Boa noite professor ! Seu canal salva meu tédio e alimenta minha esfomeada vontade de conhecimento. Sou psicólogo recém-formado e estou iniciando atendimentos em domicílio. Tenho notado (de bom grado) as transgressões dos novos modos de se fazer psicanálise, além do consultório (como a clínica pública na Vila Itororó), além das possibilidades de se fazer clínica em espaços públicos. Vejo com bons olhos, uma vez que democratiza a psicanálise e sua função social, e por que não?, política. Por fim, gostaria que você falasse sobre essas novas formas de se fazer psicanálise. Sobre riscos éticos (se existem) e possíveis benefícios em âmbito macrosocial. Grato. Você é uma inspiração.
Há um engano a respeito da proposta da esquizoanálise no minuto 12:24 - 12:48. 'Vontade de potência ou poder' em Nietzsche não é vontade de domínio, dominação ou posse em relação aos outros ou ao que quer que seja. O 'esquizo' é justamente quem foge destas capturas. Deleuze fala em singularidades, não em individualismos. Acredito que houve um certo reducionismo da parte de Dunker sobre a esquizoanálise.
Transylvanian Não encontrei a palavra domínio no vídeo, apesar disso a tradução de Wille zum Macht comporta todas estas acepções. “O Zaratustra quer dominar” (textual) O esclarecimento de Deleuze em “Ilha Deserta”: “Se a vontade de potência significasse querer a potência, ela, evidentemente, dependeria dos valores estabelecidos, honrarias, dinheiro, poder social, pois esse valores determinam a atribuição e recognição da potência como objeto de desejo e de vontade. E a vontade que quisesse uma tal potência somente a obteria lançando-se numa luta ou num combate. Ademais, perguntemos: quem quer a potência dessa maneira? quem deseja dominar? Precisamente aqueles que Nietzsche chama de escravos, fracos.” Tá valendo, mas francamente, isso parece mais Hegel que Espinosa, ou não?
A critica central deles é justamente na redundância do desejo enquanto falta... kkkkk (critica central sobre as psicanálises...) desejo é produção... esse é o encontro ao Nietzsche e Spinoza...
Muito bom, os dualismos realmente precisam ser refletidos. Mas poder existe como poder, e como potência, essa diferença em Nietzsche e Deleuze é importante.
Parabéns pelos esforço do professor Dunker em procurar esclarecer de um modo geral o que se poderia entender por esquizoanálise. Pessoalmente não sei devemos levar a sério demais essa ideia de que há uma proposta clínica chamada de "esquizoanálise", ao menos em termos institucionais. Roberto Machado, tb leitor de Deleuze e um pouco de Guattari, pensa tb que é preciso ver essa proposta ou esse "programa" com certo "humor", o que não invalida as práticas clínicas que parecem servir a essa denominação. Uma outra coisa que o professor tb colocou e que aí é preciso um certo pormenor é quando disserta que a exclusão de qualquer universal poderia desembocar numa disseminação perigosa de particulares. Como já revelou Dunker em um vídeo sobre o Anti-Édipo, entende que os autores do "Por que não somos nietzscheanos?" tem razão ao dizer que a exclusão de qualquer universal desembocaria apenas no reconhecimento de particulares ou de "indivíduos". Penso que o professor talvez não esteja considerando a distinção, aliás salientadas por alguns aqui, entre "singularidade" e "indivíduo". A não distinção entre estes dois conceitos poderia sombrear um outro conceito importantíssimo para Deleuze e Guattari, inclusive para se poder compreender melhor o que estes autores denominam por singular, que é o conceito de "meio", que poderíamos tomar quase como sinônimo de devir, zona de indiscernibilidade, intermezzo...etc. Dito isso, é preciso compreender, primeiro, que toda singularidade é pré-individual, por isso ela não pode ser confundida com um indivíduo; segundo, ela é de caráter intensivo e não extensivo ou, para nos remetermos a uma linguagem estóica que Deleuze tanto aprecia, ela é um "incorporal". No limite, ela é a expressão de afectos e perceptos (não confundir com afecção e percepção pq estas noções se vinculam com a experiência estritamente sensorial de um sujeito dado), o que poderia explicar a ideia de "fluxo" que o professor Dunker parece divergir mas que não desenvolveu muito do pq desta divergência salvo de modo um pouco rápido, quando vincula ao problema do capital. Aqui se teria muito o que desenvolver, mas só vou me deter apenas a mais um aspecto que penso que o professor não tenha razão, que diz respeito aos referenciais teóricos de Deleuze e Guattari em relação à linguagem. Primeiro, de modo algum Chomsky é tomado pela dupla como uma referência importante para a sua crítica aos supostos universais na línguagem, uma vez que o próprio norte-americano defende que existem estruturas inatas que sem as quais a linguagem não poderia se desenvolver. Para Deleuze e Guattari, talvez as referências mais importantes em torno dessa questão sejam Hjelmslev e William Labov, pois a partir destes linguistas a dupla poderá evocar uma concepção teórica sobre a linguagem imanetistas, ou seja, sem transcendência, logo, sem universais. No mais, parabéns pela apresentação. (só lembrando, Juan-David Nasio, psicanalista lacaniano, reconhece sua "dívida" com Deleuze ao tomar o conceito de "Acontecimento" em sua teorização em torno da transferência).
Boa noite professor Dunker! Achei fantástico o resumão que o senhor deu sobre a Esquizoanálise. Pelo que a gente pode entender, ela parte muito mais como um artifício de compreensão próprio dos tempos atuais do que uma continuidade na odisséia do conhecimento ocidental, acredito que por isso mesmo ela não feche tanto com a própria Psicanálise, por conta desse caráter desprendido, mas as raízes Foucaultianas e Nietzscheanas poderiam muito vingar como uma nova cultura analítica, não necessariamente terapêutica.
Professor Dunker, primeiramente parabéns pelo belo trabalho que desenvolve com esse canal. Sou psicólogo clínico de orientação psicanalítica e sempre recorro à suas reflexões. Por favor, o senhor poderia falar mais detalhadamente sobre a ansiedade na perspectiva psicanalítica? No contato com as pessoas vejo que hoje em dia tem se disseminado a informação de que outros modelos, como a TCC, por exemplo, são mais eficazes no tratamento desse mal. Isso não é algo da pós modernidade, que privilegia somente um estancamento da dor psíquica em detrimento de um compreensão mais profunda da ansiedade e suas crises dentro do contexto da vida do sujeito por elas acometido? Muito obrigado.
Eu penso que sim, Felippe. É uma forma de lidar com a ansiedade que não lida com os conflitos, com as questões do sujeito, mas sim manobra o corpo, a mente a driblar a fonte. Não enfrenta a questão, não elabora, não pensa muito acerca, ao meu ver. Simplesmente formula técnicas para "driblar" esses buracos.
Na espera do vídeo sobre o Nietzsche. Seria interessante também saber mais sobre a afirmação do Lacan sobre a etologia ser a única psicologia verdadeira.
Eu nem gosto de Chomsky, mas é inegável a qualidade da descrição das estruturas (majoritariamente) sintáticas produzidas pelos chomskianos. Se um autor não romper _deliberadamente_ com a sintaxe, como Guimarães Rosa ou Samuel Rawet fizeram, nós nunca escapamos da descrição fornecida, o que demonstra realmente um poder descritivo (com ares de explicativo) fascinante. Mas sempre lembremos de Hume: causalidade é uma ficção útil.
Considerando a esquizo como derivada e "contida" pela psicanálise, precisaríamos então discordar da Suely Rolnik quando coloca "Esquizoanálise", "Cartografia" e "Micropolítica" como a mesma coisa, apenas estrategicamente chamada de nomes diferentes. Todas as vezes que se usa "esquizoanálise" - venho percebendo - ainda há muita referência na psicanálise. Mas o mesmo não acontece quando se fala em Cartografia ou Micropolítica, aí já me parece menos uma derivação ou reação à psicanálise, mas outro caminho, talvez mais próximo do Amor Fati, sobretudo no sentido de virar o rosto e olhar em outra direção. A Cartografia me parece uma versão mais madura da Esquizo. Mas ambas são apenas pontos de partida pro combate da vida afirmada a despeito da trindade Deus-Estado-Capital. E essa é a diferença fundamental de valor que percebo entre esquizoanálise/cartografia e qualquer psicanálise. "Nós nos dirigimos aos inconscientes que protestam", e só cria aquele que tem absoluta necessidade. Ainda hoje - sobretudo hoje - a esquizo é contra-indicada em caso de suspeita de que tudo vai mais ou menos bem.
