Tão angustiante quanto se reconhecer neste poema é se dar conta que não tem ninguém com quem eu possa compartilhar, tanto o poema, quanto o sentimento.
Imagino o que se passou na mente de Fernando Pessoa ao produzir essa obra genuína, a subjetividade filosófica potencializa os sentidos metafísicos, amplificando sua perspectiva e genialidade ao indefinido.
Não importa as diversas maneiras em que esse texto for editado ou compreendido no youtube, toda vez que eu ouvir esse poema, estarei aqui para dar LIKE. Parabéns pelo som e imagens apocalípticas.
Uma das partes que mais me toca é esse trecho: "Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. " Isso é de partir o coração. Realmente vivemos em uma sociedade de poetas mortos.
14 pessoas COM CERTEZA não entenderam. Lindo demais! Poema inacreditável de Fernando Pessoa numa interpretação impecável e imortal de Abujamra. Nosso querido e falecido Abu.
Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa. Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Gênio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu, E a história não marcará, quem sabe?, nem um, Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Não, não creio em mim. Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim... Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando? Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas - Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -, E quem sabe se realizáveis, Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente? O mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; Serei sempre só o que tinha qualidades; Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, E ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo, E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível. Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, Nobre ao menos no gesto largo com que atiro A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas, E fico em casa sem camisa. (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas, Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê - Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! Meu coração é um balde despejado. Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco A mim mesmo e não encontro nada. Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, Vejo os cães que também existem, E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente Fiz de mim o que não soube E o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime. Essência musical dos meus versos inúteis, Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse, E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, Calcando aos pés a consciência de estar existindo, Como um tapete em que um bêbado tropeça Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta. Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada E com o desconforto da alma mal-entendendo. Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos. A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também. Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, E a língua em que foram escritos os versos. Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra, Sempre o impossível tão estúpido como o real, Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?) E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. Semiergo-me enérgico, convencido, humano, E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. Sigo o fumo como uma rota própria, E gozo, num momento sensitivo e competente, A libertação de todas as especulações E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela. O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica. (O Dono da Tabacaria chegou à porta.) Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu
Acho que pela primeira vez na vida senti orgulho de ser brasileiro. Só tendo nascido nessa desgraça de país, para ter o entendimento necessário do português brasileiro, para poder contemplar essa obra de arte em toda sua plenitude. E que interpretação primorosa do Abujamra.
Fernando Pessoa declamado assim é impossível deixar de ouvir até o fim. Eu me sinto humilde para tecer qualquer comentário: apenas aprecio a genialidade.
Sempre que começo a ouvir declamações durante o período do trabalho, eu assisto a declamação de Tabacaria com Abujamra ai, ouço outros, ai volto a Tabacaria e outro e Tabacaria e assim segue sucessivamente... Ele deu tanta vida a Tabacaria, do Álvaro que eu me sinto no dilema de estar defronte a Tabacaria. Acredito eu, ter visto a todos vídeos postados dessa declamação. Obrigado Saudoso Abujamra por ter declamado-o por completo antes que nos deixasse.
a existência e sua poesia!!! Fenomenal, ao ouvir sinto que é um poema que não foi feito para ser apenas compreendido e interpretado, mas sentido, experimentado!!!
Magníficos, Pessoa e Abu!!! Que maravilha, o LIVRO DO DESASSOSSEGO é um dos meus de cabeceira. Os poemas de Pessoa são como uma sessão de terapia, nos põe a repensar, repensar, repensar...
"Escravos cardíacos das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama, Mas acordamos ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a via láctea e o indefinido..." Simplesmente magnífico!!!
Essa poema é a única coisa que me acalma. Sempre que eu tenho crises de ansiedade, ou que me sinto mal, eu volto pra esse poema; a interpretação de Abujamra dessa obra prima é a única coisa que sempre me toca de jeitos diferentes e em partes diferentes do poema, sempre por mim quem está lá não é minha mãe, meus amigos, ou o resto da família, mas sim, Fernando Pessoa
"Não sou nada...nunca serei nada...e tantos sonhos...! Falhei em tudo! ". Grande Fernando Pessoa, conhecedor da alma humana. Grande Abujamra. Todo meu respeito! Consagro a mim o meu desprezo...invoco a mim e não vejo nada. Tudo q tenho é CANSAÇO ! Outro poema maravilhoso! Bravo!!!! Fernando Pessoa, para sempre! Obrigada !
