Eu acredito que os meus são realistas. Muitas pessoas falam: parece real de tão natural. E eu concordo com tudo o que disse. Fui para a Irlanda no ano passado e já sabia que iria escrever um livro lá. A principio pensei que fosse fantasia, mas quando cheguei lá comecei a observar alguns jovens nas ruas, todos de moletom cinza. Andavam em bando, alguns bêbados, outros pedindo esmolas. Então aquilo me chamou atenção e eu disse: é isso! Eu vou recortar esse pedaço do intercambio e mostrar para o mundo coisas que ninguém repara. O retrato do preconceito de classes sofridos em todos os lugares. E é ai que eu misturo culturas. Uma intercambista se apaixona por um garoto de moletom cinza que vive drogado pedindo esmolas pelas ruas de Dublin. Então acho que todo escritor tem esse olhar. Como uma câmera fotográfica que capita o que é potencial e que depois junta os pedaços em uma trama... Alternando reflexões e realidades, romantizando todos os recortes juntos. Porque não adianta montar, tem que tocar... Tem que mexer com a humanidade do ser humano e isso é que é maravilhoso... É isso que vale a pena em uma história.
Clarificador! Um vídeo essencial para entendermos o trabalho do autor. Capturar fragmentos de realidade que interessam e associá-los criativamente para tornar interessante uma narrativa. Obrigado! 😻😻😻😻😻
Adorei o vídeo! Realidade como fonte de inspiração. Recortes ... muito bom! Você pediu para comentar ... bem ... No meu caso eu me inspiro no que poderia ser a realidade. Normalmente uso a realidade como pano de fundo e lanço uma expressão e elementos sobre ela. Obrigado por compartilhar mais um pouco do seu conhecimento. Meu carinho e meu abraço 😊. Top!
Muito bom o vídeo! Os meus textos, na maioria dos casos, partem da tentativa de representação de uma ideia que é essencialmente abstrata. Essa ideia fica “procurando” na realidade uma cena ou acontecimento que sirva de suporte para que ela possa ser desenvolvida. Mas como só uma cena ou um acontecimento não é suficiente para transmitir aquela ideia, começa então um processo de adição de outras experiências, de outras referências, músicas, textos, tudo o que está guardado em algum lugar que chamo genericamente de “repertório”. Então, por exemplo: um dia me deu vontade de escrever sobre “a frustração do escritor que se prepara com afinco para produzir um texto e, no fim, não obtém reconhecimento algum”. Então passei pela frente de um bar, e tinha um cara jogando numa máquina de pinball e fiz essa relação maluca: “por mais que ele seja um exímio jogador, jamais será reconhecido por isso, o que também pode acontecer com um romancista numa sociedade que não lê romances, por exemplo”. A partir daí eu criei um o texto “O Mago do Pinball”, que une essa ideia de um artista genial e não reconhecido, utilizando como referência a música da banda “The Who”, “Pinball Wizard”, numa cena que se passa num bar que lembro da época de infância. E o personagem principal, tentei dar-lhe a aparência do Pete Townshend, o guitarrista do The Who. É, realmente, um recortar e colar de coisas bem distantes umas das outras. E criar esse quebra-cabeças é a parte mais divertida, eu acho.
O escritor precisa fazer um exercício de recortar a realidade aquilo que é literalmente mais interessante. " Adorei essa frase porque me identifiquei muito com ela . É exatamente dessa forma que eu elaboro as personalidades das minhas personagens, eu adiciono nelas as peculalidades mais marcantes das pessoas que fazem partes do meu universo e até mesmo pessoas que eu observo quando estou no ônibus , na rua , no trabalho ou seja, em toda parte . Parabéns pelo vídeo
Filosofia da colcha de retalhos. Fragmentos do real. Unidade dos variados pedaços de pano pela costura estilística do autor. Metafísica "cebolínea". Uma série de camadas sobrepostas. O todo maior do que a soma das partes. O artista alfaiate. O dedal da autocrítica. A linha da coesão. A agulha da concisão. Elementos fantásticos numa narrativa que busca representar retratos da realidade. Camelo pelo fundo da agulha.
