Wow!!!! Freixanes e Maragoto juntos debatendo no mesmo evento o galego? A questão é, como um conceito tão imaterial vai ajudar na conservação e avanço do idioma. Será que faz alguma diferença se o galego é a mesma língua que o português (ou vice versa) ou não?
Diria que faz, para muitos. Tanto para quem quer uma aproximação do idioma ao castelão (e se os há no poder), como quem defende isolacionismo como ferramenta de preservação (impossível face à penetração do castelão, carências das instituições línguisticas, uso do galego, e divisões entre os próprios galegos neste tópico, e sem os benefícios de algum nível de reintegracionismo). Assim, parece-me uma preocupação auto-destrutiva nesta conjectura, mas cabe aos galegos decidirem.
@@BernasLL Verdade. É uma luta, de certa forma, desigual e muito diversificada - vi isso quando estive na Galiza. De um modo geral, os galegos apreciam o seu idioma, tanto quanto uma outra parte a repudia. Socialmente querem ser espanhóis, conquanto mantenham sua autonomia. Os laços com Portugal é apenas histórica,, cultural e um pouco econômica - politicamente não. Tipo, nós cá e eles lá.
O Victor Freixanes fala de que ante todo temos que ser nós mesmos... até aí estou dacordo. Cando fala de que, se hai que diluirse, da igual que se faga no portugues, como no espanhol, como no inglés...não concordo, porque o nosso parente mais proximo e o português... de diluirse, se queremos que fique algo de nós, da nossa esencia original melhor no português. E o de que diluirse no inglés seja o mesmo, que as outras duas, já não lhe encontro lógica. Se partimos de ante todo ser nós mesmos... que quedaría de nos diluídos no inglés?
Boa observación! Penso que o galego é antes de todo, a essência de sua cultura e como tal, deve ser preservado e difundido, cada vez mais falado. Non tem que diluirse. Contribuicións son benvidas, pero, creo que a preservarción é o máis importante.
@@BernasLL É assustador, mas conheci vários galegos favoráveis ao franquismo e sentem até saudade disso. Por outro lado, há uma luta contra tudo isso e são bem engajados.
@@joselitomiranda-editoraartner Sempre que há um vencedor, há quem se lhe junte. Mas creio que isso tanto das falhas dos políticos galegos actuais como do legado de Franco.
Eu aqui novamente. A fala de Freixames é carregada de defesa do galego e sua visão de achegada com o português foi brilhante. De fato, a lusofonia é uma utopia entre os países que falam o português, simplesmente não existe. No máximo algum intercâmbio cultural e artístico, mas os países lusófonos não se conversam politicamente e muito pouco socialmente. Portugal, de um modo geral, repudia a fala brasileira, por exemplo. Ademais, não é necessário o galego adotar esquemas linguísticos do português para se fazer entendido nos países que falam esse idioma, o entendimento é perfeitamente natural. Sou brasileiro e entendi 100% as falas desse vídeo. Maragoto é um sonhador. Me parece que não conhece, de fato, o que acontece com o português no mundo da lusofonia. Parece não compreender que o galego é perfeitamente inteligível aos que falam português e mais, Portugal deu às costas ao galego, a tal ponto que a maioria dos portugueses o desconhecem por completo, salvo os da região do Minho, com quem compartem laços históricos e culturais. A respeito do Reintegracionismo é um movimento minoritário, que tenta introduzir lusismos não utilizados no galego ou termos que não se usam normalmente na Galiza, ou até mesmo conjugações verbais que não condizem com a fala moderna do galego. É certo que a massiva influência do castelhano de certa forma descaracteriza a fala tradicional do idioma, no entanto qual língua não se modifica com o tempo às diversas influências estrangeiras. Vejam a variante brasileira do português, que conta com mais de 300 anos de influências africanas e indígenas por exemplo. Falamos outra coisa que não é o português europeu. Em resumo, o português pode ser uma referência para o galego, mas não um idioma com que se dilua. Já basta estar, de certa forma, diluído com o castelhano, incluindo da fonologia. E isso é um processo irreversível, há muitas forças que levam para isso. Penso que a "salvação" do galego seja revitalizá-lo em si mesmo, que seja falado em todos os âmbitos da sociedade, da economia, da tecnologia etc etc. A integração com os países falantes de português será natural com projetos econômicos, sociais, artístico e culturais. E para isso depende dos recurso políticos. O entrave é Madri. O próprio Freixanes apontou que Portugal não aceita a Espanha como item de integração, lembrando que a Galiza é uma comunidade espanhola, sua autonomia é relativa. Enfim, o galego depende de si mesmo, não dependo do português ou da lusofonia para seguir existindo. Em tempo, o galego não é o português arcaico. Galego é galego e o português deriva dele. São línguas irmãs. Por mais galego agora e sempre! O que acham? Que dizem vós? Vamos ao debate?
