A loucura se aproxima muito da arte, o Professor Gillis Deleuze diz que na realidade o louco o artista o nômade são pessoas que funcionam como simulacro, ou seja, eles têm um jeito de dizer e de viver a vida, diferente das pessoas que funcionam como copias, que são os normais. Na arte, nós conseguimos traduzir o sentido do vivido, o experienciado, fazendo algo que seja doloroso, algo que seja compulsivamente inesperado seja traduzido em uma forma estética, bela, que seja familiarizado, mas reincorporando na nossa vida a obra de arte, como quem resgata as entranhas do próprio eu. Enquanto aquilo ficava atormentado nas entranhas, era um foco de pressão, era um foco de sofrimento, que sai criativamente reinventado na elaboração de uma obra de arte, o homem já se vê, admira e se familiariza com a natureza da própria existência humana, e vive dialeticamente dor e alegria trabalhando os sentimentos na perspectiva da própria finitude da vida. Então, todos nós carregamos inúmeros momentos da vida que se perderam no tempo, e que por terem se perdido no tempo soam distantes e distantes nos fazem saudosos, chorosos, sofridos e quando nós mergulhamos nestes eventos distantes buscamos eles para o cotidiano, para o presente, e os concretizamos em uma obra de arte, nós resgatamos na obra de arte o mais doído, que era a sensação de que parte de nós havia ficado naquilo que se passou, naquilo que foi perdido, e a obra de arte retrata a nossa inteireza a integridade do “Eu” que não se perde nos abandonos vividos, nas vitórias que se esfumaçaram, nas mudanças da vida. O homem se reintegra na obra de arte e se percebe presente, atualizado, em condição de falar de si em um tom diferente, no tom, onde a lagrima pela dor do perdido é apenas água que retempera a tinta da caneta que faz a escrita, que ao sofrer banha nos, como no poema do Senhor Carlos Drummond de Andrade: [“A lagrima limpa a alma”]. Mas quando nosso choro não é choro é chororó, como diz a musica do Sr. Gilberto Gil, a gente repete, repete um sofrimento e não consegue sublimar, nem reinterpretar, e nem aprender com ele; mas se a gente traduz em arte, o nosso enlouquecimento torna se poeticamente uma dádiva de calmaria de serenidade, porque o desespero em uma obra de arte encanta, o desespero nas entranhas enlouquecidas do “Eu” assusta, atemoriza. [“Sozinho no escuro, qual bicho do mato, sem Teogonia, sem parede nua para se encostar, você foge José, para onde? Para onde”?] Carlos Drummond de Andrade. 18° A Loucura a Cura. A loucura é isto? A cura! Porquê, o José que se reconhece em um quarto escuro sem paredes para se encostar, neste momento é retratado o momento mais profundo da solidão do ser humano. Nós precisamos de Deuses, paredes, de chão, de mitos, de companhia. “E agora José” depois que foi escrito, perder a sua solidão, porque ele conversa comigo, com vocês, conversa com os nossos amigos, ele passeia pela cidade, pelas livrarias. “O José” depois de obra de arte, ele descobre que pode conversar com quem tem Deuses, pode encostar na casa do vizinho, o José depois de escrito ele escora nas pedras de Itabira e se percebe como ser que tem território. A fragilidade ela é exposta na poesia, ela perde a maior dor, porque a dor da loucura, é a solidão, é o não poder compartilhar, é ser algo que o outro não entende, e que o outro não consegue atingir. Por mais que tenhamos algum conhecimento do Sr. Carlos Drummond de Andrade, “E agora José”, você consegue conversar. O José que não escreveu José, e agora é José, não vive mais no silêncio. Então, nós podemos compartilhar com o poema, com a pintura, com a escultura, com a poesia, com a literatura as próprias angustias, nós podemos nos igualar e ai acaba a diferença. Se estamos vivendo uma crise e a crise é diferença então nós acabamos encontrando um fator comum. E é por isso que o trabalho terapêutico em grupo ele funciona, porque “dor” compartilhada é “dor” que você desmistifica da condição infernal e faz ganhar estatuto de problema do cotidiano.
Que depoimentos importantes. Um documento que merece ser um patrimônio cultural da humanidade, assim como o trabalho fantástico desta mulher idem, que foi a Dra. Nise da Silveira!
Concordo consigo Fábio... Apenas hoje tive contacto com esta enorme figura da Medicina Psiquiátrica brasileira... E estou ENCANTADA com todos os outros depoiamentos que versam a Psiquiatria Moderna e com a Dra. Nise que se afirmou rebelde por ser diferente e pagou caro por isso. Você nao acha estranho 2 depoiamentos a um testemunho desta natureza... ???
😮ser incrível Parabéns por tua existência entre nós 😊😊😊gratidão
É de uma delicadeza este depoimento de Martha tanto sobre "A Rainha ...Dra NISE" quanto sobre Raphael Domingues...OBRIGADA!
