Clarice Lispector- Contos #12 Uma História de tanto amor (Audiobook)

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  • Опубліковано 24 лис 2024

КОМЕНТАРІ • 19

  • @edmarsilverio1572
    @edmarsilverio1572 6 років тому +24

    Aracy Balabanian , esteja certa de que você é a pessoa ideal pra narrar os
    Contos de Clarice . Parabéns mesmo!!!!! Não canso de ouvi-los . Me sinto criança ouvindo a mesma história repetidas vezes !

  • @luizinxz98
    @luizinxz98 8 років тому +14

    Que voz excelente! Postem mais contos, por favor.

  • @danilaaranha6327
    @danilaaranha6327 4 роки тому +7

    A história de nossos amores. Com o tempo a gente aprende que pode ser passageiro, pode ser mais brando, e que ao invés de sermos donos de algo ou alguém, podemos ingeri-lo, o amor, assim, como forma de termos aqui dentro, aproveitando cadmomento.
    E ao final, ela conhece os homens, o q muda, novamente, nossa concepção sobre o amor. E provavelmente aconteceu com ela e os homens o mesmo q aconteceu com ela e as galinhas. E só pra concluir acho q passamos a vida toda tentando aprender a amar. Clarice era brilhante.

  • @Claudius1509
    @Claudius1509 4 роки тому +3

    A comunhão dos que amam! Genial!