O que acabaste de escrever desmente completamente as ideias que pretendes transmitir. A língua que utilizas é a língua portuguesa erudita, como a usa a generalidade dos portugueses. Na Europa rebelamo-nos apenas contra o verdadeiro crioulo em que se está a transformar a “ língua” falada nas ruas brasileiras: sem regras gramaticais, cheia de sons onomatopaicos, calão! Leio os clássicos brasileiros, como leio o Eça de Queiroz. As particularidades encontradas, só enriquecem o idioma comum. Também no inglês e espanhol encontramos particularidades que não são impeditivas de falarmos de línguas comuns. Dou apenas um exemplo: No castelhano/ espanhol quantas formas encontras para pronunciar o dígrafo “ LL “ ( duplo L )? Os sotaques ou acentos são “ apenas “ CINCO! Mas, enfim, temos que conviver com estes ilustres brasileiros, carregados de preconceitos históricos. Nada mais! Essa, então, de afirmares que os portugueses viraram as costas à Galiza é uma tontice como outra qualquer: há muitos anos que passo férias na Galiza, onde me sinto em casa. Basta ver as matrículas dos automóveis para ver o afluxo de portugueses às praias galegas! Falas mas não dizes.
@@joserui7910 Sempre considero o debate das ideias mais produtivo do que levar para lados pessoais. Adjetivos irônicos ou preconceituosos quanto à nacionalidade ou à fala nada acrescenta. Aliás, isso é frequente entre os português quando se toca no "seu" idioma. Vamos lá. Nas Espanha são "apenas" cinco sotaques? Isso mesmo? Hmmm. Se conhece mesmo bem a Galiza, por exemplo, saberá que só por lá são mais de 10 sotaques. Agora, imagine em toda a Espanha. Esse comentário não procede. Há preconceito histórico por aqui como existe também do outro lado do Atlântico. Isso não me surpreende, mas não vejo onde isso coube no meu outro comentário. Nesse quesito, ao meu ver, interpretaste mal. Não aplique o "virar às costas" à Galiza do ponto de vista literal ou pessoal. É no sentido de, um modo geral, o galego não ser tão conhecido em Portugal. Estive por lá e percebi isso. Os que mais conhece são os nortenhos. Já vi jornalistas portugueses falar com galegos usando o castelhano. Talvez achando que, só porque a Galiza está em território espanhol, logo falariam castelhano. Enfim, é um facto isolado, tal qual o seu caso, de conhecer as praias galegas; é só uma parte pequena do povo português. Outra coisa, que é história e facto: as primeiras gramáticas portuguesas do século XV, deliberadamente afastavam o português do galego, sua língua de origem. Sabe por quê? Era considerada uma fala de iletrados e para não vincular a nova gramática a isso, buscaram outra língua para referenciar, o castelhano. E assim, prezado, centenas de espanholismos foram introduzidos no português, inclusive a sintaxe. Além de que, o galego foi excluído como língua de origem, passou a ser tão somente o latim. E quem diz isso não sou eu, não é minha opinião, é história e está referendada no livro "Assim nasceu uma língua", do linguista Fernando Venâncio - um português. Quanto à nossa fala, bem... somos bilíngues do mesmo idioma. Quer dizer, aprendemos o padrão para escrever, mas no discurso da fala usamos o coloquial, aquilo que os portugueses chamam pejorativamente de crioulo. Nós falamos uma variante do vosso português e até mesmo a fala, da qual dizes que não tem regra - e está enganado, há uma norma culta geral da fala brasileira que é estudada a sério e isso não é português europeu. Talvez não saibas, mas isso é assunto de filólogos e linguistas como Marcos Bagno, Ataliba Castilho e o próprio Fernando Venâncio. As minhas referências não são opiniões pessoais, são a história, os estudos, a vivência in loco (já estive na Galiza e em Portugal) e a literatura. Se quiser debater os factos e as ideias (RAG, Reintegracionismo), estamos aí. Bora lá.
José, ainda há umas semanas fui ver um teatro do Fallabella e da Marisa Orth, que tem estado cheio desde que cá chegou. Tenho pena de não poder ir ver o Duvivier em breve. Todos sabemos que em Portugal se consome comunicação brasileira comummente, e todos sabemos até imitar idiomáticos brasileiros na quase perfeição. E consumir os meios de comunicação dos outros, e integrar demais falantes na dianteira dos nossos meios públicos e comunicativos sem exigir prejuízo dos seus dialectos (uma integração como faz Portugal em grande medida), é ESSENCIAL para a conectividade, mais que qualquer outra coisa. A ideia de que a lusofonia está fragmentada porque Portugal não faz pontes com o Brasil é uma visão extremamente parcial e até iludida, que me parece vir de um excesso de navegar nas inter-redes maionésicas. É claro que numa nação de menor tamanho (com mais divulgação do brasileiro que muitos dialectos portugueses, como digo mais à frente) há quem sinta a necessidade de se declarar só e fazer por se auto-preservar, todos sabemos o quanto pesa "o peso" da maioria no apagar de dialectos, estas declarações de muitos portugueses são um sintoma das realidades da necessidade de auto-preservação, mas não apagam a realidade extra-retórica, realidade que as geram. Da mesma forma, encontramos nortenhos, algarvios, madeirenses, etc com retórica semelhante em relação aos poderes e falares de Lisboa. É a unidirecionalidade de contactos que leva a este retirar de mão estendida, por alguns. O contrário é a verdade, e penso que ambos sabemos, o "colosso" brasileiro tem orgulho em ser imovível pela demais lusofonia, e tem sérias deficiências na educação pública que está a tentar colmatar com legitimização do que em Portugal se repudia na estrutura linguística padrão das instituições, o falar inculto, as modas