2:23:40 Dicas para leitura de Fédon (que é o próximo a ser lido na ordem do Monir): é uma sinfonia em 4 movimentos: 1) defesa da morte pelo Sócrates (filosofia é uma preparação para a morte); 2) apresentação de uma tese (na qual ele está um pouco inseguro) sobre o destino do homem após a morte; 3) defesa de que o conhecimento é reminiscente, é alguma coisa que nós lembramos; que nós não podemos aprender de verdade. Assim, a morte seria uma bem-aventurança, pois seria a recuperação da lembrança plena; 4) descrição da morte de Sócrates.
Que espetáculo!!! É indescritível a alegria e satisfação de, ainda hoje, aprender com o professor Monir. Essas aulas são de um valor inestimável. Muito obrigada ao canal.
0:37 - O primeiro problema da filosofia platônica é que nós temos que aos pouquinhos adquirindo uma sensibilidade para diferenciar o pedaço socrático e o pedaço platônico. 1:58 - Há alguma, o que a gente chama de consenso dos estudiosos [...] por exemplo os diálogos da juventude de Platão, que são os diálogos socráticos. Críton é um diálogo socrático. 2:23 - Diálogo socrático quer dizer que é aporético, que ele ele não termina com uma solução do problema. 12:20 - Há ai diálogos que são claramente platônicos e que são claramente socráticos. E há um conjunto de diálogos, uma zona cinzenta, de modo que os estudiosos acabaram compreendendo Platão sempre em três períodos: (1) o período de juventude, inicial; (2) o período intermediário; e (3) período de maturidade. 13:11 - Nesse caso aqui, o Críton, que é o diálogo que nos vamos estudar hoje, ele é um dialogo de período inicial, da juventude de Platão. 14:05 - Até agora, os três diálogos que vocês leram (que é Eutífron, Apologia e Críton) são diálogos juntos, da mesma época. Agora, o Fédon irá romper isso, que é o proximo diálogo. 1:10:50 - Críton é um dos alunos de Sócrates, esta presente no julgamento e ai Sócrates não é morto instantaneamente, quer dizer, não é morto em seguida porque havia lá um interdito religioso. 1:16:37 - Ele fica mais ou menos um mês ainda vivo, mas sempre esperando que tudo isso iria acabar a partir do momento em que o barco voltasse. No entanto um belo dia, vai até a sua prisão um de seus alunos chamado Criton [chamando Sócrates para fugir]. 1:17:31 - A execução seria no dia seguinte a chegada do barco. 1:17:38 - Um diálogo [...] em que Sócrates explica para Críton as razões pelas quais ele não pode fazer isto que Críton esta propondo. 1:18:34 - O dia final [...] é descrito no Fédon [...] ele é um dos grandes diálogos. Uma das nomenclaturas dos diálogos é "Grandes Diálogos". Quais são os grandes diálogos? são aqueles diálogos cuja densidade, cujo o conjunto tem uma relevância maior para a compreensão da obra platônica. 1:21:03 - Voltamos à velha questão: o Logos tem que corresponder ao Ser e se você considera que associado ao Logos há também ações, as acões devem corresponder ao Ser. 1:23:57 - O que ele esta dizendo para o Críton é que seria uma vergonha muito grande fugir porque as Leis vão dizer assim: "mas espera ai Sócrates, enquanto você viveu aqui, em Atenas [...] e você teve toda chance de ir embora, não foi por que não quiz" - ele diz assim, imagina as Leis agora conversando conosco, as Leis e não o Povo. Essa, digamos, fantasia que ele constroi, literáriamente, é as Leis conversando com Sócrates - "Então veja, a primeira lei que recai sobre você, que o prejudica, você agora resolve ir embora?" 1:24:00 - Para Sócrates, aquele ato de fugir da condenação seria um ato de inverdade de alguma maneira. Seria uma forma de fazer a separação entre o Logos e a coisa. 