Saudações de Salvador - BA! Fiz fotos desses mesmos trens e da viagem entre a Estação da Calçada e Paripe em 1992 (parte das fotos foi publicada no site Centro-Oeste, do jornalista Flávio Cavalcanti). O sistema era precário e os trens operavam como podiam, os ferroviários daqui faziam milagres com o pouco que tinham. A Estação da Calçada foi construída pelos ingleses, com materiais trazidos da Inglaterra. Na época da implantação da ferrovia entre Salvador e Alagoinhas (1858-1863), a empresa chamava-se "Bahia and San Francisco Railway" (Ferrovia da Bahia ao São Francisco). Bahia porque, antigamente, Salvador também era chamada pelos baianos de Bahia, por causa da Baía de Todos os Santos. A bitola foi de 1,60 metro até 1911, quando foi alterada para a métrica. Em 1901 a ferrovia inglesa foi resgatada pelo governo federal, entregue a dois engenheiros brasileiros, em 1910 entregue à Viação Férrea Federal da Bahia e, em 1911, repassada a uma empresa de capital franco-belga (Compagnie des Chemins de Fer Fédereaux de L'Est Brésilien). Em 1935, essa empresa franco-belga foi encampada pelo governo federal e renomeada Viação Férrea Federal Leste Brasileiro (VFFLB). Em 1957 passou a fazer parte da recém-criada RFFSA. O melhor período da VFFLB foi entre 1935 e 1949, quando melhorias técnicas foram feitas na época em que a Leste (como era chamada aqui) foi administrada pelo engenheiro baiano Lauro Farani Pedreira de Freitas, natural de Alagoinhas - BA (o nome dele batizou o município de Lauro de Freitas, vizinho a Salvador; esse engenheiro foi candidato ao governo do Estado da Bahia, sua campanha era dada como ganha e, a poucos dias das eleições de 1950, o avião onde se encontrava caiu em Bom Jesus da Lapa, matando ele e toda a sua comitiva). As primeiras locomotivas diesel-elétricas do Brasil foram 3 English Electric da VFFLB, entregues em Salvador em 1938 e postas a operar em janeiro de 1939. Algumas melhorias foram feitas e, em 1948, iniciou-se a eletrificação da Leste, quase totalmente concluída em 1954. Porém, as locomotivas elétricas IRFA, de fabricação nacional, sempre foram consideradas ruins pela própria ferrovia e, em 1982, vieram para Salvador 6 locomotivas elétricas Metropolitan-Vickers da antiga SR-2 da RFFSA de Minas Gerais, como mostra o vídeo nas antigas oficinas de Periperi, no subúrbio da capital baiana. Em 1987 essas locomotivas foram baixadas. A partir de 1960 a Leste Brasileiro entrou em um período de franca decadência, culminando com a dissolução da RFFSA em 1996. A eletrificação do trecho Mapele a Alagoinhas já havia sido erradicada em 1972; a Leste afirmava, em seus relatórios anuais, que as locomotivas IRFA eram imprestáveis, tinham baixa potência, não havia peças de reposição e também ocorriam furtos dos cabos elétricos da rede aérea (catenária). Curiosidade: o nome Leste Brasileiro se deve ao fato de que até 1969 a Bahia e Sergipe pertenceram à Região Leste, na época formada pelo Estado do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Na reorganização geográfica feita pelo IBGE naquele ano, a partir de 1970 a Bahia e Sergipe passaram a fazer parte da Região Nordeste, enquanto que os demais Estados da Região Leste passaram para a então recém-criada Região Sudeste e também englobando nesta o Estado de São Paulo, que até então tinha pertencido à Região Sul. Até hoje muita gente conhece a ferrovia por aqui como "Leste". Hoje o trecho da Calçada a Paripe não existe mais, em 2021 o sistema foi erradicado pelo governo estadual para a implantação de um monotrilho que nunca saiu do papel. O contrato com os chineses foi rescindido em 2023 e hoje o governo estadual promete construir um VLT, ainda sem prazo definido. Os trilhos entre Paripe e o antigo entroncamento de Mapele, próximo a Simões Filho, também foram arrancados depois da privatização.
Saudades das Elétricas Metropolitan-Vickers, que rodou por muitos anos rota do calcário, de Ribeirão Vermelho-MG a Barra Mansa(RJ), transportando cargas e passageiros, as 901, 903, 912 e 919 foram morrer na Bahia, que tristeza.