da oralidade a apagarem o seu próprio passado cultural que nos une. E repare, os próprios brasileiros são extremamente críticos do sotaque "iletrado" extremenho português (em particular o lisboeta. Iletrado à maneira do inglês e francês, muito desconectado das letras representativas de oralidades sobrepostas por modas posteriores, em particular das essenciais vogais), a meu ver com razão. O que Portugal repudia no cada vez maior de-estruturado e menos padronizado "padrão brasileiro" é o mesmo que os brasileiros criticam na oralidade do "português padrão", excessivos bairrismos que separam os dialectos do seu passado, ignorando os demais ao invés de lhes conferir, e à língua escrita, mais prestígio que a modismos e estrangeirismos (e neste último ponto ambos os dialectos são culpados, mas creio que têm um peso bastante maior no Brasil). A diferença é que em Portugal, este padrão está estável, no Brasil está a mover-se na direcção criticada, para longe do falar de pessoas precisamente como o José. E duvido muito que não seja algo que o preocupa no seu próprio país. Note-se também as dificuldades inerentes ao facto do português europeu ter mais sons vogais que a sua contraparte brasileira, que para uma ídilica integração lusófona deveriam exigir um esforço acrescido das instituições do Brasil (educação, imprensa, etc) em expôr aos seus cidadãos a algum conteúdo português europeu, diria tanto quanto o povo português se expõe a conteúdo brasileiro. Mas, de novo, seria um esforço ídilico nesta conjectura política brasileira. Ademais, há no Brasil crioulos históricos que carecem gravemente de estudo, educação e institucionalização (o falar caipira onde este está mais preservado e distante do português, ou iorubá brasileiro, sem ensino, ou o Portunhol, como exemplos. Já Renato Mendonça mencionava a tendência no Brasil de surgirem "dialetos crioulos, porém de existência efêmera e cedo desapareceram”), e o caminho que as autoridades têm recentemente tomado é a extinção destes crioulos por incorporação no português, aumentando o leque normativo permitido e diluindo ambos (isto apesar de se apressar a legitimar institucionalmente línguas europeias com menos histórico nacional que estes crioulos, como o alemão e o italiano). Neste debate entre galegos, isto nem se discute, a possibilidade do galego diluir o "espanhol", que o castelão deve normalizar (para todos os hispanofalantes) os regionalismos castrapos, porque ambos lados entendem com razão que isso é mutuamente destrutivo. Infelizmente, há decisores do lado galego que não entendem a destruição de o fazerem ao galego. Bom, as críticas entre lusofonia retiram de facto entre-prestígio, e criam clivagens, e deveriam ser debatidas mais a fundo entre linguistas, com maior honestidade intelectual, em contexto apropriado (diria que este não o é). Mas no essencial, pelo menos em Portugal, estamos sem qualquer dúvida conectados ao Brasil e África lusófona, via a comunicação e intercâmbio de viajantes, que é o que mais interessa. Diria que estamos até mais conectados a estes focos da lusofonia, que estamos à maioria das regiões de Portugal, abandonadas e isoladas pelos meios de comunicação olissipocêntricos, regiões cujos falantes já se adaptam inconscientemente ao "padrão" quando a falantes deste expostos, a maioria sem entenderem que a sua fala tem igual prestígio visto não a verem representada na comunicação (ao contrário do brasileiro nos meios de comunicação portugueses) e condenando-se, se isto não for falado e revertido. Da mesma forma, a ideia que o português "virou costas" à Galiza é extremamente parcial. O que aconteceu, ambos sabemos, foi que a potência espanhola amputou as conexões da Galiza e escondeu os próprios galegos durante séculos, retirou-lhes a possibilidade de retenção de qualquer prestígio linguístico dentro da sua própria nação, era perfeitamente possível os portugueses irem à Galiza sem contactarem com o galego (e acontecia à maioria dos visitantes), e isso foi manufacturado pelos espanhóis. Simplesmente não se lutou contra isso. E repare, Portugal no século XIX foi invadido por Espanha (as necessidades financeiras da reconstrução da devastação posterior hispano-napoleónica acelerando o independentismo brasileiro), que ficou com Olivença "de lembrança", no século XX esteve em ameaça de invasão por duas vezes (2ª GG e no verão quente de 1975, com ameaças de ministros franquistas e mais tarde de Navarro que substituiu Franco), os próximos galegos seríamos nós se lutássemos por conexões com os galegos suprimidos, a "raça-estado" não era um tópico de brincadeira para os franquistas. A soberania de um estado ser corrompida de forma a possibilitar tais manobras etnocidas é assustadora, mas real. Se alguém falhou, foi a NATO e ONU que se focavam noutras auto-determinações de povos que não as nos seus próprios quintais, por calculismo político. Portugal simplesmente não teria como manter os laços à Galiza, no contexto do mais poderoso fascismo espanhol, fora claro as óbvias vantagens da narrativa nacional-independista de valorização dos heróis da génese nacional e vilanização dos seus opositores, narrativa à qual nenhuma nação é aparentemente imune, em especial o Brasil. Portugal teve ferramentas para tentar colmatar esta separação entre povos com o Brasil, como nações independentes, que Galiza suprimida simplesmente não teve. Isto dito, isto é uma discussão sobre o galego. É mais interessante ouvir, que falar de nós. Se critica o desconectar de Portugal, porque critica também quem procura remediá-lo (e muito tem sido feito nas últimas décadas de ambos os lados), do lado galego?
