ATLAS FABELWESEN
Fabelwesen é uma palavra de origem alemã cujo significado em português é fabulação. Fabulação como construção de histórias, como uma aventura imaginária. A escolha de uma palavra alemã para nomear o atlas surge em homenagem ao fotógrafo Kurt Warner Schulze, Alemão, imigrou para o Brasil em 1940 e foi fundador do Laboratório Curt em São Paulo, cujo acervo serviu de base para construção do atlas fabelwesen.
Em 1984 o Kurt Schulze foi convidado pelo MIS - Museu da Imagem e do
Som de São Paulo para dar um depoimento sobre suas memórias.
Seu pai tinha uma grande editora na Alemanha, onde editava centenas de
livros sobre quase todas as cidades alemãs. A atividade de editor do pai o levou a se interessar pela fotografia porque diariamente via muitas fotografias para a paginação dos livros. Seu primeiro contato com a fotografia foi aos 10 anos de idade quando ganhou uma câmera box de presente e fez várias fotografias mas não considera isso seu início na fotografia e sim em 1934 quando começou os primeiros trabalhos
de free-lancer e em seguida entrou na Universidade para artistas e técnicos, artistas como pintores, atores, cinegrafistas e fotógrafos e tinha como professores fenômenos da época. Em 1935/1936 trabalhou como free-lancer, fez assistência no cinema e foi também assistente em laboratório fotográfico.
Ao chegar no Brasil foi imediatamente procurar emprego. Foi funcionário da fotótica por uma semana, ele não gostou do tratamento que recebeu do chefe do laboratório. Depois de alguns anos o Senhor Desidério Farkas virou seu freguês para fazer as fotografias coloridas dos seus filhos e netos. Depois ele trabalhou para uma agencia fotográfica que vendiam fotografias para os Estados Unidos e eles falavam que nunca vendiam as fotografias. Até que um dia ele foi ao barbeiro e ao abrir a revista Life viu suas próprias fotografias estampadas na revista e aí foi com raiva na agencia e eles falaram que venderam mas que ainda não tinham recebido.
Assim ele percebeu que ali não tinha futuro e então no inicio de 1941 abriu seu estúdio na Avenida São João como o nome de Foto Curt.
Quando chegou no Brasil no começo da guerra a aquisição de materiais
fotográficos era muito difícil e quase todos os fotógrafos não conseguiam comprar materiais. Na época era comum fazer as fotografias 3x4 com chapas de 9x12 e os fotógrafos fizeram uma máscara de papelão e dividiam a chapa em seis e só podiam revelar depois que completava a sexta fotografia da chapa, senão não revelava porque o material era caro ou então, o freguês pagava pelas seis fotografias. E ele descobriu em um negociante de materiais usados uma máquina usada e teve uma pequena ideia de adaptar nela um lugar de visor e no outro lado um chassis pequeno de tamanho 3x4 e 4x4, formatos usados na época. Conseguiu
cortar com diamante as chapas e começou a usar filmes que vendiam e não tinham mais máquinas como o 116 mm e usou até o último que existia no mercado e assim conseguia entregar as fotografias rapidamente e conseguiu formar uma freguesia. Isto aconteceu paralelamente ao inicio da fotografia corporativa, ele fotografava industrias, foi fotógrafo da Alpargatas por 15 anos. Em 1948 trouxe o primeiro material colorido para o Brasil. Na segunda metade de 1940 e início de 1950 fotografou artistas como Elvira Pagã, Sílvio Mazzuca, Dorival Caymmi, entre outros.
Casou em 1948 e teve dois filhos, Ronald e Gary Schulze.
No começo de 1950 mudou o laboratório para a Rua Barão de Itapetininga,
local que na época do depoimento ainda estava aberto ao público. Paralelo ao estúdio tinha um pequeno laboratório para revelação de fotografia colorida e preto e branco. Com o tempo aumentou as quantidades de colorida. De 72 cópias aumentou gradualmente até milhões de cópias por mês. Neste momento ele teve que decidir entre ficar na fotografia como fotógrafo ou no laboratório. Assim derrubou o estúdio e ampliou o laboratório. A fotografia passou a ser acessível ao público que passou a fotografar também. Em 1980/1981 o crescimento da fotografia foi
vertiginoso.Em 1982/1983 o mercado caiu 25% e em 1983/1984 queda de 10%. O interesse pela fotografia foi caindo com a chegada de vídeo game e
microcomputadores. Com a crise as empresas começaram a fazer campanhas promocionais como filme grátis, duas cópias pelo preço de uma, pague hoje e retira amanhã.
Kurt fala que a fotografia o fascinou desde o início e ele diz: "A imagem apreendida que a gente pode transformar praticamente para a eternidade".
E realizo uma ação de tirar as imagens guardadas em caixas durante anos e traze-las de volta ao mundo através de uma grande constelação das imagens em um atlas.
A partir de um acervo de 800 imagens foram produzidos 08 painéis no total, e cada painel recebeu imagens em forma de montagem e estão na plataforma do site onde é possível interagir com a montagem, pois o site permite mudar as imagens de lugar criando combinações infinitas.
SITE: atlasfabelwesen.cargo.site/