Gratidão camarada. Você explanou muito bem a praticidade de como esses conceitos tem uma atuação real na vida de todes nós. E como uma coisa abre portas para outras, isso corrobora muito com o psicólogo Gordon Allport que criou um método para medir o preconceito e suas implicações práticas numa sociedade. Essa escala é conhecida por Escala de Preconceito e Discriminação de Allport ou Escala de Preconceito de Allport, exposta no livro The Nature of Prejudice (1954). Essa escala tem 5 níveis: Nível 1 - Antilocução - que significa um grupo majoritário fazendo piadas abertamente sobre um grupo minoritário (preconceitos recreativos). A fala se dá em termos de estereótipos negativos e imagens negativas. Isto também é chamado de incitamento ao ódio. É geralmente vista como inofensiva pela maioria. A violência simbólica que você cita do Bourdieu. Nível 2 - Esquiva - O contato com as pessoas do grupo minoritário passa a ser ativamente evitado pelos membros do grupo majoritário. Pode não se pretender fazer mal diretamente, mas o mal é feito através do isolamento. Nível 3 - Discriminações - O grupo minoritário é discriminado negando-lhe oportunidades e serviços e acrescentando preconceito à ação. Os comportamentos têm por objetivo específico prejudicar o grupo minoritário impedindo-o de atingir seus objetivos, obtendo educação ou empregos etc. O grupo majoritário está tentando ativamente prejudicar o minoritário. Nível 4 - Ataque físico (já sai da violência simbólica para uma violência física); Nível 5 - Extermínio. Já sobre sua colocação sobre cotas raciais, eu não sou contrário a existência destas (nem deveria, dado a questão sócio-histórica) mas questiono o modo como a política é aplicada e que apresenta contradições, quando por exemplo as bancadas de heteroidentificação ou comissões étnico raciais excluem pessoas pardas, todo ano tem pardo (considerado dentro da política de cotas) perdendo vaga e os sonhos de suas vidas pela extrema subjetividade aplicada na observação de características ou traços ‘raciais’ ou étnicos, pessoas que são desaprovadas em uma bancada mas são aprovadas em outra de outro estado, então isso é o que? Tu é pardo num estado mas em outro tu é branco? São contradições reais que geram processos no estado, sem falar na humilhação que levam muitas pessoas a serem arrastadas por anos na justiça e outras que desistem porque não querem passar por isso, é como passar por outro racismo, vindas de pessoas que muitas das vezes essas pessoas defendem na luta social. Com isso não defendo a destruição da política, mas pela melhoria de sua aplicação. Se as regras dizem que se tu tem um traço (cor de pele não branca, por exemplo) tu pode concorrer a vaga, mas isso não tem sido aplicado, e tipo tem situações que pessoas pardas são mais claras que outras mais escuras e passam, enquanto outras de pele mais escura não passam. Com isso devo apontar que existem sim pessoas brancas que procuram violar a política de cotas, e nisso meu repúdio, porque elas acabam minando a política afirmativa, mas discriminar pessoas pardas é uma questão séria.
Essa questão dos critérios para definir quem pertence a essa genérica etnia negra é muito complicada mesmo. Por enquanto nem vejo como, com justiça, definir regras e protocolos definitivos. Mesmo critérios objetivos cientificamente como genética e fenótipo são de difícil aplicação. Mas, em algum tempo, o desejável é que haja alguma diretriz definida.
Adorei tanto seu comentário que acabei fixando. Vou começar a criar esse hábito. Alguns comentários merecem ser lidos por quem assiste o vídeo e o nível aqui é tão alto que gostei dessa ideia. Quero reler em breve, com mais calma em um contexto menos conturbado, seu comentário. Acerca das dificuldades, concordo com você que é complicado. Ser a favor de cotas e outras medidas sociais necessárias não implica dar completo aval para o modo como essas política serão implementadas né? Podemos e devemos ser críticos ao modo como tais políticas são feitas, muitas vezes de maneira injusta ou pouco eficiente. Acredito, todavia, que seja bastante difícil acertar completamente os critérios de quem deve e quem não deve ser contemplado com cotas. Em vários casos a linha é bastante tênue né? Acho que muito dos equívocos podem ser feito por despreparo e até mesmo preconceito. Mas também acho que a perfeição é inatingível nesse caso. Sempre existirão injustiças. O ideal das cotas seria contemplar pessoas cujo racismo impede de acessar uma universidade. Isso é muito mais baseado no fenótipo do que no genótipo. Lembro de ouvir uma amiga negra que já participou de algumas comissões e estou convencido que mesmo pessoas inteligentes, preparadas e bem-intencionadas, correm o risco de cometerem injustiças.