@@BernasLL Grato pelo comentário. Apreciei sobremodo o que escreveu. De facto, o gigantismo brasileiro basta por si mesmo e nos distingue na lusofonia - em sentido contrário quase sempre. Para nós. a lusofonia não é um marco presente e vivenciado, é apenas para intercâmbios culturais e artístico esporádicos. É compreensível que para Portugal, como antiga metrópole política e econômica, ainda mantenha sua importância e, especialmente, com as antigas colônias africanas. Percebo certo saudosismo de muitos portugueses da grande importância histórica portuguesa. Encaro isso como natural, afinal, são mais de 800 anos de história. Por outro lado a independência brasileira foi alimentada por um sentimento de antilusitanismo, inclusive no âmbito linguístico, apesar de sermos nações irmãs e, ainda mais, de sangue - temos muito do DNA português, que não a negamos, apenas seguimos um rumo próprio. Somos de herança portuguesa - não somente, mas também indígena, africana e pan europeia, daí as nossas muitas diferenças - inclusive no idioma e na sua expressão. O que disse sobre nossa educação é verdade. Infelizmente é o que é, carecendo muitíssimo de melhor estrutura e compromisso. São heranças de nossa história colonial que se refletem no mal pensamento do império e da primeira república, onde o pobre não tinha vez. O português falado no Brasil foi forjado no forno das misturas do modelo europeu associado às língua indígenas e africanas, além das influências pontuadas do italiano, alemão, japonês e castelhano, por exemplo. Daí ser uma coisa distinta, crioula (detesto esse termo), mas apesar de tudo é estudada até mesmo como uma variante própria, com sua própria sintaxe, fonologia e léxico. A variante caipira, falada por milhões de brasileiros é algo extraordinário, com status de investigação como língua distinta - há reinvindicações disso. Da mesma forma que, um dia - no passado - o português separou-se do galego, a variante brasileira separa-se do modelo europeu e o caipira separa-se mais ainda do padrão brasileiro. Acredite, há uma norma culta brasileira do português, que é diferente do padrão europeu. O Brasil é uma Torre de Babel de tantas falas próprias e isso é riquíssimo para horror de muitos europeus, que veem isso como falta de unidade linguística e educação. O Brasil é um país de várias "nações" internas, onde cada região se distingue muito umas das outras por influências bem marcadas e distintas. O Sul é predominantemente de influência europeia (italianos, alemães e espanhóis), o Sudeste é marcado pelo tupinismo indígena, italianos (em São Paulo), o Nordeste é de grande influência africana, portuguesa e até galega e o Norte é predominantemente indígena. Sobre as questões políticas entre Portugal e Espanha são verdades que acabaram por colaborar e muito com o afastamento com a Galiza, ao lado das questões linguísticas. Percebi que muitos português desconhecem que o seu idioma provém do galego e isso é até espantosos para alguns, exceção para os nortenhos que, de um modo geral, possuem mais vínculo com os galegos. No caso do Brasil, o galego é um completo desconhecido. É estudado em alguns centros universitários e um pouco conhecido onde há núcleos imigratórios, como São Paulo e Salvador. Conheci o galego por estudar a fundo a origem do nosso idioma e quedei (para usar um verbo galego) boquiaberto com a sua existência hoje em dia. Fiz um mergulho profundo na sua história, músicas, artistas e comunicação - me senti em casa ouvindo e aprendendo essa língua. Participei de um concurso cultural da TV de Galícia. Fui vencedor e ganhei uma viagem para a Galiza. Passei antes no norte de Portugal (Viana do Castelo, Porto, Guimarães e Braga). Ao adentrar em solo galego, foi o reencontro com as nossas raízes linguísticas. Conheci Santiago de Compostela, Tui, Vigo, Pontevedra, Baiona, Combarro e A Corunã. Conversei, interagi com eles e voltei reabastecido culturalmente - um sonho realizado. A luta pela preservação e difusão do galego é uma luta desigual na Galiza. No passado, por falta de um elite nacionalista, não conseguiu fazer frente aos seus interesses e Castela (sempre ela) emcampou quase toda a Península Ibérica (com exceção de Portugal e até tentou) sob seu manto, com a imposição do seu idioma, o castelhano. Mantenho contato há anos com jornalistas, cantantes e influencers galegos. Com eles aprendo mais das questões sociais, culturais e linguísticas que envolvem a questão. Não é fácil, pois o galego está impregnado de castelhanismos no léxico e na fonologia. No entanto, ele existe e está vivo, como vimos nas falas dos palestrantes deste vídeo. Uffa! Veja nos links abaixo a minha participação na TV de Galícia: ua-cam.com/video/D9oFsiA7FCU/v-deo.html E abaixo o link do episódio onde venci o concurso cultural da Galiza: ua-cam.com/video/yCTgVZNfbjY/v-deo.html
Adoro que o mesmíssimo Son Goku estea interessado no futuro da língua!
Temos que organizar um simpósio chamado "O reintegracionismo, uma onda vital para a língua"
@@AGALnh Por que o Reintegracionismo não foi, de fato, aceito como norma para o galego? Como seus defensores veem isso?
Está explicado neste pequeno vídeo que temos no canal: ua-cam.com/video/WbwR6_17V1A/v-deo.html 😊
Wow!!!! Freixanes e Maragoto juntos debatendo no mesmo evento o galego?
