A Gente se Apaga

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  • Опубліковано 8 вер 2024
  • #VocêJaParouParaPensar por que escolhi um poema "triste" em plena quarentena filosófica? Porque nunca é demais lembrarmo-nos de quem somos, como vivemos e o que nos causa os mais vaiados sentimentos. É importante não se esconder na ideia de "felicidade a todo momento". Sinta-se como você! E está tudo bem não estar bem o tempo todo! Está "Ok" não se sentir sempre "Ok". Se você não se entender durante esse isolamento; se você não aceitar o seu choro assim como aceita o seu riso, quem fará isso por você? Esse poema é para nos lembrar que, independentemente daquilo que cobram de nós o tempo todo, somos humanos que sentem coisas variadas! Pena que nos apegamos demais a ideias que nem sempre são nossas!
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    Poema:
    A GENTE SE APAGA
    A gente finge e diz que não,
    a gente reluta saber e assim rotula a alma,
    crê na fantasia alada,
    mas a gente se apega;
    a gente se apega de um modo que a única maneira de sentir-se sem o apego é criando a fantasia da livre autonomia;
    e, por se apegar demais, a gente mente e começa a ver de menos…
    A gente se apega ao toque, ao cheiro, ao beijo, ao jeito.
    Dia após dia seus significados se entrelaçam com os acontecimentos,
    noite após noite o sentir ganhar uma necessidade,
    a constância fortalece a ideia de confiança do que se sente;
    somos como objetos seduzidos pelo apego de estar ali;
    quando do beijo o seu toque, é o cheiro do jeito que nos seduz…
    A gente se apega à ideia de permanência.
    pensamos que estaremos mesmo, assim, em equilíbrio o tempo todo,
    lado a lado,
    face a face,
    sinceridade a sinceridade;
    cremos ser seguro estar como estamos,
    seguimos ali, louvando a permanência num mundo impermanente,
    frio, seco e que só vai…
    A gente se acostuma ao sentimento de proteção.
    Pensamos mesmo que alguém vai nos proteger em detrimento de sanar suas próprias angústias?
    Alguma pessoa é capaz de, num lapso enlouquecido, pensar em algo desse tipo?
    Sim! A gente pensa nisso quando se apega;
    mas a gente esquece que, na melhor das hipóteses, somos nós que precisamos nos proteger… sobretudo de nó mesmos, do nosso apego que nos pega;
    num mundo bonito, pessoas olham para dentro de outras pessoas,
    numa idealização romântica o ser humano pode escolher entre apunhalar e tentar ajudar a sarar uma ferida;
    mas apegando-se a uma ideia a gente esquece o que o tempo construiu…
    a gente não quer pensar em coisas que abalariam o nosso prazer;
    por isso abafamos a memória, criamos novos nomes e novos significados,
    dizemos ser livres para voar, mas voamos de um galho para o outro na mesma gaiola de vidro;
    A gente se apega ao desejo de ser gente.
    queremos poder… poder pensar, fazer, criar, escolher;
    lutamos para estampar uma etiqueta de “eu quis, eu fiz”;
    carimbamos com lealdade a ideia de que temos maturidade;
    a gente crê não estar apegado à carência de ter nomes;
    mas nós, o que somos se não nomes ressignificados?
    O que continua daí é o que fazemos com o que foi feito de nós;
    e geralmente seguimos nos apegando…
    Agente se apega ao ontem, ao hoje, ao amanhã;
    se apega à rotina, aos movimentos automáticos, aos comandos incorporados;
    se apega ao dia que começa e que termina no mesmo lugar,
    aos abraços pela noite,
    ao café no mesmo horário,
    ao cheiro da comida,
    ao ritual musical, ao tom, aos planos, aos mitos;
    por vezes a gente se apega à uma vida dentro do mesmo aquário, sempre…
    A gente se apega a tudo o tempo todo;
    a gente se apega, inclusive ao tempo e ao seu desenrolar,
    mas a gente esquece que o amanhã é incerto,
    e que com ele nosso apego pode ser arrancado num só ato…
    um ato lento ou rápido, úmido ou seco, quente ou frio,
    mas se desfaz, num ato…
    A gente se apega às coisas como uma fita adesiva se prega à parede na tentativa falida de conter a rachadura;
    nos apegamos à esperança de que um dia as coisas mudem,
    mas quando elas mudam nos assustamos e trememos;
    talvez porque nos apegamos demais a ideia de que mudar é sempre dar certo;
    até que nos apegamos ao medo de se apegar…
    A gente não deveria, mas se apega demais às incertezas,
    e, se apegando, a gente se apaga.
    (C) Andreone Teles Medrado
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    ...
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    From "The Pianist" movie || Chopin - Nocturne No. 20 in C-sharp minor, Op. posth.:
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КОМЕНТАРІ • 2

  • @daianecarvalho8371
    @daianecarvalho8371 4 роки тому

    Ficou maravilhoso, profundo e principalmente, emocionante!!

  • @daianecarvalho8371
    @daianecarvalho8371 4 роки тому

    Depois da dor
    despedida,
    Depois da superação,
    dolorida
    Depois da cicatriz,
    enfim, marcada
    Depois do respiro,
    afogado
    Depois do suspiro,
    calado
    Depois da morte,
    ainda em vida
    Depois da ressurreição,
    o recomeço
    o amor,
    O apego também pode ser um novo encontro,
    uma nova esperança,
    uma nova empolgação,
    uma nova motivação,
    um novo sorriso,
    um novo toque,
    um novo sabor,
    uma nova alegria,
    um novo caminho,
    o amor
    e seus apegos atemporais!