1:24:59 - Também é o conceito associado também ai nesse caso - embora é uma ideia mais platonica, maa esta ai em potência dentro dos diálogos socráticos - você tem a ideia do Nomos como equivalente ao Cosmos: a ideia portanto que há uma necessidade de você se submeter a regra do mundo. 1:29:07 - Portanto Sócrates sabe com toda a clareza que fugir com o Críton era uma maneira dele desprezar um pedaço da equação. Você despreza o mundo social, o componente coletivo, em funcão da salvação da sua própria terra [...] e veja, ele foi injustiçado [...] mas ser injustiçado as vezes é a regra do jogo. 1:30:51 - Logo o fato que você é injustiçado não significa que você deve se rebelar contra a justiça em si própria. 1:36:08 - Não há justiça perfeita! O fato que a justiça pode errar não significa que você deve despreza-la como um todo [...] mas você não condena inoscente todo dia, ao contrário, há um grau maior de acerto do que de erro. É isto que Sócrates esta querendo dizer para Críton, que a justiça humana é uma justiça que deve ser aceita com toda a submissão porque afinal de contas ela representa o final da sua vida que ao qual você deve e que você recebeu de presente de graça. 1:54:50 - Sócrates sabia que se ele salvasse a sua pele ele estaria se comportando como se comporta o escravo, que é o servo daquela época. Ele sabia que se aceitasse aquele destino, por mais que fosse cruel, ele estaria produzindo um fato que iria influênciar o resto da humanidade, o resto da história [...] essa é a razão pela qual Sócrates não pode aceitar a proposta de Críton. Para não ser incoerente com o próprio modo de pensar, para não ser incoerente com a sua própria doutrina (no sentido aqui, não no sentido de "doutrina estrita" mas no própruo conjunto de valores que ele tinha sobre a vida). 1:56:09 - Sócrates é a autêntica personificação da filosofia, ele é a filosofia em si própria. 1:58:04 - Por isto essa história de Críton é uma história de fundo moral. Então chegamos a conclusão central da obra é que na busca entre a identidade do logos e a coisa, e o Ser, a essa busca corresponde analogicamente uma busca entre a ação e a verdade.
*PAIDÉIA - A FORMAÇÃO DO HOMEM GREGO* Werner Jaeger 15:22 - A parte platônica dos diálogos não se restringe estruturalmente à teoria das idéias, até porque no final os diálogos mais longos, que é Leis e A República [...] diálogos do final da vida, e diálogos onde a teoria das idéias ja esta muito diminuida e esta muito menos importante [...] no final das teses dos diálogos a teoria das idéias é menos importante, embora ela tenha sido a transição entre [...] a obra socrática pura e a obra política no final porque no final das contas Platão tem uma obra de natureza política (no sentido nobre da palavra, no sentido grego). As Leis e A República são os dois livros que são o modelo político para o mundo, é um modelo de gestão da sociedade. Platão começa então acompanhando Sócrates naquilo que Sócrates tinha de único que era a idéia de recuperação da identidade do Logos com o Ser e termina a sua vida fazendo a mesma coisa, mas agora fazendo a identidade do Nomos com a Physis [...] no final da vida, no final do processo, Platão lida com uma outra identidade que é entre a lei, Nomos ("Nomos" é Lei em Grego) e a Physis, que é a natureza, que é a realidade. Portanto para Platão não se pode imaginar que o sistema de leis seja um sistema apenas de coveniencia [...] Platão acha na verdade que o cosmos e a humanidade são, digamos, são amigos um do outro, uma amizade entre os cosmo e a humanidade e essa amizade significa que a vida humana precisa de alguma maneira estar estruturada em torno do cosmos (das regras cósmicas). 18:50 - É isso que Werner Jaeger na Paidéia tenta ensinar sobre Platão.