(...) " Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido." (...)
sempre fui de ver o outro link desse vídeo, sem música de fundo. Mesmo amando música mais que tudo na vida, me peguei surpreso pela diferença enorme que fez na sensação transmitida, o fato de ter música de fundo.
Rafael P. Maia chegara um ponto em q ela desaparecerá junto com a rua, a tabacaria e o mundo onde isso ocorreu. Eu morrerei vc morrerá... "Ah fútil sombra chamada gente. Tu não fazes falta nenhuma" (essa é de outro poema excepcional do Pessoa q da uma surra em vc mesmo...)
Resposta à Tabacaria Olho pela janela e vejo o mesmo cenário, Mas hoje a luz parece ter outro sabor. Se antes me perdia em sonhos e imaginário, Agora abraço o simples, encontro-me no amor. A tabacaria ainda está lá, intacta, Com sua porta aberta para a rua movimentada. Mas já não me perco na angústia que me ataca, Aceito a vida como é, serena ou atribulada. Se tudo foi em vão, se nada fez sentido, Que seja assim, não busco mais razão. Encontro paz no instante vivido, No pulsar discreto do meu próprio coração. Não sou mais fragmento, sou inteiro, Parte deste mundo que continua a girar. Deixo para trás o peso do meu devaneio, E caminho adiante, disposto a aceitar.
Essa é a verdade nua e crua do mundo atual..: não dos primórdios mas sim desse crescimento desordenado que vivemos é incompreensível…. Ele só é compreensível porque o poema na sua profundidade consegue nos colocar na nossa simplicidade mas nem todos vão compreender… apenas poucos , isso que nos torna incrível, somos diferentes
Toda vez que não estou muito bem, eu ouço esse poema, e todas as vezes é como se a minha vida toda passa-se por mim e de fundo Abujamrra declamando de forma magistral.
Este é um dos mais belos poemas que já li. Fernando Pessoa, talvez o maior poeta da nossa era, tão eloquentemente recitado por Abujamra! Bravo! " Tenho em mim todos os sonhos do mundo"
O melhor para dar vida ao que há de mais magnífico. Me faz sentir saudade de quem tem qualidade em minha vida. Não desconsiderando alguns, mas preciso!
A vida é uma viagem. Nos meus 44 anos de existência percebo o tempo e espaço interagindo no processo existêncial. Conheci fragmentos da filosofia, da psicologia, sociologia... e não consegui definir o quê é a vida! Amei muito, odiei também. Ponto final Na verdade sou um eterno aprendiz, sem dúvidas!
O poema mais extraordinário que a mente humana foi capaz de conceber.
Impressionante...
Gênio
Concordo
Concordo
Tão angustiante quanto se reconhecer neste poema é se dar conta que não tem ninguém com quem eu possa compartilhar, tanto o poema, quanto o sentimento.
Sempre há. Perdido em algum lugar.
Lembre-se ... a metafísica é uma conciencia de se estar mau disposto.
Além disso, é possível fazer a realidade de tudo isso sem nada disso.
È melhor para essas pessoas que não o faça, o entendimento desse poema leva a muitas coisas mas nunca a felicidade.
Você não está só.
Coma chocolate! Coma chocolate!📚LEIA .TUDO PASSA. 😔
Esse é de longe ,longe,longe,longe, muito longe, mas muito longe mesmo o melhor programa já produzido na televisão brasileira.
assistia todos , reassisti todos .... uma aula , COM ABUJAMRA , CLARO!
Admito! Eis um fato.
Quando a TV respirava.
Imagino o que se passou na mente de Fernando Pessoa ao produzir essa obra genuína, a subjetividade filosófica potencializa os sentidos metafísicos, amplificando sua perspectiva e genialidade ao indefinido.
Indescritível! Quanta falta fazem os dois, o poeta e o intérprete! Magnífico!
Saudades!!
Alan Carlos Silveira P
Não importa as diversas maneiras em que esse texto for editado ou compreendido no youtube, toda vez que eu ouvir esse poema, estarei aqui para dar LIKE.
Parabéns pelo som e imagens apocalípticas.
Insistentemente, tortuosamente profundo, é frio, é triste e é, também, esplêndido.