YES! OBRIGADO! Ia falar exatamente isso, bem como o Guattari ser, ele mesmo, altamente flexível. O inconscientemente maquínico, ao meu ver, é muito mais uma forma de ler o mundo do que propriamente uma força que possa ser utilizada em termos de análise. O próprio Nieztsche é altamente irônico em relação à "destruição" dos universais, já Spinosa era totalmente universalizante, ainda que o Universo dele fosse panpsiquista. Estou ansioso pelo vídeo sobre Nietzsche, e orgulhoso de o quanto "nós, lacan-nietzschianos" conseguimos nos unir.
Rafael M Não encontrei a palavra domínio no vídeo, apesar disso a tradução de Wille zum Macht comporta todas estas acepções. “O Zaratustra quer dominar” (textual) O esclarecimento de Deleuze em “Ilha Deserta”: “Se a vontade de potência significasse querer a potência, ela, evidentemente, dependeria dos valores estabelecidos, honrarias, dinheiro, poder social, pois esse valores determinam a atribuição e recognição da potência como objeto de desejo e de vontade. E a vontade que quisesse uma tal potência somente a obteria lançando-se numa luta ou num combate. Ademais, perguntemos: quem quer a potência dessa maneira? quem deseja dominar? Precisamente aqueles que Nietzsche chama de escravos, fracos.” Tá valendo, mas francamente, isso parece mais Hegel que Espinosa, ou não?
Pois é, eu também não vi a palavra domínio sendo usada. Entretanto, no vídeo você citou uma implicação politica perigosa vinculada à vontade de poder, isso para argumentar sobre o que te separa da Linha "Deleuzoguattarianietzschespinobergsonista". E sim, a vontade de poder é realmente uma implicação politica perigosa que "alimenta" as mais reativo-destrutivas facetas do capitalismo ou do Estado moderno. Mas NÃO, não é a vontade de poder que é a base de sustentação conceitual para essa Linha. É a vontade de potência como produção de fluxos ativos em sua concepção e corte, uma base que independe de |"valores estabelecidos, honrarias, dinheiro, poder social, (...)"| para obter vazamento ou acontecimento ou experimentação pura. Poder é algo mais arbóreo. Potencia é algo mais rizomático. E como é que a base de sustentação dessa Linha seria um conceito arbóreo quando essa é a linha que têm como função destrutiva o rompimento com o que estratifica singularidades rizomáticas?
Eu não sei se entendi errado, mas pelo vídeo fica parecendo que no lugar de seguir o modelo de Saussure Deleuze e Guattari seguiriam Pierce e Chomsky, no entanto, Deleuze e Guattari questionam aos três, a própria ideia de rizoma surge do questionamento do gerativismo de Chomsky. E o rizoma, como o intricado de relações, não somente linguísticas que constituem mundos, subjetividades. E, se as relações são primeiras, menos ainda consigo entender o argumento de que questionar os universais é algo que levaria à supremacia dos particulares, e, na visão do professor, ao capitalismo. Não só não consigo entender como o modo que é apresentado, como "perigoso" é bastante arrogante em relação a outra linha de atuação que, surge sim da psicanálise, como um questionamento a ela. Surge justamente do questionamento da produção de individualidades (reforço perigoso do capitalismo nas palavras do professor).
Sobre a crítica ao Dunker e sua interpretação da vontade de poder: Existe um processo de domesticação de Nietzsche (Zizek fala sobre isso). A própria tradução de Der Wille zur Macht por vontade de potência mostra isso. Vontade de potência é abstrato, remete a uma força que não age sobre um objeto ou outra força, mas uma vontade domesticada. Nietzsche fala claramente (Alem do Bem e do Mal) que a vontade (de poder) age sobre outros vontades, inclusive dentro do próprio indivíduo. São típicas leituras pós-modernas. Zizek fala muito sobre isso: café descafeinado, cigarro sem nicotina, "Nietzsche do bem" etc. Outro exemplo, é a leitura do, vamos dizer assim, ainda que de maneira exagerada, culto do Nietzsche da violência, do Onfray (esse, claro, não é um autor pós-moderno), em que ele entende essa tal violência como puramente metáfora. Outro exemplo ainda é a tradução do übermensch por além-do-homem (se eu não me engano Derrida o traduz assim, no seu equivalente em francês, sei com certeza que Evando Nascimento o traduz nesses termos) e não por super-homem. Creio que uma das causa disso tenha sido a apropriação de Nietzsche pelo nazismo. De tal modo que qualquer leitura que fuja a esse "Nietzsche descafeinado" ou "Nietzsche domesticado" seja lembrado como leituras proto-nazistas. Como se dissesse "não, não faça esse tipo de leitura, lembre do nazismo". Não sei se me fiz entender...
A vontade de poder não exclui a vontade de dominar ou de um 'apoderar-se de..'. Porém o cerne deste conceito em Nietzsche está na sublimação destas forças, fazendo um bom uso das mesmas e tornando-as criativas; voltadas para o autodomínio, autossuperação e transformação de si. Não é uma visão domesticada de Nietzsche como vemos por aí, mas sim a real proposta (se assim podemos dizer) deste filósofo ao tratar deste conceito.
"Em suas bases, portanto, 'vontade de potência' trata-se de um vir a ser constante do próprio indivíduo em autoafirmação, não da sua afirmação violenta sobre os demais." Perfeita colocação Edson Neto!
@@EmptinessLife sim, de fato a Vontade de potência é o vira - ser do próprio sujeito, mas como diz o Nietzsche, " a vontade de Potência não é um devir , é um Phatos". Ele diz desta forma, porque nós somos uma potência que está em constante tensão com outras potências que também afirmam a si mesmas. Portanto, não se pode dar continuidade ao próprio devir ou vira - ser sem a necessidade da resistência. A autoafirmação é a afirmação da própria potência, que só pode criar caso resista as outras forças extrínsecas. Perceba que resistir, criar ou dar continuidade à si são aqui as mesmas coisas. Veja sobre isso no aforismo 38 - meu conceito de liberdade no livro: crepúsculo dos ídolos
Salve, salve! Tudo bem? Diante de tantas linhas e discussões a respeito de quem seja o sujeito (os sujeitos, as sujeitas, es sujeites, xs sujeitxs...!?) como é que as bases teóricas do analista interferem* no processo dos analisandos? (pressupondo que elas interfiram...*) E quais seriam as diferenças práticas na clínica de analistas de uma linha ou de outra? Grata!
Olá, Dunker. Gostaria de um dia ver um vídeo seu falando sobre solidão. Sei que o tema é amplo, mas acho que seu conhecimento teórico da psicanálise e a experiência clínica poderiam trazer contribuições interessantes aos que a sentem ou de algum modo lidam com ela em familiares, amigos, pacientes etc. Parabéns pelo canal. Abraço.
Muito bacana, Christian! Achei particularmente interessante seu breve comentário sobre os riscos das implicações políticas da esquizoanálise. Ficarei no aguardo do vídeo sobre Nietzsche. Um abraço!
Há um desencontro do pensamento da diferença com um entendimento teórico advindo do estruturalismo. Esse problema terminológico surge das perspectivas que cada autor francês acrescentou ao termo diferença inclusive Lacan. Acredito que as operações de leitura são muito singulares e precisam ser levadas em conta diante do contexto francês altamente intelectualizado e proporcionou uma discussão muito profunda de todos os saberes ocidentais. O problema é levarmos até uma análise selvagem os pressupostos teóricos das escolas, permitindo que o sentimento que projetamos de que as escolas de pensamento possam ser desenvolvidas e acabem quase como dogmas. Esse problema messiânico é parte Integral da discussão em ciências humanas, por exemplo e com certeza vamos encontrar muitas pessoas assim ou mesmo nós mesmos nesta posição. Mais algo para analisarmos.
Gosto muito do canal. Porém se percebe que esse vídeo foi feito com desgosto ou desdém, talvez por não representar a tendência clínica que Christian admira. Foi a impressão que tive.
Me esclareceu muitas coisas. Muito obrigado. Vc é inteligentíssimo. Seus vídeos tem bastante qualidade, com muitas referências. Ganhou mais um inscrito.