*VIDAS E DOUTRINAS DOS FILÓSOFOS ILUSTRES* Diôgenes Laêrtios 20:05 - A carta n° 7 que é o único relato biográfico do Platão porque o que nós sabemos sobre a expressão antiga vem tudo lá do Diôgenes Laêrtios. Quando Diôgenes Laêrtios escreveu um livro muito interessante [...] chamado "a vida e as idéias dos grandes filósofos" [...] e existe uma tradução brasileira, traduzido pelo Mário da Gama Kury, que é assim inincontravel, editada pela UnB a uns vinte anos mais ou menos, mas você consegue comprar a edição espanhola. O problema do Diôgenes Laêrtios é que ele é um sujeito do século dois três depois de cristo, você esta falando de gente [Platão] que viveu quinhentos anos antes, imagina você fazer uma biografia do Pedro Alvarez Cabral [...] Portanto as fontes biográficas de Platão são todas muito fracas. A mais próxima - e apesar disso há polemica sobre se as cartas são legitimas ou não, a gente conjura que não, por varias razões, entre elas há citações muito formais em relação a Sócrates a quem Platão tavez devesse estar mais grato [...] é a carta N° 7
*A SABEDORIA DAS LEIS ETERNAS* Mario Ferreira dos Santos 30:33 - O que interesse é que isso que esta no mundo da segunda navegação [...] no mundo inteligivel, é o modelo para as coisas que estão embaixo, as coisas que estão embaixo no mundo sensível. Mas o problema desta idéia é que parecia que Platão havia resolvido criando uma unicidade, criando uma unidade geral de todas as coisas, mas quando você pensa bem você chega a seguinte pergunta... la no mundo inteligivel eu tenho la a "cachorridade", a "gatonidade" [...] eu não estou falando também do mundo dos muitos? também tem uma multiplicidade de essencias [...] então ainda não cheguei a unidade nenhuma. [...] por isto é necessário você supor [..] ideias não escritas, ensinamentis nãi escritos de Platão. Que Platão tinha ensinamentos não escritos disso você pode ter certeza absoluta, ou muito próxima da absoluta porque Aristóteles revela no capítulo 4 da Física. 51:31 - Aquilo que eu digo sempre, talvez a melhor de todas as aproximações, pelo menos das que existem, sobre o que Platão teria ensinado do mundo dos princípios é que esta no livro do Mario Ferreira dos Santos, A Sabedoria das Leis Eternas. Estas leis eternas é as que seriam, possivelmente, as leis que estabelecem os princípios que regem todas as coisas.
*TÓPICOS* Sobre *PAIDÉIA - A FORMAÇÃO DO HOMEM GREGO* de Werner Jaeger - 15:22 Sobre *VIDAS E DOUTRINAS DOS FILÓSOFOS ILUSTRES* de Diôgenes Laêrtios- 20:05 O problema da multiplicidade e os ensinamentos não escritos de Platão - 30:46 | 48:00 | 51:30 Sobre *A SABEDORIA DAS LEIS ETERNAS* de Mario Ferreira dos Santos - 51:30 Sobre o evolucionismo - 1:00:18 | 1:06:00
*EVOLUÇÃO* 1:07:31 - [...] da Evolução. Eles estão certos? ora há alguns aspectos que podem ser levados a sério, o que é difícil de acreditar é no transformismo. Transfirmismo é o pedaço da teoria da evolução que diz que um coelho vira um gambá! Você tem variações de um mesmo animal...
Aula fantástica. Mais curioso é notar que o Silvio Grimaldo estava lá. O cara está em todas. Só falta vê-lo nas aulas do Padre Paulo Ricardo e do Orlando Fedeli. 😂
1:44:00 Explanação sobre as castas (modelo da antropologia cultural, filosófica). "Os valores que estão imperando no mundo moderno são os das castas mais baixas". O que caracteriza a casta é o meio de ação sobre o mundo: a 4ª. casta é corporal, mundo do agora, do momento; a 3ª. é a dos bens, coisas do mundo: preocupa-se sobre o balanço anual: deu lucro?; a 2ª. envolve ação humana concreta, luta, por ex. o calendário político de 4 em 4 anos, e a 1ª. envolve a moral, em que o mundo transcende a própria existência. 2:09:40 Percurso da vida humana passeando pelas índoles de castas x vocação. "O esquema de castas é um dos mais úteis instrumentos de percepção sobre a realidade humana em torno de você."
