Não sinto orgulho nenhum por ser cego
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- Опубліковано 17 вер 2024
- Em um evento realizado entre os dias 10 e 12 de julho de 2023, a Organização Nacional de Cegos do Brasil tentou embutir em nossas cabeças que um grande passo para a união dos cegos é sentirmos orgulho de nossa "Cegalidade". Eu e algumas outras pessoas discordamos veementemente disso, houve um debate, a palavra "cegalidade" foi suprimida mas o orgulho prevaleceu. E é disso que eu falo nesse vídeo. O mundo é lindo. A natureza é linda. Pessoas são lindas. E a gente não vê. Estamos privados de muita coisa.
Em resposta ao texto entitulado "Orgulho: autoafirmação das pessoas cegas e com baixa visão", escrito pelo pseudocomunicador Agnaldo Borcath, tenho o seguinte a dizer:
Antes de mais nada, ele se refere diretamente a mim como pretenso influencer e youtuber de ocasião. Curioso é constatar como um canal de um pretenso influencer tem mais inscritos e visualizações do que o próprio canal da ONCB, que defende o orgulho cego. Mas, vaidades a parte, vamos ao restante da carta.
Eis a questão: é pertinente se afirmar coletivamente um orgulho de se ser cego?
R. Considerando o que diz o próprio Borcath, a palavra "orgulho" tem uma dezena de significados, inclusive o da soberba. Nesse sentido, fica muito difícil compreender como é que essa palavra pode ser encaixada na deficiência.
Antes de tudo, vale lembrar que a Organização Nacional de Cegos do Brasil se diz representante de todas as pessoas cegas do Brasil, embora aceite apenas entidades no seu quadro de afiliadas. Nesse sentido, as afirmações, ao meu sentir, deveriam ser muito mais zelosas e cuidadosas, já que se fala, em tese, em nome de todos os cegos e baixa visão Brasileiros. E se existe uma grande parcela da população cega que já se manifestou online no sentido de que não sente orgulho nenhum de pertencer a esse coletivo, seja por todos os motivos que foi abordado, a ONCB deveria abrir uma consulta pública no coletivo para verificar o que a comunidade pensa, e não se reduzir essa discussão a um mero grupo de 50 pessoas que votou no momento da proposta.
Não tenho orgulho de ser cego justamente porque, na perspectiva filosófica da autoestima, a pessoa cega deve ter um sentimento de aceitação, de enfrentamento de barreiras, de reivindicações, mas JAMAIS de orgulho de ser cego.
Lamento muitíssimo que um funcionário da rádio ONCB prefira defender seu ponto de vista atacando uma pessoa específica, quando eu não ataquei o Beto, por exemplo, que tentou cunhar o termo "cegalidade", bem como não ataquei o GT que criou essa expressão do "orgulho cego" na carta. Me posicionei contra, sim, uma entidade, que deliberou internamente e adotou essa expressão em nome de todos os cegos do Brasil. Então, se você que me lê agora é cego e não tem orgulho disso, fique atento. A ONCB está afirmando em seu nome algo contrário ao que você pensa. Manifeste-se.
Jamais podemos dizer que é possível afirmar coletivamente que podemos sentir orgulho de ser cego, vez que tantas pessoas, seja no vídeo que produzi, seja em grupos de WhatsApp ou em redes sociais, já demonstraram sua insatisfação com esse pensamento, alguns até de forma veemente. Orgulho nem sempre tem a ver com dignidade humana. Tem a ver com o fato de sentir-se bem, feliz, contente, alegre, radiante com aquela condição, qual seja, ter cegueira ou baixa visão. Isso te causa algum contentamento?
Não é exautando um inexistente orgulho que vamos combater o capacitismo e o preconceito. Estes devem ser combatidos com informação, com legislação, com os métodos que já utilizamos há tempos para tal finalidade. Orgulhar-se de sua existência não perpassa pela caraacterística de não enchergar, mas pelo que cada indivíduo faz com isso ao longo de sua vida.
E quanto à alegada falta de união da classe de pessoas cegas e com baixa visão? Atribuo a isso as vaidades e egos que existem no coração daqueles que exercem a liderança dos nossos movimentos sociais. São pessoas cegas que já enfrentaram, como cada um de nós, uma grande sorte de preconceitos e capacitismos, agora ocupando uma posição de destaque não conseguem se equilibrar entre um extremo ou outro.
Eu estive dentro da ONCB em diversas gestões justamente com a ideia de que só é possível mudar algo, estando dentro das discussões. Acredito que o Borcath deveria conhecer Daniel Monteiro, Wagner Maia, Naziberto Lopes, Bebeto Pires e outras personalidades do "mundo cegal" antes de afirmar que eu sou o principal causador dessa desunião.
