No caso do Brasil pra entender o que é família recomendo sempre a leitura de livros do Nelson Rodrigues que sempre adorou polemizar quando o assunto sempre foi a família.
Não é tão confuso os conceitos de formas de reprodução e cooperação animal para gerar prole no Engels. Inclusive a ideia de que o humano que é o único macaco/mamífero poliândrico é interessante .
Até hoje existem dois tipos de famílias: as famílias pequeno burguesas que se acham membros da elite social e cultural, e famílias periféricas cuja realidade conhecemos muito bem. São famílias cuja maioria sempre se encontram em situação de exclusão social.
A MISOGINIA, DA GRÉCIA ANTIGA AOS NOSSOS DIAS A primeira divisão social do trabalho ocorreu entre homens e mulheres. Os homens caçavam e protegiam as hordas e as mulheres catavam e cuidavam das crias. Foi assim durante séculos até que elas descobriram que as sementes brotavam ... e assim passaram a semear e a transformar a natureza em cultura. Nessa pré-história, da matrinhagem, as crias sabiam quem era a sua mãe mas nem sempre quem era o pai... A mulher tinha o poder natural de gerar a vida e por isso era respeitada pelo grupo. Ela legislava... A família monogâmica só será formada quando tem início a apropriação das terras pela comunidade e a instituição de um poder capaz de intermediar os conflitos. Surge assim o poder masculino, o patriarcado, a família e o Estado. Em Atenas, as mulheres pertenciam ao óikos, a casa, ao privado, o mesmo local dos escravos e dos animais. Os homens eram cidadãos, seu lugar era o público, a Ágora, a praça onde ocorria a Democracia, a disputa pela palavra, o governo dos demócratas. Essa divisão social do trabalho, na Grécia antiga, é a nossa herança ocidental republicana e marcará as relações entre homens e mulheres durante muitos séculos. Não pretendo esgotar o assunto nesse texto, obviamente... quero apenas passar a visão de como a mulher foi sendo rebaixada pelo homem, acabando por ser completamente dominada e objeto de troca simbólica. Sim. O ego masculino, para conseguir estruturar-se, precisou enfraquecer o papel natural da mãe, transformando-a em valor de troca. Houve um tempo em que as mulheres eram trocadas como um bem simbólico e assim as genes se enriqueciam; economia das trocas simbólicas.... Mas, nem sempre fomos objeto de troca com algum valor. Na Idade Média, existiram "milícias" que caçavam mulheres, consideradas hereges, "bruxas"; mulheres vistas pela Igreja como enviadas do demônio, porque conheciam o poder curativo das ervas e detinham o poder de dar à luz os seres; eram parteiras... Sim. Éramos denunciadas, caçadas, condenadas e queimadas vivas. Foram milhares, durante a Inquisão e antes... e depois, desacreditadas pela Medicina. Até hoje, discriminadas, perseguidas, odiadas... por aqueles que nutrem o ódio (do grego, Misos) pelas mulheres (gr. Gina). O que significa a Misonigia ? Essa questão, numa abordagem psicológica, refere-se a algo residual, talvez a uma passagem mal resolvida nas provas edipianas. Mas certamente remonta aos tempos míticos, da formação da psiqué masculina, na sua luta para livrar-se da matrilinhagem e constituir seu próprio ego, sua capacidade de simbolizar a realidade sem o apelo mágico e imediato da imagem materna. E assim, a cada sujeito que nasce, essa luta recomeça... Longo desenvolvimento da persona patriarcal, necessária à instituição da linguagem humana mas historicamente insuficiente para a constituição do verdadeiro self da humanidade. A misoginia é uma exacerbação do patriarcado. Um elemento na manifestação de uma psicose: a paranóia. Uma perversão. A misoginia é uma realidade, que precisamos considerar, fazer observar, iluminar. Porque ela está introjetada, faz parte do imaginário pessoal e do inconsciente coletivo da formação social patriarcal. No Brasil, mais enfatizada pelas relações escravocratas, ainda recentes, onde as mulheres negras e índias sempre foram abusadas. Algo antropológico e que necessita de uma psicanálise... Quando afirmamos que o feminismo é transversal à luta de classe, estamos dizendo que é a superação do machismo e é uma dupla negação: dos dois pés do tripé que sustenta as relações de dominação capitalistas - autoritarismo e machismo. O terceiro pé da ideologia capitalista, o efeito de isolamento, só pode ser superado com a reunião da psiquê masculina ao dinamismo da mulher, essa energia nutriente e receptiva, que nunca se esgota. Aceitar a presença do feminino em nossas vidas é a certeza de superação daquilo que nos isola uns dos outros: a indiferença, o orgulho, o egoismo, o ódio, a aversão, a competição, o mito do herói, a brutalidade da dominação. Reavaliar o ritual da Dominatrix, compreender quem somos, animais simbólicos feitos de equanimidade, amor, compaixão e empatia/alegria... e reconhecer a nossa verdadeira humanidade. A superação dialética da misoginia é a tarefa primordial... dessa transição socializante. (Joyce Pires 12 jun 2017)
Marília e, perceba, quando vc fala que só se dá conta de casa/criança/trabalho se se tiver grana e/ou um exército de empregados, é nada mais nada menos do que estar "comprando", justamente, uma sociabilidade!