A filosofia é uma tensão entre 2 forças: os primados das consciências pessoal e coletiva, as quais eventualmente entrarão em conflito, com solução que poderá ser dramática. Críton vê a situação apenas com sua alma sensitiva, mas Sócrates a vê também com sua alma racional: na Apologia, ele defende que o Logos tem de corresponder ao Ser: caso contrário - se ele abandonasse sua consciência pessoal, sacrificando-a no altar do coletivo - então não haveria filosofia; em Críton - como as ações associadas ao Logos também devem corresponder ao Ser -, ele vê que se desprezar o primado do coletivo em favor do individual (se fugir da prisão), ele tornaria a filosofia irrelevante.
Tive aulas de zoologia geral e o professor nos apresentou primeiramente os peixes sem mandíbula, e ao que todos os vestígios indicam, parecem ser os mais rudimentares. Após estes vêm os peixes com mandíbulas, ou seja, nossos ancestrais em comum há bilhões de anos. Os animais entendidos como mais recentes sempre possuem características herdadas ou vestígios dos animais entendidos como ancestrais mais antigos. Também tive aulas de sistemática vegetal onde aprendi que atualmente a classificação botânica segue o sistema APG que é baseado na filogenia. Portanto, há fundamento sim nas questões filogenéticas dos seres vivos. Terei que consultar meu material de estudos para discorrer melhor sobre o assunto, pois faz muitos anos que tive aquelas aulas.
Muito grato!
Meu Deus, que preciosidade. Obrigado pela postagem. O Brasil precisa de divulgações como está do professor Monir.
Este sim, é um intelectual de verdade. Obrigado PROFESSOR José Monir!
Não há palavras para agradecer pela disponibilização destes videos. Muito Obrigado!!!!!
Parabéns, Carlos e Laudelino, por esse trabalho fantástico de disponibilizar as aulas do Professor Monir Nasser.
2:23:40 Dicas para leitura de Fédon (que é o próximo a ser lido na ordem do Monir): é uma sinfonia em 4 movimentos:
1) defesa da morte pelo Sócrates (filosofia é uma preparação para a morte);
2) apresentação de uma tese (na qual ele está um pouco inseguro) sobre o destino do homem após a morte;
3) defesa de que o conhecimento é reminiscente, é alguma coisa que nós lembramos; que nós não podemos aprender de verdade. Assim, a morte seria uma bem-aventurança, pois seria a recuperação da lembrança plena;
4) descrição da morte de Sócrates.
É maravilhoso ficar escutando uma aula onde o mestre fica conversando com seus alunos, isso é aprender!
Que espetáculo!!! É indescritível a alegria e satisfação de, ainda hoje, aprender com o professor Monir. Essas aulas são de um valor inestimável. Muito obrigada ao canal.
O homem mais culto que já nasceu no Brasil! 🇧🇷💜
obrigado , Carlos Nadarim . pelo video
0:37 - O primeiro problema da filosofia platônica é que nós temos que aos pouquinhos adquirindo uma sensibilidade para diferenciar o pedaço socrático e o pedaço platônico.
1:58 - Há alguma, o que a gente chama de consenso dos estudiosos [...] por exemplo os diálogos da juventude de Platão, que são os diálogos socráticos. Críton é um diálogo socrático.
2:23 - Diálogo socrático quer dizer que é aporético, que ele ele não termina com uma solução do problema.
12:20 - Há ai diálogos que são claramente platônicos e que são claramente socráticos. E há um conjunto de diálogos, uma zona cinzenta, de modo que os estudiosos acabaram compreendendo Platão sempre em três períodos: (1) o período de juventude, inicial; (2) o período intermediário; e (3) período de maturidade.
13:11 - Nesse caso aqui, o Críton, que é o diálogo que nos vamos estudar hoje, ele é um dialogo de período inicial, da juventude de Platão.
14:05 - Até agora, os três diálogos que vocês leram (que é Eutífron, Apologia e Críton) são diálogos juntos, da mesma época. Agora, o Fédon irá romper isso, que é o proximo diálogo.
