Fiódor Dostoiévski: Memórias do subsolo (com Cadu Motta)
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- Опубліковано 5 січ 2020
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Uma conversa sobre "Memórias do subsolo" com Cadu Motta, Doutor em letras pela PUC-Rio e especialista na obra de Dostoiévski. Este pequeno livro tem como protagonista um ex-funcionário público de São Petersburgo que se lança contra a modernidade e suas contradições, antecipando muitos dos temas explorados nos grandes romances do autor e nas obras de seus herdeiros da filosofia existencial. Nietzsche, ao lê-lo pela primeira vez, escreveu ao amigo Franz Overbeck: "A voz do sangue (como denominá-lo de outro modo?) fez-se ouvir de imediato e minha alegria não teve limites".
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O homem do subsolo sou eu, é você somos todos nós. Temos uma angústia interna sufocante, avassaladora, que beira ao desespero e que é munida de muitas contradições; estamos sempre em busca de achar em algo ou alguém a resposta "magica" para essa angústia e que nos leva a atos inimagináveis até pra nós mesmos. As vezes nos depreciamos ao mais baixo nível, todavia em outros momentos temos lampejos de megalomania. Por isso Dostoeviski é um gênio. Ele compreende, aceita e respeita essa angústia . Que sigamos esse mesmo caminho de auto-aceitação, pois essa é a resposta.
Essa angústia não é de todos, ele mesmo diferencia a si dos outros, essa angústia é do homem consciente, como ele mesmo o chama e descreve, ao contrário do homem prático, de ação, o homem comum que não tem tempo nem inteligência suficiente para a reflexão.
@@rudolphwolfchild1099 Quem for sincero irá confessar que tem sim essa angústia. Eu tenho. Podemos até tentar esconde-la com ocupações do dia dia, mas ela sempre estará lá; a vida, com sua eminência da morte a qualquer momento, é angustiante. Só não tem essa angústia quem conhece todos os mistérios da existência. Você conhece? Tem todas as respostas? Não né. Então não seja hipócrita consigo mesmo. O homem do subsolo pode ter todos os defeitos, mas pelo menos não mente pra si, está ciente dos seus próprios medos
Não é bem essa a definição de "o homem de ação" que está presente no livro. Há um trecho onde o personagem cita os românticos ocidentais, que são aqueles que vivem em função do seu ideal, aqueles que agem no mundo conforme suas convicções. Este é o homem de ação.
Em contrapartida, o homem consciente, segundo o personagem, é o romântico russo: "As características do nosso romântico são: tudo compreender, tudo ver e vê-lo muitas vezes, de modo incomparavelmente mais nítido do que o fazem todas as nossas inteligências mais positivas; não se conformar com nada e com ninguém, mas, ao mesmo tempo, NÃO DESDENHAR NADA; TUDO CONTORNAR, CEDER A TUDO, AGIR COM TODOS DIPLOMATICAMENTE; NUNCA PERDER DE VISTA O OBJETIVO ÚTIL, PRÁTICO (não sei que apartamentinhos governamentais, pensõeszinhas, comendazinhas...e, ao mesmo tempo, conversar dentro de si, indestrutível, como um sepulcro, o "belo e sublime".
Noutro trecho, isso fica ainda mais claro, quando o personagem diz: "Mas que fazer, se a destinação única e direta de todo homem inteligente é apenas a tagarelice, uma intencional transferência do oco para o vazio?"
Além disso, a palavra COVARDE aparece constantemente ao longo do romance. O personagem é um covarde existencial, sua personalidade é aquela em que o indivíduo rosna e não age.
Você, infelizmente, entendeu tudo ao contrário. Ironicamente, talvez pelo fato de ter se identificado com o personagem.
@@rudolphwolfchild1099
@@SamuelSouza-xy1hm Nossa, que bom que a mente do Dostoiévski foi transferida para você, nem sabia que isso já era possível. Obrigado por abrir meus olhos e me fazer enxergar que li o livro e entendi tudo errado. Muito obrigado. Você está totalmente enganado, ironicamente pelo fato de se identificar com os homens práticos.
Não precisa ficar chateado. O teu problema é o problema da maioria dos brasileiros: analfabetismo funcional. Lê e não entende o que lê. Pelo menos, ao invés de ficar lendo post de facebook tenta ler algo denso como Dostoiévski. Ponto para você.@@rudolphwolfchild1099
Não acreditei quando li essa obra, nunca me familiarizei tanto com um personagem, pois na minha vida muita situação são idênticas ao homem do subsolo,, para começar sou um funcionário público há quase 30 anos, cargo já extinto e o meu ofício era o mesmo do homem do subsolo, sou uma pessoa isolada, quase um nililsta, simpatizante da esquerda e ignorado pela minha família por eles serem crentes fanáticos e ainda por cima teve vários relacionamentos parecido com dele e talvez a única maldade que me identifico com ele é em relação ao desprezo a relações duradouras.
Estou lendo esta obra pela segunda vez, é incrível! 🖤
Análise perfeita!
O homem do subsolo me lembrou demais o Teodorico Raposo da obra “ A Relíquia” do Eça de Queirós.
