Fernando Pessoa 03 - Rodrigo Leão, Bethânia, Mísia, Ana Laíns, Diogo Piçarra, Amendoeira... (letra)

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  • Опубліковано 14 лип 2023
  • 00:01 - O Método & Prece
    Intérprete: Rodrigo Leão (O Método, 15-08-2020, Casino Estoril) & Maria Bethânia (declama)
    Poema: Fernando Pessoa, 1912?, Páginas Íntimas e de Autointerpretação
    Música: Rodrigo Leão
    03:34 - Autopsicografia
    Intérprete: Mísia, 2009
    Poema: Fernando Pessoa, s.d., Poesias
    Música: Felipe Pinto
    08:04 - Não sei quantas almas tenho
    Intérprete: Ana Laíns
    Poema: Fernando Pessoa, 24-8-1930, Novas Poesias Inéditas
    Música: Paulo Loureiro
    10:25 - Sei bem que nunca serei ninguém
    Intérprete: Diogo Piçarra
    Poema: Fernando Pessoa, 8-7-1931, Odes de Ricardo Reis
    Música: Diogo Piçarra
    13:36 - Sopra o vento
    Intérprete: Joana Amendoeira
    Poema: Fernando Pessoa, 27-12-1933, Poesias Inéditas (1930-1935)
    Música: Guillermo Alonso Iriarte
    16:06 - Na ribeira deste rio
    Intérprete: Paulo Bragança, 1992
    Poema: Fernando Pessoa, 2-10-1933, Poesias
    Música: Mário Pacheco
    Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1888 e morre, na mesma cidade, a 30 de novembro de 1935. Foi uma das mais brilhantes figuras da cultura portuguesa de sempre, considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura universal. Uma das suas principais caraterísticas foi a capacidade de criar múltiplas personagens, conhecendo-se setenta e duas, entre heterónimos e pseudónimos.
    Poemas originais de Fernando Pessoa:
    __ Senhor, que és o céu e a terra, e que és a vida e a morte! __
    Senhor, que és o céu e a terra, e que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo estás - (o teu templo) - eis o teu corpo.
    Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.
    Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faz com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.
    [...]
    Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.
    Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.
    Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.
    1912?, Páginas Íntimas e de Autointerpretação
    __ Autopsicografia __
    O poeta é um fingidor
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.
    E os que leem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.
    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração.
    s.d., Poesias
    __ Não sei quantas almas tenho __
    Não sei quantas almas tenho.
    Cada momento mudei.
    Continuamente me estranho.
    Nunca me vi nem achei.
    De tanto ser, só tenho alma.
    Quem tem alma não tem calma.
    Quem vê é só o que vê,
    Quem sente não é quem é,
    Atento ao que sou e vejo,
    Torno-me eles e não eu.
    Cada meu sonho ou desejo
    É do que nasce e não meu.
    Sou minha própria paisagem,
    Assisto à minha passagem,
    Diverso, móbil e só,
    Não sei sentir-me onde estou.
    Por isso, alheio, vou lendo
    Como páginas, meu ser
    O que segue não prevendo,
    O que passou a esquecer.
    Noto à margem do que li
    O que julguei que senti.
    Releio e digo: «Fui eu?»
    Deus sabe, porque o escreveu.
    24-8-1930, Novas Poesias Inéditas
    __ Sim, sei bem __
    Sim, sei bem
    Que nunca serei alguém.
    Sei de sobra
    Que nunca terei uma obra.
    Sei, enfim,
    Que nunca saberei de mim.
    Sim, mas agora,
    Enquanto dura esta hora,
    Este luar, estes ramos,
    Esta paz em que estamos,
    Deixem-me me crer
    O que nunca poderei ser.
    8-7-1931, Odes de Ricardo Reis, Fernando Pessoa
    __ O vento sopra lá fora __
    O vento sopra lá fora.
    Faz-me mais sozinho, e agora
    Porque não choro, ele chora.
    É um som abstrato e fundo.
    Vem do fim vago do mundo.
    Seu sentido é ser profundo.
    Diz-me que nada há em tudo.
    Que a virtude não é escudo
    E que o melhor é ser mudo.
    27-12-1933, Poesias Inéditas (1930-1935)
    __ Na ribeira deste rio __
    Na ribeira deste rio
    Ou na ribeira daquele
    Passam meus dias a fio.
    Nada me impede, me impele,
    Me dá calor ou dá frio.
    Vou vendo o que o rio faz
    Quando o rio não faz nada.
    Vejo os rastros que ele traz,
    Numa sequência arrastada,
    Do que ficou para trás.
    Vou vendo e vou meditando,
    Não bem no rio que passa
    Mas só no que estou pensando,
    Porque o bem dele é que faça
    Eu não ver que vai passando.
    Vou na ribeira do rio
    Que está aqui ou ali,
    E do seu curso me fio,
    Porque, se o vi ou não vi.
    Ele passa e eu confio.
    2-10-1933, Poesias
    “Música feita em Portugal”
    Criei este canal para divulgar a música nacional, a língua portuguesa e a cultura lusófona. Todos os benefícios são rentabilizados pelos “proprietários dos direitos de autor”.

КОМЕНТАРІ • 9

  • @pedrotome9119
    @pedrotome9119 Місяць тому

    ❤Graças a Deus que existem os brasileiros e as brasileiras para virem aqui (e não só) divulgar os/as nossos/nossas maiores, de todas as áreas, do passado e presente!! Assim como colocam vídeos divulgando e ensinando em todas as áreas do Conhecimento. Viva o Brasil e o seu nobre Povo. ❤❤

  • @exgil
    @exgil Рік тому +8

    Fernando Pessoa é eterno e incontornável na cultura lusófona.

  • @exgil6922
    @exgil6922 Рік тому +9

    Muito bom trabalho. Fernando Pessoa merece... um universo numa só "pessoa".

  • @ingeborgbieberstein7156
    @ingeborgbieberstein7156 Рік тому +4

    Obrigada ! ❤🕊️🤗💐😘

  • @snipermr13.79
    @snipermr13.79 11 місяців тому +2

    Magnifique 👏👏👏👏🌹✨🙏
    Tres beau partage.
    Merci

    • @portuscalept
      @portuscalept  11 місяців тому +2

      Obrigado, snipermr! Abraço, do Porto!!!

  • @ceciliagrabulho4704
    @ceciliagrabulho4704 Рік тому +4

    Obrigada pela partilha e atenção 🙏👏 🙏. Belo trabalho 👏👏👏!
    Bem hajam pela partilha.
    Um abraço e até sempre 👋👋👋 🥰🌼🍀

    • @portuscalept
      @portuscalept  Рік тому

      Obrigado, @ceciliagrabulho4704!!! Abraço e felicidades!

  • @portuscalept
    @portuscalept  Рік тому +8

    Fernando Pessoa interpretado por:
    00:01 - Maria Bethânia & Rodrigo Leão . O Método & Prece
    03:34 - Mísia . Autopsicografia
    08:04 - Ana Laíns . Não sei quantas almas tenho
    10:25 - Diogo Piçarra . Sei bem que nunca serei ninguém
    13:36 - Joana Amendoeira . Sopra o vento
    16:06 - Paulo Bragança . Na ribeira deste rio