Concordo muito com o que você disse sobre a problemática de olhar os textos do passado com as ideias/olhos de hoje. Penso que o que falta a uma boa parte dos leitores é entender a noção de anacronismo.
Pois é! Para mim, zero problema olhar para um texto de Tolstói, por exemplo, e reconhecer que há machismo ali, mas diminuir o autor/mérito da obra por conta disso ou julgar o livro a partir dos olhos de hoje, já acho bem complicado.
Super certo o seu comentário. Eu penso, penso e penso e não encontro noção na ideia de cancelar autores antigos devido supostos 'preconceitos'. Não me parece lógico. Estranhezas.
Sobre um autor contemporâneo ser julgado como racista, por exemplo, acho importante analisar a obra completa, os posicionamentos em entrevistas. Pois talvez ele esteja justamente fazendo uma crítica velada e não defendendo. Eu não sou treinada para reconhecer. Mas pretendo melhorar nesta análise.
Que vídeo interessante, parabéns! Vou dar meus 2 centavos sobre Camus rs. Concordo com Sontag em grande parte. A grandeza literária de Albert Camus não pode ser considerada absoluta porque contém o traço de uma reflexão exterior na sua forma. Muitas pessoas, inclusive com intuito de o criticar, leem apenas O Estrangeiro e concluem se tratar de um autor que prega o pessimismo da vida e o niilismo como valores. Acontece que Camus não explica em parte alguma, que seus livros literários são complemento a suas reflexões e ensaios. Não podemos por exemplo ler o Estrangeiro sem terminar por ler O mito de Sísifo, pois a obra permanece incompleta., como você bem percebeu. Isto quer dizer, que Camus não é propriamente um escritor, mas um filósofo. E como filósofo, a estratégia da literatura é brilhante. Camus é grande na literatura ao modo de Sartre, que também utiliza da mesma estratégia. Mas reparemos que a grandeza de Camus é tamanha, que nem se chega a mencionar que seu ofício maior é ser filósofo e não autor de literatura. É verdade que isto não ajudou a compreendê-lo, mas para mim é o ponto definitivo que determina a finalidade de filosofia da obra de Camus em detrimento da literatura
Em relação à questão da interpretação de obras de arte, é interessante ver o crescimento de canais no UA-cam que se propõem a explicar filmes, muitas vezes em detrimento da obra em si. Ou seja, hoje em dia, todo filme tem que ter uma explicação. Nesse sentido, obras com cunho mais contemplativo se perdem em explicações básicas envolvendo teorias e análises do tipo "10 coisas que você perdeu no filme tal".
Eu tô lendo Montaigne, e o gênero ensaio faz parte do meus objetivos literários mais próximos, quero os de Musil e agora os de Sontag. Absolutamente NADA a ver, mas a melhor parte da literatura é isso, ler um estadista francês, um filósofo alemão e uma crítica literária americana que ocupam espaços no tempo completamente diferentes, com 500 anos de distância, e absolutamente conversam entre si
A título de sugestão, leia o primeiro capítulo do livro do Umberto Eco, " Interpretação e Superinterpretação" onde ele também resgata as raízes históricas de como se passou a buscar os sentidos das obras.
Bom dia, terminei Salambô, Gustave Flaubert. Gustave Flaubert escreveu o que havia de mais bonito e de mais feio, de mais divino e de mais hediondo que há no mundo escrita maravilhosa. Quero ler Madame Bovary; Educação Sentimental; Bouvard Pécuchet. Boas leituras.
Em defesa de Camus: Vamos cuidar pra não pegar cada afirmação da autora idealizadamente como “A Verdade Absoluta”, ela é riquíssima em suas argumentações, mas isto não pode ser confundido com outorgar-lhe o papel de definir ao mundo quem é ou não DE PRIMEIRA QUALIDADE. Ao entusiasmar-se com os próprios argumentos ela talvez corra o risco de fazer ( como humana que é) o que ela mesma condena: apegar-se a uma “função da arte” que ela julga mais nobre que outras e, a partir de um vértice, jugar…
Bom dia Paloma. Parabéns por ser um veículo de comunicação que contribui para a formação cultural ,por ser um meio que leva conhecimento,que gerar elevação do social. Ler é criar espaços de cultura .
Ao ouvir você falando sobre interpretação, lembrei-me do burburinho referente a Semana de Arte Moderna. Estavam querendo "cancelar" a importância desse movimento por ser "excludente", feito por brancos burgueses, etc. Eu tento pesquisar o contexto histórico da época para que eu possa interpretar, assim, não fujo da "margem" da obra.
Acho que em relação a isso dá pra se entender o porquê da problemtica, visto que, no Brasil, um país tão misgenado, os artistas mais "importantes" da época serem todos brancos e ricos. Porém, inegável a importância do movimento e tudo quê significou pro Brasil.
@@mcn_101 siiimm! Acho relevante ter um resgate sobre os artistas que não tiveram visibilidade na época. Agora, cancelar A Semana de Arte Moderna, é surreal.