@@iluminismoposmoderno Gratidão camarada, admiro muito seu trabalho de divulgação e filosofia por aqui. No ponto que você pontuou sobre questões fenotípicas, essa é a atual política, o problema é quando teu fenótipo é negado ou invisibilizado, situações do tipo tua pele ser parda, tu em vídeo ser perceptível e mesmo assim afirmarem ter ausência de fenótipo, e no recurso, quanto tu pede pra estar em uma entrevista presencial, simplesmente negarem o recurso. Outras pessoas no UA-cam já compartilharam ser aprovado num estado e em outro ser reprovado em relação a ser pardo, e mesmo as várias matérias jornalísticas que acompanham casos que vão a justiça, de pessoas que desistiram ou sofreram bullying por não parecerem “pardas” o suficiente para algumas pessoas. A regra atual diz que um fenótipo ou outros em conjunto ou não serão consideradas, se tua pele não é branca e teu cabelo tá liso, por exemplo, não se pode simplesmente negar a cor da pele (um fenótipo) em detrimento de outro, eu vi membro de família passando por isso. Muito triste, destruiu o sonho de uma pessoa que se esforçou pacas. Mas como você disse, até mesmo pessoas inteligentes podem cometer erros…o problema é que não pode haver injustiça, se não vira uma julgamento racial arbitrário e mina a própria noção de pardo também ser “negro”. Complicado mesmo.
Bom demais saber sobre essa Escala de Allport. Eu tava pensando sobre isso esses dias, até procurei na internet algum sistema explicativo sobre a dinâmica da aceitabilidade social, mas o mais próximo que encontrei foi a Janela de Overton.
"Podemos efetuar, gradativamente, em nossa civilização, alterações tais que satisfaçam melhor nossas necessidades e escapem às nossas críticas. Mas talvez possamos também nos familiarizar com a idéia de existirem dificuldades ligadas à natureza da civilização, que não se submeterão a qualquer tentativa de reforma". (Freud)
Meu TCC de pós de Sociologia foi um artigo sobre a possibilidade da investigação dos "temas geradores" da Pedagogia do Oprimido ser uma alternativa ao "capital cultural legitimado" de Bourdieu; assim conheci a violência simbólica (nos seus estudos sobre educação). Portanto só a identificava dentro do campo da educação. Seu vídeo foi muito bom para perceber como ela também se encontra fora deste ambiente. Só não ficou muito claro para mim a relação desta com a microfísica do poder de Foulcaut. Parabéns pelo trabalho.
Faz um video se puder falando sobre o Habitus, pois a violência em seu estado simbolico vem do poder simbolico concentrado por indivíduos ou grupos tambem levando em consideração a noção sociológica e relacional de "campo" e a estrutura de distribuição no campo, onde os efeitos do poder simbolico (a violência que é extrafisica, interior, unidirecional, opressiva, insensivel e eficaz ) é abstraido. Por exemplo, a violência simbólica no campo jurídico pode vir de uma matriz de diferentes capitais distribuídos desigualmente pela estrutura do campo, como o habitus juridico, o uso simbolico da linguagem juridica, credenciais, gostos legitimos, a brancura dos magistrados, a subrepresentacao de grupos desprivilegiados e perfil de classe do proprio direito entre tantos outros fatores de violência, essa violência tal como opera no interior do campo juridico, tem o duplo carater de afastar e de concentrar, de fazer crer naquilo que é percebido e de fazer agir de um certo modo, atuando como um mecanismo eficaz de legitimação do propria forma-juridica existente, pois requer o desconhecimento de sua origem e de sua arbitraridade para ter efeitos concretos.
Totalmente amigo. Triste, mas verdadeiro. E quem tem o capital, muitas vezes consegue impor as regras sem derramar sangue (embora haja muito derramamento de sangue). Para isso precisamos dessas ferramentas filosóficas, para compreender as inúmeras maneiras de opressão.
Sim. To lendo toda a coleção do Feminismos Plurais, tem vários livros. Racismo estrutural, local de fala, racismo recreativo, transfeminismo, colorismo e afins. Vou fazer review de todos. Mas to lendo com calma. Só vou começar quando tiver lido todos, hehehe.
Concordo 185,39% com o que vc falou, Daniel. A violência simbólica implica, em maior ou menor grau, em maior ou menor frequência, em violência física. E eu prefiro utilizar a expressão "violência física" a "literal", já que eu acho que a chamada violência simbólica já é literal.
