cara, eu adoro história online. Como um canal pode ser tão competente e bacana assim? Só é uma pena eu ser vestibulando e não ter tanto tempo para acompanhar todas as lives.
Oi Dani. Ex-aluno seu aqui nos tempos de poliedro rsss Depois que eu vi aumentarem os debates sobre Cuba nesse FDS por conta das manifestações, vi muitas pessoas dizendo que as sanções dos EUA são o ÚNICO motivo dos problemas de Cuba. Acredito que não são o ÚNICO, mas isso não significa que eu negue que os EUA fazem isso. Esse debate tá muito simplista, já que o simples fato de eu ser crítico do governo cubano fez com que me "jogassem" pro "outro lado", como se eu fosse obrigado a defender com unhas e dentes algum governo. E vendo esse vídeo, vi que eu não era o único que enxergava além desse simplismo. A existência do HO é sensacional e importantíssima pra sociedade!!
Analisar qualquer "dado" vindo de um ou mesmo sobre um governo autoritário é sempre muito difícil, chega a ser cansativo. Uns vazamentos do WikiLeaks não deram evidências de que as repostas do Obama às perguntas da Yoani foram respondidas, na verdade, pelo Escritório de interesses dos Estados Unidos em Cuba (SINA)? Aliás, ótimo vídeo, como sempre, Dani!
6:07 E aí recai em uma certa lógica, melhor sofrer com o conhecido do que com o duvidoso, logo não há a abertura ou mudança necessária em alguns casos e a aplicação de sanções se torna um tiro no escuro onde quem sofre é o povo enquanto o governo pode ser tornar um projeto de socialismo ou nacionalista ou os dois, tentar agir dessa maneira é um jogo arriscado.
Meio que uma guerra econômica, seria uma ideia interessante um país se unir a outros por meio de blocos econômicos e criar empresas nacionais que forneçam produtos e serviços de alta qualidade que não dependam de outros países, isso faria cair esse "poder econômico" do eua e tornaria a economia mais competitiva, criaria empregos, imagina uma uma empresa de carros, computadores, peças e máquinas de diversos setores brasileira com qualidade competitiva e menor custo em relação aos de fora
Oi Dani, beleza? Gosto muito do teu trabalho e te admiro bastante. Acompanho há pouco tempo o HO, mas pude perceber que em alguns temas tenho uma discordância nos teus apontamentos (o que não é um problema). Acredito que partimos de referenciais teóricos distintos (não tenho uma bagagem de estudos tão grande quanto a tua, mas é alguma coisa hehe). Comento aqui hoje apenas pra trazer alguns apontamentos sobre essas discordâncias. 1. Cuba é uma ditadura? Essa é uma questão super interessante, envolvida em diversas informações e mistificações. Se o nosso parâmetro para medir o governo de Cuba for a desgastada democracia liberal do Ocidente - Brasil, EUA, Itália -, definitivamente Cuba não é uma democracia. Por outro lado, se para considerarmos um lugar democrático contamos a representatividade real, a legitimidade do sistema de governo entre a população e a responsividade da estrutura política, Cuba talvez seja o país mais democrático da América Latina. Não digo, obviamente que se trata de um sistema perfeito, por vezes muito enrijecido e burocrático, mas os Comitês de Defesa da Revolução (CDRS) e os Conselhos Populares conferem permeabilidade à estrutura de Estado. A taxa de comparecimento média nas eleições de voto facultativo, por exemplo, é superior a 90%. De acordo com a Constituição cubana, são realizados dois tipos de eleições: as eleições gerais, em que são votados, a cada cinco anos, os deputados da Assembleia Nacional e demais instâncias de âmbito nacional, incluindo o Conselho de Estado, assim como os delegados às Assembleias Provinciais e Municipais e seus presidentes e vice-presidentes. A lei cubana permite, por exemplo, que o mandato do deputado eleito seja revogado pelo povo, em sua maioria, caso suas atitudes não correspondam com os compromissos assumidos. No caso específico do ex-presidente do Conselho de Estado e de Ministros Fidel Castro, ele foi designado candidato pela Assembleia Municipal de Santiago de Cuba e eleito pelos votantes de uma circunscrição do município. Posteriormente, foi votado pelos deputados da Assembleia e, igualmente, alcançou mais de 50% dos votos. Os 32 anos de Fidel na presidência, ainda que respaldado por vasto apoio popular, é utilizado pelos meios de comunicação para acusar o regime de ser uma ditadura. Tal acusação ignora a originalidade e o dinamismo da política cubana, e assume acriticamente a democracia liberal ocidental como um modelo universal. 