Dom João VI - Biografia

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  • Опубліковано 7 лют 2025
  • Nenhum reinado terá se prestado tanto a contrafactuais. Poderia os franceses o terem destronado, como fizeram na Espanha e alhures. Poderia ter permanecido no Rio de Janeiro, como queria, e, ao mesmo tempo, remediado as insatisfações de Portugal europeu até convencer a parte velha da nação da oportunidade oferecida pela conjuntura aparentemente adversa: reavivar e expandir o império universal sonhado, em grande medida realizado, por João II e Manuel I.
    O império português é beneficiário por tabela da destruição da Europa promovida pelos revolucionários franceses. Só não se beneficia mais porque não consegue evitar a invasão estrangeira de sua parte europeia e porque não consegue enxergar que uma nação empobrecida e decadente era também portadora de uma cultura capaz de provar ao mundo ser a opção mais correta e viável ao terror jacobino.
    A historiografia do século XXI busca resgatar o homem íntegro, de alma pia, generosa, na figura de João VI, demonstrando que a ridicularização e o menosprezo que os cronistas do século XIX dedicaram a ele eram improcedentes. Não “fugiu” de Lisboa para o Brasil. Isso se cogitava desde o século XVII, por boas razões, poderia ter sido em tempos de paz e teria sido sensato, providencial. A dita “fuga” de 1807 adicionalmente evitava que Napoleão fizesse a Portugal o que fizera aos espanhóis: os verteu em seus súditos de segunda classe, os privou de seu rei e de suas instituições, desastre de que a Espanha jamais se recuperaria. O rei era comilão? Sim. E daí? A esposa, Carlota Joaquina, era mau caráter, conspirava contra o rei e o traía também naquela atividade mais prosaica? Sim. Mas ele soube reprimi-la quando necessário e se acertar com ela dentro do possível quando convinha, pois, afinal, ela era herdeira legítima de um império acéfalo, mas não de todo dominado pelo usurpador francês, daí termos anexado a Cisplatina. João era intelectualmente limitado e desprovido da ambição extremada que se espera de um rei? Bem, ele não era um Marco Aurélio, o imperador romano filósofo e insaciável conquistador. Também não era um João II, que, como ele, João VI, morreu envenenado. Mas se não conseguiu manter o Império Português íntegro, indiviso, de tudo fez para consegui-lo e, em não o conseguindo, logrou manter unida pelo menos a América Portuguesa, o Brasil que ele tanto amava e foi em grande parte correspondido.
    O menino João tinha um ano de idade quando seu irmão mais velho, José Francisco, então com sete anos, foi retirado do domínio da mãe, Maria, para ser educado na doutrina anticlerical e autoritária do marquês de Pombal e de José I. A Maria, como compensação, permitiram manter João consigo, ensinar a ele as virtudes da tolerância, da misericórdia, da caridade, da fé em o bem triunfar sobre o mal. Não era um programa de governo, uma política de Estado, até porque o herdeiro do trono era José Francisco (morreria em 1788), mas muito depois, no Rio de Janeiro, ele recebia todos que entravam na fila para o beija-mão. Muitos se queixavam da vida, pediam favores. E João pacientemente os ouvia e a muitos acabava ajudando. Gostaria de fazer o mesmo a seus súditos europeus, mas mesmo depois de finalmente vencido o invasor, os meios do tempo não o permitiam alternar lá e cá. As circunstâncias, entre elas um governo militar inglês que exorbita e se esmera em se fazer detestável, também não permitiam socorrer a economia de Portugal velho. Então, em 1820, as elites luso-europeias fazem a “revolução”, apoiada pela maior parte dos líderes da América Portuguesa, e disso resulta a convocação das Cortes, retomada de tradição interrompida por João V e seus sucessores. João VI não era contra dar uma carta constitucional a transformar a dinastia Bragança numa monarquia dita liberal ou moderna. Era contra o radicalismo, um radicalismo europeu, que acabaria por provocar a separação do Brasil justamente quando o Brasil passara a sediar o império.
    “Vivemos tempos maus e sou obrigado a me conformar com eles” teria dito ao ser forçado a assinar a radical Constituição Portuguesa de 1822, carta que muitos deputados paulistas, baianos e pernambucanos se recusaram a endossar. Ainda não estava tudo perdido, João VI tentaria até o fim a fórmula do Reino Unido, criada por ele para cumprir o “destino manifesto” da portugalidade, essa cultura que um de seus principais ministros, Luís Pinto de Sousa Coutinho, visconde de Balsemão, compreendia, exaltava e propunha como modelo universal. Mas eram tempos maus. Aprende-se na escola, em Portugal e no Brasil, que o triunfo do dito iluminismo, inspirador da dita Revolução Francesa, foi o desabrochar de tempos bons. Que Napoleão espalhava tais luzes pelo mundo. Quanto equívoco, quantos equívocos contaminaram também as terras de fala lusa daquele tempo.

КОМЕНТАРІ • 17

  • @joaobatistadeoliveiraolive5316
    @joaobatistadeoliveiraolive5316 9 місяців тому +5

    Very good

  • @mariaamelianogueirapascoal1383
    @mariaamelianogueirapascoal1383 10 місяців тому +5

    História muito boa, e a linguagem impecável ❤

    •  10 місяців тому +1

      Obrigado.

  • @marcosmoutta8914
    @marcosmoutta8914 9 місяців тому +2

    Ótimo vídeo

  • @celsotadeu
    @celsotadeu 2 роки тому +13

    Este foi o único Rei que me enganou
    Napoleão Bonaparte

  • @joaobatistadeoliveiraolive5316
    @joaobatistadeoliveiraolive5316 2 роки тому +3

    Very Good

    •  2 роки тому +1

      Obrigado.

  • @diegorocha7979
    @diegorocha7979 2 роки тому +5

    Faz um dos governadores baianos do século XX

    •  2 роки тому +2

      Chegaremos lá.

  • @agapitoMartins
    @agapitoMartins 9 місяців тому

    mal 2:1-17 Ay 17
    mzm 37*:37

  • @MariaLuna-er7rb
    @MariaLuna-er7rb 9 місяців тому +1

    Nao. Apreciode. Forma. Alguma. As. Historias. De. Potugal. Por.faor. me. Pouem. Agrádecida

    • @luizcarlosmazini4161
      @luizcarlosmazini4161 9 місяців тому

      Nada entendi sua mensagem.

    • @juniordenesdasilveira6312
      @juniordenesdasilveira6312 9 місяців тому +1

      Não se compreende a história do Brasil sem saber a de Portugal. Tem tudo a ver. Portugal foi quem colonizou o Brasil tendo tomado posse dessas terras, ocupando.

    • @juniordenesdasilveira6312
      @juniordenesdasilveira6312 9 місяців тому

      *Ocupando Pindorama.

    • @marcosmoutta8914
      @marcosmoutta8914 9 місяців тому +2

      Continue esforçando-se e conseguirá escrever o português.

    • @guwhl
      @guwhl 8 місяців тому

      Aprenda a escrever português pra começar.😂