Acho que não há nem mais palavras pra acrescentar...
Obra-prima!
Esse poema é quase como uma cura! e na voz do grandioso Abujamra... é um presente da natureza! saudades dessa oratória...
Eduardo duque perfeito
Esse é o maior poema da língua portuguesa , nós vaz ir a realidade ,com um soco no estômago. Como toda a grande arte Vaz.
Uma das partes que mais me toca é esse trecho:
"Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra. "
Isso é de partir o coração. Realmente vivemos em uma sociedade de poetas mortos.
Mortos... todos mortos... eles... eu... você... nós... todos... todos mortos...
@@WalneySP SOMOS UM CADÁVER ADIADO , PESSOA.
14 pessoas COM CERTEZA não entenderam.
Lindo demais! Poema inacreditável de Fernando Pessoa numa interpretação impecável e imortal de Abujamra. Nosso querido e falecido Abu.
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu
Genial
Impressionante...
Obrigada por postar
Gratidão
"Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade"
Se Fernando Pessoa pudesse ouvir Abujamra declamando seu poema, entenderia na hora que o escreveu para Abujamra o declamar.
Acho que pela primeira vez na vida senti orgulho de ser brasileiro. Só tendo nascido nessa desgraça de país, para ter o entendimento necessário do português brasileiro, para poder contemplar essa obra de arte em toda sua plenitude. E que interpretação primorosa do Abujamra.
Só que quem escreveu esse poema foi um português. Pode voltar a ter vergonha de ser brasileiro kkkk
" Como quem pensou e achou e esqueceu" sou eu!
Houve um jornalista cultural de um jornal francês (Libaration) que não teve problema em afirmar que foi o texto mais bem escrito que já havia lido!!!
Fernando Pessoa declamado assim é impossível deixar de ouvir até o fim. Eu me sinto humilde para tecer qualquer comentário: apenas aprecio a genialidade.
Sempre que começo a ouvir declamações durante o período do trabalho, eu assisto a declamação de Tabacaria com Abujamra ai, ouço outros, ai volto a Tabacaria e outro e Tabacaria e assim segue sucessivamente... Ele deu tanta vida a Tabacaria, do Álvaro que eu me sinto no dilema de estar defronte a Tabacaria. Acredito eu, ter visto a todos vídeos postados dessa declamação. Obrigado Saudoso Abujamra por ter declamado-o por completo antes que nos deixasse.
Que lucidez a dele..
Que lucidez a dele..
Que lucidez a dele..
Henrique silva
Incrivelmente , já me senti varias vezes e ainda sinto , também .... de fronte a tabacaria !!!!
Comentário excelente
a existência e sua poesia!!! Fenomenal, ao ouvir sinto que é um poema que não foi feito para ser apenas compreendido e interpretado, mas sentido, experimentado!!!
Marjorie Vieira Esse cala fundo na alma de qualquer humano. É um poema intemporal, magnífico. Atinge vc de uma só vez sem rodeios.
Magníficos, Pessoa e Abu!!! Que maravilha, o LIVRO DO DESASSOSSEGO é um dos meus de cabeceira. Os poemas de Pessoa são como uma sessão de terapia, nos põe a repensar, repensar, repensar...
Ah Abú! Ah, Pessoa. Gratidão ao universo por tamanha beleza
Faz uma falta imensa...
muita
gratidão
Fernando Pessoa é o Rei da Poesia. Essa ele fez pra mim!
"Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama,
Mas acordamos ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a via láctea e o indefinido..."
Simplesmente magnífico!!!
Quee ISSO!!
Outra dimensão...
Sou da TERRA...♥️
🎈🎈🎈" COME PEQUENA SUJA...
Essa poema é a única coisa que me acalma. Sempre que eu tenho crises de ansiedade, ou que me sinto mal, eu volto pra esse poema; a interpretação de Abujamra dessa obra prima é a única coisa que sempre me toca de jeitos diferentes e em partes diferentes do poema, sempre por mim quem está lá não é minha mãe, meus amigos, ou o resto da família, mas sim, Fernando Pessoa
"Não sou nada...nunca serei nada...e tantos sonhos...! Falhei em tudo! ". Grande Fernando Pessoa, conhecedor da alma humana. Grande Abujamra. Todo meu respeito! Consagro a mim o meu desprezo...invoco a mim e não vejo nada. Tudo q tenho é CANSAÇO ! Outro poema maravilhoso! Bravo!!!! Fernando Pessoa, para sempre! Obrigada !