Cordialmente,
Diniz, Um youtuber de ocasião.
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Diniz, como sempre você procura explanar com clareza as questões das pessoas com deficiência visual. Você tem razão quando diz que a nossa classe é desunida. penso que muitas pessoas com deficiência visual são acomodadas demais, o que enviabiliza nossa luta. Por outro lado há aqueles que são individualistas, parecem que se esquecem que a luta é de todos. Mas eu também não tem orgulho de ser deficiênte visual. As barreiras são muitas como Diniz já citou e pouca coisa tem sido feita. Na maioria das vezes, me sinto de mãos atadas, porque é triste afirmar isto, mas não posso deixar de dizer ainda hoje tem pessoas com deficiência visual acomodadas e o pouco que está sendo feito já está bom.
Olá Diniz sábias palavras, orgulho de ser cego, não pois só nós cegos sabemos como a sociedade por aí afora é preconceituoso, eu trabalho na prefeitura servidor, e sinto preconceito muito grande não por todos mas por muitos. A minha grande felicidade é que as com deficiência visual se unissem em prol a uma causa só. Assim como todas as outras deficiências se unem para uma causa só.
Oi, Alex. Também sou servidor e conheço as agruras vivenciadas no dia-a-dia. Os rumos que um movimento toma muito me entristessem. Obrigado pelo seu comentário.
Enquanto se discute criação ou não de uma palavra e orgulho ou não orgulho, estamos em meio a uma reforma tributária. Quem está lutando para termos isenção de impostos na hora de comprar tecnologias assistivas? Acho que isso seria um tema muito mais importante. Não vamos esquecer também, da avaliação biopsicosocial, que não vem sendo aplicada da forma correta e ninguém discute isso. A ONCB continuar cumprindo o seu papel de sempre. Desviar o foco do que realmente é importante, afim de atender aos interesses exclusivos das instituições.
Concordo plenament
Cara... Tô contigo e não abro. Só ouvi verdades
Sentir orgulho de ser SIGAA lidad
Criar neologismos e impor um orgulho ilusório a quem tem uma limitação que é um detalhe, aliás, eu diria que é uma peculiaridade que cada um de nós encaramos de uma forma! Isso é típico de quem milita por interesse próprio! Não defendo o vitimismo e muito menos essa ideia de classe, mas, que possamos ter orgulho de quem somos e não de uma condição que, por mais bem resolvidos que sejamos, Em muitos momentos, nos limita sim! Parabéns pela reflexão amigo, forte abraço!
Também concordo com você meu amigo se orgulhar de ser cego não só tenho que superar as limitações mas se eu pudesse escolher entre enxerga e não enxerga escolheria enxergar
Eu tenho muito orgulho de quem sou. Acho que temos de levantar essa bandeira, sim, e mostrar que merecemos respeito. Além disso, precisamos nos unir pra valer para derrubar as barreiras que você se refere.. Abraço
O problema é que a gestão atual da ONCB é contra a interseccionalidade. Sozinhos, somos muito mais fracos.
Concordo com vc Deniz, eu sou bem resolvida com a baixa visão, com a qual caminho tem muito tempo, maus daí a ter orgulho, isso não.
Parabéns Diniz concordo com você com tudo que você falou
Boa tarde, eu concordo plenamente com você pois eu também não tenho orgulho de não enchergar 😢
vocês são incríveis falou tudo
Concordo plenamente que ver a ONCB negligenciando o debate construtivo acerca de temas tão importantes na atualidade como a reforma tributária e a aplicação da avaliação biopsicossocial em detrimento de terminologias tão irrelevantes e que, quase nada, contribuiriam positivamente com melhores condições para nossa classe, é verdadeiramente uma vergonha.
Cegalidade
em quase 20 anos de cego, ainda não sei pra que serve essa tal OMCB!
Eventos para tirar foco do que realmente importa para o cego. porém, não se esperaria nada diferente, eles não trabalham para o cego, pelo menos não pra mim... Reforma tributária, avaliação bio psico social, e outros mais, são temas muito mais importantes e relevantes para serem discutidos, e que mereceriam muito mais atenção.
O problema, como relatou no vídeo, é desunião. Se um cego é bem resolvido, a maioria dos outros não tira isso como impulso para ser também, apenas inveja e atribui suas conquistas à sorte ou a qualquer outra coisa, que não o seu esforço.