2. Ineficiência ou sanções econômicas? Existe em Cuba um grande espírito nacional, como tu bem apontou, por vezes únido em torno da pauta do inimigo externo, que, no caso da Ilha é o seu vizinho EUA. Talvez a manutenção dos direitos adquiridos, como a garantia de serviços públicos, educação, saúde e moradia possa explicar tal espírito. Os direitos sociais em Cuba são praticamente intocáveis. Após a queda da URSS, por decorrência do Período Especial, a economia cubana teve um crescimento negativo de 36% entre 1989 e 1996; apenas em 2004 voltou ao nível que estava em 1989 (o que significou um atraso de 15 anos no desenvolvimento econômico); seguindo com um crescimento médio anual elevado (3% acima dos outros países latino-americanos). Me pergunto quais países no nosso continente manteriam os direitos sociais em tais circunstâncias. Os prejuízos estimados para a Ilha giram em torno de 4,3 bilhões de dólares. Ainda assim, os direitos estão garantidos. Cuba foi o primeiro país a acabar com o analfabetismo, em um grande projeto, apenas 2 anos após a Revolução. Hoje, a ajuda humanitária enviada para os países da períferia do capitalismo é significativa. A pandemia do novo coronavírus evidencia isso ainda mais. No século XXI Cuba se destaca oferecenco contribuíções inovadoras nos temas ambientais. A agricultura orgânica e práticas ecologicamente sustentáveis estão sendo adotadas em toda a economia. Há o desenvolvimento da agricultura urbana, por exemplo, onde pequenos terraços têm se convertido em projetos organopônicos, destinado ao cultivo intensivo de grande variedade de frutas e verduras. Havana, por exemplo, produz atualmente 60% da fruta e verdura que consome dentro dos limites geográficos da cidade. A Revolução Energética tem descentralizado a geração de energia de forma que a eletricidade dependa menos das grande obras e mais de pequenos geradores locais, que são mais eficazes e menos vulneráveis a emergências. 3. Dissidentes políticos O Dicionário de Polítia de Norberto Bobbio define "dissensso" como "qualquer forma de desacordo sem organização estável e, portanto, não institucionalizada, que não pretende (...) derrubar o sistema político vigente". Segue afirmando que existe um limite que, uma vez ultrapassado, converte o "dissensso", e os dissidentes, em outro fenômeno. Podemos considerar Marthin Luther King (nos EUA) como um dissidente político, uma vez que foi um crítico implavácel do governo de seu país, mas jamais se colocou a serviço de um Estado estrangeio que ambicionava oprimir sua pátria - como a suposta "dissidência cubana". Os que recebem dinheiro, assessoria, e orientações de um país inimigo e atuam em congruência com as intenções imperiais de precipitar uma "mudança de regime" podem ser considerados como "dissidentes políticos"? Para exemplificar, nos EUA, este tipo de crime (mesmo quando não implica em atentados terroristas) é considerado "delito de traição" e a sanção pode chegar a pena de morte. Atílio Boron, sociólogo argentino, realizou uma revisão dos critérios de Constituições de vários países para demonstrar que "o que a imprensa do sistema denomina dissidência é o que em qualquer país do mundo - começando pelos Estados Unidos - seria considerado como traição a pátria, e nenhum dos acusados jamais seria considerado como um 'dissidente político'." E prossegue: "no caso dos cubanos, todos os chamados dissidentes estão incursos no delito de unir-se a uma potência estrangeira em aberta hostilidade contra a nação cubana, receber de seus representatnes - diplomáticos ou não - dinheiro e toda sorte de apoios logísticos para destruir a ordem criada pela revolução. ---- Por fim, Hudson Moreira e Letícia Rizzotti Lima, pesquisadores que estiveram em Cuba e contribuíram na escrita de um livro sobre os dilemas da Revolução apontam que: "a democracia cubana não é perfeita: a exigência de unidade por vezes sacrifica a crítica e a autocrítica, limitando a renovação política. Mas, de maneira geral, o Estado cubano tem um respaldo popular muito superior aos seus congêneres do continente e do mundo, porque é percebido como um defensor e guardião legítimo do legado da revolução, sintetizado em dois valores que todo cubano preza: direitos sociais universais e soberania". Enfim, peço desculpas pelo longo texto. Mas, se decidi por compartilhar tais pensamentos aqui, é porque considero o ambiente do HO acolhedor para essas discussões (coisa rara na internet hoje em dia). Um grande abraço!