Christian, gostaria que falasse um pouco sobre o Merleau Ponty e a relação que ele e Lacan tinham. Os diálogos, contribuições recíprocas, convergências e divergências que eles possuiam. Pois, ao que me parece, Ponty se junta um rol de pensadores que estabelecem a base dos novos ângulos de debruçamento sobre os grandes temas ontológicos e epistemológicos que são retomados com um novo paradigma no pós 60. Inclusive, à mim me parece que a sua obra tem uma grande relação com a ontologia do real, imaginário e simbólico de Lacan. Considerando seus escritos como "o visível e o invisível", "o olho e o espírito", e todas suas afirmações a respeito da textura imaginária do real. E obrigado pelo ótimo material!
Obrigado pelo vídeo, professor. Sempre muito interessante e aberto ao diálogo. Aquela sua fala sobre a vontade de poder também me causa um certo estranhamento quando ouço sobre esquisoanálise. Na real as propostas "pós-estruturalistas" me causam esse temor, de uma forma geral, me levanta o sinal amarelo de uma apologia ao individualismo, ao ensimesmamento e à competição entre formas de existências, que na balança desigual do poder, já sabemos pra onde ela pesa. No entanto eu tava ouvindo uma fala do Luis Fuganti sobre esse ponto que me pareceu interessante pra esse debate. Não vou conseguir reproduzir literalmente, mas entendi que a ideia era de que a proposta da esquisoanálise tem a ver com desconstrução desse sujeito territorializado, no entanto, sem desconsiderar as estruturas, elas fazem parte desses "acoplamentos" no qual a esquisoanálise se propõe desacoplar. As estruturas de poder que sustentam os discursos supremacistas, por exemplo, (entendendo que eles não são mera produção subjetiva, individual) são consideradas na esquisoanálise também. É interessante pensar que muitas pessoas que buscam uma filosofia preta, ou uma filosofia crítica à colonialidade vêm usando a esquisoanálise também, misturando com um pouquinho de Fanon.. Talvez seja um tema interessante pra você encaminhar essa sua justa preocupação.
Ola dunker ! Talvez seria legal ampliar essa discussão partindo do livro mil platôs, ou até do anti-édipo e não só pelo inconsciente maquinico. Creio que ampliaria mais as discussões. Muito obrigado por compartilhar essas discussões
Olá, professor. Gostaria que comentasse sobre a fascinação do grande público com psicopatas no quotidiano, antes já havia fascinação com assassinos em série, agora há a preocupação com "como identificar um psicopata", não alguém que vá te esfaquear mas alguém sem empatia que vá passar por cima de você em seu emprego ou em relacionamentos, um bicho-papão para nosso dia-a-dia. São milhões de visualizações no youtube, várias entrevistas com psicólogos em canais de tv, best-sellers escritos sobre o assunto, etc. Eu noto que isso só foi se popularizar faz pouco tempo. Abraço.
Excelente video! Para continuar a conversa, seria massa um vídeo sobre o O frio e o cruel do Deleuze, em que dissocia, nessa vibe, masoquismo e sadismo, tornando inoperante praticamente o termo sadomasoquisa enquanto unidade
Esse video é muito interessante pois é um professor Lacaniano comentando Deleuze & Guattari. Pra quem não sabe existe a maior treta entre a psicanálise lacaniana e a esquizoanálise desde o começo da teoria. Então o vídeo é muito bom para entender a perspectiva Lacaniana. Mas é muito importante também ouvir sobre esquizoanálise dos esquizoanalistas.
Boa tarde, professor! Poderias fazer um vídeo falando brevemente sobre os principais autores que influenciaram o trabalho de lacan? Podemos notar alguma influência de Sartre, por exemplo?
Boa noite!! Excelente. E legal tb o momento de conclusão: ."..ficamos por aqui hj." No seguimento deste viés, discussão e espaço sobre a visão de outros autores a respeito do processo psíquico do homem e suas relações com o outro, seria possível o professor nos apresentar sua opinião a respeito dos trabalhos do autor Alain Badiou, pois este, também de contato vivo com Lacan, produziu uma teoria sobre o sujeito. Neste ínterim, caberia pensarmos o evento, termo marcante no trabalho de Badiou, O Ser e o evento; como o momento em que o sujeito promove sua suposta libertação; desalienação; ou também poderíamos pensar o evento como fim de análise ou superação do fantasma? Grato.
Olha, eu esperava uma ponderação ignorante, não menosprezando o interlocutor, mas baseado no meu próprio ressentimento ante falta de civilidade do momento atual que vivemos. No entanto preciso dizer que a fala foi fantástica justamente porque não mobilizou forças reativas, muito pelo contrario foi propositiva e construtiva.
Dunker! Reparei em outro vídeo seu nos símbolos budistas na parede (o duplo dorje e o nó infinito, para quem quiser pesquisar). Você poderia fazer um vídeo falando sobre o budismo? Especialmente num tempo em que ele tem tido grande relevância no Brasil?
Quando o senhor menciona a operação com diferentes registros semióticos através da invenção e criação, eu me lembrei da Julia Kristeva. Seria muito bem vindo um vídeo em que falasse um pouco sobre a obra dela.
Sinto que amadureço quando leio conversas assim. O Dunker é um professor que tanto admiro, seja por sua didática e seu conhecimento enormes, seja pelo seu caráter nada arrogante. E esses comentários me lembram que uma bela crítica pode ser feita mesmo que aquele que apresenta a tese seja especialista, e é assim que se produz conhecimento. Ver essas concepções do conceito de Nietzsche é bastante interessante, vez que todos estão embasados. Não acho que o Dunker "reduz as críticas" por se oporem a psicanálise, mas tenta fazer uma síntese (rsrs sim o comentário é meio hegeliano tese-antítese-síntese), numa leitura crítica da crítica. Que há repetição e circularidades na história, nós sabemos. O próprio Hegel coloca uma primazia da lógica como "única" capaz de ser universal, e as outras Ciências estariam sujeitas à essa razão dialética (novamente, essa é *uma* interpretação de Hegel). Depois, Sartre faz sua Crítica à Razão Dialética tentando fugir de uma dialética materialista/marxista, mas também não concordando com o idealismo do Hegel. Essa metafísica imanente que daria origem à - talvez - uma razão crítico-dialética ainda é muito permeada pelo transcendentalismo, e neste aspecto Lacan e Freud etc trazem o desejo no nível do simbólico, através da falta. Penso que, pelo pouco que li e considerando o muito que tenho a aprender, que Deleuze é - de forma simplificada - radicalmente existencialista, enfatizando que o desejo é excesso, ele produz - e produz o real. Não consigo ver a crítica à Hegel de forma contundente, uma vez que o próprio Deleuze coloca "somos máquinas desejantes que rearranjam", enfim uma [re]construção. Ótimo vídeo, Professor! Sempre retorno ao passado do canal, com a certeza de que encontrarei algum esclarecimento/ideias sobre o que procuro.
Professor, não conheço absolutamente nada de Lacan e nem de Freud (apenas coisas bem simples de orelhada). Entretanto, sei que em Mil Platôs, como pode-se ver bem no capitulo 10, os autores buscam estabelecer relações que transpõe os limites entre real e imaginario (e de forma geral de tos limites relativos por um limite absoluto abstrato, a máquina abstrata). No contexto do capitulo, os autores discutem dois modelos da relação entre natureza e cultura, que se separam limites relativos (no sentido usado por Lapoujade no livro sobre os movimentos aberrantes), de um lado o modelo da estrutura (que implica uma relação simbólica entre natureza e cultura) e de outro o modelo da serie (cuja relação entre os termos é imaginaria). De um lado diferenças que se assemelham simbolicamente numa estrutura, de outro semelhanças reunidas imaginariamente em relação a uma série única. Em contraponto a esses modelos, os autores apresentam o motibo bergsoniano do devir (obviamente, com modificações). Assim, atraves de um limite absoluto (das potências de desterritorialização da terra, ou do sem-fundo, pra usar um vocabulario de Diferença e repetição ) os limites relativos (entre natureza e cultura, real e imaginario) são rompidos. Os exemplos desses rompimentos vem principalmente da literatura e da antropologia. Um exemplo disso é quando os autores remetem às mitológicas de levi-strauss e se perguntam no que se transforma o homem e o animal nestas relações de entrecruzamento (os devires animais). A antropologia contemporânea tem relatado muitos casos que apontam para estes entrecruzamentos entre humanos e animais (no Brasil com Eduardo Viveiros de Castro e muitos outros etnografos, na Sibéria com o trabalho de Willerslev, na Melanesia com trabalhos de Roy Wagnsr e Marilyn Strathern, sem falar no trabalho de Bruno Latour que apresenta entrecruzamentos entre humanos e não humanos na propria ciência). Enfim, gostaria de saber ate que ponto a teoria das multiplicidades de Mil Platôs, que talvez esteja implicada neste livro do Guatarri (o qual eu não li), não se afastaria das implicações do real de Lacan.