A questão é, como um conceito tão imaterial vai ajudar na conservação e avanço do idioma. Será que faz alguma diferença se o galego é a mesma língua que o português (ou vice versa) ou não?
Diria que faz, para muitos.
Tanto para quem quer uma aproximação do idioma ao castelão (e se os há no poder), como quem defende isolacionismo como ferramenta de preservação (impossível face à penetração do castelão, carências das instituições línguisticas, uso do galego, e divisões entre os próprios galegos neste tópico, e sem os benefícios de algum nível de reintegracionismo).
Assim, parece-me uma preocupação auto-destrutiva nesta conjectura, mas cabe aos galegos decidirem.
@@BernasLL Verdade. É uma luta, de certa forma, desigual e muito diversificada - vi isso quando estive na Galiza. De um modo geral, os galegos apreciam o seu idioma, tanto quanto uma outra parte a repudia. Socialmente querem ser espanhóis, conquanto mantenham sua autonomia. Os laços com Portugal é apenas histórica,, cultural e um pouco econômica - politicamente não. Tipo, nós cá e eles lá.
O Victor Freixanes fala de que ante todo temos que ser nós mesmos... até aí estou dacordo.
Cando fala de que, se hai que diluirse, da igual que se faga no portugues, como no espanhol, como no inglés...não concordo, porque o nosso parente mais proximo e o português... de diluirse, se queremos que fique algo de nós, da nossa esencia original melhor no português. E o de que diluirse no inglés seja o mesmo, que as outras duas, já não lhe encontro lógica. Se partimos de ante todo ser nós mesmos... que quedaría de nos diluídos no inglés?
Boa observación! Penso que o galego é antes de todo, a essência de sua cultura e como tal, deve ser preservado e difundido, cada vez mais falado. Non tem que diluirse. Contribuicións son benvidas, pero, creo que a preservarción é o máis importante.
Alguém da RAG falar de diluição do galego com o "espanhol" mostra bem o propósito de facções dentro da instituição. O projecto de Franco não morreu.
@@BernasLL É assustador, mas conheci vários galegos favoráveis ao franquismo e sentem até saudade disso. Por outro lado, há uma luta contra tudo isso e são bem engajados.
@@joselitomiranda-editoraartner Sempre que há um vencedor, há quem se lhe junte. Mas creio que isso tanto das falhas dos políticos galegos actuais como do legado de Franco.
O galego un idioma sen barreiras.
Eu aqui novamente.
A fala de Freixames é carregada de defesa do galego e sua visão de achegada com o português foi brilhante. De fato, a lusofonia é uma utopia entre os países que falam o português, simplesmente não existe. No máximo algum intercâmbio cultural e artístico, mas os países lusófonos não se conversam politicamente e muito pouco socialmente. Portugal, de um modo geral, repudia a fala brasileira, por exemplo. Ademais, não é necessário o galego adotar esquemas linguísticos do português para se fazer entendido nos países que falam esse idioma, o entendimento é perfeitamente natural. Sou brasileiro e entendi 100% as falas desse vídeo.
Maragoto é um sonhador. Me parece que não conhece, de fato, o que acontece com o português no mundo da lusofonia. Parece não compreender que o galego é perfeitamente inteligível aos que falam português e mais, Portugal deu às costas ao galego, a tal ponto que a maioria dos portugueses o desconhecem por completo, salvo os da região do Minho, com quem compartem laços históricos e culturais.
A respeito do Reintegracionismo é um movimento minoritário, que tenta introduzir lusismos não utilizados no galego ou termos que não se usam normalmente na Galiza, ou até mesmo conjugações verbais que não condizem com a fala moderna do galego. É certo que a massiva influência do castelhano de certa forma descaracteriza a fala tradicional do idioma, no entanto qual língua não se modifica com o tempo às diversas influências estrangeiras. Vejam a variante brasileira do português, que conta com mais de 300 anos de influências africanas e indígenas por exemplo. Falamos outra coisa que não é o português europeu.
Em resumo, o português pode ser uma referência para o galego, mas não um idioma com que se dilua. Já basta estar, de certa forma, diluído com o castelhano, incluindo da fonologia. E isso é um processo irreversível, há muitas forças que levam para isso. Penso que a "salvação" do galego seja revitalizá-lo em si mesmo, que seja falado em todos os âmbitos da sociedade, da economia, da tecnologia etc etc.
A integração com os países falantes de português será natural com projetos econômicos, sociais, artístico e culturais. E para isso depende dos recurso políticos. O entrave é Madri. O próprio Freixanes apontou que Portugal não aceita a Espanha como item de integração, lembrando que a Galiza é uma comunidade espanhola, sua autonomia é relativa. Enfim, o galego depende de si mesmo, não dependo do português ou da lusofonia para seguir existindo.
Em tempo, o galego não é o português arcaico. Galego é galego e o português deriva dele. São línguas irmãs.
Por mais galego agora e sempre!
O que acham? Que dizem vós? Vamos ao debate?
