Peça "Casa de bonecas" (Mostra Mais 2018) (UFRJ)

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  • Опубліковано 8 січ 2025

КОМЕНТАРІ • 1

  • @brunosimao8391
    @brunosimao8391 5 років тому +2

    A LÍRICA TÉTRICA
    Bailarina outrora humana,
    Presa agora na caixinha
    De uma fútil garotinha
    Que comprou o seu bailado
    Rodopia e dança ao som
    De uma triste melodia
    Triste qual sua existência,
    A passar sem que ela possa
    Apossar-se de seus passos.
    Movimentos sempre iguais,
    Dolorosos e banais
    Tantas vezes, me pergunto:
    Se pudesse ser a própria
    Mão que gira as engrenagens
    De seu fado, a bailarina
    Dançaria ainda assim?
    Ou será que aceitaria
    Ser tratada dessa forma?

    Que segredos ela esconde?
    Seus amigos, seus amores?

    Mas jamais irei saber!
    Pois perdeu o dom da fala!
    Mas de que é que importariam
    Gritos, súplicas ou sangue
    À menina a que tornou-se
    Deus que rege seu destino
    Pois não passa de um brinquedo!
    E, portanto, de uma escrava!
    Um senhor não se preocupa
    Com o que um escravo sente,
    Quer usá-lo, apenas isso!
    E tal qual qualquer escravo
    Caso um dia, se quebrarem
    Os seus braços, suas pernas
    Ou enfim, a adolescência
    Aflorar o lado torpe
    De quem paga por seus passos,
    O que restará por fim
    À graciosa bailarina?
    Ser talvez substituída
    Doação desimportante
    Ter vendida por um preço
    Irrisório, a sua história
    Sufocada nas paredes
    Da caixinha, que se fecham
    Mais e mais a cada instante
    Ou, quiçá, a maneira mais
    Degradante de ostracismo:
    Uma fétida lixeira
    Relegada à escuridão!
    Mera parte do passado,
    Cairá no esquecimento,
    E ao seu lírico espetáculo
    Nem ao menos um aplauso.