Pedro, toda discordância polida é saudável e sempre bem vinda. 1. Conheço o sistema cubano e entendo que boa parte da esquerda, por uma questão ideológica, tem dificuldade de aceitar Cuba como ditadura. Não sei se é o seu caso, falo aqui de forma geral. Acho os CDRS fantásticos, mas no momento em que há (e há) censura à mídia e não pode haver outro partido, que sistema é esse? Eleições entre 1964 e 1985 o Brasil também tinha, incluindo um partido de "oposição". Respaldo popular também, haja visto que o sistema durou 21 anos e houve pouquíssima resistência de fato ao regime por aqui (pensando em números, grupos guerrilheiros etc, sem falar no saudosismo que ainda se vê fora da esquerda). Respaldo popular existe em Cuba mas, ainda assim, se não há uma real abertura para criticar o sistema, fica difícil defender. Cada sistema tem suas características únicas, mas há diversos exemplos ditaduras com participação popular em algum nível (Brasil, novamente). O fato de haver grande participação popular pode ser enganoso, depende do viés. Se esse é o espaço dado, é natural que a população use, mas isso quer dizer o que? Que é democrático? Ou que a população aproveita a única brecha possível para tentar mudar algo ou se manifestar? Houve, em 32 anos, espaço para alguém que não fosse Fidel? Ele, Fidel, abriu esse espaço de verdade? Em algum momento ele efetivamente arriscou não ser o governante? 2. A questão da ineficiência não sou eu que aponto, é apontada pelos opositores tanto do regime cubano quanto das sanções. O país é pobre, isso é fácil verificar. Seria podre como é sem as sanções? Esse é o questionamento cuja resposta plena só é possível sem as sanções, razão pela qual os opositores pedem também o fim das sanções. 3. Gosto muito do Bobbio, mas há armadilhas no questionamento tal qual você colocou. Vamos de Guerra Civil Espanhola? Havia apoio e financiamento externo aos republicanos contra o franquismo. "Revolução" ou "Golpe" são termos de uso político, o governo Batista chamaria de "golpe" o que os vitoriosos chama de revolução em Cuba. Se fizermos uma leitura desapaixonada dos dois processos, os dois (ascensão de Franco e de Fidel) se deram através da força e de forma ilegal em seus sistemas então vigentes (pensando apenas juridicamente). A lei espanhola não permitia a Franco fazer o que fez, como a cubana também não quanto a Fidel. Imagino (e entendo) que haja por sua parte uma simpatia em relação ao regime cubano. Eu tenho também e não tenho vergonha de admitir quando o assunto é saúde e educação. É incrível o que o governo cubano conseguiu e se eu fosse negro e periférico no Brasil, pobre e sem chances de viver uma vida materialmente boa eu provavelmente preferiria viver em Cuba do que no Brasil, dado que as questões de sobrevivência, lá, são de alguma forma garantidas pelo governo. Segurança idem. É raro um governo autoritário com preocupação social, talvez seja o único. Quando digo que é ditadura, não é por achar que seja o pior país do mundo a se viver não. Morre-se de fome em democracias e em Cuba não. O tema é vasto e cheio de nuances. Mas enquanto o sistema político não permite críticas a partir de um certo ponto (ainda que permita até um certo ponto), a meu ver, é ditadura. Uma ditadura com apoio popular, que derrubou um governo que também era autoritário e que conseguiu saúde, educação e segurança de uma maneira incrível. Mas é ditadura, há presos políticos e há censura. Houve fechamento do sistema jurídico após a vitória. Houve leis excepcionais. Caso contrário, se formos sempre usar as originalidades de cada sistema como forma de negar seu autoritarismo, logo logo chegaremos à conclusão de que não houve ditadura no Brasil, percebe? Paixões à parte, esse é o risco. E para mim houve, sim, ditadura aqui. Mesmo com Congresso aberto boa parte do tempo. Mesmo com eleições, mesmo com dois partidos e com respaldo de boa parte da população, o que também é um fato. Isso que nós estamos fazendo aqui, um canal como o HO, existiria em Cuba? Abraços!