Quanta parvoice, tinhas de espetar a focinheira na faciana tu tamem pra que che ligaramos 😂😂😂
O que acabaste de escrever desmente completamente as ideias que pretendes transmitir. A língua que utilizas é a língua portuguesa erudita, como a usa a generalidade dos portugueses. Na Europa rebelamo-nos apenas contra o verdadeiro crioulo em que se está a transformar a “ língua” falada nas ruas brasileiras: sem regras gramaticais, cheia de sons onomatopaicos, calão! Leio os clássicos brasileiros, como leio o Eça de Queiroz. As particularidades encontradas, só enriquecem o idioma comum.
Também no inglês e espanhol encontramos particularidades que não são impeditivas de falarmos de línguas comuns.
Dou apenas um exemplo:
No castelhano/ espanhol quantas formas encontras para pronunciar o dígrafo “ LL “ ( duplo L )?
Os sotaques ou acentos são “ apenas “ CINCO!
Mas, enfim, temos que conviver com estes ilustres brasileiros, carregados de preconceitos históricos. Nada mais!
Essa, então, de afirmares que os portugueses viraram as costas à Galiza é uma tontice como outra qualquer: há muitos anos que passo férias na Galiza, onde me sinto em casa. Basta ver as matrículas dos automóveis para ver o afluxo de portugueses às praias galegas! Falas mas não dizes.
@@joserui7910 Sempre considero o debate das ideias mais produtivo do que levar para lados pessoais. Adjetivos irônicos ou preconceituosos quanto à nacionalidade ou à fala nada acrescenta. Aliás, isso é frequente entre os português quando se toca no "seu" idioma.
Vamos lá. Nas Espanha são "apenas" cinco sotaques? Isso mesmo? Hmmm. Se conhece mesmo bem a Galiza, por exemplo, saberá que só por lá são mais de 10 sotaques. Agora, imagine em toda a Espanha. Esse comentário não procede.
Há preconceito histórico por aqui como existe também do outro lado do Atlântico. Isso não me surpreende, mas não vejo onde isso coube no meu outro comentário. Nesse quesito, ao meu ver, interpretaste mal.
Não aplique o "virar às costas" à Galiza do ponto de vista literal ou pessoal. É no sentido de, um modo geral, o galego não ser tão conhecido em Portugal. Estive por lá e percebi isso. Os que mais conhece são os nortenhos. Já vi jornalistas portugueses falar com galegos usando o castelhano. Talvez achando que, só porque a Galiza está em território espanhol, logo falariam castelhano. Enfim, é um facto isolado, tal qual o seu caso, de conhecer as praias galegas; é só uma parte pequena do povo português.
Outra coisa, que é história e facto: as primeiras gramáticas portuguesas do século XV, deliberadamente afastavam o português do galego, sua língua de origem. Sabe por quê? Era considerada uma fala de iletrados e para não vincular a nova gramática a isso, buscaram outra língua para referenciar, o castelhano. E assim, prezado, centenas de espanholismos foram introduzidos no português, inclusive a sintaxe. Além de que, o galego foi excluído como língua de origem, passou a ser tão somente o latim. E quem diz isso não sou eu, não é minha opinião, é história e está referendada no livro "Assim nasceu uma língua", do linguista Fernando Venâncio - um português.
Quanto à nossa fala, bem... somos bilíngues do mesmo idioma. Quer dizer, aprendemos o padrão para escrever, mas no discurso da fala usamos o coloquial, aquilo que os portugueses chamam pejorativamente de crioulo. Nós falamos uma variante do vosso português e até mesmo a fala, da qual dizes que não tem regra - e está enganado, há uma norma culta geral da fala brasileira que é estudada a sério e isso não é português europeu. Talvez não saibas, mas isso é assunto de filólogos e linguistas como Marcos Bagno, Ataliba Castilho e o próprio Fernando Venâncio.
As minhas referências não são opiniões pessoais, são a história, os estudos, a vivência in loco (já estive na Galiza e em Portugal) e a literatura.
Se quiser debater os factos e as ideias (RAG, Reintegracionismo), estamos aí. Bora lá.
José, ainda há umas semanas fui ver um teatro do Fallabella e da Marisa Orth, que tem estado cheio desde que cá chegou. Tenho pena de não poder ir ver o Duvivier em breve. Todos sabemos que em Portugal se consome comunicação brasileira comummente, e todos sabemos até imitar idiomáticos brasileiros na quase perfeição. E consumir os meios de comunicação dos outros, e integrar demais falantes na dianteira dos nossos meios públicos e comunicativos sem exigir prejuízo dos seus dialectos (uma integração como faz Portugal em grande medida), é ESSENCIAL para a conectividade, mais que qualquer outra coisa.
A ideia de que a lusofonia está fragmentada porque Portugal não faz pontes com o Brasil é uma visão extremamente parcial e até iludida, que me parece vir de um excesso de navegar nas inter-redes maionésicas. É claro que numa nação de menor tamanho (com mais divulgação do brasileiro que muitos dialectos portugueses, como digo mais à frente) há quem sinta a necessidade de se declarar só e fazer por se auto-preservar, todos sabemos o quanto pesa "o peso" da maioria no apagar de dialectos, estas declarações de muitos portugueses são um sintoma das realidades da necessidade de auto-preservação, mas não apagam a realidade extra-retórica, realidade que as geram. Da mesma forma, encontramos nortenhos, algarvios, madeirenses, etc com retórica semelhante em relação aos poderes e falares de Lisboa. É a unidirecionalidade de contactos que leva a este retirar de mão estendida, por alguns.