Adquiri esse livro depois de ter lido outros ensaios dela (recomendações suas!) e de ter gostado demais, mas ainda não li. Depois do que você expôs acho que vou pegá-lo agora, sem medo de não entender e me preocupar com isso! Mais um vídeo excelente! 💜
Sobre a temática de separar o autor da obra: Antes essa questão me incomodava um pouco, não pela discussão em si, mas por ficar matutando sobre essa questão sem conseguir resolvê-la. Enfim, cheguei à conclusão de que por vezes vou conseguir separar e, por vezes, não serei bem sucedida nessa separação. Há limites pra tudo também, além de não enxergar necessidade de me esforçar a fazer algo sobre o pretexto de servir a uma máxima. Alguns podem chamar de hipocrisia. Se for assim, viverei nela.
Vou comprar, livro para quem estuda filosofia estética! Sobre a questão da interpretação exagerada: a partir do momento que o artista coloca a obra no mundo, ele "gera" ela, então claro que terá a genética do artista, porém a obra terá muito "valor agregado" decorrente do seu "estar no mundo". Gostei da Susan falar que falta contemplar mais a obra per si, concordo, muita gente procurando a "finalidade de uma obra" por trás dos panos, e às vezes nem há... daí inventam. Mas é fato que: a obra de arte não poderá ser interpretada holisticamente apenas considerando somente aquilo que o autor queria dizer.
Enfim alguém que pensa como eu a respeito de Camus: grandes ideias, grande sagacidade, contudo, um escritor menor. Kkkkkkkkk Gosto muito de "O Estrangeiro", mas quando li me peguei pensando como seria uma trama dessas nas mãos de um Ivan Turguêniev ou um Thomas Mann.
Concordo muito com o que você disse sobre a problemática de olhar os textos do passado com as ideias/olhos de hoje. Penso que o que falta a uma boa parte dos leitores é entender a noção de anacronismo.
Pois é! Para mim, zero problema olhar para um texto de Tolstói, por exemplo, e reconhecer que há machismo ali, mas diminuir o autor/mérito da obra por conta disso ou julgar o livro a partir dos olhos de hoje, já acho bem complicado.
Super certo o seu comentário. Eu penso, penso e penso e não encontro noção na ideia de cancelar autores antigos devido supostos 'preconceitos'. Não me parece lógico. Estranhezas.
Sobre um autor contemporâneo ser julgado como racista, por exemplo, acho importante analisar a obra completa, os posicionamentos em entrevistas. Pois talvez ele esteja justamente fazendo uma crítica velada e não defendendo. Eu não sou treinada para reconhecer. Mas pretendo melhorar nesta análise.
Sim, o problemático é quanto há leitores fechados a esse diálogo. Classificam esse argumento como "passada de pano" e pronto.
"O essencial da arte é exprimir; o que se exprime não interessa."
- Fernando Pessoa
Que vídeo interessante, parabéns! Vou dar meus 2 centavos sobre Camus rs. Concordo com Sontag em grande parte. A grandeza literária de Albert Camus não pode ser considerada absoluta porque contém o traço de uma reflexão exterior na sua forma. Muitas pessoas, inclusive com intuito de o criticar, leem apenas O Estrangeiro e concluem se tratar de um autor que prega o pessimismo da vida e o niilismo como valores. Acontece que Camus não explica em parte alguma, que seus livros literários são complemento a suas reflexões e ensaios. Não podemos por exemplo ler o Estrangeiro sem terminar por ler O mito de Sísifo, pois a obra permanece incompleta., como você bem percebeu.
Isto quer dizer, que Camus não é propriamente um escritor, mas um filósofo. E como filósofo, a estratégia da literatura é brilhante. Camus é grande na literatura ao modo de Sartre, que também utiliza da mesma estratégia. Mas reparemos que a grandeza de Camus é tamanha, que nem se chega a mencionar que seu ofício maior é ser filósofo e não autor de literatura. É verdade que isto não ajudou a compreendê-lo, mas para mim é o ponto definitivo que determina a finalidade de filosofia da obra de Camus em detrimento da literatura
Em relação à questão da interpretação de obras de arte, é interessante ver o crescimento de canais no UA-cam que se propõem a explicar filmes, muitas vezes em detrimento da obra em si. Ou seja, hoje em dia, todo filme tem que ter uma explicação. Nesse sentido, obras com cunho mais contemplativo se perdem em explicações básicas envolvendo teorias e análises do tipo "10 coisas que você perdeu no filme tal".
Eu tô lendo Montaigne, e o gênero ensaio faz parte do meus objetivos literários mais próximos, quero os de Musil e agora os de Sontag. Absolutamente NADA a ver, mas a melhor parte da literatura é isso, ler um estadista francês, um filósofo alemão e uma crítica literária americana que ocupam espaços no tempo completamente diferentes, com 500 anos de distância, e absolutamente conversam entre si
A título de sugestão, leia o primeiro capítulo do livro do Umberto Eco, " Interpretação e Superinterpretação" onde ele também resgata as raízes históricas de como se passou a buscar os sentidos das obras.
Bom dia, terminei Salambô, Gustave Flaubert.