Pedro Luiz, quero lhe parabenizar pelos maravilhosos apontamentos sobre a realidade Cubana e as contradições sobre o imaginário arquétipo de modelo democrático que tentam impor sobre a população em geral, principalmente por conglomerados de mídia de democracias liberais.
Os questionamentos do Pedro foram muito bem colocados, as respostas também. No entanto, algumas das respostas parecem partir para comparações e hipóteses um pouco vazias. Enfim, penso que olhar para o tema "abandonando as paixões" requer também uma certa consciência do caráter mistificador que a narrativa liberal construiu sobre as contradições do regime cubano.
Vim aqui dps do pronunciamento do Biden sobre aplicar sanção no Brasil, e agora estou em dúvida se ele aplicar uma sanção no Brasil referente a alimentos ou seja proibindo empresas Estadunidense de comercializar cm a gente eles também se prejudica certo, afinal eles também precisam do nosso alimento, e bem se eles pedir para q o resto do mundo não comercialize cm a gente ele também afeta a economia desses países, afinal muitos desses países depende também da gente e se eles proibir esses países de comercializar com a gente alegando q vai parar de comercializar com eles, eles vai afetar a economia global, afinal todo mundo depende do Brasil e acho meio difícil acharam outros países para colocar no nosso lugar principalmente no setor de alimentação.
Difícil saber o que seriam essas sanções, há vários tipos possíveis. Mas há uma visão parcialmente incorreta sobre essa questão da nossa exportação. Nós exportamos muito mais para a China do que para os EUA. Nossa soja, por exemplo: quase 80% para a China, 12% para os EUA (dados de 2019, 2020 está em aberto). Considerar que todo mundo depende do Brasil pode ser um erro. E é possível fazer sanções distintas, afetando certos setores e não outros.
Na verdade qualquer país tem, desde que seja mais "poderoso" que outro. O Brasil poderia impor sanções a um vizinho ou parceiro comercial, por exemplo.
Professor, Yoani é aquela mesma jornalista que tinha um blog muito censurado pelo governo cubano ? Onde as informações demoravam semanas para serem divulgadas (quando podiam ser)?
Letícia, legitimidade em relações internacionais na verdade conta muito pouco e não há consenso. Quem tem poder (no sentido de potência) usa o poder como quer.
ou vc cede e se rende aos interesses de um tal interesse e organização ou os Maiores poderes te boicotam para causar o caos. isso é uma extrema covardia. deve ser dificil para o brasil se libertar e crescermos pois ainda atendemos interesses internacionais.
cara, eu adoro história online. Como um canal pode ser tão competente e bacana assim? Só é uma pena eu ser vestibulando e não ter tanto tempo para acompanhar todas as lives.
Vejo notificação do HO e venho correndo
Eu também!!!!!!!!!
Eu também hehe
Eu tambem 😂😂😂
Oi Dani. Ex-aluno seu aqui nos tempos de poliedro rsss
Depois que eu vi aumentarem os debates sobre Cuba nesse FDS por conta das manifestações, vi muitas pessoas dizendo que as sanções dos EUA são o ÚNICO motivo dos problemas de Cuba. Acredito que não são o ÚNICO, mas isso não significa que eu negue que os EUA fazem isso. Esse debate tá muito simplista, já que o simples fato de eu ser crítico do governo cubano fez com que me "jogassem" pro "outro lado", como se eu fosse obrigado a defender com unhas e dentes algum governo. E vendo esse vídeo, vi que eu não era o único que enxergava além desse simplismo. A existência do HO é sensacional e importantíssima pra sociedade!!
Nunca vi alguém explicar um assunto tão bem , parabéns ! Ganhou um novo inscrito
Sempre tive curiosidade nesse assunto. UA-cam recomendou certo 👍🏻
Top !!
Como é ótimo escutar pessoas inteligentes
Muito bom!
Pena que não dá para colocar uns 1000 likes. Vocês são sensacionais.