O contrário é a verdade, e penso que ambos sabemos, o "colosso" brasileiro tem orgulho em ser imovível pela demais lusofonia, e tem sérias deficiências na educação pública que está a tentar colmatar com legitimização do que em Portugal se repudia na estrutura linguística padrão das instituições, o falar inculto, as modas da oralidade a apagarem o seu próprio passado cultural que nos une. E repare, os próprios brasileiros são extremamente críticos do sotaque "iletrado" extremenho português (em particular o lisboeta. Iletrado à maneira do inglês e francês, muito desconectado das letras representativas de oralidades sobrepostas por modas posteriores, em particular das essenciais vogais), a meu ver com razão. O que Portugal repudia no cada vez maior de-estruturado e menos padronizado "padrão brasileiro" é o mesmo que os brasileiros criticam na oralidade do "português padrão", excessivos bairrismos que separam os dialectos do seu passado, ignorando os demais ao invés de lhes conferir, e à língua escrita, mais prestígio que a modismos e estrangeirismos (e neste último ponto ambos os dialectos são culpados, mas creio que têm um peso bastante maior no Brasil). A diferença é que em Portugal, este padrão está estável, no Brasil está a mover-se na direcção criticada, para longe do falar de pessoas precisamente como o José. E duvido muito que não seja algo que o preocupa no seu próprio país.
Note-se também as dificuldades inerentes ao facto do português europeu ter mais sons vogais que a sua contraparte brasileira, que para uma ídilica integração lusófona deveriam exigir um esforço acrescido das instituições do Brasil (educação, imprensa, etc) em expôr aos seus cidadãos a algum conteúdo português europeu, diria tanto quanto o povo português se expõe a conteúdo brasileiro. Mas, de novo, seria um esforço ídilico nesta conjectura política brasileira.
Ademais, há no Brasil crioulos históricos que carecem gravemente de estudo, educação e institucionalização (o falar caipira onde este está mais preservado e distante do português, ou iorubá brasileiro, sem ensino, ou o Portunhol, como exemplos. Já Renato Mendonça mencionava a tendência no Brasil de surgirem "dialetos crioulos, porém de existência efêmera e cedo desapareceram”), e o caminho que as autoridades têm recentemente tomado é a extinção destes crioulos por incorporação no português, aumentando o leque normativo permitido e diluindo ambos (isto apesar de se apressar a legitimar institucionalmente línguas europeias com menos histórico nacional que estes crioulos, como o alemão e o italiano).
Neste debate entre galegos, isto nem se discute, a possibilidade do galego diluir o "espanhol", que o castelão deve normalizar (para todos os hispanofalantes) os regionalismos castrapos, porque ambos lados entendem com razão que isso é mutuamente destrutivo. Infelizmente, há decisores do lado galego que não entendem a destruição de o fazerem ao galego.
Bom, as críticas entre lusofonia retiram de facto entre-prestígio, e criam clivagens, e deveriam ser debatidas mais a fundo entre linguistas, com maior honestidade intelectual, em contexto apropriado (diria que este não o é). Mas no essencial, pelo menos em Portugal, estamos sem qualquer dúvida conectados ao Brasil e África lusófona, via a comunicação e intercâmbio de viajantes, que é o que mais interessa. Diria que estamos até mais conectados a estes focos da lusofonia, que estamos à maioria das regiões de Portugal, abandonadas e isoladas pelos meios de comunicação olissipocêntricos, regiões cujos falantes já se adaptam inconscientemente ao "padrão" quando a falantes deste expostos, a maioria sem entenderem que a sua fala tem igual prestígio visto não a verem representada na comunicação (ao contrário do brasileiro nos meios de comunicação portugueses) e condenando-se, se isto não for falado e revertido.
Da mesma forma, a ideia que o português "virou costas" à Galiza é extremamente parcial. O que aconteceu, ambos sabemos, foi que a potência espanhola amputou as conexões da Galiza e escondeu os próprios galegos durante séculos, retirou-lhes a possibilidade de retenção de qualquer prestígio linguístico dentro da sua própria nação, era perfeitamente possível os portugueses irem à Galiza sem contactarem com o galego (e acontecia à maioria dos visitantes), e isso foi manufacturado pelos espanhóis. Simplesmente não se lutou contra isso. E repare, Portugal no século XIX foi invadido por Espanha (as necessidades financeiras da reconstrução da devastação posterior hispano-napoleónica acelerando o independentismo brasileiro), que ficou com Olivença "de lembrança", no século XX esteve em ameaça de invasão por duas vezes (2ª GG e no verão quente de 1975, com ameaças de ministros franquistas e mais tarde de Navarro que substituiu Franco), os próximos galegos seríamos nós se lutássemos por conexões com os galegos suprimidos, a "raça-estado" não era um tópico de brincadeira para os franquistas. A soberania de um estado ser corrompida de forma a possibilitar tais manobras etnocidas é assustadora, mas real.
Se alguém falhou, foi a NATO e ONU que se focavam noutras auto-determinações de povos que não as nos seus próprios quintais, por calculismo político. Portugal simplesmente não teria como manter os laços à Galiza, no contexto do mais poderoso fascismo espanhol, fora claro as óbvias vantagens da narrativa nacional-independista de valorização dos heróis da génese nacional e vilanização dos seus opositores, narrativa à qual nenhuma nação é aparentemente imune, em especial o Brasil. Portugal teve ferramentas para tentar colmatar esta separação entre povos com o Brasil, como nações independentes, que Galiza suprimida simplesmente não teve.