Como eu amo esse poema. Dois mestres Hans Zimmermann e Antônio Abujamra. Já esse vídeo mais de 50 vezes
Já ouvi umas 100 vezes ESTE poema, quando quero me humanizar .
Que a natureza te guarde! E que sua imagem, voz e trajetória seja eternamente lembrada! Grande vídeo amigo! Fez minha alma se arrepiar
"serei sempre só o que tinha qualidades, que esperou que abrissem a porta ao pé de uma parede sem portas"
trágico... mais reflete tantas realidades...
(...) " Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido." (...)
Um dos momentos mais grandiosos da televisão brasileira. Interpretação majestosa e digna do poema. Abujamra faz falta.
Toda vez q assisto esse poema o arrepio é diferente
mds.. como eu amo isso! O fato de me jogar na cara minha insignificância. .. e o que dizer dessa interpretação?
sempre fui de ver o outro link desse vídeo, sem música de fundo. Mesmo amando música mais que tudo na vida, me peguei surpreso pela diferença enorme que fez na sensação transmitida, o fato de ter música de fundo.
Sorte a nossa ter alguem magnifico como Abujanra pra dar vida a essa obra prima.
Que lindo poema!
Interpretação maravilhosa!
2 gênios, Fernando Pessoa e Abujamra.
o melhor de todos os tempos... amo
Só consigo chorar ao ouvir..
Ana Beatriz a janela ainda existe numa rua esquecida de Lisboa...
Ana Beatriz mas o dono da tabacaria sorri (entendedores entenderam).
Rafael P. Maia chegara um ponto em q ela desaparecerá junto com a rua, a tabacaria e o mundo onde isso ocorreu. Eu morrerei vc morrerá... "Ah fútil sombra chamada gente. Tu não fazes falta nenhuma" (essa é de outro poema excepcional do Pessoa q da uma surra em vc mesmo...)
Enquanto puder, fumarei, e verei atento a fumaça seguindo o seu curso sem rumo
Continue chorando, a sensibilidade é sublime! Aliás Abujamra sempre perguntava para entrevistados se eles choravam.
Simplesmente maravilhoso , refletir em um turbilhão de sentimentos!!
O poema é incrível. O vídeo com as imagens e a trilha de Inception ficou sensacional! Obrigado e parabéns, Marcus!
Um dos maiores poetas portugueses, sem dúvida!
Não há palavras , para descrever …❤❤❤❤
Há tantas interpretações neste poema que deixam qualquer um perplexo!
"Come chocolates pequena ,Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates."
Abujamras, Pessoas, artes, mentes abertas, tudo, tudo num só.❤
Gratidão, Gratidão, Gratidão aos dois magníficos homens!!!
Bravooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo👏!
Fico chateado, por não reconhecerem que eu fui responsável por pelo menos 100Mil de views desse vídeo.
Mentira!
Fui eu! 😂
Oxe, fui eu!
05/10/2024 00:34
Resposta à Tabacaria
Olho pela janela e vejo o mesmo cenário,
Mas hoje a luz parece ter outro sabor.
Se antes me perdia em sonhos e imaginário,
Agora abraço o simples, encontro-me no amor.
A tabacaria ainda está lá, intacta,
Com sua porta aberta para a rua movimentada.
Mas já não me perco na angústia que me ataca,
Aceito a vida como é, serena ou atribulada.
Se tudo foi em vão, se nada fez sentido,
Que seja assim, não busco mais razão.
Encontro paz no instante vivido,
No pulsar discreto do meu próprio coração.
Não sou mais fragmento, sou inteiro,
Parte deste mundo que continua a girar.
Deixo para trás o peso do meu devaneio,
E caminho adiante, disposto a aceitar.
Se torna angustiante porque é de difícil compreensão, vc pode estudar, estudar e estudar mas se escuta esse poema
Com a alma ….
Essa é a verdade nua e crua do mundo atual..: não dos primórdios mas sim desse crescimento desordenado que vivemos é incompreensível…. Ele só é compreensível porque o poema na sua profundidade consegue nos colocar na nossa simplicidade mas nem todos vão compreender… apenas poucos , isso que nos torna incrível, somos diferentes
Viva Fernando Pessoa 130 anos.