Muito obrigada por esclarecer :)
Sensacional!!!
Obrigado,
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏 Adoooooooroooo!!!!
Obrigada Professor! Explicação muito elucidativa ^^
Muito showwww! Obrigado por fazer estes vídeos tão sensacionais!!
Explicação excelente 🙌👏👏👏
perfeito, prof!!
Vim pra entender o confronto da Rússia e Ucrânia. Like e inscrito!
Desejo muitas alegrias para o Ano Novo e muitos sonhos realizados. Feliz 2022! 🥂🎊🎉🍾
Adorei esse canal. Vou me inscrever.
Explicação muito boa 👏👏👏
Muito bom.
Muito bom irmao gostei bastante. Parabens
Legal o vídeo, mas deixou de explicar como são feito essas sanções
show
Melhor Didática 👏🏼👏🏼👏🏼
ótimo vidio
geopolítica
Ótima Explicação!
Muito boa a sua explicação!!! Parabéns pelo seu trabalho 👏👏
Muito obrigado!
Analisar qualquer "dado" vindo de um ou mesmo sobre um governo autoritário é sempre muito difícil, chega a ser cansativo. Uns vazamentos do WikiLeaks não deram evidências de que as repostas do Obama às perguntas da Yoani foram respondidas, na verdade, pelo Escritório de interesses dos Estados Unidos em Cuba (SINA)? Aliás, ótimo vídeo, como sempre, Dani!
Foi o que eu também imaginei. Ótima leitura a sua
6:07 E aí recai em uma certa lógica, melhor sofrer com o conhecido do que com o duvidoso, logo não há a abertura ou mudança necessária em alguns casos e a aplicação de sanções se torna um tiro no escuro onde quem sofre é o povo enquanto o governo pode ser tornar um projeto de socialismo ou nacionalista ou os dois, tentar agir dessa maneira é um jogo arriscado.
Sanções não funciona se o povo e fechado vc está serto tem que espalhar as notícias internet livre
Mas o Brasil ja sofreu alguma sação economica?
Meio que uma guerra econômica, seria uma ideia interessante um país se unir a outros por meio de blocos econômicos e criar empresas nacionais que forneçam produtos e serviços de alta qualidade que não dependam de outros países, isso faria cair esse "poder econômico" do eua e tornaria a economia mais competitiva, criaria empregos, imagina uma uma empresa de carros, computadores, peças e máquinas de diversos setores brasileira com qualidade competitiva e menor custo em relação aos de fora
Oi Dani, beleza?
Gosto muito do teu trabalho e te admiro bastante.
Acompanho há pouco tempo o HO, mas pude perceber que em alguns temas tenho uma discordância nos teus apontamentos (o que não é um problema). Acredito que partimos de referenciais teóricos distintos (não tenho uma bagagem de estudos tão grande quanto a tua, mas é alguma coisa hehe). Comento aqui hoje apenas pra trazer alguns apontamentos sobre essas discordâncias.
1. Cuba é uma ditadura?
Essa é uma questão super interessante, envolvida em diversas informações e mistificações. Se o nosso parâmetro para medir o governo de Cuba for a desgastada democracia liberal do Ocidente - Brasil, EUA, Itália -, definitivamente Cuba não é uma democracia. Por outro lado, se para considerarmos um lugar democrático contamos a representatividade real, a legitimidade do sistema de governo entre a população e a responsividade da estrutura política, Cuba talvez seja o país mais democrático da América Latina.
Não digo, obviamente que se trata de um sistema perfeito, por vezes muito enrijecido e burocrático, mas os Comitês de Defesa da Revolução (CDRS) e os Conselhos Populares conferem permeabilidade à estrutura de Estado. A taxa de comparecimento média nas eleições de voto facultativo, por exemplo, é superior a 90%.
De acordo com a Constituição cubana, são realizados dois tipos de eleições: as eleições gerais, em que são votados, a cada cinco anos, os deputados da Assembleia Nacional e demais instâncias de âmbito nacional, incluindo o Conselho de Estado, assim como os delegados às Assembleias Provinciais e Municipais e seus presidentes e vice-presidentes. A lei cubana permite, por exemplo, que o mandato do deputado eleito seja revogado pelo povo, em sua maioria, caso suas atitudes não correspondam com os compromissos assumidos. No caso específico do ex-presidente do Conselho de Estado e de Ministros Fidel Castro, ele foi designado candidato pela Assembleia Municipal de Santiago de Cuba e eleito pelos votantes de uma circunscrição do município. Posteriormente, foi votado pelos deputados da Assembleia e, igualmente, alcançou mais de 50% dos votos.