A vapor da EF Nazaré esta atualmente na estação do município de mesmo nome, quanto a valor que esta na gare de Calçada, seria uma ex Sorocabana, do primeiro lote de locomotivas a entrar em tráfego em 1875.
Bom dia, Rodrigo! Provavelmente deve ter sido reforma, como de fato todas foram reformadas quando o sistema passou para a administração municipal. A Estação Escada funcionou até a desativação do trem de subúrbio pelo governo estadual. Hoje há relatos de ser um lugar perigoso à noite, moradores têm medo de assaltos e de coisas piores naquela região.
@@RodrigoSantos-mf9jv Bom dia! Na época das minhas pesquisas e fotos (1990-92), eram 18 carros-motores ACF na frota, dos quais não mais de 8 a 9 em condições de rodar. Já naquela época estavam no limite da vida útil. Quando a prefeitura de Salvador assumiu o sistema, em 2012-2013 pelo menos um desses antigos trens foi reformado em Três Rios - RJ e passou a contar com ar condicionado, com pintura amarela e faixas azul-verde. Também naquela época foram recebidos, como doação, três antigos trens de bitola métrica da CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, Série 4800 (ex-EF Sorocabana e Fepasa), fabricados no Japão em 1958 pela Toshiba e também reformados em Três Rios - RJ; tiveram vida curta em Salvador, uma vez que o governo estadual encerrou o sistema de trens de subúrbio em 2021. Por essa época (2021) apenas três trens operavam: um antigo ACF com carros Pidner reformados e dois Toshiba. Abraços!
Saudações de Salvador - BA! Fiz fotos desses mesmos trens e da viagem entre a Estação da Calçada e Paripe em 1992 (parte das fotos foi publicada no site Centro-Oeste, do jornalista Flávio Cavalcanti). O sistema era precário e os trens operavam como podiam, os ferroviários daqui faziam milagres com o pouco que tinham.
A Estação da Calçada foi construída pelos ingleses, com materiais trazidos da Inglaterra. Na época da implantação da ferrovia entre Salvador e Alagoinhas (1858-1863), a empresa chamava-se "Bahia and San Francisco Railway" (Ferrovia da Bahia ao São Francisco). Bahia porque, antigamente, Salvador também era chamada pelos baianos de Bahia, por causa da Baía de Todos os Santos. A bitola foi de 1,60 metro até 1911, quando foi alterada para a métrica. Em 1901 a ferrovia inglesa foi resgatada pelo governo federal, entregue a dois engenheiros brasileiros, em 1910 entregue à Viação Férrea Federal da Bahia e, em 1911, repassada a uma empresa de capital franco-belga (Compagnie des Chemins de Fer Fédereaux de L'Est Brésilien). Em 1935, essa empresa franco-belga foi encampada pelo governo federal e renomeada Viação Férrea Federal Leste Brasileiro (VFFLB). Em 1957 passou a fazer parte da recém-criada RFFSA.
O melhor período da VFFLB foi entre 1935 e 1949, quando melhorias técnicas foram feitas na época em que a Leste (como era chamada aqui) foi administrada pelo engenheiro baiano Lauro Farani Pedreira de Freitas, natural de Alagoinhas - BA (o nome dele batizou o município de Lauro de Freitas, vizinho a Salvador; esse engenheiro foi candidato ao governo do Estado da Bahia, sua campanha era dada como ganha e, a poucos dias das eleições de 1950, o avião onde se encontrava caiu em Bom Jesus da Lapa, matando ele e toda a sua comitiva).
As primeiras locomotivas diesel-elétricas do Brasil foram 3 English Electric da VFFLB, entregues em Salvador em 1938 e postas a operar em janeiro de 1939. Algumas melhorias foram feitas e, em 1948, iniciou-se a eletrificação da Leste, quase totalmente concluída em 1954. Porém, as locomotivas elétricas IRFA, de fabricação nacional, sempre foram consideradas ruins pela própria ferrovia e, em 1982, vieram para Salvador 6 locomotivas elétricas Metropolitan-Vickers da antiga SR-2 da RFFSA de Minas Gerais, como mostra o vídeo nas antigas oficinas de Periperi, no subúrbio da capital baiana. Em 1987 essas locomotivas foram baixadas. A partir de 1960 a Leste Brasileiro entrou em um período de franca decadência, culminando com a dissolução da RFFSA em 1996. A eletrificação do trecho Mapele a Alagoinhas já havia sido erradicada em 1972; a Leste afirmava, em seus relatórios anuais, que as locomotivas IRFA eram imprestáveis, tinham baixa potência, não havia peças de reposição e também ocorriam furtos dos cabos elétricos da rede aérea (catenária).