Maravilhoso Abu, quanta saudade
EU PRECISAVA DE OUVIR ESSE MEU VELHO AMIGO ESQUECIDO HÁ TANTOS FAZERES E QUERERES.... Eu precisava dessa reconecção
Com o meu eu metafísico
Citação esplêndida forte I♡
Esse poema de Álvaro de Campos com essa interpretação do Abujamra é coisa de outro mundo!
GENTE! QUE LINDO ESSE POEMA !MUITO OBRIGADA 🎁
Saudades do Abujamra!!! Grande personalidade!
Poema mais verdadeiro que já foi escrito...
Que angústia nao ter a voz, o tom e a presença de Abujamra. 💔
estupendo ! Maravilhoso casamento do poeta e o interprete. Maravilhoso
Um poema para a vida...
De vez em quando volto aqui e escuto mais uma vez para lembrar...
Toda vez que não estou muito bem, eu ouço esse poema, e todas as vezes é como se a minha vida toda passa-se por mim e de fundo Abujamrra declamando de forma magistral.
Me identifiquei de modo extremo, acho que. Sei o que passou na mente do autor, francamente parece que me conhecia a muito tempo.
Os anos passam e eu escuto esse vídeo com a mesma intensidade. Eu me sinto muito feliz por ter conhecido isto _
esse poema dói na alma da gente ... será que só eu sinto isso?!
Gênio... Não me canso de ler e de ouvir essa coisa linda!!!!!!
Tiago Rodrigo Pessoa fica mais contemporâneo com o tempo, mais urgente por minuto que passa.
Altamente iluminador ,inspirador ,emocional! Gratidão Abú
Que poema fantástico, tal como a interpretação. incrível
Nossa que lindo! Genial! Muito bem construido esse poema!
Um poema extraordinário.
Nada menos do que uma obra prima!
Meravilioso!!!!
Emocionante!
Não importa quantas vezes assista, sempre me levará às lágrimas. Magnífico.
6:38
O trecho mais perfeito.
esse vídeo eh um patrimonio cultural
Muito tocante, podemos contar com essa verdade...
OBRIGADA POR COMPARTILHAR CONHECIMENTO literário ❤
Impossível não se arubiar com essa obra de arte ❤
Este é um dos mais belos poemas que já li. Fernando Pessoa, talvez o maior poeta da nossa era, tão eloquentemente recitado por Abujamra! Bravo!
" Tenho em mim todos os sonhos do mundo"
Poetas do Mundo gente me add em grupo de literatura e fernando pessoa
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Nunca haverá outro Abujamra!
Isso é de uma intensidade inexplicável
maravilhosa edicao,musica de fundo e a voz da Abujamra
Só eu que choro quando leio/escuto esse poema?
Raquel BG Eu tambem.
André
Eu choro é fico de luto uns 3 dias ainda, mas como vale a pena.
Excelente voz para um grandioso poema!
Antônio Abujamra. Saudades.
Já leram Poema ele Linha Reta? É um tapa enorme na cara!
Eu sempre choro ouvindo.. 🍃👏❤
O melhor para dar vida ao que há de mais magnífico. Me faz sentir saudade de quem tem qualidade em minha vida. Não desconsiderando alguns, mas preciso!
Não dá nem para comentar, tamanha grandeza!!!
Abú foi um espelho de tudo que eu devo tentar ser e tudo que eu posso ser ( obrigado )
A vida é uma viagem. Nos meus 44 anos de existência percebo o tempo e espaço interagindo no processo existêncial.
Conheci fragmentos da filosofia, da psicologia, sociologia... e não consegui definir o quê é a vida!
Amei muito, odiei também.
Ponto final
Na verdade sou um eterno aprendiz, sem dúvidas!
Abujamra você em pessoa emocionante imortal.
as imagens secundárias são do filme koyaanisqatsi - Uma vida fora de equilíbrio, que é um verdadeiro poema em audiovisual, recomendadíssimo!!!
Simplesmente sensacional!
Uma interpretação antológica!
Não me canso de ouvi-lo.
Gratidão. Não deixem esse vídeo morrer.