Os 32 anos de Fidel na presidência, ainda que respaldado por vasto apoio popular, é utilizado pelos meios de comunicação para acusar o regime de ser uma ditadura. Tal acusação ignora a originalidade e o dinamismo da política cubana, e assume acriticamente a democracia liberal ocidental como um modelo universal.
2. Ineficiência ou sanções econômicas?
Existe em Cuba um grande espírito nacional, como tu bem apontou, por vezes únido em torno da pauta do inimigo externo, que, no caso da Ilha é o seu vizinho EUA. Talvez a manutenção dos direitos adquiridos, como a garantia de serviços públicos, educação, saúde e moradia possa explicar tal espírito. Os direitos sociais em Cuba são praticamente intocáveis.
Após a queda da URSS, por decorrência do Período Especial, a economia cubana teve um crescimento negativo de 36% entre 1989 e 1996; apenas em 2004 voltou ao nível que estava em 1989 (o que significou um atraso de 15 anos no desenvolvimento econômico); seguindo com um crescimento médio anual elevado (3% acima dos outros países latino-americanos). Me pergunto quais países no nosso continente manteriam os direitos sociais em tais circunstâncias.
Os prejuízos estimados para a Ilha giram em torno de 4,3 bilhões de dólares. Ainda assim, os direitos estão garantidos. Cuba foi o primeiro país a acabar com o analfabetismo, em um grande projeto, apenas 2 anos após a Revolução. Hoje, a ajuda humanitária enviada para os países da períferia do capitalismo é significativa. A pandemia do novo coronavírus evidencia isso ainda mais.
No século XXI Cuba se destaca oferecenco contribuíções inovadoras nos temas ambientais. A agricultura orgânica e práticas ecologicamente sustentáveis estão sendo adotadas em toda a economia. Há o desenvolvimento da agricultura urbana, por exemplo, onde pequenos terraços têm se convertido em projetos organopônicos, destinado ao cultivo intensivo de grande variedade de frutas e verduras. Havana, por exemplo, produz atualmente 60% da fruta e verdura que consome dentro dos limites geográficos da cidade. A Revolução Energética tem descentralizado a geração de energia de forma que a eletricidade dependa menos das grande obras e mais de pequenos geradores locais, que são mais eficazes e menos vulneráveis a emergências.
3. Dissidentes políticos
O Dicionário de Polítia de Norberto Bobbio define "dissensso" como "qualquer forma de desacordo sem organização estável e, portanto, não institucionalizada, que não pretende (...) derrubar o sistema político vigente". Segue afirmando que existe um limite que, uma vez ultrapassado, converte o "dissensso", e os dissidentes, em outro fenômeno. Podemos considerar Marthin Luther King (nos EUA) como um dissidente político, uma vez que foi um crítico implavácel do governo de seu país, mas jamais se colocou a serviço de um Estado estrangeio que ambicionava oprimir sua pátria - como a suposta "dissidência cubana". Os que recebem dinheiro, assessoria, e orientações de um país inimigo e atuam em congruência com as intenções imperiais de precipitar uma "mudança de regime" podem ser considerados como "dissidentes políticos"?
Para exemplificar, nos EUA, este tipo de crime (mesmo quando não implica em atentados terroristas) é considerado "delito de traição" e a sanção pode chegar a pena de morte. Atílio Boron, sociólogo argentino, realizou uma revisão dos critérios de Constituições de vários países para demonstrar que "o que a imprensa do sistema denomina dissidência é o que em qualquer país do mundo - começando pelos Estados Unidos - seria considerado como traição a pátria, e nenhum dos acusados jamais seria considerado como um 'dissidente político'." E prossegue: "no caso dos cubanos, todos os chamados dissidentes estão incursos no delito de unir-se a uma potência estrangeira em aberta hostilidade contra a nação cubana, receber de seus representatnes - diplomáticos ou não - dinheiro e toda sorte de apoios logísticos para destruir a ordem criada pela revolução.