Muito bom! Acho que você chegou no ponto chave aí: tudo o que você coloca na ficção, características de personagens, acontecimentos, têm um porquê de estarem ali, uma verossimilhança interna. É um tema complexo, mas acho fascinante. No meu mestrado, estudei peças de teatro de autores como o Nelson Rodrigues que foram proibidas pela censura por causa de referências a pessoas e acontecimentos reais. Garanto que o capítulo onde falo dessa diferença de ficção e realidade foi o que me deu mais trabalho. Se não me engano o Umberto Eco tinha um ensaio ótimo sobre isso .
Sempre uma alegria receber os vídeos de vcs, os temas são sempre válidos e bem abordados, mera coincidência eu estar lendo "madame Bovary" e " o primo Basílio" simultaneamente, rsrs bjosss sejam felizes.
Eu prefiro o realismo! A melhor fantasia me parece ser a que pode ser realizada por nós, qualquer um, de alguma forma. Sendo assim, as possibilidades que a ficção apresenta deveriam ser rebatidas ou aplicadas à realidade, o que seria libertador. Por exemplo: rebeldes lutando contra um governo totalitário. A possibilidade existe.
Eu percebo que por exemplo jornalistas escrevem ficção com a preocupação de tornar tangível como um texto jornalístico. E autores de ficção que têm um certo conhecimento científico gse valem dele para tornar sua escrita - ainda que fantasiosa - mais crível. (Asimov até deixou de lado alguns textos cuja sua imaginação colocou bastante distante dos fatos comprovados a posteriori).
Eu escrevo uma fantasia bem esquisita com problemas da nossa sociedade tual, como intolerância e violência. A fantasia é ótima pra tratar de temas reais, então acho que "literatura realista" algo meio subjetivo.
Já escrevi fantasia, mas prefiro escrever distopia, que é tirar da realidade os piores pontos e fazer com que fiquem piores ainda. Mesmo quando escrevo a fantasia ainda a deixo com marcas de distopia.
A mistura da realidade com a ficçao torna a leitura mais gostosa. Prescisamos disto no dia a dia.
Eu acredito que os meus são realistas. Muitas pessoas falam: parece real de tão natural. E eu concordo com tudo o que disse. Fui para a Irlanda no ano passado e já sabia que iria escrever um livro lá. A principio pensei que fosse fantasia, mas quando cheguei lá comecei a observar alguns jovens nas ruas, todos de moletom cinza. Andavam em bando, alguns bêbados, outros pedindo esmolas. Então aquilo me chamou atenção e eu disse: é isso! Eu vou recortar esse pedaço do intercambio e mostrar para o mundo coisas que ninguém repara. O retrato do preconceito de classes sofridos em todos os lugares. E é ai que eu misturo culturas. Uma intercambista se apaixona por um garoto de moletom cinza que vive drogado pedindo esmolas pelas ruas de Dublin. Então acho que todo escritor tem esse olhar. Como uma câmera fotográfica que capita o que é potencial e que depois junta os pedaços em uma trama... Alternando reflexões e realidades, romantizando todos os recortes juntos. Porque não adianta montar, tem que tocar... Tem que mexer com a humanidade do ser humano e isso é que é maravilhoso... É isso que vale a pena em uma história.
Sim é muito importante,saber separar ficção da realidade!
Isso é um fato!
Obrigada pelo vídeo.
Você é muito sábia!
Clarificador! Um vídeo essencial para entendermos o trabalho do autor. Capturar fragmentos de realidade que interessam e associá-los criativamente para tornar interessante uma narrativa. Obrigado! 😻😻😻😻😻
Adorei o vídeo! Realidade como fonte de inspiração. Recortes ... muito bom! Você pediu para comentar ... bem ... No meu caso eu me inspiro no que poderia ser a realidade. Normalmente uso a realidade como pano de fundo e lanço uma expressão e elementos sobre ela. Obrigado por compartilhar mais um pouco do seu conhecimento. Meu carinho e meu abraço 😊. Top!