Curiosidade: o nome Leste Brasileiro se deve ao fato de que até 1969 a Bahia e Sergipe pertenceram à Região Leste, na época formada pelo Estado do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Na reorganização geográfica feita pelo IBGE naquele ano, a partir de 1970 a Bahia e Sergipe passaram a fazer parte da Região Nordeste, enquanto que os demais Estados da Região Leste passaram para a então recém-criada Região Sudeste e também englobando nesta o Estado de São Paulo, que até então tinha pertencido à Região Sul. Até hoje muita gente conhece a ferrovia por aqui como "Leste".
Hoje o trecho da Calçada a Paripe não existe mais, em 2021 o sistema foi erradicado pelo governo estadual para a implantação de um monotrilho que nunca saiu do papel. O contrato com os chineses foi rescindido em 2023 e hoje o governo estadual promete construir um VLT, ainda sem prazo definido. Os trilhos entre Paripe e o antigo entroncamento de Mapele, próximo a Simões Filho, também foram arrancados depois da privatização.
Obg. pelas suas informações elucidativas.
Quanta informação relevante que nos ajuda a entendermos nossa história. Muito obrigado!
Esse canal é espetacular imagens unicas
Saudades das Elétricas Metropolitan-Vickers, que rodou por muitos anos rota do calcário, de Ribeirão Vermelho-MG a Barra Mansa(RJ), transportando cargas e passageiros, as 901, 903, 912 e 919 foram morrer na Bahia, que tristeza.
Daora eu não sabia que nessa época a estação de periperi tinha o seu próprio pátio de manutenção
Muito bom vídeo, Setti! Um ótimo registro do que um dia existiu em Salvador. Nada mais disso existe. Grande abraço!
Belas recordações. Na primeira parte do vídeo, o lugar onde ficava o depósito de trens em Periperi atualmente é um Conjunto Habitacional.
Top 👏🏻👏🏻👏🏻
A vapor da EF Nazaré esta atualmente na estação do município de mesmo nome, quanto a valor que esta na gare de Calçada, seria uma ex Sorocabana, do primeiro lote de locomotivas a entrar em tráfego em 1875.
Agora sim, consigo ver que os meus amigos baianos também desfrutaram do melhor das ferrovias na época da rfsa, belo vídeo setti um abraço 😊😊😊😊
Opa, aí sim hein!
Nesse vídeo dá pra ver as Metropolitan Vickers conhecidas como Valquírias já desativadas, elas vieram lá do Sudeste para cá
O que tinha acontecido com a estação escada na parte 8:30 ela estava interditada para reforma ou algo do tipo?
Bom dia, Rodrigo! Provavelmente deve ter sido reforma, como de fato todas foram reformadas quando o sistema passou para a administração municipal. A Estação Escada funcionou até a desativação do trem de subúrbio pelo governo estadual. Hoje há relatos de ser um lugar perigoso à noite, moradores têm medo de assaltos e de coisas piores naquela região.
O moço quantos carros acf tinha nessa época?
@@RodrigoSantos-mf9jv Bom dia! Na época das minhas pesquisas e fotos (1990-92), eram 18 carros-motores ACF na frota, dos quais não mais de 8 a 9 em condições de rodar. Já naquela época estavam no limite da vida útil. Quando a prefeitura de Salvador assumiu o sistema, em 2012-2013 pelo menos um desses antigos trens foi reformado em Três Rios - RJ e passou a contar com ar condicionado, com pintura amarela e faixas azul-verde. Também naquela época foram recebidos, como doação, três antigos trens de bitola métrica da CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, Série 4800 (ex-EF Sorocabana e Fepasa), fabricados no Japão em 1958 pela Toshiba e também reformados em Três Rios - RJ; tiveram vida curta em Salvador, uma vez que o governo estadual encerrou o sistema de trens de subúrbio em 2021. Por essa época (2021) apenas três trens operavam: um antigo ACF com carros Pidner reformados e dois Toshiba. Abraços!
@memoriadotrem O que aconteceu com video da mesma viagem em 1983?