1:10:50 - Críton é um dos alunos de Sócrates, esta presente no julgamento e ai Sócrates não é morto instantaneamente, quer dizer, não é morto em seguida porque havia lá um interdito religioso.
1:16:37 - Ele fica mais ou menos um mês ainda vivo, mas sempre esperando que tudo isso iria acabar a partir do momento em que o barco voltasse. No entanto um belo dia, vai até a sua prisão um de seus alunos chamado Criton [chamando Sócrates para fugir].
1:17:31 - A execução seria no dia seguinte a chegada do barco.
1:17:38 - Um diálogo [...] em que Sócrates explica para Críton as razões pelas quais ele não pode fazer isto que Críton esta propondo.
1:18:34 - O dia final [...] é descrito no Fédon [...] ele é um dos grandes diálogos. Uma das nomenclaturas dos diálogos é "Grandes Diálogos". Quais são os grandes diálogos? são aqueles diálogos cuja densidade, cujo o conjunto tem uma relevância maior para a compreensão da obra platônica.
1:21:03 - Voltamos à velha questão: o Logos tem que corresponder ao Ser e se você considera que associado ao Logos há também ações, as acões devem corresponder ao Ser.
1:23:57 - O que ele esta dizendo para o Críton é que seria uma vergonha muito grande fugir porque as Leis vão dizer assim: "mas espera ai Sócrates, enquanto você viveu aqui, em Atenas [...] e você teve toda chance de ir embora, não foi por que não quiz" - ele diz assim, imagina as Leis agora conversando conosco, as Leis e não o Povo. Essa, digamos, fantasia que ele constroi, literáriamente, é as Leis conversando com Sócrates - "Então veja, a primeira lei que recai sobre você, que o prejudica, você agora resolve ir embora?"
1:24:00 - Para Sócrates, aquele ato de fugir da condenação seria um ato de inverdade de alguma maneira. Seria uma forma de fazer a separação entre o Logos e a coisa.
1:24:59 - Também é o conceito associado também ai nesse caso - embora é uma ideia mais platonica, maa esta ai em potência dentro dos diálogos socráticos - você tem a ideia do Nomos como equivalente ao Cosmos: a ideia portanto que há uma necessidade de você se submeter a regra do mundo.
1:29:07 - Portanto Sócrates sabe com toda a clareza que fugir com o Críton era uma maneira dele desprezar um pedaço da equação. Você despreza o mundo social, o componente coletivo, em funcão da salvação da sua própria terra [...] e veja, ele foi injustiçado [...] mas ser injustiçado as vezes é a regra do jogo.
1:30:51 - Logo o fato que você é injustiçado não significa que você deve se rebelar contra a justiça em si própria.
1:36:08 - Não há justiça perfeita! O fato que a justiça pode errar não significa que você deve despreza-la como um todo [...] mas você não condena inoscente todo dia, ao contrário, há um grau maior de acerto do que de erro. É isto que Sócrates esta querendo dizer para Críton, que a justiça humana é uma justiça que deve ser aceita com toda a submissão porque afinal de contas ela representa o final da sua vida que ao qual você deve e que você recebeu de presente de graça.
1:54:50 - Sócrates sabia que se ele salvasse a sua pele ele estaria se comportando como se comporta o escravo, que é o servo daquela época. Ele sabia que se aceitasse aquele destino, por mais que fosse cruel, ele estaria produzindo um fato que iria influênciar o resto da humanidade, o resto da história [...] essa é a razão pela qual Sócrates não pode aceitar a proposta de Críton. Para não ser incoerente com o próprio modo de pensar, para não ser incoerente com a sua própria doutrina (no sentido aqui, não no sentido de "doutrina estrita" mas no própruo conjunto de valores que ele tinha sobre a vida).
1:56:09 - Sócrates é a autêntica personificação da filosofia, ele é a filosofia em si própria.
1:58:04 - Por isto essa história de Críton é uma história de fundo moral. Então chegamos a conclusão central da obra é que na busca entre a identidade do logos e a coisa, e o Ser, a essa busca corresponde analogicamente uma busca entre a ação e a verdade.