Gustave Flaubert escreveu o que havia de mais bonito e de mais feio, de mais divino e de mais hediondo que há no mundo escrita maravilhosa.
Quero ler Madame Bovary;
Educação Sentimental;
Bouvard Pécuchet. Boas leituras.
Que coincidência essa capa combinando com a blusa!!! HAHA
Mas olha só, eu nem tinha reparado! ☺️
Em defesa de Camus: Vamos cuidar pra não pegar cada afirmação da autora idealizadamente como “A Verdade Absoluta”, ela é riquíssima em suas argumentações, mas isto não pode ser confundido com outorgar-lhe o papel de definir ao mundo quem é ou não DE PRIMEIRA QUALIDADE. Ao entusiasmar-se com os próprios argumentos ela talvez corra o risco de fazer ( como humana que é) o que ela mesma condena: apegar-se a uma “função da arte” que ela julga mais nobre que outras e, a partir de um vértice, jugar…
Denise, mas no vídeo eu falei que não diminuo a grandeza do Camus pelo que ela aponta, mas que entendi o ponto dela =)
Bom dia Paloma. Parabéns por ser um veículo de comunicação que contribui para a formação cultural ,por ser um meio que leva conhecimento,que gerar elevação do social. Ler é criar espaços de cultura .
Mais uma resenha fascinante
Já me interessou muito o texto
👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Ao ouvir você falando sobre interpretação, lembrei-me do burburinho referente a Semana de Arte Moderna. Estavam querendo "cancelar" a importância desse movimento por ser "excludente", feito por brancos burgueses, etc. Eu tento pesquisar o contexto histórico da época para que eu possa interpretar, assim, não fujo da "margem" da obra.
Acho que em relação a isso dá pra se entender o porquê da problemtica, visto que, no Brasil, um país tão misgenado, os artistas mais "importantes" da época serem todos brancos e ricos. Porém, inegável a importância do movimento e tudo quê significou pro Brasil.
@@mcn_101 siiimm! Acho relevante ter um resgate sobre os artistas que não tiveram visibilidade na época. Agora, cancelar A Semana de Arte Moderna, é surreal.
Nem tinha ouvido falar disso! Chocada 😧
Paloma, boa indicação de leitura.
*PALOMA... GRAÇAS A SUA CAPACIDADE É QUE EU CONCORDO...TODO CONCEITO NASCE DA IDENTIFICAÇÃO E VOCÊ PALOMA SEMPRE TEM UMA EXPRESSÃO ADEQUADA.*
Comprei a entrevista dela pra RS. Mais uma vez influenciada positivamente pela Paloma. Mal posso esperar pra ler!
Paloma tem alguns filmes do Godard no mubi.
Adquiri esse livro depois de ter lido outros ensaios dela (recomendações suas!) e de ter gostado demais, mas ainda não li. Depois do que você expôs acho que vou pegá-lo agora, sem medo de não entender e me preocupar com isso! Mais um vídeo excelente! 💜
Ao ler Susan, a gente deve ficar preocupado é caso entendamos tudo 🤣 obrigada, Lúcia!
@@PalomaLima Eu é que agradeço, sempre!
👏👏👏👏 como sempre, resenha maravilhosa.
Obrigada, Patricia!
Oi, Paloma. Excelente resenha!! Descobri seu canal recentemente e adorei o conteúdo diferente em relação aos demais canais :)
Continue!!
Oi, Rafaela! Seja muito bem-vinda 😃 e obrigada pelo elogio! Feliz que está gostando do canal =)
Sobre a temática de separar o autor da obra: Antes essa questão me incomodava um pouco, não pela discussão em si, mas por ficar matutando sobre essa questão sem conseguir resolvê-la. Enfim, cheguei à conclusão de que por vezes vou conseguir separar e, por vezes, não serei bem sucedida nessa separação. Há limites pra tudo também, além de não enxergar necessidade de me esforçar a fazer algo sobre o pretexto de servir a uma máxima. Alguns podem chamar de hipocrisia. Se for assim, viverei nela.
Vou comprar, livro para quem estuda filosofia estética! Sobre a questão da interpretação exagerada: a partir do momento que o artista coloca a obra no mundo, ele "gera" ela, então claro que terá a genética do artista, porém a obra terá muito "valor agregado" decorrente do seu "estar no mundo". Gostei da Susan falar que falta contemplar mais a obra per si, concordo, muita gente procurando a "finalidade de uma obra" por trás dos panos, e às vezes nem há... daí inventam. Mas é fato que: a obra de arte não poderá ser interpretada holisticamente apenas considerando somente aquilo que o autor queria dizer.
💜
Que vídeo legal, Paloma. Sontag é maravilhosa
Muito obrigada, Rodrigo!
Enfim alguém que pensa como eu a respeito de Camus: grandes ideias, grande sagacidade, contudo, um escritor menor. Kkkkkkkkk
Gosto muito de "O Estrangeiro", mas quando li me peguei pensando como seria uma trama dessas nas mãos de um Ivan Turguêniev ou um Thomas Mann.
💗💗💗💗💗💗💗💗
📖❤