Oi, Diniz. Dentro do movimento autista, também existe a palavra orgulho. Aliás, o dia do orgulho autista é dia 18 de junho. Existem pessoas que demonstram orgulho das mais variadas formas, assim como também existem aquelas que não concordam com este termo. A minha forma de dizer que tenho orgulho de ser autista é dizer que não tenho vergonha. Ou pelo menos, procuro não ter. Acho que se ter orgulho de ser cega é procurar eliminar a vergonha, então tudo bem, eu tenho orgulho. O que você pensa sobre orgulho como antônimo de vergonha? Acha que funciona pra você?
Oi, Andressa! Antes de mais nada, obrigado pelos esclarecimentos. Foi aventado la no evento a questão do orgulho autista, mas a pessoa não tinha muitos conhecimentos para compartilhar. Para mim, um bom antônimo de vergonha, nesse caso, é a aceitação. Até onde sei, o espectro autista pode trazer benefícios também, como inteligência acima da média, por exemplo. Me corrija se eu estiver errado. Mas me parece maravilhoso orgulhar-se de ter habilidades que a maioria das pessoas não tem. Já a cegueira não traz benefício algum, pelo contrário. Por fim, saiba que admiro muito sua postura, seu trabalho e seus posicionamentos.
Bem, existem pessoas autistas que tem habilidades grandes, as vezes muito grandes, em certas áreas. Algumas tem até mais do que em uma única área. Mas existem também aquelas com alto grau de necessidade de suporte. Entre meu círculo de amigos de pessoas autistas, é comum no entanto o incentivo ao orgulho independente do nível de suporte. Como eu disse, cada um expressa o orgulho de alguma forma, o que significa que alguns também espalham esse orgulho de forma a dizer, por exemplo, que não mudariam suas condições de autistas e que o mundo precisa de pessoas autistas. Não sei se eu penso as coisas dessa maneira, acho que não. Mas acho importante levantar a bandeira da aceitação, trabalhar nela, coisas assim. Enfim. Nunca trouxe essa questão para discutir com outra pessoa cega, mas achei que foi produtivo conversar com você.
Concordo plenamente contigo, Diniz. A left militancy tem essa ânsia por um alinhamento ridículo e infrutífero com uma narrativa dita moderna. Perde-se a capacidade crítica de entendimento e de posicionamento simples e real ao que nossa classe realmente necessita.
Gestão após gestão, desde o comecinho da
Oncbpereira, O Diniz sempre esteve em alguma das equipes. Porque agora passa a criticar?
Minhas críticas não são de agora, Daniel. Pedi pra sair da entidade em 2021, justamente por não concordar com esses rumos todos e estive apenas assistindo o evento, sem nenhum vínculo.
@@MundoCegal alguém tem ideia de quais são os critérios para selecionar as pessoas que participam desses eventos financiados com recursos públicos?
@@danielmonteiro8283 não rolou recurso público. O evento aconteceu com a parceria do Hospital Albert Einstein, do projeto ágora, do Instituto Paulus e da Fundação dor Ina. Agora sobre quais são os critérios para definir quem vai participar, eu não faço a menor ideia.
Por que raios e trovões só participar desse negócio quem os caras querem, pra concordar com tudo que eles falam?
Ninguém escolhe se vai enxergar ou não; mas, pode decidir o que fazer com essa situação apesar de todas essas barreiras e desconfortos que ninguém pode negar. Quanto a oncbeto, não pode cobrar união de ninguém, nem institucional nem muito menos pessoalmente
Quanto a mim, antes que seja perguntado, não reconheço hoje a organização em que eu mesmo trabalhei alguns anos atrás
aaaa meu Deus do céu. Depois do orgulho LGBT, orgulho autista, agora vem o orgulho cego? Kkkk esses militantes tem merda na cabeça, falo mesmo. Eu mesmo não tenho orgulho nenhum de ser cego. Tenho orgulho de ser quem eu sou. E já ouvi essa mesma frase de um gay, por isso temos de nos orgulhar de ser quem somos, e não das diferenças, isso é. Na minha opinião quem tem orgulho de ser gay, autista, cego, ou seja a minoria qual for, quer colocar suas diferenças acima do seu potencial, da pessoa que ele ou ela é, e isso é ridículo.
Em um evento realizado entre os dias 10 e 12 de julho de 2023, a Organização Nacional de Cegos do Brasil tentou nos convencer que um grande passo para a união dos cegos é sentirmos orgulho de nossa cegueira. O que você acha disso? Acesse o link a seguir, entenda melhor o caso e opine!
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Ademais, a mesma não representa ninguém; nenhuma pessoa, pois só podem tomar parte aquelas com personalidade jurídica…