Aula 4 - Heidegger: da Fenomenologia ao Pensar Poetante

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  • Опубліковано 23 вер 2024
  • Gravado em nosso apartamento em setembro de 2017, o Anticurso Filosofia e Contracultura elaborado por Luiz Carlos Maciel, pouco antes do seu falecimento, foi lançado oficialmente na Casa da Ciência da UFRJ, em 15.03.18, data em que Maciel completaria 80 anos. Ele sabia que não teria tempo para entregar à editora o seu último livro, que se chamaria A Rosa dos Ventos. Preferiu, então, deixar o registro em vídeo desta série que representa, não apenas o seu canto de partida, mas a sua vida e o seu legado.
    Na época em que publicou Ser e Tempo (1927), Heidegger era um jovem professor de filosofia na Universidade de Friburgo (Albert-Ludwigs-Universität Freiburg), que tinha como Reitor o filósofo Edmund Husserl (1859 - 1938), criador da Fenomenologia Pura, com quem estudara e desenvolvera, inicialmente, o seu pensamento.
    A Fenomenologia distingue-se de outros métodos de conhecimento pelo fato dela descrever os fenômenos, sem maiores ilações. Estuda o fenômeno e estabelece o seu eidos, ou seja, a essência que o constitui. Por isto encontramos na obra de Heidegger tantas expressões ligadas por hífen. Este é o seu modo de expressar-se fenomenologicamente. Mais tarde, em sua segunda fase, Heidegger iria abandonar a Fenomenologia e partir para o que ele chama de o pensar poetante, caracterizado pela abundância de metáforas e referências aos poetas de língua alemã como, por exemplo, o austríaco Rainer Maria Rilke (1875 - 1926).
    A partir de Ser e o Tempo, Heidegger passa a ser considerado como um filósofo existencialista, título que rejeita completamente. Segundo ele afirma, nesta obra estava apenas estrategicamente interessado na descrição da existência humana, que ele chamava de ser-aí, “dasein”. Dasein é a palavra germânica para “existente”. Para “existência”, o alemão tem a palavra de raiz latina “existenz”.
    Heidegger não interpretava, apenas descrevia as características dos fenômenos, conforme aprendera de Husserl. E a descrição que mais tocou Maciel foi a caracterização do dasein como um ser para a morte, um tema recorrente na vida de Maciel. Sua primeira experiência concreta com a morte deu-se quando ele tinha apenas 16 anos de idade, ao cair do oitavo andar no poço do elevador de serviço do seu prédio. Perdeu o ar completamente, mas não a consciência. Quase desfalecido, acreditou estar morto no fundo do poço do elevador. Nesse seu primeiro encontro com a morte, ao invés de angústia e desespero, experimentou uma paz profunda e muito confortável. Aos poucos, contudo, foi recuperando a respiração e tomando consciência de onde estava. Logo o elevador se move e ele percebe que havia caído em cima do elevador, de uma altura não muito grande. E assim, passado algum tempo, foi socorrido.
    O momento importante da primeira experiência de Maciel com a morte, contudo, foi o breve momento que passou sem poder respirar, quando se julgou morto. Foi uma experiência fantástica que Maciel somente iria compreender plenamente anos mais tarde, ao ler em Castaneda sobre a importância de entrarmos em relação com a nossa morte pessoal. Heidegger trata deste mesmo ponto quando afirma que o ser autêntico é aquele que entende a morte como a sua morte pessoal.
    Sem levar em conta a carga moral da expressão “ser autêntico”, Maciel considera que ser autêntico significa viver a própria morte, ou seja, ter intimidade com ela. Castaneda diria que você deve tornar-se amigo da sua morte. Deve tomá-la como a sua melhor conselheira todas as vezes que as coisas ficarem confusas e você não souber que rumos tomar. A sua morte vai lhe lembrar que a única coisa que realmente importa é o seu toque, o toque da morte. Castaneda personifica a morte e diz que ela sempre nos acompanha. Este é um dos ensinamentos que constituíam a disciplina do guerreiro impecável.
    O que conta para o guerreiro, segundo Castaneda, é a sua impecabilidade. Imagine um andarilho que está subindo uma montanha íngrime. À sua direita há um precipício e; à esquerda, uma elevação. Enquanto caminha pela trilha, percebe que o cordão do seu sapato está desamarrado. Ele se abaixa para dar o laço no cordão do sapato. Agora, imagine duas situações distintas. Numa delas, uma pedra gigante rola na sua frente e despenca no abismo. Nesse caso, você foi salvo por ter se abaixado para amarrar o sapato. Na outra situação você amarra o sapato e a pedra rola sobre você. Não se pode saber o que vai acontecer. O que compete ao guerreiro, então? O guerreiro tem que ser sempre impecável. Ele deve se abaixar e dar um laço IMPECÁVEL no cordão do sapato. Isto é o máximo que ele pode fazer, pois não se pode prever o futuro.
    Ver também:
    • A Doutrina de Castaneda -filosofia tolteca
    sandrasofiati....
    • Merleau-Ponty, Sartre e Heidegger: três concepções de fenomenologia, três grandes filósofos
    www.e-publicac...

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