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Por fim, Hudson Moreira e Letícia Rizzotti Lima, pesquisadores que estiveram em Cuba e contribuíram na escrita de um livro sobre os dilemas da Revolução apontam que: "a democracia cubana não é perfeita: a exigência de unidade por vezes sacrifica a crítica e a autocrítica, limitando a renovação política. Mas, de maneira geral, o Estado cubano tem um respaldo popular muito superior aos seus congêneres do continente e do mundo, porque é percebido como um defensor e guardião legítimo do legado da revolução, sintetizado em dois valores que todo cubano preza: direitos sociais universais e soberania".
Enfim, peço desculpas pelo longo texto. Mas, se decidi por compartilhar tais pensamentos aqui, é porque considero o ambiente do HO acolhedor para essas discussões (coisa rara na internet hoje em dia).
Um grande abraço!
Pedro, toda discordância polida é saudável e sempre bem vinda.
1. Conheço o sistema cubano e entendo que boa parte da esquerda, por uma questão ideológica, tem dificuldade de aceitar Cuba como ditadura. Não sei se é o seu caso, falo aqui de forma geral. Acho os CDRS fantásticos, mas no momento em que há (e há) censura à mídia e não pode haver outro partido, que sistema é esse? Eleições entre 1964 e 1985 o Brasil também tinha, incluindo um partido de "oposição". Respaldo popular também, haja visto que o sistema durou 21 anos e houve pouquíssima resistência de fato ao regime por aqui (pensando em números, grupos guerrilheiros etc, sem falar no saudosismo que ainda se vê fora da esquerda). Respaldo popular existe em Cuba mas, ainda assim, se não há uma real abertura para criticar o sistema, fica difícil defender. Cada sistema tem suas características únicas, mas há diversos exemplos ditaduras com participação popular em algum nível (Brasil, novamente). O fato de haver grande participação popular pode ser enganoso, depende do viés. Se esse é o espaço dado, é natural que a população use, mas isso quer dizer o que? Que é democrático? Ou que a população aproveita a única brecha possível para tentar mudar algo ou se manifestar? Houve, em 32 anos, espaço para alguém que não fosse Fidel? Ele, Fidel, abriu esse espaço de verdade? Em algum momento ele efetivamente arriscou não ser o governante?
2. A questão da ineficiência não sou eu que aponto, é apontada pelos opositores tanto do regime cubano quanto das sanções. O país é pobre, isso é fácil verificar. Seria podre como é sem as sanções? Esse é o questionamento cuja resposta plena só é possível sem as sanções, razão pela qual os opositores pedem também o fim das sanções.
3. Gosto muito do Bobbio, mas há armadilhas no questionamento tal qual você colocou. Vamos de Guerra Civil Espanhola? Havia apoio e financiamento externo aos republicanos contra o franquismo. "Revolução" ou "Golpe" são termos de uso político, o governo Batista chamaria de "golpe" o que os vitoriosos chama de revolução em Cuba. Se fizermos uma leitura desapaixonada dos dois processos, os dois (ascensão de Franco e de Fidel) se deram através da força e de forma ilegal em seus sistemas então vigentes (pensando apenas juridicamente). A lei espanhola não permitia a Franco fazer o que fez, como a cubana também não quanto a Fidel.
Imagino (e entendo) que haja por sua parte uma simpatia em relação ao regime cubano. Eu tenho também e não tenho vergonha de admitir quando o assunto é saúde e educação. É incrível o que o governo cubano conseguiu e se eu fosse negro e periférico no Brasil, pobre e sem chances de viver uma vida materialmente boa eu provavelmente preferiria viver em Cuba do que no Brasil, dado que as questões de sobrevivência, lá, são de alguma forma garantidas pelo governo. Segurança idem. É raro um governo autoritário com preocupação social, talvez seja o único. Quando digo que é ditadura, não é por achar que seja o pior país do mundo a se viver não. Morre-se de fome em democracias e em Cuba não. O tema é vasto e cheio de nuances.
