Muito bom! Eu só acho muito doido tudo ser do ponto de vista do aproveitamento humano. Pra mim o ponto de vista deveria ser da potencialização da vida para todo o ecossistema. Inclusive trazendo as informações sobre quais sao os serviços e as funções que os humanos estão prestando para os outros seres e para si mesmo na direção de prover as necessidades de todos, não apenas as suas próprias.
Bom dia/tarde/noite professora, não sou seu aluno, mas essa aula me foi indicada por um professor por isso estou aqui. Andei pesquisando o assunto dos serviços ecossistêmicos recentemente e me decepcionei bastante, por isso gostaria de deixar aqui o que conclui a partir de sua aula e pesquisas prévias, se possível adoraria uma resposta sua. A presunção de que os serviços ecossistêmicos partem de funções do ecossistema não se dá já pela lupa de nosso sistema econômico? Pois afinal, quais são os fins dessas funções? Hoje sabemos que os PADRÕES naturais carecem de fim se não o da complexificação dos ecossistemas, de indivíduos a comunidades. Essas " funções" são atribuídas, ao meu ver, a partir da constatação de que o atual sistema econômico é o único modelo possível e que a maneira utilitarista e pragmática de enxergar a natureza é inerente a nós , seres humanos.
"A presunção de que os serviços ecossistêmicos partem de funções do ecossistema não se dá já pela lupa de nosso sistema econômico?" Exatamente. Os serviços ecosistemicos são um passo para VALORIZAR ECONOMICAMENTE a natureza e o seu funcionamento. É triste e redutor? É! Mas no meu entendimento, é uma abordagem necessária para medir qual a amplitude da nossa dependência em relação à natureza para manter uma economia funcionando. É uma abordagem que permite demonstrar que cuidar do meio ambiente não é um custo: é um investimento. Isso vai de encontro com o discurso dominante que coloca um antagonismo eoconomia X conservação. Pois sem natureza funcionando, os custos de vida (por exemplo de fornecimento de agua, de alimentos, de saude) vão aumentar. Fez sentido para você? Quais outras abordagens você poderia propor para integrar aquilo que você identifica como não contempladas? (Vamos fazer prospecção, estamos aqui para somar e construir)
É verdade Raphael, concordo com você e agradeço o tempo disposto para responder este comentário. Confesso que um ano atrás, quando fiz este comentário, estava muito puto (desculpe a classe da palavra) com a maneira que as coisas estavam. Críticas radicais à maneira que somos subjugados a nos organizar em sociedade dormiam e acordavam comigo. A questão da pandemia reforçou estes pensamentos, assim como me iludiu a pensar que uma mudança sistêmica estava prestes a se manifestar. Ingenuidade, eu sei.. Hoje já aceito as condições que sistematicamente nos subjugam e acredito que qualquer meio que, nos termos econômicos, sirva para contemplar objetivos de preservação são válidos, assim como você bem colocou. Não é que deixei de pensar o que pensava, mas acredito estar menos reativo. Esta maneira utilitarista e "econômica" de enxergar a natureza, como se fosse recurso, mercadoria me incomoda. Esta separação entre nós e o meio me incomoda. Mas e daí que me incomoda?? Problema meu, né? Sim. Mas eu não sou o único incomodado com isso. Novas maneira de se relacionar com o meio estão surgindo e sendo resgatadas. Ferramentas como a permacultura, agroecologia, economia solidária, economia colaborativa, entre várias outras estão lentamente se justificando e, numa minúscula escala, se estabelecendo. Tentando responder à sua pergunta depois de uma longa digressão (e me desculpe se o entediei com isso), acredito que outra abordagem a ser contemplada é justamente o entendimento de que esta maneira, que enxergamos como homogênea, de se relacionar com o mundo, com o meio, não é tão homogênea assim. Ao invés de pensarmos somente em preservação, poderíamos estar pensando também em integração ambiental. Por exemplo: quais seriam os meios de produção de alimentos, de moradia, de educação, portanto, de cultura mais adequados/coerentes com o ambiente que habitamos? Talvez essa integração com o meio proposta o faça pensar numa desintegração com os avanços tecnológicos que produzimos, mas sei que existem caminhos que contemplem os dois. Abraço Raphael
😊 excelente.
Aula maravilhosa, obrigado professora!