Isto dito, isto é uma discussão sobre o galego. É mais interessante ouvir, que falar de nós. Se critica o desconectar de Portugal, porque critica também quem procura remediá-lo (e muito tem sido feito nas últimas décadas de ambos os lados), do lado galego?
@@BernasLL
Grato pelo comentário. Apreciei sobremodo o que escreveu.
De facto, o gigantismo brasileiro basta por si mesmo e nos distingue na lusofonia - em sentido contrário quase sempre. Para nós. a lusofonia não é um marco presente e vivenciado, é apenas para intercâmbios culturais e artístico esporádicos. É compreensível que para Portugal, como antiga metrópole política e econômica, ainda mantenha sua importância e, especialmente, com as antigas colônias africanas. Percebo certo saudosismo de muitos portugueses da grande importância histórica portuguesa. Encaro isso como natural, afinal, são mais de 800 anos de história. Por outro lado a independência brasileira foi alimentada por um sentimento de antilusitanismo, inclusive no âmbito linguístico, apesar de sermos nações irmãs e, ainda mais, de sangue - temos muito do DNA português, que não a negamos, apenas seguimos um rumo próprio. Somos de herança portuguesa - não somente, mas também indígena, africana e pan europeia, daí as nossas muitas diferenças - inclusive no idioma e na sua expressão.
O que disse sobre nossa educação é verdade. Infelizmente é o que é, carecendo muitíssimo de melhor estrutura e compromisso. São heranças de nossa história colonial que se refletem no mal pensamento do império e da primeira república, onde o pobre não tinha vez. O português falado no Brasil foi forjado no forno das misturas do modelo europeu associado às língua indígenas e africanas, além das influências pontuadas do italiano, alemão, japonês e castelhano, por exemplo. Daí ser uma coisa distinta, crioula (detesto esse termo), mas apesar de tudo é estudada até mesmo como uma variante própria, com sua própria sintaxe, fonologia e léxico. A variante caipira, falada por milhões de brasileiros é algo extraordinário, com status de investigação como língua distinta - há reinvindicações disso. Da mesma forma que, um dia - no passado - o português separou-se do galego, a variante brasileira separa-se do modelo europeu e o caipira separa-se mais ainda do padrão brasileiro. Acredite, há uma norma culta brasileira do português, que é diferente do padrão europeu. O Brasil é uma Torre de Babel de tantas falas próprias e isso é riquíssimo para horror de muitos europeus, que veem isso como falta de unidade linguística e educação. O Brasil é um país de várias "nações" internas, onde cada região se distingue muito umas das outras por influências bem marcadas e distintas. O Sul é predominantemente de influência europeia (italianos, alemães e espanhóis), o Sudeste é marcado pelo tupinismo indígena, italianos (em São Paulo), o Nordeste é de grande influência africana, portuguesa e até galega e o Norte é predominantemente indígena.
Sobre as questões políticas entre Portugal e Espanha são verdades que acabaram por colaborar e muito com o afastamento com a Galiza, ao lado das questões linguísticas. Percebi que muitos português desconhecem que o seu idioma provém do galego e isso é até espantosos para alguns, exceção para os nortenhos que, de um modo geral, possuem mais vínculo com os galegos. No caso do Brasil, o galego é um completo desconhecido. É estudado em alguns centros universitários e um pouco conhecido onde há núcleos imigratórios, como São Paulo e Salvador.
Conheci o galego por estudar a fundo a origem do nosso idioma e quedei (para usar um verbo galego) boquiaberto com a sua existência hoje em dia. Fiz um mergulho profundo na sua história, músicas, artistas e comunicação - me senti em casa ouvindo e aprendendo essa língua. Participei de um concurso cultural da TV de Galícia. Fui vencedor e ganhei uma viagem para a Galiza. Passei antes no norte de Portugal (Viana do Castelo, Porto, Guimarães e Braga). Ao adentrar em solo galego, foi o reencontro com as nossas raízes linguísticas. Conheci Santiago de Compostela, Tui, Vigo, Pontevedra, Baiona, Combarro e A Corunã. Conversei, interagi com eles e voltei reabastecido culturalmente - um sonho realizado.
A luta pela preservação e difusão do galego é uma luta desigual na Galiza. No passado, por falta de um elite nacionalista, não conseguiu fazer frente aos seus interesses e Castela (sempre ela) emcampou quase toda a Península Ibérica (com exceção de Portugal e até tentou) sob seu manto, com a imposição do seu idioma, o castelhano. Mantenho contato há anos com jornalistas, cantantes e influencers galegos. Com eles aprendo mais das questões sociais, culturais e linguísticas que envolvem a questão. Não é fácil, pois o galego está impregnado de castelhanismos no léxico e na fonologia. No entanto, ele existe e está vivo, como vimos nas falas dos palestrantes deste vídeo.
Uffa! Veja nos links abaixo a minha participação na TV de Galícia:
ua-cam.com/video/D9oFsiA7FCU/v-deo.html
E abaixo o link do episódio onde venci o concurso cultural da Galiza:
ua-cam.com/video/yCTgVZNfbjY/v-deo.html