*PAIDÉIA - A FORMAÇÃO DO HOMEM GREGO*
Werner Jaeger
15:22 - A parte platônica dos diálogos não se restringe estruturalmente à teoria das idéias, até porque no final os diálogos mais longos, que é Leis e A República [...] diálogos do final da vida, e diálogos onde a teoria das idéias ja esta muito diminuida e esta muito menos importante [...] no final das teses dos diálogos a teoria das idéias é menos importante, embora ela tenha sido a transição entre [...] a obra socrática pura e a obra política no final porque no final das contas Platão tem uma obra de natureza política (no sentido nobre da palavra, no sentido grego). As Leis e A República são os dois livros que são o modelo político para o mundo, é um modelo de gestão da sociedade.
Platão começa então acompanhando Sócrates naquilo que Sócrates tinha de único que era a idéia de recuperação da identidade do Logos com o Ser e termina a sua vida fazendo a mesma coisa, mas agora fazendo a identidade do Nomos com a Physis [...] no final da vida, no final do processo, Platão lida com uma outra identidade que é entre a lei, Nomos ("Nomos" é Lei em Grego) e a Physis, que é a natureza, que é a realidade.
Portanto para Platão não se pode imaginar que o sistema de leis seja um sistema apenas de coveniencia [...] Platão acha na verdade que o cosmos e a humanidade são, digamos, são amigos um do outro, uma amizade entre os cosmo e a humanidade e essa amizade significa que a vida humana precisa de alguma maneira estar estruturada em torno do cosmos (das regras cósmicas).
18:50 - É isso que Werner Jaeger na Paidéia tenta ensinar sobre Platão.
*VIDAS E DOUTRINAS DOS FILÓSOFOS ILUSTRES*
Diôgenes Laêrtios
20:05 - A carta n° 7 que é o único relato biográfico do Platão porque o que nós sabemos sobre a expressão antiga vem tudo lá do Diôgenes Laêrtios.
Quando Diôgenes Laêrtios escreveu um livro muito interessante [...] chamado "a vida e as idéias dos grandes filósofos" [...] e existe uma tradução brasileira, traduzido pelo Mário da Gama Kury, que é assim inincontravel, editada pela UnB a uns vinte anos mais ou menos, mas você consegue comprar a edição espanhola. O problema do Diôgenes Laêrtios é que ele é um sujeito do século dois três depois de cristo, você esta falando de gente [Platão] que viveu quinhentos anos antes, imagina você fazer uma biografia do Pedro Alvarez Cabral [...]
Portanto as fontes biográficas de Platão são todas muito fracas. A mais próxima - e apesar disso há polemica sobre se as cartas são legitimas ou não, a gente conjura que não, por varias razões, entre elas há citações muito formais em relação a Sócrates a quem Platão tavez devesse estar mais grato [...] é a carta N° 7
*A SABEDORIA DAS LEIS ETERNAS*
Mario Ferreira dos Santos
30:33 - O que interesse é que isso que esta no mundo da segunda navegação [...] no mundo inteligivel, é o modelo para as coisas que estão embaixo, as coisas que estão embaixo no mundo sensível. Mas o problema desta idéia é que parecia que Platão havia resolvido criando uma unicidade, criando uma unidade geral de todas as coisas, mas quando você pensa bem você chega a seguinte pergunta... la no mundo inteligivel eu tenho la a "cachorridade", a "gatonidade" [...] eu não estou falando também do mundo dos muitos? também tem uma multiplicidade de essencias [...] então ainda não cheguei a unidade nenhuma.
[...] por isto é necessário você supor [..] ideias não escritas, ensinamentis nãi escritos de Platão. Que Platão tinha ensinamentos não escritos disso você pode ter certeza absoluta, ou muito próxima da absoluta porque Aristóteles revela no capítulo 4 da Física.
