituições da Constituição de 1891 e ideologia ali ainda pouco clara. Bernardes assumiria sob estado de sítio, único jeito de evitar um golpe de Estado.
    A opção pela baderna e pela violência dos muitos que se mantêm indomáveis na resolução de depor o presidente que consideram ilegítimo obriga Bernardes a passar o mandato todo sob estado de exceção, intervindo nas unidades federadas e prendendo opositores, centenas deles mandados a uma colônia penal no Amapá. O autoritarismo dos governos Floriano e Hermes estava de volta, agora como remédio ao assanhamento das forças que apoiaram aqueles governos, forças das quais o próprio Artur Bernardes fizera parte.
    Com maioria no Congresso, parte espontânea, parte intimidada, foi possível, contudo, governar, realizar ambicioso programa modernizante, mas refratário ao capital estrangeiro, ao qual nutria paranoica aversão. Estabeleceu avançados direitos trabalhistas para a época, reformou a Constituição e criou o embrião da previdência social. A economia, em crescimento no início, patinou no segundo ano de governo. Com inflação alta, mudou o ministro da Fazenda e a orientação para uma política ortodoxa. Colheria os resultados positivos no último ano, entregando ao sucessor a moeda nacional valorizada e as condições para o forte surto de crescimento dos dois primeiros anos do governo Washington Luís. Nada disso lhe garantiu popularidade. Conseguiu ser detestado por quase todos e não foi fácil cumprir a palavra empenhada pelo apoio paulista de 1921.
    Deixando o governo, passou um ano e meio passeando na Europa com a esposa, Clélia Vaz de Melo. A ela devia o início de sua carreira política e os oito filhos tidos em comum. Artur Bernardes era filho de um solicitador (advogado sem diploma) de renda incerta, que lhe matriculou no Colégio do Caraça, mas não teve dinheiro para pagar a continuidade do filho na prestigiada instituição. Também não conseguiu lhe patrocinar a faculdade. Ele se formou em Direito aos trancos, fazendo bicos enquanto estudava. Já o pai de Clélia era senador e chefe político em Viçosa, além de rico fazendeiro. Artur e Clélia se casam em 1903, ambos aos 28 anos. Carlos Vaz de Melo, o senador, morre no ano seguinte, herdando o genro seu capital político e parte do econômico.

КОМЕНТАРІ • 23

  • @gabrielhenriqueg2382
    @gabrielhenriqueg2382 3 місяці тому +2

    Seu trabalho é sensacional. Por favor, continue! Abraços da cidade do Recife!

    •  3 місяці тому

      Obrigado.

  • @maraluciaduclosduclos7496
    @maraluciaduclosduclos7496 Рік тому +5

    Artur foi homem de seriedade, batalhador pela política, honesto, lutava pela honra. Época que o Brasil tinha homens de história rica.

  • @viiczada
    @viiczada 9 місяців тому +1

    Obrigada amigo, Jesus te ama!! Deus abençoe!!

  • @danielsevero32
    @danielsevero32 6 місяців тому +2

    Se fosse gaucho, seria considerado um caudilho... ou não né, o hermes éra gaucho e nunca vi ninguém chamar ele de um.

  • @jussarasoares3405
    @jussarasoares3405 Рік тому +1

    Amo história ,parabéns pelo trabalho da biografia dos presidentes da republica Velha.

    •  Рік тому

      Obrigado.

  • @flaviogomes4019
    @flaviogomes4019 Рік тому +1

    👏👏👏

  • @DamianaFranciscaSantos
    @DamianaFranciscaSantos Рік тому +1

    Governo inabalável vamos Bonbardia são Paulo ❤ com amor não hoje com Más guerra vamos governar com amor

  • @alessandrakrishina
    @alessandrakrishina Рік тому +3

    Um grande homem,um ótimo Presidente!
    Foi o primeiro a lutar contra as organizações internacionais que estavam de olho no Brasil!!!
    Tipo as ONGS internacionais, roubando, mandando dentro da Amazônia!!!
    Combateu os sindicatos,contra os anarquistas, comunistas... Enfim, houve alguém que tentou, alertou e os brasileiros não reconheceram e hoje olha a merda que o Brasil está!!!

  • @Bruno-xn6bp
    @Bruno-xn6bp 2 роки тому +1

    Enciclopédia , vc fará um vídeo sobre todos os 38 presidentes do Brasil ou vai , parar a série em algum período específico ?

    •  2 роки тому +3

      Em princípio, não devemos abordar neste ano os presidentes vivos e politicamente ativos. Ou seja, a tendência é irmos até FHC.

  • @Bruno-xn6bp
    @Bruno-xn6bp 2 роки тому +1

    Qual seria um nome , melhor para as políticas da república velha ? Já que política do café com leite , não existia propriamente nas 3 décadas de república .

    • @Bruno-xn6bp
      @Bruno-xn6bp 2 роки тому +1

      Política dos interesses seria um nome mais realista ? Tem algum nome , mais específico Enciclopédia de história ?

    •  2 роки тому +2

      Política dos Estados é como chamava Campos Sales seu sistema federativo. O que está em linha com a Constituição de 1891, a mais federalista de todas, pois permitia leis diferentes por estado, a exemplo da Constituição dos EUA.

    •  2 роки тому +2

      Interesses vão existir sempre. Condenar os interesses é demagogia a nosso ver. Usar o Estado para satisfazer interesses fora da lei é outra coisa, é corrupção, e essa existe no Brasil desde o tempo das primeiras capitanias, não há regime que dê jeito.

    •  2 роки тому +2

      Grato pelas perguntas. Todas elas serão aproveitadas em programas na forma de entrevista que faremos ainda esse ano sobre os 200 anos de Brasil.

    • @Bruno-xn6bp
      @Bruno-xn6bp 2 роки тому +1

      @ Que bom que , mesmo a minha participação em vosso canal seja mínima . Está lhe ajudando para , um futuro projeto