A loucura se aproxima muito da arte, o Professor Gillis Deleuze diz que na realidade o louco o artista o nômade são pessoas que funcionam como simulacro, ou seja, eles têm um jeito de dizer e de viver a vida, diferente das pessoas que funcionam como copias, que são os normais.
Na arte, nós conseguimos traduzir o sentido do vivido, o experienciado, fazendo algo que seja doloroso, algo que seja compulsivamente inesperado seja traduzido em uma forma estética, bela, que seja familiarizado, mas reincorporando na nossa vida a obra de arte, como quem resgata as entranhas do próprio eu. Enquanto aquilo ficava atormentado nas entranhas, era um foco de pressão, era um foco de sofrimento, que sai criativamente reinventado na elaboração de uma obra de arte, o homem já se vê, admira e se familiariza com a natureza da própria existência humana, e vive dialeticamente dor e alegria trabalhando os sentimentos na perspectiva da própria finitude da vida.
Então, todos nós carregamos inúmeros momentos da vida que se perderam no tempo, e que por terem se perdido no tempo soam distantes e distantes nos fazem saudosos, chorosos, sofridos e quando nós mergulhamos nestes eventos distantes buscamos eles para o cotidiano, para o presente, e os concretizamos em uma obra de arte, nós resgatamos na obra de arte o mais doído, que era a sensação de que parte de nós havia ficado naquilo que se passou, naquilo que foi perdido, e a obra de arte retrata a nossa inteireza a integridade do “Eu” que não se perde nos abandonos vividos, nas vitórias que se esfumaçaram, nas mudanças da vida.
O homem se reintegra na obra de arte e se percebe presente, atualizado, em condição de falar de si em um tom diferente, no tom, onde a lagrima pela dor do perdido é apenas água que retempera a tinta da caneta que faz a escrita, que ao sofrer banha nos, como no poema do Senhor Carlos Drummond de Andrade: [“A lagrima limpa a alma”].
Mas quando nosso choro não é choro é chororó, como diz a musica do Sr. Gilberto Gil, a gente repete, repete um sofrimento e não consegue sublimar, nem reinterpretar, e nem aprender com ele; mas se a gente traduz em arte, o nosso enlouquecimento torna se poeticamente uma dádiva de calmaria de serenidade, porque o desespero em uma obra de arte encanta, o desespero nas entranhas enlouquecidas do “Eu” assusta, atemoriza.
[“Sozinho no escuro, qual bicho do mato, sem Teogonia, sem parede nua para se encostar, você foge José, para onde? Para onde”?] Carlos Drummond de Andrade.
18° A Loucura a Cura.
A loucura é isto?
A cura!
Porquê, o José que se reconhece em um quarto escuro sem paredes para se encostar, neste momento é retratado o momento mais profundo da solidão do ser humano.
Nós precisamos de Deuses, paredes, de chão, de mitos, de companhia.
“E agora José” depois que foi escrito, perder a sua solidão, porque ele conversa comigo, com vocês, conversa com os nossos amigos, ele passeia pela cidade, pelas livrarias. “O José” depois de obra de arte, ele descobre que pode conversar com quem tem Deuses, pode encostar na casa do vizinho, o José depois de escrito ele escora nas pedras de Itabira e se percebe como ser que tem território.
A fragilidade ela é exposta na poesia, ela perde a maior dor, porque a dor da loucura, é a solidão, é o não poder compartilhar, é ser algo que o outro não entende, e que o outro não consegue atingir.
Por mais que tenhamos algum conhecimento do Sr. Carlos Drummond de Andrade, “E agora José”, você consegue conversar.
O José que não escreveu José, e agora é José, não vive mais no silêncio.
Então, nós podemos compartilhar com o poema, com a pintura, com a escultura, com a poesia, com a literatura as próprias angustias, nós podemos nos igualar e ai acaba a diferença. Se estamos vivendo uma crise e a crise é diferença então nós acabamos encontrando um fator comum.
E é por isso que o trabalho terapêutico em grupo ele funciona, porque “dor” compartilhada é “dor” que você desmistifica da condição infernal e faz ganhar estatuto de problema do cotidiano.
Ah, era ela, do filme... foi tão importante, delicado e lindo essa relação entre a Martha e o Rafael... Que lindo depoimento! Rico!!
Que depoimentos importantes. Um documento que merece ser um patrimônio cultural da humanidade, assim como o trabalho fantástico desta mulher idem, que foi a Dra. Nise da Silveira!
Concordo consigo Fábio... Apenas hoje tive contacto com esta enorme figura da Medicina Psiquiátrica brasileira... E estou ENCANTADA com todos os outros depoiamentos que versam a Psiquiatria Moderna e com a Dra. Nise que se afirmou rebelde por ser diferente e pagou caro por isso.
Você nao acha estranho 2 depoiamentos a um testemunho desta natureza... ???
@@celesteferreira8072 bom demais
@@celesteferreira8072
Lo mó ser amor i9
@@celesteferreira8072
Linda
Riqueza demais!
QUE DEPOIMENTO FANTASTTTICO🌹
❤❤❤❤❤❤❤❤❤