O Processo Maurizius tem uma estrutura narrativa extremamente original. Veja que há duas relações entre pai e filho, a de Pedro Paulo Maurizius e Leonardo Maurizius e a do Barão Andergast e Etzel Andergast. Daí a ação narrativa se passar quase que em dois momentos, o passado que se desenrola e se desvela à medida que Etzel, no presente narrativo, se posiciona e assume a luta pela verdade, mesmo que ela lhe custe a destruição do pai, como acontece no final. É uma luta geracional, política, espiritual. Etzel é uma personagem eminentemente trágica como a Antígona, sobre a qual diz Hegel que a decisão de sepultar o irmão morto enfrenta tanto o familiar (desobedece o marido, o Rei), o político (desobedece o edito do Rei) e o cósmico (fala em nome de um direito anterior ao panteão grego, fala em nome de um direito das entidades pré-helênicas sacrossantas da terra). Heidegger aponta, a partir do primeiro Coro da Antígona, as expressões que definem o herói trágico: hypsipolis ápolis e panthóporos áporos. Quer dizer, o mais eminente da pólis é sem pólis (hypsipolis ápolis). Veja que Etzel, como Antígona, é um protegido, filho de um magistrado, mas se preocupa e se desencaminha, foge, em busca da verdade, tornando-se "por todos os caminhos, sem caminho, desencaminhado" (panthóporos áporos). A experiência de Etzel desentranha a verdade e destroi a mentira de Warreme/Waschauer, esse sim uma espécie de Stavróguin, um demônio. A revelação da verdade traz de volta a mãe de Etzel. E tantas coisas mais...Livro maravilhoso. Observem também que os tradutores são dois autores brasileiros de romances trágicos geniais, Adonias Filho e Octávio de Faria.
Obrigado pela dica!
Me interessei por toda a obra!!!
Abçs da Samantha do canal literário O Cão que Lê
Estou lendo o primeiro volume da trilogia; realmente um belo romance. A editora pretende lançar mais obras de Jakob Wassermann?
O Processo Maurizius tem uma estrutura narrativa extremamente original. Veja que há duas relações entre pai e filho, a de Pedro Paulo Maurizius e Leonardo Maurizius e a do Barão Andergast e Etzel Andergast. Daí a ação narrativa se passar quase que em dois momentos, o passado que se desenrola e se desvela à medida que Etzel, no presente narrativo, se posiciona e assume a luta pela verdade, mesmo que ela lhe custe a destruição do pai, como acontece no final. É uma luta geracional, política, espiritual. Etzel é uma personagem eminentemente trágica como a Antígona, sobre a qual diz Hegel que a decisão de sepultar o irmão morto enfrenta tanto o familiar (desobedece o marido, o Rei), o político (desobedece o edito do Rei) e o cósmico (fala em nome de um direito anterior ao panteão grego, fala em nome de um direito das entidades pré-helênicas sacrossantas da terra). Heidegger aponta, a partir do primeiro Coro da Antígona, as expressões que definem o herói trágico: hypsipolis ápolis e panthóporos áporos. Quer dizer, o mais eminente da pólis é sem pólis (hypsipolis ápolis). Veja que Etzel, como Antígona, é um protegido, filho de um magistrado, mas se preocupa e se desencaminha, foge, em busca da verdade, tornando-se "por todos os caminhos, sem caminho, desencaminhado" (panthóporos áporos). A experiência de Etzel desentranha a verdade e destroi a mentira de Warreme/Waschauer, esse sim uma espécie de Stavróguin, um demônio. A revelação da verdade traz de volta a mãe de Etzel. E tantas coisas mais...Livro maravilhoso. Observem também que os tradutores são dois autores brasileiros de romances trágicos geniais, Adonias Filho e Octávio de Faria.
Já comprei todos ,estou esperando lançar outros ,espero que não demore
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