Parabéns
Muito bom! Eu só acho muito doido tudo ser do ponto de vista do aproveitamento humano. Pra mim o ponto de vista deveria ser da potencialização da vida para todo o ecossistema. Inclusive trazendo as informações sobre quais sao os serviços e as funções que os humanos estão prestando para os outros seres e para si mesmo na direção de prover as necessidades de todos, não apenas as suas próprias.
Bom dia/tarde/noite professora, não sou seu aluno, mas essa aula me foi indicada por um professor por isso estou aqui. Andei pesquisando o assunto dos serviços ecossistêmicos recentemente e me decepcionei bastante, por isso gostaria de deixar aqui o que conclui a partir de sua aula e pesquisas prévias, se possível adoraria uma resposta sua.
A presunção de que os serviços ecossistêmicos partem de funções do ecossistema não se dá já pela lupa de nosso sistema econômico? Pois afinal, quais são os fins dessas funções? Hoje sabemos que os PADRÕES naturais carecem de fim se não o da complexificação dos ecossistemas, de indivíduos a comunidades. Essas " funções" são atribuídas, ao meu ver, a partir da constatação de que o atual sistema econômico é o único modelo possível e que a maneira utilitarista e pragmática de enxergar a natureza é inerente a nós , seres humanos.
Faz sentido
"A presunção de que os serviços ecossistêmicos partem de funções do ecossistema não se dá já pela lupa de nosso sistema econômico?"
Exatamente. Os serviços ecosistemicos são um passo para VALORIZAR ECONOMICAMENTE a natureza e o seu funcionamento. É triste e redutor? É! Mas no meu entendimento, é uma abordagem necessária para medir qual a amplitude da nossa dependência em relação à natureza para manter uma economia funcionando.
É uma abordagem que permite demonstrar que cuidar do meio ambiente não é um custo: é um investimento. Isso vai de encontro com o discurso dominante que coloca um antagonismo eoconomia X conservação. Pois sem natureza funcionando, os custos de vida (por exemplo de fornecimento de agua, de alimentos, de saude) vão aumentar.
Fez sentido para você?
Quais outras abordagens você poderia propor para integrar aquilo que você identifica como não contempladas? (Vamos fazer prospecção, estamos aqui para somar e construir)
É verdade Raphael, concordo com você e agradeço o tempo disposto para responder este comentário. Confesso que um ano atrás, quando fiz este comentário, estava muito puto (desculpe a classe da palavra) com a maneira que as coisas estavam. Críticas radicais à maneira que somos subjugados a nos organizar em sociedade dormiam e acordavam comigo. A questão da pandemia reforçou estes pensamentos, assim como me iludiu a pensar que uma mudança sistêmica estava prestes a se manifestar. Ingenuidade, eu sei..
Hoje já aceito as condições que sistematicamente nos subjugam e acredito que qualquer meio que, nos termos econômicos, sirva para contemplar objetivos de preservação são válidos, assim como você bem colocou.
Não é que deixei de pensar o que pensava, mas acredito estar menos reativo. Esta maneira utilitarista e "econômica" de enxergar a natureza, como se fosse recurso, mercadoria me incomoda. Esta separação entre nós e o meio me incomoda.
Mas e daí que me incomoda?? Problema meu, né? Sim.
Mas eu não sou o único incomodado com isso. Novas maneira de se relacionar com o meio estão surgindo e sendo resgatadas. Ferramentas como a permacultura, agroecologia, economia solidária, economia colaborativa, entre várias outras estão lentamente se justificando e, numa minúscula escala, se estabelecendo.
Tentando responder à sua pergunta depois de uma longa digressão (e me desculpe se o entediei com isso), acredito que outra abordagem a ser contemplada é justamente o entendimento de que esta maneira, que enxergamos como homogênea, de se relacionar com o mundo, com o meio, não é tão homogênea assim. Ao invés de pensarmos somente em preservação, poderíamos estar pensando também em integração ambiental. Por exemplo: quais seriam os meios de produção de alimentos, de moradia, de educação, portanto, de cultura mais adequados/coerentes com o ambiente que habitamos? Talvez essa integração com o meio proposta o faça pensar numa desintegração com os avanços tecnológicos que produzimos, mas sei que existem caminhos que contemplem os dois.
Abraço Raphael