Entre o transcendental empírico, e os conceitos de virtual e atual, contra os universais, a memória duradoura, ou melhor a duração em Bergson, tem que ser levada em conta. Não existe para D&G transcendental nem transcendental ismo. Acho que você errou nesse conceito.
Nos anos de 1970 não aconteceu no Brasil uma grande crítica contra a Psicanálise? Lembro que as pessoas que discutiam psicologia contavam muito as terapias corporais e a Gestalt. Nos anos de 1970 a psiquiatria e a Psicanálise eram "caretas". Apesar de um grande movimento que surgiu nessa época contra os manicômios movimento esse feito pelos próprios psiquiatras e psicanalistas. Nessa época eu nem sonhava que ia ter problemas emocionais.
Olá, professor Gosto mt do seu canal! A minha pergunta é sobre a transferência: o senhor comentou no vídeo sobre amor romântico e transferência que algumas pessoas teriam naturalmente uma facilidade de se colocar em transferência. Isso é positivo? Devemos estimular esse tipo de processo? Como? Desde já agradeço! Forte Abraço!
No final discordar do Fluxo é discordar da vida. Discordar da mudança universal natural, então, como diria Nietzsche, uma pessoa de pouca força. Nietzsche nunca erra.
Gabriel Leite, por que vc pensou em relações entre Deligny e Lacan se, ao se traçar os mapas dos trajetos dos autistas e outras experiências, Deligny fala em vacância da linguagem no autista e Lacan se ancora na linguagem?
Harete Vianna Moreno Porque há alguns psicanalistas pensando nessa relação, que, aparentemente, é de total contradição, mas que talvez nem o seja tanto assim. Também há alguns que relacionam Deligny com algumas ideias de Winnicott e Ferenczi. Tem um campo frutífero de investigação, pena que no Brasil Deligny ainda não é tão estudado.
@@gabrieleitee uau! Desconhecia completamente! Vc tem alguma indicação de leitura a respeito? Obrigada pela resposta! Sim, Deligny é pouco conhecido, por enquanto..
Christian, obrigado pelo vídeo, mais uma vez. Por favor, quando puder, comente um pouco mais da relação entre Lacan e Proust, em especial, isso que você fala no fim do vídeo, da leitura clinicalista da obra de Proust, que também se encontra no lacanismo? Do que se trata essa crítica? Um abraço,
Professor Dunker, novamente as suas considerações aparecem como formas de indicar novos caminhos não apenas para o mundo da psicanálise, mas para todos aqueles que se preocupam com a realidade. Utilizo muito seus vídeos nos debates que faço no curso de Relações Internacionais, por exemplo, e os alunos têm tb se tornado seus fãs. Uma pergunta a respeito da última parte de suas considerações: na visão ocidental, a fixidez, o pertencimento direto a um território e uma estabilidade geralmente territorializada são vistos como objetivos a serem alcançados sejam pelas pessoas, seja pelas instituições. Ainda assim, a junção das particularidades (que cita como uma possível tradição do próprio capitalismo) surge como uma forma de divisão contra o "público", o "geral". De qual forma enxerga essa relação atualmente? Como pensar esse choque entre o possível comum e essa segregação de particularidades que se tem construído muito bem recentemente nas sociedades modernas? Qual o papel do espaço nisso? Muuuito obrigado, e um forte abraço!
Mario Curumim, um amigo meu, despreza formas emocionais de sentir e sofrer. Mario Curumim acha que o emocional e o afetivo pertencem `a classe mais baixa do povo e que um aristocrata vive longe do mundo emocional, afetivo e sentimental. Mario Curumim fugiu do tratamento em saude mental e se considera acima da psicanalise. Eu gosto do Mario Curumim considero seu jeito de ver a psicanalise, ele acha que o problema dele pode ser resolvido de outro jeito. Existe um lugar na psicanalise pro jeito de pensar do Mario Curumim.
Na minha psicoterapia a procura em explicar tudo o que aconteceu de forma completa fica aberta eu fico impossibilitada de concluir e os fatos ficam inacabados e continuam. Eu me sinto mal porque quero tudo explicado e com ponto final. Pra mim a analise esquizoide tem pro blemas parece que Deleuze e Guatarri resistem a psicanalise buscando na teoria uma forma de fugir dos problemas. Deleuze e Guatarri consideram os problemas que a Psicanalise apresenta coisa boba e se prendem a problemas teoricos que eles consideram mais.
Igor Drey “Mas seria melhor voltar ao ponto de partida de Chomsky mas considerando que seus primeiros modelos de máquinas abstratas permaneceram muito tributários de articulações significantes de linguagem” Pág. 28 de “Inconsciente Maquínico” que é a obra aqui analisada. Também nota de rodapé pag 39 “A expressão ‘máquina abstrata’ linguística remonta a Chomsky
Professor, qual seria o itinerário formativo pra conseguir acompanhar sua linha de raciocínio neste vídeo? As referências filosóficas são muitas, o tempo pra estudar é pouco...
O senhor fala da leitura de Deleuze sobre Hegel. Me parece que a leitura que ele faz de Nietzsche também é bem particular e digo além ainda. Nossa academia herdou essa leitura.
Boa noite professor ! Seu canal salva meu tédio e alimenta minha esfomeada vontade de conhecimento. Sou psicólogo recém-formado e estou iniciando atendimentos em domicílio. Tenho notado (de bom grado) as transgressões dos novos modos de se fazer psicanálise, além do consultório (como a clínica pública na Vila Itororó), além das possibilidades de se fazer clínica em espaços públicos. Vejo com bons olhos, uma vez que democratiza a psicanálise e sua função social, e por que não?, política. Por fim, gostaria que você falasse sobre essas novas formas de se fazer psicanálise. Sobre riscos éticos (se existem) e possíveis benefícios em âmbito macrosocial. Grato. Você é uma inspiração.
Acompanhamento terapêutico, pesquisa artigo científico sobre essa área de atuação que facilitará sua busca por respostas.
Pesquisa sobre Maurício Hermann.
Leonardo Martins muito obrigado pela indicação. Sempre bem vindo !
Rodrigo boa noite!!! Tenho me feito a mesma pergunta e aplicação dessa possibilidade.
Há um engano a respeito da proposta da esquizoanálise no minuto 12:24 - 12:48. 'Vontade de potência ou poder' em Nietzsche não é vontade de domínio, dominação ou posse em relação aos outros ou ao que quer que seja. O 'esquizo' é justamente quem foge destas capturas. Deleuze fala em singularidades, não em individualismos. Acredito que houve um certo reducionismo da parte de Dunker sobre a esquizoanálise.
Transylvanian exatamente
Transylvanian
Não encontrei a palavra domínio no vídeo, apesar disso a tradução de Wille zum Macht comporta todas estas acepções. “O Zaratustra quer dominar” (textual)
O esclarecimento de Deleuze em “Ilha Deserta”:
“Se a vontade de potência significasse querer a potência, ela, evidentemente, dependeria dos valores estabelecidos, honrarias, dinheiro, poder social, pois esse valores determinam a atribuição e recognição da potência como objeto de desejo e de vontade. E a vontade que quisesse uma tal potência somente a obteria lançando-se numa luta ou num combate. Ademais, perguntemos: quem quer a potência dessa maneira? quem deseja dominar? Precisamente aqueles que Nietzsche chama de escravos, fracos.”
Tá valendo, mas francamente, isso parece mais Hegel que Espinosa, ou não?
Eu diria que os 'gêneros do conhecimento' em Espinosa seria um caminho para 'escapar' desta dialética hegeliana.. rs
+Transylvanian Sim
A critica central deles é justamente na redundância do desejo enquanto falta... kkkkk (critica central sobre as psicanálises...) desejo é produção... esse é o encontro ao Nietzsche e Spinoza...
Poucas pessoas falam sobre a esquizoanálise. Muito boa a exposição, muito didática. Particularmente gosto muito dessa vertente. Obrigada Professor!
Muito bom, os dualismos realmente precisam ser refletidos. Mas poder existe como poder, e como potência, essa diferença em Nietzsche e Deleuze é importante.