Uma análise muito eurocentrada ... as ciências humanas universais da antropologia eram tão patriarcais, machistas e racistas que os padrões institucionais e coloniais sao métodos ultrapassados... e desatualizados
Aprendi muito. Você é muito preparada. Grata.
Marília te amei!! Passaria dias assistindo suas aulas!! Parabéns!!
Obrigada pela aula! Marília é uma referência importante pra mim. Suas discussões me ajudam muito a refletir.
Excelente aula! Gratidão, Marília :)
Excelente.
Muito obrigado Marilia! Estava lendo o livro sem todas essas ideias de contextualização. Esse diálogo foi super importante!
Não a conhecia, adorei! Obrigada pela clareza na explicação e leveza nas palavras!
Muito bom. Marília super comunicativa, traz um tema denso com bastante leveza. Compartilhei com minhas filhas.
Parabéns, Marília!!! Que momento rico esse e que discute uma temática bastante importante para o conjunto da sociedade👏🏽👏🏽👏🏽
Maravilhosa, muita informação com pitadas de bom humor e energias boas. Adorei, virei fã.
Muito sensata, e contribuiu muito a aula de hoje.
"Espero que dê certo" 🤣🤣🤣
Marília ri de quase tudo e é bem autocrítica, um espetáculo de pessoa e intelectual.
Marília, intelectual com bom humor, ela é profunda com uma linguagem coloquial jovem...excelente...adorei.
Aulaço . 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Eu TB não tenho. Que lúcida! Amo a boi tempo!
ako 2022 vaz ese grupo de leitura!!!!!! vou amaaarrrrr!!!!!
Maravilhosa! 💜💜💜
Debate muito bom! Adoro muito todas as intervenções que faz a Marília!
Adorei conhecer a Marília Moscou
Muito bom, Marília
"o nome que a gente usa para falar das relações de família é 'laço', você tá preso, hahaha" ❤
muito obrigado marília!
Amei muito! Que aulaaaaaa, caraiii
muito bom
Fantástica análise, principalmente a partir da metade
Marília eu te amo 🤟🏼
Au ! Au Au !
A Marília é legal ! 😅🤣🥰😍
No caso do Brasil pra entender o que é família recomendo sempre a leitura de livros do Nelson Rodrigues que sempre adorou polemizar quando o assunto sempre foi a família.
Não é tão confuso os conceitos de formas de reprodução e cooperação animal para gerar prole no Engels. Inclusive a ideia de que o humano que é o único macaco/mamífero poliândrico é interessante .
Até hoje existem dois tipos de famílias: as famílias pequeno burguesas que se acham membros da elite social e cultural, e famílias periféricas cuja realidade conhecemos muito bem. São famílias cuja maioria sempre se encontram em situação de exclusão social.
Mano do céu...
A MISOGINIA, DA GRÉCIA ANTIGA AOS NOSSOS DIAS
A primeira divisão social do trabalho ocorreu entre homens e mulheres. Os homens caçavam e protegiam as hordas e as mulheres catavam e cuidavam das crias. Foi assim durante séculos até que elas descobriram que as sementes brotavam ... e assim passaram a semear e a transformar a natureza em cultura. Nessa pré-história, da matrinhagem, as crias sabiam quem era a sua mãe mas
nem sempre quem era o pai... A mulher tinha o poder natural de gerar a vida e por isso era respeitada pelo grupo. Ela legislava...
A família monogâmica só será formada quando tem início a apropriação das terras pela comunidade e a instituição de um poder capaz de intermediar os conflitos. Surge assim o poder masculino, o patriarcado, a família e o Estado.
Em Atenas, as mulheres pertenciam ao óikos, a casa, ao privado, o mesmo local dos escravos e dos animais. Os homens eram cidadãos, seu lugar era o público, a Ágora, a praça onde ocorria a Democracia, a disputa pela palavra, o governo dos demócratas. Essa divisão social do trabalho, na Grécia antiga, é a nossa herança ocidental republicana e marcará as relações entre homens e mulheres durante muitos séculos.
