Amauri Ferreira: Nietzsche - Dívida, castigo e memória, 26/08/21

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  • Опубліковано 5 вер 2024
  • Trecho de aula online em 26/08/21.
    00:00 - Exposição dos conceitos
    19:08 - Citações comentadas:
    A tarefa de criar um animal capaz de fazer promessas, já percebemos, traz consigo, como condição e preparação, a tarefa mais imediata de tornar o homem até certo ponto necessário, uniforme, igual entre iguais, constante, e portanto confiável. O imenso trabalho daquilo que denominei "moralidade do costume" (cf. Aurora, § 9, 14, 16) - o autêntico trabalho do homem em si próprio, durante o período mais longo da sua existência, todo esse trabalho pré-histórico encontra nisto seu sentido, sua justificação, não obstante o que nele também haja de tirania, dureza, estupidez e idiotismo: com ajuda da moralidade do costume e da camisa-de-força social, o homem foi realmente tornado confiável. (Genealogia da moral, 2ª dissertação, 2, Companhia das letras, 2003)
    Pergunta-se mais uma vez: em que medida pode o sofrimento ser compensação para a “dívida”? Na medida em que fazer sofrer era altamente gratificante, na medida em que o prejudicado trocava o dano, e o desprazer pelo dano, por um extraordinário contraprazer: causar o sofrer - uma verdadeira festa, algo, como disse, que era tanto mais valioso quanto mais contradizia o posto e a posição social do credor. Isto eu ofereço como uma suposição: pois é difícil sondar o fundo dessas coisas subterrâneas, além de ser doloroso; e quem aqui introduz toscamente o conceito de “vingança”, obscurece e cobre a visão, em vez de facilitá-la. […] Sem crueldade não há festa: é o que ensina a mais antiga e mais longa história do homem - e no castigo também há muito de festivo! (Genealogia da moral, 2ª dissertação, 6, Companhia das letras, 2003)
    ...se considerarmos os milênios anteriores à história do homem, sem hesitação poderemos afirmar que o desenvolvimento do sentimento de culpa foi detido, mais do que tudo, precisamente pelo castigo - ao menos quanto às vítimas da violência punitiva. […] A “má consciência”, a mais sinistra e mais interessante planta da nossa vegetação terrestre, não cresceu nesse terreno - de fato, por muitíssimo tempo os que julgavam e puniam não revelaram consciência de estar lidando com um “culpado”. Mas sim um causador de danos, com um irresponsável fragmento do destino. E este, sobre o qual, também parte do destino, se abatia o castigo, não experimentava outra “aflição interior” que não a trazida pelo surgimento súbito de algo imprevisto, como um terrível evento natural, a queda de um bloco de granito contra o qual não há luta. (Genealogia da moral, 2ª dissertação, 14, Companhia das letras, 2003)
    Afinal, consultemos a história: a qual esfera sempre pertenceu até agora a administração do direito, e também a própria exigência de direito? À esfera dos homens reativos, talvez? Absolutamente não; mas sim à dos ativos, fortes, espontâneos e agressivos. Historicamente considerado, o direito representa […] justamente a luta contra os sentimentos reativos, a guerra que lhes fazem os poderes ativos e agressivos, que utilizam parte de sua força para conter os desregramentos do pathos reativo e impor um acordo. (Genealogia da moral, 2ª dissertação, 14, Companhia das letras, 2003)
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    Vídeos apresentados a partir de 46:40 :
    1. "Primavera, verão, outono, inverno e... primavera" (Bom yeoreum gaeul gyeoul geurigo bom), de Kim Ki-duk, Coreia do Sul, 2003.
    2. "Xingu - a terra ameaçada", episódio "Adeus à Infância" (extraído da série "Xingu - a terra mágica", de 1984), TV Cultura.
    3. "Ritual da Tucandeira: grupo indígena fortalecido", reportagem publicada pelo InfoAmazonia com apoio do Rainforest Journalism Fund em associação com o Pulitzer Center e o Mongabay.
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    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: www.amauriferr...

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