51:31 - Aquilo que eu digo sempre, talvez a melhor de todas as aproximações, pelo menos das que existem, sobre o que Platão teria ensinado do mundo dos princípios é que esta no livro do Mario Ferreira dos Santos, A Sabedoria das Leis Eternas. Estas leis eternas é as que seriam, possivelmente, as leis que estabelecem os princípios que regem todas as coisas.
*TÓPICOS*
Sobre *PAIDÉIA - A FORMAÇÃO DO HOMEM GREGO* de Werner Jaeger - 15:22
Sobre *VIDAS E DOUTRINAS DOS FILÓSOFOS ILUSTRES* de Diôgenes Laêrtios- 20:05
O problema da multiplicidade e os ensinamentos não escritos de Platão - 30:46 | 48:00 | 51:30
Sobre *A SABEDORIA DAS LEIS ETERNAS* de Mario Ferreira dos Santos - 51:30
Sobre o evolucionismo - 1:00:18 | 1:06:00
*EVOLUÇÃO*
1:07:31 - [...] da Evolução. Eles estão certos? ora há alguns aspectos que podem ser levados a sério, o que é difícil de acreditar é no transformismo. Transfirmismo é o pedaço da teoria da evolução que diz que um coelho vira um gambá! Você tem variações de um mesmo animal...
Que aula incrível, este homem foi de outro nível!
Sem Palavras ....... maravilhoso !
Obrigado por dispor esse material.
Obrigado pela partilha!
Aula fantástica. Mais curioso é notar que o Silvio Grimaldo estava lá. O cara está em todas. Só falta vê-lo nas aulas do Padre Paulo Ricardo e do Orlando Fedeli. 😂
Faz muita falta e fez um grande trabalho.
Fantástico. Obrigado, o professor morreu muito cedo. Um grande mestre
Obrigado
1:44:00 Explanação sobre as castas (modelo da antropologia cultural, filosófica). "Os valores que estão imperando no mundo moderno são os das castas mais baixas".
O que caracteriza a casta é o meio de ação sobre o mundo: a 4ª. casta é corporal, mundo do agora, do momento; a 3ª. é a dos bens, coisas do mundo: preocupa-se sobre o balanço anual: deu lucro?; a 2ª. envolve ação humana concreta, luta, por ex. o calendário político de 4 em 4 anos, e a 1ª. envolve a moral, em que o mundo transcende a própria existência.
2:09:40 Percurso da vida humana passeando pelas índoles de castas x vocação.
"O esquema de castas é um dos mais úteis instrumentos de percepção sobre a realidade humana em torno de você."
A filosofia é uma tensão entre 2 forças: os primados das consciências pessoal e coletiva, as quais eventualmente entrarão em conflito, com solução que poderá ser dramática.
Críton vê a situação apenas com sua alma sensitiva, mas Sócrates a vê também com sua alma racional: na Apologia, ele defende que o Logos tem de corresponder ao Ser: caso contrário - se ele abandonasse sua consciência pessoal, sacrificando-a no altar do coletivo - então não haveria filosofia; em Críton - como as ações associadas ao Logos também devem corresponder ao Ser -, ele vê que se desprezar o primado do coletivo em favor do individual (se fugir da prisão), ele tornaria a filosofia irrelevante.
Quando saem os próximos vídeos?
Tive aulas de zoologia geral e o professor nos apresentou primeiramente os peixes sem mandíbula, e ao que todos os vestígios indicam, parecem ser os mais rudimentares. Após estes vêm os peixes com mandíbulas, ou seja, nossos ancestrais em comum há bilhões de anos. Os animais entendidos como mais recentes sempre possuem características herdadas ou vestígios dos animais entendidos como ancestrais mais antigos. Também tive aulas de sistemática vegetal onde aprendi que atualmente a classificação botânica segue o sistema APG que é baseado na filogenia. Portanto, há fundamento sim nas questões filogenéticas dos seres vivos.
Terei que consultar meu material de estudos para discorrer melhor sobre o assunto, pois faz muitos anos que tive aquelas aulas.
Muitos anúncios e propagandas no vídeo! Uma pena quererem monetizar o vídeo em prejuízo da exposição do Monir Nasser.