Parabéns pelos esforço do professor Dunker em procurar esclarecer de um modo geral o que se poderia entender por esquizoanálise. Pessoalmente não sei devemos levar a sério demais essa ideia de que há uma proposta clínica chamada de "esquizoanálise", ao menos em termos institucionais. Roberto Machado, tb leitor de Deleuze e um pouco de Guattari, pensa tb que é preciso ver essa proposta ou esse "programa" com certo "humor", o que não invalida as práticas clínicas que parecem servir a essa denominação. Uma outra coisa que o professor tb colocou e que aí é preciso um certo pormenor é quando disserta que a exclusão de qualquer universal poderia desembocar numa disseminação perigosa de particulares. Como já revelou Dunker em um vídeo sobre o Anti-Édipo, entende que os autores do "Por que não somos nietzscheanos?" tem razão ao dizer que a exclusão de qualquer universal desembocaria apenas no reconhecimento de particulares ou de "indivíduos". Penso que o professor talvez não esteja considerando a distinção, aliás salientadas por alguns aqui, entre "singularidade" e "indivíduo". A não distinção entre estes dois conceitos poderia sombrear um outro conceito importantíssimo para Deleuze e Guattari, inclusive para se poder compreender melhor o que estes autores denominam por singular, que é o conceito de "meio", que poderíamos tomar quase como sinônimo de devir, zona de indiscernibilidade, intermezzo...etc. Dito isso, é preciso compreender, primeiro, que toda singularidade é pré-individual, por isso ela não pode ser confundida com um indivíduo; segundo, ela é de caráter intensivo e não extensivo ou, para nos remetermos a uma linguagem estóica que Deleuze tanto aprecia, ela é um "incorporal". No limite, ela é a expressão de afectos e perceptos (não confundir com afecção e percepção pq estas noções se vinculam com a experiência estritamente sensorial de um sujeito dado), o que poderia explicar a ideia de "fluxo" que o professor Dunker parece divergir mas que não desenvolveu muito do pq desta divergência salvo de modo um pouco rápido, quando vincula ao problema do capital. Aqui se teria muito o que desenvolver, mas só vou me deter apenas a mais um aspecto que penso que o professor não tenha razão, que diz respeito aos referenciais teóricos de Deleuze e Guattari em relação à linguagem. Primeiro, de modo algum Chomsky é tomado pela dupla como uma referência importante para a sua crítica aos supostos universais na línguagem, uma vez que o próprio norte-americano defende que existem estruturas inatas que sem as quais a linguagem não poderia se desenvolver. Para Deleuze e Guattari, talvez as referências mais importantes em torno dessa questão sejam Hjelmslev e William Labov, pois a partir destes linguistas a dupla poderá evocar uma concepção teórica sobre a linguagem imanetistas, ou seja, sem transcendência, logo, sem universais. No mais, parabéns pela apresentação. (só lembrando, Juan-David Nasio, psicanalista lacaniano, reconhece sua "dívida" com Deleuze ao tomar o conceito de "Acontecimento" em sua teorização em torno da transferência).
Boa noite professor Dunker! Achei fantástico o resumão que o senhor deu sobre a Esquizoanálise. Pelo que a gente pode entender, ela parte muito mais como um artifício de compreensão próprio dos tempos atuais do que uma continuidade na odisséia do conhecimento ocidental, acredito que por isso mesmo ela não feche tanto com a própria Psicanálise, por conta desse caráter desprendido, mas as raízes Foucaultianas e Nietzscheanas poderiam muito vingar como uma nova cultura analítica, não necessariamente terapêutica.
Professor Dunker, primeiramente parabéns pelo belo trabalho que desenvolve com esse canal. Sou psicólogo clínico de orientação psicanalítica e sempre recorro à suas reflexões.
Por favor, o senhor poderia falar mais detalhadamente sobre a ansiedade na perspectiva psicanalítica? No contato com as pessoas vejo que hoje em dia tem se disseminado a informação de que outros modelos, como a TCC, por exemplo, são mais eficazes no tratamento desse mal. Isso não é algo da pós modernidade, que privilegia somente um estancamento da dor psíquica em detrimento de um compreensão mais profunda da ansiedade e suas crises dentro do contexto da vida do sujeito por elas acometido?
Muito obrigado.
Eu penso que sim, Felippe. É uma forma de lidar com a ansiedade que não lida com os conflitos, com as questões do sujeito, mas sim manobra o corpo, a mente a driblar a fonte. Não enfrenta a questão, não elabora, não pensa muito acerca, ao meu ver. Simplesmente formula técnicas para "driblar" esses buracos.
Na espera do vídeo sobre o Nietzsche.
Seria interessante também saber mais sobre a afirmação do Lacan sobre a etologia ser a única psicologia verdadeira.
absolutamente brilhante, Dunker, um grande conhecedor de Lacan, nos ensina muito, obrigada!
Eu nem gosto de Chomsky, mas é inegável a qualidade da descrição das estruturas (majoritariamente) sintáticas produzidas pelos chomskianos. Se um autor não romper _deliberadamente_ com a sintaxe, como Guimarães Rosa ou Samuel Rawet fizeram, nós nunca escapamos da descrição fornecida, o que demonstra realmente um poder descritivo (com ares de explicativo) fascinante. Mas sempre lembremos de Hume: causalidade é uma ficção útil.
Considerando a esquizo como derivada e "contida" pela psicanálise, precisaríamos então discordar da Suely Rolnik quando coloca "Esquizoanálise", "Cartografia" e "Micropolítica" como a mesma coisa, apenas estrategicamente chamada de nomes diferentes. Todas as vezes que se usa "esquizoanálise" - venho percebendo - ainda há muita referência na psicanálise. Mas o mesmo não acontece quando se fala em Cartografia ou Micropolítica, aí já me parece menos uma derivação ou reação à psicanálise, mas outro caminho, talvez mais próximo do Amor Fati, sobretudo no sentido de virar o rosto e olhar em outra direção. A Cartografia me parece uma versão mais madura da Esquizo. Mas ambas são apenas pontos de partida pro combate da vida afirmada a despeito da trindade Deus-Estado-Capital. E essa é a diferença fundamental de valor que percebo entre esquizoanálise/cartografia e qualquer psicanálise. "Nós nos dirigimos aos inconscientes que protestam", e só cria aquele que tem absoluta necessidade. Ainda hoje - sobretudo hoje - a esquizo é contra-indicada em caso de suspeita de que tudo vai mais ou menos bem.
A elegância dessa argumentação! ❤
vontade de poder não é a mesma coisa que vontade de potência, cuidado
YES! OBRIGADO! Ia falar exatamente isso, bem como o Guattari ser, ele mesmo, altamente flexível. O inconscientemente maquínico, ao meu ver, é muito mais uma forma de ler o mundo do que propriamente uma força que possa ser utilizada em termos de análise. O próprio Nieztsche é altamente irônico em relação à "destruição" dos universais, já Spinosa era totalmente universalizante, ainda que o Universo dele fosse panpsiquista. Estou ansioso pelo vídeo sobre Nietzsche, e orgulhoso de o quanto "nós, lacan-nietzschianos" conseguimos nos unir.
Rafael M
Não encontrei a palavra domínio no vídeo, apesar disso a tradução de Wille zum Macht comporta todas estas acepções. “O Zaratustra quer dominar” (textual)
O esclarecimento de Deleuze em “Ilha Deserta”:
“Se a vontade de potência significasse querer a potência, ela, evidentemente, dependeria dos valores estabelecidos, honrarias, dinheiro, poder social, pois esse valores determinam a atribuição e recognição da potência como objeto de desejo e de vontade. E a vontade que quisesse uma tal potência somente a obteria lançando-se numa luta ou num combate. Ademais, perguntemos: quem quer a potência dessa maneira? quem deseja dominar? Precisamente aqueles que Nietzsche chama de escravos, fracos.”
Tá valendo, mas francamente, isso parece mais Hegel que Espinosa, ou não?
Pois é, eu também não vi a palavra domínio sendo usada.
Entretanto, no vídeo você citou uma implicação politica perigosa vinculada à vontade de poder, isso para argumentar sobre o que te separa da Linha "Deleuzoguattarianietzschespinobergsonista".
E sim, a vontade de poder é realmente uma implicação politica perigosa que "alimenta" as mais reativo-destrutivas facetas do capitalismo ou do Estado moderno. Mas NÃO, não é a vontade de poder que é a base de sustentação conceitual para essa Linha. É a vontade de potência como produção de fluxos ativos em sua concepção e corte, uma base que independe de |"valores estabelecidos, honrarias, dinheiro, poder social, (...)"| para obter vazamento ou acontecimento ou experimentação pura.
