Washington Luís - Biografia

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  • Опубліковано 5 вер 2024
  • A teimosia lhe custou a deposição e o exílio. Foi um dos poucos presidentes a formular um projeto de país. Teimava porque sabia que sabia e estava certo: o destino do Brasil dependia da disseminação e da qualificação do ensino básico e da infraestrutura, sobretudo viária, para enfrentar o problema da continentalidade, situação vencida pelos Estados Unidos no terço final do século XIX, que o Brasil não conseguia solucionar na velocidade necessária para acompanhar os avanços globais. Amarrado por um muito deficiente financiamento da atividade estatal e atingido em cheio pela crise mundial nos dois últimos anos de governo, apostou em Júlio Prestes como o único capaz de seguir seu projeto de modernização em bases eventualmente mais favoráveis. Ganhou a aposta, não levou. Por teimosa imprudência, não comandou com energia a defesa militar contra o golpe de Estado anunciado de véspera. Tinha condições de evitá-lo, mas não tomou as devidas providências políticas e práticas. Gestor de excelência, orientado por diagnóstico e receituário avançados, em geral corretos, passou à História como “oligarca”, “atrasado”, “café com leite”, símbolo da república “velha”, história escrita por seus inimigos, que ele desistiu de enfrentar na esperança de que fracassassem por suas próprias deficiências, o que até aconteceria, mas mesmo no século XXI não se vê como fracasso, da mesma forma que não se reconhecem no projeto de Washington Luís Pereira de Sousa as chaves para que o Brasil deixasse de ser a primeira vítima das circunstâncias desfavoráveis e o último vagão no trem do progresso global.
    O PIB cresceu 10,8% em 1927; 11,5% em 1928. Rodaria a 1,1% em 1929, ainda no campo positivo, para mergulhar em seguida. Seu bom governo permitiu em 1930 a eleição tranquila como sucessor de Júlio Prestes, tão pouco carismático quanto. Não foi pela fraude que venceu, embora tenha havido fraude, dos dois lados a propósito. O problema foi ter feito inimigos demais, inclusive alguns amigos da onça de véspera, como Artur Bernardes e Getúlio Vargas, o chimango que o borgismo, tosco, mas eficiente, preparara para reinar no vácuo de lideranças de alcance nacional.
    Nas cartas trocadas do exílio com os amigos, no início havia esperança, não o suficiente para convencê-lo a voltar ao Brasil para animar a resistência ao ditador. Só regressaria em 1947, recebido com carinho pelos paulistas, carinho que ele não quis transformar novamente em capital político, preferindo se isolar e se dedicar a suas pesquisas, em que resgatou grande parte da memória local, demonstrando especial apreço por João Ramalho, o fundador daquela singular civilização que seguiria como modelo de até onde o país poderia chegar pela impetuosidade de líderes esclarecidos como ele. Morreria num agosto cinza, como ocorrera a seu algoz, Getúlio, três agostos antes. Dois becos sem saída, pois o projeto do caudilho não era um projeto e o de Washington Luís jamais seria implantado, morreu com ele.

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