Não pretendo esgotar o assunto nesse texto, obviamente... quero apenas passar a visão de como a mulher foi sendo rebaixada pelo homem, acabando por ser completamente dominada e objeto de troca simbólica. Sim. O ego masculino, para conseguir estruturar-se, precisou enfraquecer o papel natural da mãe, transformando-a em valor de troca. Houve um tempo em que as mulheres eram trocadas como um bem simbólico e assim as genes se enriqueciam; economia das trocas simbólicas....
Mas, nem sempre fomos objeto de troca com algum valor. Na Idade Média, existiram "milícias" que caçavam mulheres, consideradas hereges, "bruxas"; mulheres vistas pela Igreja como enviadas do demônio, porque conheciam o poder curativo das ervas e detinham o poder de dar à luz os seres; eram parteiras... Sim. Éramos denunciadas, caçadas, condenadas e queimadas vivas. Foram milhares, durante a Inquisão e antes... e depois, desacreditadas pela Medicina. Até hoje, discriminadas, perseguidas, odiadas... por aqueles que nutrem o ódio (do grego, Misos) pelas mulheres (gr. Gina).
O que significa a Misonigia ?
Essa questão, numa abordagem psicológica, refere-se a algo residual, talvez a uma passagem mal resolvida nas provas edipianas. Mas certamente remonta aos tempos míticos, da formação da psiqué masculina, na sua luta para livrar-se da matrilinhagem e constituir seu próprio ego, sua capacidade de simbolizar a realidade sem o apelo mágico e imediato da imagem materna. E assim, a cada sujeito que nasce, essa luta recomeça...
Longo desenvolvimento da persona patriarcal, necessária à instituição da linguagem humana mas historicamente insuficiente para a constituição do verdadeiro self da humanidade.
A misoginia é uma exacerbação do patriarcado. Um elemento na manifestação de uma psicose: a paranóia. Uma perversão.
A misoginia é uma realidade, que precisamos considerar, fazer observar, iluminar. Porque ela está introjetada, faz parte do imaginário pessoal e do inconsciente coletivo da formação social patriarcal. No Brasil, mais enfatizada pelas relações escravocratas, ainda recentes, onde as mulheres negras e índias sempre foram abusadas.
Algo antropológico e que necessita de uma psicanálise...
Quando afirmamos que o feminismo é transversal à luta de classe, estamos dizendo que é a superação do machismo e é uma dupla negação: dos dois pés do tripé que sustenta as relações de dominação capitalistas - autoritarismo e machismo.
O terceiro pé da ideologia capitalista, o efeito de isolamento, só pode ser superado com a reunião da psiquê masculina ao dinamismo da mulher, essa energia nutriente e receptiva, que nunca se esgota.
Aceitar a presença do feminino em nossas vidas é a certeza de superação daquilo que nos isola uns dos outros: a indiferença, o orgulho, o egoismo, o ódio, a aversão, a competição, o mito do herói, a brutalidade da dominação.
Reavaliar o ritual da Dominatrix, compreender quem somos, animais simbólicos feitos de equanimidade, amor, compaixão e empatia/alegria...
e reconhecer a nossa verdadeira humanidade. A superação dialética da misoginia é a tarefa primordial... dessa transição socializante.
(Joyce Pires 12 jun 2017)
Oi Joice consegue enviar seu texto, quero postar e usar, não se preocupe que vou citar seu nome ,grata, Vera ...verazeni@yahoo.com.br
@@verazeni59 pode copiar e colar daqui. Tudo bem. Valeu.
Engels e Marx trouxeram a humanidade inquestionável contribuição,por isto alguns não os suportam.
Marília e, perceba, quando vc fala que só se dá conta de casa/criança/trabalho se se tiver grana e/ou um exército de empregados, é nada mais nada menos do que estar "comprando", justamente, uma sociabilidade!
Achei muito confuso, o contributo Engels com a questão da família ficou pouco clara e pouco esclarecedora. Abraço e obrigado
Concordo... gostaria de que a professora aprofundasse o texto específico...
Sou cristã
Legaliza 🌿🌱🌿
Não estou gostando da aula!
Não é do meu entender.
As sociedade está tão falida que da pra perceber pelo número de pessoas q visitam palestras como essa.. .. pouquíssimos.
Uma análise muito eurocentrada ... as ciências humanas universais da antropologia eram tão patriarcais, machistas e racistas que os padrões institucionais e coloniais sao métodos ultrapassados... e desatualizados