Poder é algo mais arbóreo.
Potencia é algo mais rizomático.
E como é que a base de sustentação dessa Linha seria um conceito arbóreo quando essa é a linha que têm como função destrutiva o rompimento com o que estratifica singularidades rizomáticas?
Complexo mas compreensível, disruptivo! Muito bom professor, Obrigada!!
Eu não sei se entendi errado, mas pelo vídeo fica parecendo que no lugar de seguir o modelo de Saussure Deleuze e Guattari seguiriam Pierce e Chomsky, no entanto, Deleuze e Guattari questionam aos três, a própria ideia de rizoma surge do questionamento do gerativismo de Chomsky. E o rizoma, como o intricado de relações, não somente linguísticas que constituem mundos, subjetividades. E, se as relações são primeiras, menos ainda consigo entender o argumento de que questionar os universais é algo que levaria à supremacia dos particulares, e, na visão do professor, ao capitalismo. Não só não consigo entender como o modo que é apresentado, como "perigoso" é bastante arrogante em relação a outra linha de atuação que, surge sim da psicanálise, como um questionamento a ela. Surge justamente do questionamento da produção de individualidades (reforço perigoso do capitalismo nas palavras do professor).
Sobre a crítica ao Dunker e sua interpretação da vontade de poder:
Existe um processo de domesticação de Nietzsche (Zizek fala sobre isso). A própria tradução de Der Wille zur Macht por vontade de potência mostra isso. Vontade de potência é abstrato, remete a uma força que não age sobre um objeto ou outra força, mas uma vontade domesticada. Nietzsche fala claramente (Alem do Bem e do Mal) que a vontade (de poder) age sobre outros vontades, inclusive dentro do próprio indivíduo. São típicas leituras pós-modernas. Zizek fala muito sobre isso: café descafeinado, cigarro sem nicotina, "Nietzsche do bem" etc.
Outro exemplo, é a leitura do, vamos dizer assim, ainda que de maneira exagerada, culto do Nietzsche da violência, do Onfray (esse, claro, não é um autor pós-moderno), em que ele entende essa tal violência como puramente metáfora. Outro exemplo ainda é a tradução do übermensch por além-do-homem (se eu não me engano Derrida o traduz assim, no seu equivalente em francês, sei com certeza que Evando Nascimento o traduz nesses termos) e não por super-homem.
Creio que uma das causa disso tenha sido a apropriação de Nietzsche pelo nazismo. De tal modo que qualquer leitura que fuja a esse "Nietzsche descafeinado" ou "Nietzsche domesticado" seja lembrado como leituras proto-nazistas. Como se dissesse "não, não faça esse tipo de leitura, lembre do nazismo".
Não sei se me fiz entender...
Muito bom!!
A vontade de poder não exclui a vontade de dominar ou de um 'apoderar-se de..'. Porém o cerne deste conceito em Nietzsche está na sublimação destas forças, fazendo um bom uso das mesmas e tornando-as criativas; voltadas para o autodomínio, autossuperação e transformação de si. Não é uma visão domesticada de Nietzsche como vemos por aí, mas sim a real proposta (se assim podemos dizer) deste filósofo ao tratar deste conceito.
Muito confuso, mas assim que é bom kkkkkkkkkk
"Em suas bases, portanto, 'vontade de potência' trata-se de um vir a ser constante do próprio indivíduo em autoafirmação, não da sua afirmação violenta sobre os demais."
Perfeita colocação Edson Neto!
@@EmptinessLife sim, de fato a Vontade de potência é o vira - ser do próprio sujeito, mas como diz o Nietzsche, " a vontade de Potência não é um devir , é um Phatos". Ele diz desta forma, porque nós somos uma potência que está em constante tensão com outras potências que também afirmam a si mesmas. Portanto, não se pode dar continuidade ao próprio devir ou vira - ser sem a necessidade da resistência. A autoafirmação é a afirmação da própria potência, que só pode criar caso resista as outras forças extrínsecas. Perceba que resistir, criar ou dar continuidade à si são aqui as mesmas coisas.
Veja sobre isso no aforismo 38 - meu conceito de liberdade no livro: crepúsculo dos ídolos
What? Um local no UA-cam com conhecimento, discussões embasadas e sem povo xingando? Devo estar sonhando
Obrigado e parabéns, professor Dunker. Seu trato nestas diferenças foi uma demonstração de respeito e rigor científico.
Salve, salve! Tudo bem?
Diante de tantas linhas e discussões a respeito de quem seja o sujeito (os sujeitos, as sujeitas, es sujeites, xs sujeitxs...!?) como é que as bases teóricas do analista interferem* no processo dos analisandos? (pressupondo que elas interfiram...*)
E quais seriam as diferenças práticas na clínica de analistas de uma linha ou de outra?
Grata!
Olá, Dunker. Gostaria de um dia ver um vídeo seu falando sobre solidão. Sei que o tema é amplo, mas acho que seu conhecimento teórico da psicanálise e a experiência clínica poderiam trazer contribuições interessantes aos que a sentem ou de algum modo lidam com ela em familiares, amigos, pacientes etc. Parabéns pelo canal. Abraço.
Muito bacana, Christian! Achei particularmente interessante seu breve comentário sobre os riscos das implicações políticas da esquizoanálise. Ficarei no aguardo do vídeo sobre Nietzsche. Um abraço!
Há um desencontro do pensamento da diferença com um entendimento teórico advindo do estruturalismo. Esse problema terminológico surge das perspectivas que cada autor francês acrescentou ao termo diferença inclusive Lacan. Acredito que as operações de leitura são muito singulares e precisam ser levadas em conta diante do contexto francês altamente intelectualizado e proporcionou uma discussão muito profunda de todos os saberes ocidentais. O problema é levarmos até uma análise selvagem os pressupostos teóricos das escolas, permitindo que o sentimento que projetamos de que as escolas de pensamento possam ser desenvolvidas e acabem quase como dogmas. Esse problema messiânico é parte Integral da discussão em ciências humanas, por exemplo e com certeza vamos encontrar muitas pessoas assim ou mesmo nós mesmos nesta posição. Mais algo para analisarmos.
Gosto muito do canal. Porém se percebe que esse vídeo foi feito com desgosto ou desdém, talvez por não representar a tendência clínica que Christian admira. Foi a impressão que tive.
Me esclareceu muitas coisas. Muito obrigado. Vc é inteligentíssimo. Seus vídeos tem bastante qualidade, com muitas referências. Ganhou mais um inscrito.
Christian, gostaria que falasse um pouco sobre o Merleau Ponty e a relação que ele e Lacan tinham. Os diálogos, contribuições recíprocas, convergências e divergências que eles possuiam. Pois, ao que me parece, Ponty se junta um rol de pensadores que estabelecem a base dos novos ângulos de debruçamento sobre os grandes temas ontológicos e epistemológicos que são retomados com um novo paradigma no pós 60. Inclusive, à mim me parece que a sua obra tem uma grande relação com a ontologia do real, imaginário e simbólico de Lacan. Considerando seus escritos como "o visível e o invisível", "o olho e o espírito", e todas suas afirmações a respeito da textura imaginária do real.
E obrigado pelo ótimo material!
Obrigado pelo vídeo, professor. Sempre muito interessante e aberto ao diálogo. Aquela sua fala sobre a vontade de poder também me causa um certo estranhamento quando ouço sobre esquisoanálise. Na real as propostas "pós-estruturalistas" me causam esse temor, de uma forma geral, me levanta o sinal amarelo de uma apologia ao individualismo, ao ensimesmamento e à competição entre formas de existências, que na balança desigual do poder, já sabemos pra onde ela pesa. No entanto eu tava ouvindo uma fala do Luis Fuganti sobre esse ponto que me pareceu interessante pra esse debate. Não vou conseguir reproduzir literalmente, mas entendi que a ideia era de que a proposta da esquisoanálise tem a ver com desconstrução desse sujeito territorializado, no entanto, sem desconsiderar as estruturas, elas fazem parte desses "acoplamentos" no qual a esquisoanálise se propõe desacoplar. As estruturas de poder que sustentam os discursos supremacistas, por exemplo, (entendendo que eles não são mera produção subjetiva, individual) são consideradas na esquisoanálise também.
É interessante pensar que muitas pessoas que buscam uma filosofia preta, ou uma filosofia crítica à colonialidade vêm usando a esquisoanálise também, misturando com um pouquinho de Fanon.. Talvez seja um tema interessante pra você encaminhar essa sua justa preocupação.