Mas enquanto o sistema político não permite críticas a partir de um certo ponto (ainda que permita até um certo ponto), a meu ver, é ditadura. Uma ditadura com apoio popular, que derrubou um governo que também era autoritário e que conseguiu saúde, educação e segurança de uma maneira incrível. Mas é ditadura, há presos políticos e há censura. Houve fechamento do sistema jurídico após a vitória. Houve leis excepcionais. Caso contrário, se formos sempre usar as originalidades de cada sistema como forma de negar seu autoritarismo, logo logo chegaremos à conclusão de que não houve ditadura no Brasil, percebe? Paixões à parte, esse é o risco. E para mim houve, sim, ditadura aqui. Mesmo com Congresso aberto boa parte do tempo. Mesmo com eleições, mesmo com dois partidos e com respaldo de boa parte da população, o que também é um fato.
Isso que nós estamos fazendo aqui, um canal como o HO, existiria em Cuba?
Abraços!
@@historia_online muito bom,otimo canal
Pedro Luiz, quero lhe parabenizar pelos maravilhosos apontamentos sobre a realidade Cubana e as contradições sobre o imaginário arquétipo de modelo democrático que tentam impor sobre a população em geral, principalmente por conglomerados de mídia de democracias liberais.
Os questionamentos do Pedro foram muito bem colocados, as respostas também. No entanto, algumas das respostas parecem partir para comparações e hipóteses um pouco vazias. Enfim, penso que olhar para o tema "abandonando as paixões" requer também uma certa consciência do caráter mistificador que a narrativa liberal construiu sobre as contradições do regime cubano.
Vim aqui dps do pronunciamento do Biden sobre aplicar sanção no Brasil, e agora estou em dúvida se ele aplicar uma sanção no Brasil referente a alimentos ou seja proibindo empresas Estadunidense de comercializar cm a gente eles também se prejudica certo, afinal eles também precisam do nosso alimento, e bem se eles pedir para q o resto do mundo não comercialize cm a gente ele também afeta a economia desses países, afinal muitos desses países depende também da gente e se eles proibir esses países de comercializar com a gente alegando q vai parar de comercializar com eles, eles vai afetar a economia global, afinal todo mundo depende do Brasil e acho meio difícil acharam outros países para colocar no nosso lugar principalmente no setor de alimentação.
Difícil saber o que seriam essas sanções, há vários tipos possíveis. Mas há uma visão parcialmente incorreta sobre essa questão da nossa exportação. Nós exportamos muito mais para a China do que para os EUA. Nossa soja, por exemplo: quase 80% para a China, 12% para os EUA (dados de 2019, 2020 está em aberto). Considerar que todo mundo depende do Brasil pode ser um erro. E é possível fazer sanções distintas, afetando certos setores e não outros.
Vc acha que o Brasil pode sofrer Sansão por parte dos EUA? O que a população perde com isso?
Impossível prever agora.
Vim pra saber o que o EUA vai fazer com a Rússia pelo ataque a Ucrânia
Eu tbm vim por conta disso eu tava tipo mais oq e isso ? 🤣
E aí vai mais uma pergunta: os termos "sanção econômica", "bloqueio econômico" e "embargo econômico", são a mesma coisa??
São sim Daniel
A China esta dando castigo ao Brasil não comprando produtos brasileiro??
uma pergunta dani: rússia e china também tem esse poder de fazer sanções econômicas?
Na verdade qualquer país tem, desde que seja mais "poderoso" que outro. O Brasil poderia impor sanções a um vizinho ou parceiro comercial, por exemplo.
ah entendi, achei que só superpotências tinham esse poder....
Eu sou contra sanções econômicas porque não funciona.
Professor, Yoani é aquela mesma jornalista que tinha um blog muito censurado pelo governo cubano ? Onde as informações demoravam semanas para serem divulgadas (quando podiam ser)?
Ela mesma. É interessante o ponto de vista dela justamente por ser opositora.
Dany mas o quanto esses interesses são legitimos? 🤔
Letícia, legitimidade em relações internacionais na verdade conta muito pouco e não há consenso. Quem tem poder (no sentido de potência) usa o poder como quer.
@@historia_online obrigado professor
ou vc cede e se rende aos interesses de um tal interesse e organização
ou os Maiores poderes te boicotam para causar o caos.
isso é uma extrema covardia.
deve ser dificil para o brasil se libertar e crescermos pois ainda atendemos interesses internacionais.
Muito bom!