  • @julianacamposvictor3755
    @julianacamposvictor3755 5 років тому +6

    Amo esses áudios. Duas criaturas fantásticas.
    04/01/19

  • @jhulianrobertasaboia6388
    @jhulianrobertasaboia6388 Рік тому +2

    UMA HISTÓRIA DE TANTO AMOR
    Era uma vez uma menina que observava tanto as galinhas que lhes conhecia a alma e os
    anseios íntimos. A galinha é ansiosa, enquanto o galo tem angústia quase humana: falta-lhe um
    amor verdadeiro naquele seu harém, e ainda mais tem que vigiar a noite toda para não perder a
    primeira das mais longínquas claridades e cantar o mais sonoro possível. É o seu dever e a sua
    arte. Voltando às galinhas, a menina possuía duas só dela. Uma se chamava Pedrina e a outra
    Petronilha.
    Quando a menina achava que uma delas estava doente do fígado, ela cheirava embaixo das
    asas delas, com uma simplicidade de enfermeira, o que considerava ser o sintoma máximo de
    doenças, pois o cheiro de galinha viva não é de se brincar. Então pedia um remédio a uma tia. E
    a tia: "Você não tem coisa nenhuma no fígado". Então, com a intimidade que tinha com essa tia
    eleita, explicou-lhe para quem era o remédio. A menina achou de bom alvitre dá-lo tanto a
    Pedrina quanto a Petronilha para evitar contágios misteriosos. Era quase inútil dar o remédio
    porque Pedrina e Petronilha continuavam a passar o dia ciscando o chão e comendo porcarias
    que faziam mal ao fígado. E o cheiro debaixo das asas era aquela morrinha mesmo. Não lhe
    ocorreu dar um desodorante porque nas Minas Gerais onde o grupo vivia não eram usados assim
    como não se usavam roupas íntimas de nylon e sim de cambraia. A tia continuava a lhe dar o
    remédio, um líquido escuro que a menina desconfiava ser água com uns pingos de café - e vinha
    o inferno de tentar abrir o bico das galinhas para administrar-lhes o que as curaria de serem
    galinhas. A menina ainda não tinha entendido que os homens não podem ser curados de serem
    homens e as galinhas de serem galinhas: tanto o homem como a galinha têm misérias e grandeza
    (a da galinha é a de pôr um ovo branco de forma perfeita) inerentes à própria espécie. A menina
    morava no campo e não havia farmácia perto para ela consultar.
    Outro inferno de dificuldade era quando a menina achava Pedrina e Petronilha magras
    debaixo das penas arrepiadas, apesar de comerem o dia inteiro. A menina não entendera que
    engordá-las seria apressar-lhes um destino na mesa. E recomeçava o trabalho mais difícil: o de
    abrir-lhes o bico. A menina tornou-se grande conhecedora intuitiva de galinhas naquele imenso
    quintal das Minas Gerais. E quando cresceu ficou surpresa ao saber que na gíria o termo galinha
    tinha outra acepção. Sem notar a seriedade cômica que a coisa toda tomava:
    - Mas é o galo, que é um nervoso, é quem quer! Elas não fazem nada demais! e é tão rápido
    que mal se vê! O galo é quem fica procurando amar uma e não consegue!
    Um dia a família resolveu levar a menina para passar o dia na casa de um parente, bem longe de casa. E quando voltou, já não existia aquela que em vida fora Petronilha. Sua tia
    informou-lhe:
    - Nós comemos Petronilha.
    A menina era criatura de grande capacidade de amar: uma galinha não corresponde ao amor
    que se lhe dá e no entanto a menina continuava a amá-la sem esperar reciprocidade. Quando
    soube o que acontecera com Petronilha passou a odiar todo o mundo da casa, menos sua mãe
    que não gostava de comer galinha e os empregados que comeram carne de vaca ou de boi. O seu
    pai, então, ela mal conseguiu olhar: era ele quem mais gostava de comer galinha. Sua mãe
    percebeu tudo e explicou-lhe.
    - Quando a gente come bichos, os bichos ficam mais parecidos com a gente, estando assim
    dentro de nós. Daqui de casa só nós duas é que não temos Petronilha dentro de nós. É uma
    pena.
    Pedrina, secretamente a preferida da menina, morreu de morte morrida mesmo, pois
    sempre fora um ente frágil. A menina, ao ver Pedrina tremendo num quintal ardente de sol,
    embrulhou-a num pano escuro e depois de bem embrulhadinha botou-a em cima daqueles
    grandes fogões de tijolos das fazendas das minas-gerais. Todos lhe avisaram que estava
    apressando a morte de Pedrina, mas a menina era obstinada e pôs mesmo Pedrina toda enrolada
    em cima dos tijolos quentes. Quando na manhã seguinte Pedrina amanheceu dura de tão morta,
    a menina só então, entre lágrimas intermináveis, se convenceu de que apressara a morte do ser
    querido.
    Um pouco maiorzinha, a menina teve uma galinha chamada Eponina.
    O amor por Eponina: dessa vez era um amor mais realista e não romântico; era o amor de
    quem já sofreu por amor. E quando chegou a vez de Eponina ser comida, a menina não apenas
    soube como achou que era o destino fatal de quem nascia galinha. As galinhas pareciam ter uma
    pré-ciência do próprio destino e não aprendiam a amar os donos nem o galo. Uma galinha é
    sozinha no mundo.
    Mas a menina não esquecera o que sua mãe dissera a respeito de comer bichos amados:
    comeu Eponina mais do que todo o resto da família, comeu sem fome, mas com um prazer quase
    físico porque sabia agora que assim Eponina se incorporaria nela e se tornaria mais sua do que
    em vida. Tinham feito Eponina ao molho pardo. De modo que a menina, num ritual pagão que
    lhe foi transmitido de corpo a corpo através dos séculos, comeu-lhe a carne e bebeu-lhe o sangue.
    Nessa refeição tinha ciúmes de quem também comia Eponina. A menina era um ser feito para
    amar até que se tornou moça e havia os homens.

  • @jocost.5613
    @jocost.5613 2 роки тому

    Divina, Clarice, divina.

  • @marisaramos7042
    @marisaramos7042 3 роки тому

    Amei. Q tema interessante. Bem criativo.

  • @natalialuanarocha8426
    @natalialuanarocha8426 5 років тому +1

    Genial!

  • @NicollasRr
    @NicollasRr 5 років тому +1

    apaixonado!!!!!!!!!!

  • @claudiaonaizerkikitheodoro4828
    @claudiaonaizerkikitheodoro4828 4 роки тому

    Um prazer sem fim diante da perfeição!

  • @anaduarte6700
    @anaduarte6700 3 роки тому

    Adorei!

  • @alaidecorrea3440
    @alaidecorrea3440 3 роки тому

    Fantástico.

  • @anaclaudiavieirasilvasimoe2872
    @anaclaudiavieirasilvasimoe2872 3 роки тому

    Gratidão

  • @valdirfernandespintoescola9231
    @valdirfernandespintoescola9231 4 роки тому

    maravilhoso

  • @danilaaranha6327
    @danilaaranha6327 4 роки тому

    Caramba!🤩🤩🤩

  • @andrekranz7057
    @andrekranz7057 6 років тому +4

    porque não posta mais?

  • @boteachapa3644
    @boteachapa3644 3 роки тому

    👏👏👏

  • @gokharol
    @gokharol 5 років тому +2

    Jesus, profundo! Mas também perturbador!