Melhor notificação. Obrigada pelo vídeo professor.
Ola dunker ! Talvez seria legal ampliar essa discussão partindo do livro mil platôs, ou até do anti-édipo e não só pelo inconsciente maquinico. Creio que ampliaria mais as discussões. Muito obrigado por compartilhar essas discussões
Olá, professor. Gostaria que comentasse sobre a fascinação do grande público com psicopatas no quotidiano, antes já havia fascinação com assassinos em série, agora há a preocupação com "como identificar um psicopata", não alguém que vá te esfaquear mas alguém sem empatia que vá passar por cima de você em seu emprego ou em relacionamentos, um bicho-papão para nosso dia-a-dia. São milhões de visualizações no youtube, várias entrevistas com psicólogos em canais de tv, best-sellers escritos sobre o assunto, etc. Eu noto que isso só foi se popularizar faz pouco tempo. Abraço.
O professor vai pintar o cabelo ao chegar aos 1 milhão de inscritos? Grande abraço!
Excelente video! Para continuar a conversa, seria massa um vídeo sobre o O frio e o cruel do Deleuze, em que dissocia, nessa vibe, masoquismo e sadismo, tornando inoperante praticamente o termo sadomasoquisa enquanto unidade
Esse video é muito interessante pois é um professor Lacaniano comentando Deleuze & Guattari. Pra quem não sabe existe a maior treta entre a psicanálise lacaniana e a esquizoanálise desde o começo da teoria. Então o vídeo é muito bom para entender a perspectiva Lacaniana. Mas é muito importante também ouvir sobre esquizoanálise dos esquizoanalistas.
Vontade de poder ou vontade de potência? Os particulares são encerrados em si ou são particulares sempre abertos aos fluxos, moleculares?
Guattari e Deleuze falam em Vontade de Potência, o Poder seria a menor das potências. Tem no abecedário dele. Recomendo assistir . Um abraço!
Boa tarde, professor! Poderias fazer um vídeo falando brevemente sobre os principais autores que influenciaram o trabalho de lacan? Podemos notar alguma influência de Sartre, por exemplo?
Chis, faz um Falando NIsso sobre Bergson, ainda não tem no canal...
Boa noite!! Excelente. E legal tb o momento de conclusão: ."..ficamos por aqui hj." No seguimento deste viés, discussão e espaço sobre a visão de outros autores a respeito do processo psíquico do homem e suas relações com o outro, seria possível o professor nos apresentar sua opinião a respeito dos trabalhos do autor Alain Badiou, pois este, também de contato vivo com Lacan, produziu uma teoria sobre o sujeito. Neste ínterim, caberia pensarmos o evento, termo marcante no trabalho de Badiou, O Ser e o evento; como o momento em que o sujeito promove sua suposta libertação; desalienação; ou também poderíamos pensar o evento como fim de análise ou superação do fantasma? Grato.
Cada vez que assisto capturo algo novo! Fui comentar e vi que já havia comentado!😜
Sobre o significante em Lacan vc tem razão... mas a critica central da esquizoanálise é a falta do desejo ( desejo enquanto falta nas psicanálises...)
Olha, eu esperava uma ponderação ignorante, não menosprezando o interlocutor, mas baseado no meu próprio ressentimento ante falta de civilidade do momento atual que vivemos. No entanto preciso dizer que a fala foi fantástica justamente porque não mobilizou forças reativas, muito pelo contrario foi propositiva e construtiva.
Dunker! Reparei em outro vídeo seu nos símbolos budistas na parede (o duplo dorje e o nó infinito, para quem quiser pesquisar). Você poderia fazer um vídeo falando sobre o budismo? Especialmente num tempo em que ele tem tido grande relevância no Brasil?
Espera, professor. Empiria transcendental? (12:00) Mas é uma filosofia da imanência.
Leon, exatamente.
Muito obrigado!!!
Quando o senhor menciona a operação com diferentes registros semióticos através da invenção e criação, eu me lembrei da Julia Kristeva. Seria muito bem vindo um vídeo em que falasse um pouco sobre a obra dela.
Vontade de poder e vontade de potência são tratados como análogos? Pq Deleuze mesmo fala que a filosofia não é o poder, mas a potência.
Poder tem a ver com dinheiro,status,... potência com sabedoria, pulsão de vida...
A nível internacional as correntes da psicanálise se dividem dois pilares:
1- Independentes;
2- Maçônicas.
Sinto que amadureço quando leio conversas assim. O Dunker é um professor que tanto admiro, seja por sua didática e seu conhecimento enormes, seja pelo seu caráter nada arrogante. E esses comentários me lembram que uma bela crítica pode ser feita mesmo que aquele que apresenta a tese seja especialista, e é assim que se produz conhecimento. Ver essas concepções do conceito de Nietzsche é bastante interessante, vez que todos estão embasados. Não acho que o Dunker "reduz as críticas" por se oporem a psicanálise, mas tenta fazer uma síntese (rsrs sim o comentário é meio hegeliano tese-antítese-síntese), numa leitura crítica da crítica. Que há repetição e circularidades na história, nós sabemos. O próprio Hegel coloca uma primazia da lógica como "única" capaz de ser universal, e as outras Ciências estariam sujeitas à essa razão dialética (novamente, essa é *uma* interpretação de Hegel). Depois, Sartre faz sua Crítica à Razão Dialética tentando fugir de uma dialética materialista/marxista, mas também não concordando com o idealismo do Hegel. Essa metafísica imanente que daria origem à - talvez - uma razão crítico-dialética ainda é muito permeada pelo transcendentalismo, e neste aspecto Lacan e Freud etc trazem o desejo no nível do simbólico, através da falta. Penso que, pelo pouco que li e considerando o muito que tenho a aprender, que Deleuze é - de forma simplificada - radicalmente existencialista, enfatizando que o desejo é excesso, ele produz - e produz o real.
Não consigo ver a crítica à Hegel de forma contundente, uma vez que o próprio Deleuze coloca "somos máquinas desejantes que rearranjam", enfim uma [re]construção.
Ótimo vídeo, Professor! Sempre retorno ao passado do canal, com a certeza de que encontrarei algum esclarecimento/ideias sobre o que procuro.
Parabéns professor!
Professor, poderia fazer um vídeo abordando a sociofobia ou fobia social sobra a visão da psicanálise?
Professor, não conheço absolutamente nada de Lacan e nem de Freud (apenas coisas bem simples de orelhada). Entretanto, sei que em Mil Platôs, como pode-se ver bem no capitulo 10, os autores buscam estabelecer relações que transpõe os limites entre real e imaginario (e de forma geral de tos limites relativos por um limite absoluto abstrato, a máquina abstrata). No contexto do capitulo, os autores discutem dois modelos da relação entre natureza e cultura, que se separam limites relativos (no sentido usado por Lapoujade no livro sobre os movimentos aberrantes), de um lado o modelo da estrutura (que implica uma relação simbólica entre natureza e cultura) e de outro o modelo da serie (cuja relação entre os termos é imaginaria). De um lado diferenças que se assemelham simbolicamente numa estrutura, de outro semelhanças reunidas imaginariamente em relação a uma série única. Em contraponto a esses modelos, os autores apresentam o motibo bergsoniano do devir (obviamente, com modificações). Assim, atraves de um limite absoluto (das potências de desterritorialização da terra, ou do sem-fundo, pra usar um vocabulario de Diferença e repetição ) os limites relativos (entre natureza e cultura, real e imaginario) são rompidos. Os exemplos desses rompimentos vem principalmente da literatura e da antropologia. Um exemplo disso é quando os autores remetem às mitológicas de levi-strauss e se perguntam no que se transforma o homem e o animal nestas relações de entrecruzamento (os devires animais). A antropologia contemporânea tem relatado muitos casos que apontam para estes entrecruzamentos entre humanos e animais (no Brasil com Eduardo Viveiros de Castro e muitos outros etnografos, na Sibéria com o trabalho de Willerslev, na Melanesia com trabalhos de Roy Wagnsr e Marilyn Strathern, sem falar no trabalho de Bruno Latour que apresenta entrecruzamentos entre humanos e não humanos na propria ciência). Enfim, gostaria de saber ate que ponto a teoria das multiplicidades de Mil Platôs, que talvez esteja implicada neste livro do Guatarri (o qual eu não li), não se afastaria das implicações do real de Lacan.