Descobri esse canal hoje e adorei a leitura. Sim, parece que estamos fadados a viver com essa angústia existencial, haja vista a realidade cruel, que nos arranca qualquer ilusão. Quem de nós, em algum momento, não sentiu essa dor do viver? Quem nunca buscou maiores explicações para esse deserto, que silenciosamente nos abate, que acaba se apoderando de nossas vidas? Quem nunca se deparou com um mar de contradições religiosas e, em consequência, não se viu lançado num despenhadeiro? Lembro-me bem, ainda na adolescência, de ter me deparado com aquele texto do Gênesis que diz: "Com o suor do teu rosto comerás o teu pão e com dores de parto terás os teus filhos." Ali, naquele dia, eu perdi toda inocência que pudesse restar, sobre uma possível divindade amorosa, cheia de bondade, muito ao contrário, eu pude constatar que aquele ser era um déspota, como um personagem frio, cruel, que, inclusive, exigia ser temido! Quem faria isso com um filho? Surreal demais!!! Carpe Diem!
Excelente! Parabéns pelo trabalho!
Dois e dois são quatro significa basicamente que o processo de construção é mais importante que atingir o objetivo. Entre outros, o livro cita o exemplo da construção de um prédio.
Também pode significar o pensamento cartesiano, lógico-matemático, prático que rege a sociedade, a despeito do pensamento complexo, multifacetado, profundo e filosófico. Nesse prisma, pode representar a obediência cega à ordem pré-estabelecida, um NÃO à liberdade, à autodeterminação, à autoconsciência. É a impossibilidade de questionar e a ordem a nos adaptar, nos amoldar, aceitar e obedecer. 2 + 2 são 4 é a lei que rege a boiada, é também seu julgo e suas cercas.
😍 pedacinho do céu essa entrevista
Parabéns pelo trabalho.
Obrigada
Eu li este livro e eu sou uma mulher do subsolo.
Sou um homem escondido no porão do subsolo.
O livro e o vídeo, ótimos
Muito bom
Ótimo vídeo! Desejo sucesso ao canal!
Cai de paraquedas vcs estão muito acima da média, não parecem ser pessoas arrogante, inteligentinho...
Excelente! Estou iniciando a leitura hoje!👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Obrigado pelo vídeo.
Obrigado por assistir.
BAITA. Canal sempre com ótimos vídeos sobre coisas que realmente importam.
Incrível essa obra, achei cômico em vários momentos, gostei disso " humor sério", não conhecia.
_"Sou um homem doente… Sou mau. Não tenho atrativos. Acho que sofro do fígado. Aliás, não entendo bulhufas da minha doença e não sei com certeza o que é que me dói. Não me trato, nunca me tratei, embora respeite os médicos e a medicina. Além de tudo, sou supersticioso ao extremo; bem, o bastante para respeitar a medicina. (Tenho instrução suficiente para não ser supersticioso, mas sou.) Não, senhores, se não quero me tratar é de raiva. Isso os senhores provavelmente não compreendem. Que assim seja, mas eu compreendo. Certamente, não poderia explicar a quem exatamente eu atinjo, nesse caso, com a minha raiva; sei perfeitamente que, não me tratando, não posso prejudicar os médicos; sei perfeitamente bem que, com isso, prejudico somente a mim e a mais ninguém. Mesmo assim, se não me trato, é de raiva. Se o fígado dói, que doa ainda mais."_
Valeu pelo vídeo!
Disponha!
Ótimo
Com esse vídeo ganhou um escrito.
Muito bom! Só senti falta de expor mais sobre o homem do subsolo e os acontecimentos na obra.. os contrapontos que ele tem em si, suas incisões sobre família etc.
Esse vídeo deveria ser mais longo, na hora do debate das ideias ele acabou. Mas ajuda muito a compreender a história. A primeira parte do livro faz muitas pessoas abandonarem a leitura, o fluxo de pensamento do personagem é complexo, contraditório, etc. Acabei de ler o livro e vou reler em breve.
Obrigado pelo comentário. Também lançamos um sobre o "Crime e Castigo". Fique à vontade para explorar o canal.
Verdade amigo, eu comecei a ler e quase desisti o começo é bem confuso.
Me identifico um pouco com o homem do subsolo; nem tão pouco assim. Neste exato momento estou tomando meu chá de capim cidreira; e que este mundo de seres ignóbeis, parvos e limitados se exploda; e que eu e minha ingratidão, desde com o homem do agronegócio, que colheu meu capim, até o caixa do supermercado, se exploda junto. Ódio destilado à parte, gostei muito da explicação! Estou na parte da prostituta, e pretendo não sair mais dela.
....Impossível lutar contra a natureza...
Amei essa poltrona, onde vc conseguiu?
Tem um filme inspirado nesse livro que me pareceu beeem melhor do que o livro. A introdução é má filosofia! Me lembrou um Pondé piorado.
Muito bom! Só uma pergunta. Esse vídeo possui continuação?
Não sobre a mesma obra, mas fizemos outro sobre o Crime e Castigo que pode ser visto como continuação. E também o nosso Dostoievski vs. Nietzsche :)
Ok. Perguntei, porque, senti que assunto sobre o livro é o que não falta. Estou assistindo aos vídeos do canal, temos gostos semelhantes e admiro seu trabalho. Com certeza vou assistir os outros vídeos de Dostoiévski e Nietzsche.