Muito bom o vídeo! Os meus textos, na maioria dos casos, partem da tentativa de representação de uma ideia que é essencialmente abstrata. Essa ideia fica “procurando” na realidade uma cena ou acontecimento que sirva de suporte para que ela possa ser desenvolvida. Mas como só uma cena ou um acontecimento não é suficiente para transmitir aquela ideia, começa então um processo de adição de outras experiências, de outras referências, músicas, textos, tudo o que está guardado em algum lugar que chamo genericamente de “repertório”. Então, por exemplo: um dia me deu vontade de escrever sobre “a frustração do escritor que se prepara com afinco para produzir um texto e, no fim, não obtém reconhecimento algum”. Então passei pela frente de um bar, e tinha um cara jogando numa máquina de pinball e fiz essa relação maluca: “por mais que ele seja um exímio jogador, jamais será reconhecido por isso, o que também pode acontecer com um romancista numa sociedade que não lê romances, por exemplo”. A partir daí eu criei um o texto “O Mago do Pinball”, que une essa ideia de um artista genial e não reconhecido, utilizando como referência a música da banda “The Who”, “Pinball Wizard”, numa cena que se passa num bar que lembro da época de infância. E o personagem principal, tentei dar-lhe a aparência do Pete Townshend, o guitarrista do The Who. É, realmente, um recortar e colar de coisas bem distantes umas das outras. E criar esse quebra-cabeças é a parte mais divertida, eu acho.
O escritor precisa fazer um exercício de recortar a realidade aquilo que é literalmente mais interessante. "
Adorei essa frase porque me identifiquei muito com ela .
É exatamente dessa forma que eu elaboro as personalidades das minhas personagens, eu adiciono nelas as peculalidades mais marcantes das pessoas que fazem partes do meu universo e até mesmo pessoas que eu observo quando estou no ônibus , na rua , no trabalho ou seja, em toda parte .
Parabéns pelo vídeo
Filosofia da colcha de retalhos. Fragmentos do real. Unidade dos variados pedaços de pano pela costura estilística do autor. Metafísica "cebolínea". Uma série de camadas sobrepostas. O todo maior do que a soma das partes. O artista alfaiate. O dedal da autocrítica. A linha da coesão. A agulha da concisão. Elementos fantásticos numa narrativa que busca representar retratos da realidade. Camelo pelo fundo da agulha.
Muito bom! Acho que você chegou no ponto chave aí: tudo o que você coloca na ficção, características de personagens, acontecimentos, têm um porquê de estarem ali, uma verossimilhança interna. É um tema complexo, mas acho fascinante. No meu mestrado, estudei peças de teatro de autores como o Nelson Rodrigues que foram proibidas pela censura por causa de referências a pessoas e acontecimentos reais. Garanto que o capítulo onde falo dessa diferença de ficção e realidade foi o que me deu mais trabalho. Se não me engano o Umberto Eco tinha um ensaio ótimo sobre isso .
Como sempre, sua percepção e seu conhecimento são de grande ajuda.
Sempre uma alegria receber os vídeos de vcs, os temas são sempre válidos e bem abordados, mera coincidência eu estar lendo "madame Bovary" e " o primo Basílio" simultaneamente, rsrs bjosss sejam felizes.
Eu prefiro o realismo! A melhor fantasia me parece ser a que pode ser realizada por nós, qualquer um, de alguma forma. Sendo assim, as possibilidades que a ficção apresenta deveriam ser rebatidas ou aplicadas à realidade, o que seria libertador. Por exemplo: rebeldes lutando contra um governo totalitário. A possibilidade existe.
Eu percebo que por exemplo jornalistas escrevem ficção com a preocupação de tornar tangível como um texto jornalístico. E autores de ficção que têm um certo conhecimento científico gse valem dele para tornar sua escrita - ainda que fantasiosa - mais crível. (Asimov até deixou de lado alguns textos cuja sua imaginação colocou bastante distante dos fatos comprovados a posteriori).
Quando vc diz ferramentas, significa ferramentas de gramática ou técnicas de escrita? Parabéns pelo canal
Eu escrevo uma fantasia bem esquisita com problemas da nossa sociedade tual, como intolerância e violência. A fantasia é ótima pra tratar de temas reais, então acho que "literatura realista" algo meio subjetivo.
Flávia , você ja está recebendo originais ? Se ainda não está, já tem data para recebelos?
Ótimo vídeo!
Já escrevi fantasia, mas prefiro escrever distopia, que é tirar da realidade os piores pontos e fazer com que fiquem piores ainda. Mesmo quando escrevo a fantasia ainda a deixo com marcas de distopia.
Eu vim por causa da minha professora