Leitura do livro IMPRESSÕES DA EUROPA Nilo Peçanha

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  • Опубліковано 5 вер 2024
  • Nilo Procópio Peçanha foi presidente do Brasil entre os anos de 1909 e 1910.
    Nasceu em 1867 e faleceu em 1924, há 100 anos.
    Fez os estudos preliminares em sua cidade, no Colégio Pedro II. Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo e depois na Faculdade do Recife, onde se formou.
    Neste vídeo faço a leitura da parte inicial de seu livro: IMPRESSÕES DA EUROPA.
    Peço desculpas pelos erros de leitura porque o livro está escrito em português do início do século passado.
    Impressões da Europa (Suíça, Itália, Espanha)
    bibliotecavirt...
    "O pensamento moderno penetrou na Suíça até o coração das montanhas mais inacessíveis. Fundam-se escolas profissionais por toda parte. Nas universidades mais adiantadas, como as de Zurique e de Friburgo, vi cursos de comércio. Nesta república cuida-se, como em todos os países, de fazer a máquina, é certo, mas talvez em nenhum outro lugar cuide-se tanto de criar e de educar o homem.
    Os institutos técnicos que ali existem exprimem a reação contra a extensão do princípio da divisão do trabalho, que estabeleceu duas classes distintas: a dos intelectuais e a dos trabalhadores, o que vale a dizer, a escravidão de uma pela outra.
    Como se esse desprezo pelo trabalho manual, que é a verdadeira disciplina do homem, e essa injustiça, muitas vezes secular, que vem mutilando a consciência do maior número e caracterizando a nossa civilização feita de egoísmo e de sensualidade, e que deu a uns o monopólio do pensamento, tão odiosos e tão absurdo, como seria o da luz, do ar, da respiração, e a outros impôs a servidão, a ignorância e os duros encargos da vida, pudesse corresponder aos nobres destinos morais e intelectuais do homem.
    Esse prejuízo das aristocracias, relegando às classes trabalhadoras o comércio, as indústrias e a agricultura, dividiu a sociedade em dois campos inimigos, apaixonou o mundo e pôs em sobressalto toda a sociedade europeia.
    Uns saem das academias cheios de uma larga instrução teórica, mas sem o espírito das iniciativas práticas, incapazes de no dia seguinte serem úteis a si próprios, à sociedade e ao país, disputam as colocações na burocracia.
    Os Outros, aos quais os poderes públicos negaram a instrução e aviltaram o trabalho, na ilusão e no erro de que as distinções da riqueza, da inteligência e da virtude, aliás fatais e necessárias, são um atentado e um crime, exageram as reivindicações ambicionadas, combatem o direito à propriedade, as leis regulares de governo e até o sentimento de ideia de pátria.
    Só o ensino profissional, entretanto, emancipa o homem e equilibra a sociedade.
    Hoje, é certo, ainda se desdenha dele e em muitas nações, onde a emprego mania é uma enfermidade nacional, se o exclui da educação das classes ricas e até das chamadas classes remediadas ou independentes, como se a humanidade não tivesse sido talvez mais feliz quando os homens da ciência conheciam o trabalho manual, e Galileu fazia o telescópio com suas próprias mãos, Newton desde a sua infância usava ferramentas que tanto contribuíram para o êxito de suas descobertas,
    Leibnitz uma série de máquinas, sem prejuízo de suas pesquisas filosóficas ou matemáticas.
    E finalmente, como se fosse possível contestar que aos filhos do ensino profissional, muito mais que os sábios da atualidade, devem às grandes indústrias a perfeição dos seus motores e a sociedade e a riqueza pública a maravilha de invenções geniais.
    É sabido que essas invenções precedem sempre a descoberta de leis científicas. Não foi a teoria mecânica do calor, documenta Kraphotkine, que antecedeu à invenção da máquina; ao contrário, ela veio posteriormente.
    Já milhares de máquinas transformavam o calor em movimento quando meio século depois, os doutores de gabinete formularam a teoria dinâmica correspondente.
    No mundo inteiro, a indústria já transformava o movimento em som, em luz, em eletricidade quando apareceu a teoria de Grover sobre a correlação de forças físicas.
    Não saíam das academias os inventores da locomotiva, do navio, do telégrafo, do telefone, do farol, da fotografia em negro e em cores e de centenas de outras invenções, em que seus autores, humildes representantes do trabalho manual e verdadeiros criadores da civilização moderna, sabiam fazer uma coisa que os sábios de hoje ignoram: servirem-se das suas próprias mãos.
    A Suíça multiplica suas escolas profissionais e nelas alinha educação científica e educação manual. O ponto de vista de sua organização é que a educação integral de amanhã possa substituir a educação especializada dos nossos dias.
    O que ela conseguiu fazer no interesse da ciência e da indústria tanto quanto no interesse da comunidade foi que todo ser humano, sem distinção de nascimento ou de condição, recebesse uma educação prática.
    Se quando exerci a presidência da República já conhecesse a extensão dos seus resultados, ao invés de vinte institutos profissionais que fundei nas capitais dos estados teria certamente criado duzentas…"

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