É Natal Do peito não desarma a voz que faz vibrar o burburinho das nascentes e cânticos nos umbrais das portas. Por já não dói como uma côdea de pão a bater num instantes, tantos erguem-se sorrisos quais estandartes e a sedenta fome estômago vazio não esbugalha faminto o olhar, e anseia pela noite. Por dias, alguns quase todas as crianças são lembradas, angariam-se presentes, renasce a esperança, sorriem supérfluas campanhas.
Do peito dos Homens está acesa uma fogueira. E meu irmão, por instantes vem-nos à memória como uma suave brisa que passa que todos somos irmãos. Sim, é Natal aqui na terra de nós. Uma celebração de tantos subterfúgios, de união sim, mas quanta fachada, quanta porta encerrada! Do peito não desarmará a voz até Natal ser raiz que brote e frutifique Amor muito para além de presentes, do efémero presente. É Natal. Adormeço num sorriso de criança. Célia Moura, in "Terra De Lavra" - Modocromia Edições
É Natal
Do peito não desarma a voz
que faz vibrar o burburinho das nascentes
e cânticos nos umbrais das portas.
Por já não dói como uma côdea de pão
a bater num instantes, tantos
erguem-se sorrisos quais estandartes
e a sedenta fome estômago vazio
não esbugalha faminto o olhar,
e anseia pela noite.
Por dias, alguns
quase todas as crianças são lembradas,
angariam-se presentes, renasce a esperança,
sorriem supérfluas campanhas.
Do peito dos Homens está acesa uma fogueira.
E meu irmão, por instantes vem-nos à memória
como uma suave brisa que passa
que todos somos irmãos.
Sim, é Natal aqui na terra de nós.
Uma celebração de tantos subterfúgios, de união sim,
mas quanta fachada, quanta porta encerrada!
Do peito não desarmará a voz
até Natal ser raiz que brote e frutifique Amor
muito para além de presentes, do efémero presente.
É Natal.
Adormeço num sorriso de criança.
Célia Moura, in "Terra De Lavra" - Modocromia Edições