Professor, francamente ininteligível esse vídeo. Dessa vez o senhor beirou o psicodelismo argumentativo.
Professor, fale um pouco sobre Psicanálise o caráter trágico da nossa relação com o desejo. Ass.: Ricardo Evandro.
Entre o transcendental empírico, e os conceitos de virtual e atual, contra os universais, a memória duradoura, ou melhor a duração em Bergson, tem que ser levada em conta. Não existe para D&G transcendental nem transcendental ismo. Acho que você errou nesse conceito.
Salve, salve! Tudo bem?
São possíveis/existem discussões sobre o lugar de fala do analista?
Grata!
Faz o vídeo sobre o Nietzsche, por favor!!!!
Nos anos de 1970 não aconteceu no Brasil uma grande crítica contra a Psicanálise? Lembro que as pessoas que discutiam psicologia contavam muito as terapias corporais e a Gestalt. Nos anos de 1970 a psiquiatria e a Psicanálise eram "caretas". Apesar de um grande movimento que surgiu nessa época contra os manicômios movimento esse feito pelos próprios psiquiatras e psicanalistas. Nessa época eu nem sonhava que ia ter problemas emocionais.
Vi agora que já existia o vídeo... :-)
Sensacional, obrigada
ótimo vídeo!!!!
Professor, poderia fazer um vídeo para falar sobre o Corpo sem Órgãos e Devir ??
Devir é conceito filosófico, não para psicanalistas.
12:32 Dunker descobrindo o Aceleracionismo! Queremos um vídeo sobre Nick Land
não fala isso nem de brincadeira
FALA SOBRE A INDUSTRIA CULTURAL E ADORNO!!
Olá, professor
Gosto mt do seu canal! A minha pergunta é sobre a transferência: o senhor comentou no vídeo sobre amor romântico e transferência que algumas pessoas teriam naturalmente uma facilidade de se colocar em transferência. Isso é positivo? Devemos estimular esse tipo de processo? Como? Desde já agradeço! Forte Abraço!
MUITO BOM O VÍDEO!
Boa tarde... gostaria muito que falasse sobre intervenção psicanalítica lacaniana a pacientes com síndrome de cotard!
Que delícia de video.
Chistian Dunker? Eu tenho uma pergunta para você. Me responda com sinceridade se puder. Arte é sintoma?
A representação na arte é sintoma?
Você poderia falar sobre o que alguns vão chamar de clínica do real, a segunda clínica de Lacan?
Você pode falar sobre o filme Praça Paris?? É muito interessante.
O correto é "Vontade de Potência". O poder é o menor grau de potência.
O conceito de corpo sem órgãos precisa estar integrado
Psicanálise no Território! Por favor!
QUEREMOS VÍDEO DO NIETZSCHE SIM!! KAKAKA
No final discordar do Fluxo é discordar da vida. Discordar da mudança universal natural, então, como diria Nietzsche, uma pessoa de pouca força. Nietzsche nunca erra.
Christian, sabes de relações entre Fernand Deligny e Lacan? Acho que pode haver entrecruzamentos crítico-frutíferos
numa análise desse encontro.
Gabriel Leite, por que vc pensou em relações entre Deligny e Lacan se, ao se traçar os mapas dos trajetos dos autistas e outras experiências, Deligny fala em vacância da linguagem no autista e Lacan se ancora na linguagem?
Harete Vianna Moreno Porque há alguns psicanalistas pensando nessa relação, que, aparentemente, é de total contradição, mas que talvez nem o seja tanto assim. Também há alguns que relacionam Deligny com algumas ideias de Winnicott e Ferenczi. Tem um campo frutífero de investigação, pena que no Brasil Deligny ainda não é tão estudado.
@@gabrieleitee uau! Desconhecia completamente! Vc tem alguma indicação de leitura a respeito? Obrigada pela resposta! Sim, Deligny é pouco conhecido, por enquanto..
Amo!
Christian, obrigado pelo vídeo, mais uma vez. Por favor, quando puder, comente um pouco mais da relação entre Lacan e Proust, em especial, isso que você fala no fim do vídeo, da leitura clinicalista da obra de Proust, que também se encontra no lacanismo? Do que se trata essa crítica? Um abraço,
Professor Dunker, novamente as suas considerações aparecem como formas de indicar novos caminhos não apenas para o mundo da psicanálise, mas para todos aqueles que se preocupam com a realidade. Utilizo muito seus vídeos nos debates que faço no curso de Relações Internacionais, por exemplo, e os alunos têm tb se tornado seus fãs. Uma pergunta a respeito da última parte de suas considerações: na visão ocidental, a fixidez, o pertencimento direto a um território e uma estabilidade geralmente territorializada são vistos como objetivos a serem alcançados sejam pelas pessoas, seja pelas instituições. Ainda assim, a junção das particularidades (que cita como uma possível tradição do próprio capitalismo) surge como uma forma de divisão contra o "público", o "geral". De qual forma enxerga essa relação atualmente? Como pensar esse choque entre o possível comum e essa segregação de particularidades que se tem construído muito bem recentemente nas sociedades modernas? Qual o papel do espaço nisso? Muuuito obrigado, e um forte abraço!
Tem algum canal que explica de forma mais facil? 😂😂 sou leiga, mas queria entender melhor esse tipo de vertente
Mario Curumim, um amigo meu, despreza formas emocionais de sentir e sofrer. Mario Curumim acha que o emocional e o afetivo pertencem `a classe mais baixa do povo e que um aristocrata vive longe do mundo emocional, afetivo e sentimental. Mario Curumim fugiu do tratamento em saude mental e se considera acima da psicanalise. Eu gosto do Mario Curumim considero seu jeito de ver a psicanalise, ele acha que o problema dele pode ser resolvido de outro jeito. Existe um lugar na psicanalise pro jeito de pensar do Mario Curumim.
Brisa
Esquizoanálise: filha rebelde da psicanálise.
Na minha psicoterapia a procura em explicar tudo o que aconteceu de forma completa fica aberta eu fico impossibilitada de concluir e os fatos ficam inacabados e continuam. Eu me sinto mal porque quero tudo explicado e com ponto final. Pra mim a analise esquizoide tem pro blemas parece que Deleuze e Guatarri resistem a psicanalise buscando na teoria uma forma de fugir dos problemas. Deleuze e Guatarri consideram os problemas que a Psicanalise apresenta coisa boba e se prendem a problemas teoricos que eles consideram mais.
Essa necessidade de fim ou ponto final é um ideal. Talvez seja necessário você buscar entender porque tem essa necessidade.
Obrigado
Por favor, explique o que é pulsão escópica?
Marina Werneck valeeeu!!
Meu caro, Guattari não esposa a teoria de Chomsky, todo o contrário. Veja Mil Platôs, Vol.1 e Vol.2 [ na tradução brasileira ].
Igor Drey
“Mas seria melhor voltar ao ponto de partida de Chomsky mas considerando que seus primeiros modelos de máquinas abstratas permaneceram muito tributários de articulações significantes de linguagem”
Pág. 28 de “Inconsciente Maquínico” que é a obra aqui analisada.
Também nota de rodapé pag 39
“A expressão ‘máquina abstrata’ linguística remonta a Chomsky
Interessante a crítica a Nietzsche e ao indeterminado transcendental.
Professor, qual seria o itinerário formativo pra conseguir acompanhar sua linha de raciocínio neste vídeo? As referências filosóficas são muitas, o tempo pra estudar é pouco...
faz video sobre nietzsche :)
eu só queria entender alguma coisa desse video
Há quem saiba matar apenas com as mãos, mas co ferramentas é melhor. Basta a paciência da ocasião.
"Dãlhããz", rs... Adoro sua pronúncia de palavras estrangeiras, seus vídeos e seus livros Dunker! Keep doing it, master, please, rs! Abraços!
chama a síndica! (Suely Rolnik)
Vomitou um monte de conceitos por cima e não explicou nada, e não se decide se concorda ou não
Dunker, sem má fé ..
Christian, por que você fala "Yu tchube"? Você é carioca?
pq ele é charmoso haha
Melhor pronúncia. Adooooooro.
'You too ...be"
Afranceasando a palavra.
kkk
Legaaaal
Professor, gosto do seu trabalho e achei equovocado.
O senhor fala da leitura de Deleuze sobre Hegel. Me parece que a leitura que ele faz de Nietzsche também é bem particular e digo além ainda. Nossa academia herdou essa leitura.
2:18 pensei q ele fosse cair kkkk
Essa música é muito broxante.