Que bom que gostou. Também acho que a violência simbólica é literal, acho que não acertei a linguagem ainda. Talvez porque venhamos de uma tradição que minimiza este tipo de violência.
Vc que eh professor de filosofia, faço aqui uma observação. Será que Nietzsche nunca leu Marx? Suas críticas ao socialismo se assemelham a de Marx ao socialismo utópico e também, sua forma de analisar o comportamento humano e se basear em algo real e não idealizado tambem se assemelham. Talvez Nietzsche e Marx tem mais em comun do que diferenças, como muitos acham.
justamente! Ambos teorizavam no sentido de destruir o trono da metafísica, um pelo caminho da linguagem, outro pelo da luta de classes, mas ambos pós-liberais
Eu concordo com você que eles podem ter muito mais em comum do que diferenças. Já me considero bastante versado em Nietzsche. Atualmente, o autor que mais estudo é Marx. Um dia saberei te responder. Mas acredito que Nietzsche nunca tenha lido Marx e vice-versa. Porém, é só um palpite mesmo.
Nossa, como eu amo Bourdieu kkkkk Mas, é interessante lembrar que violência simbólica é mais efetiva quanto mais sutil ela for. Por exemplo, falar para uma mulher "é sua obrigação perante a sociedade estar sempre arrumada" é uma violência simbólica menos eficaz do que falar "você não vai passar um batom?". No fundo, os dois fazem a mesma coisa, naturalizam um preconceito social, mas, o primeiro é mais escancarado, enquanto o segundo é tão sutil que as pessoas dificilmente reparam toda a violência que tem por trás de uma aparente inocente pergunta. Alias, o próprio fato de ter poucos negros em certos ambientes já é por si só uma violência simbólica. A falta de questionamentos sobre isso também. Eu fiz faculdade de exatas, e a falta de mulheres nos cursos de exatas é uma violência simbólica - e tudo que tentam criar pra justificar isso ainda mais.
Sim. Inclusive, a ideia de que quanto mais frágil uma relação de poder é, mais ela precisa se utilizar da violência e afins é algo que me interessa muito. A violência simbólica consegue se infiltrar no dia a dia e muitas vezes parecer inofensiva. Muitas vezes ela não vai suscitar protestos, aqueles que a apontarem serão vistos como loucos ou "mimizentos". É aí que ela atingiu sua maior eficácia e os seus exemplos do batom e dos negros foi muito bom (o do batom eu nunca nem havia pensado, o dos negros uso bastante).
Gratidão camarada. Você explanou muito bem a praticidade de como esses conceitos tem uma atuação real na vida de todes nós. E como uma coisa abre portas para outras, isso corrobora muito com o psicólogo Gordon Allport que criou um método para medir o preconceito e suas implicações práticas numa sociedade. Essa escala é conhecida por Escala de Preconceito e Discriminação de Allport ou Escala de Preconceito de Allport, exposta no livro The Nature of Prejudice (1954). Essa escala tem 5 níveis: Nível 1 - Antilocução - que significa um grupo majoritário fazendo piadas abertamente sobre um grupo minoritário (preconceitos recreativos). A fala se dá em termos de estereótipos negativos e imagens negativas. Isto também é chamado de incitamento ao ódio. É geralmente vista como inofensiva pela maioria. A violência simbólica que você cita do Bourdieu. Nível 2 - Esquiva - O contato com as pessoas do grupo minoritário passa a ser ativamente evitado pelos membros do grupo majoritário. Pode não se pretender fazer mal diretamente, mas o mal é feito através do isolamento. Nível 3 - Discriminações - O grupo minoritário é discriminado negando-lhe oportunidades e serviços e acrescentando preconceito à ação. Os comportamentos têm por objetivo específico prejudicar o grupo minoritário impedindo-o de atingir seus objetivos, obtendo educação ou empregos etc. O grupo majoritário está tentando ativamente prejudicar o minoritário. Nível 4 - Ataque físico (já sai da violência simbólica para uma violência física); Nível 5 - Extermínio.
Já sobre sua colocação sobre cotas raciais, eu não sou contrário a existência destas (nem deveria, dado a questão sócio-histórica) mas questiono o modo como a política é aplicada e que apresenta contradições, quando por exemplo as bancadas de heteroidentificação ou comissões étnico raciais excluem pessoas pardas, todo ano tem pardo (considerado dentro da política de cotas) perdendo vaga e os sonhos de suas vidas pela extrema subjetividade aplicada na observação de características ou traços ‘raciais’ ou étnicos, pessoas que são desaprovadas em uma bancada mas são aprovadas em outra de outro estado, então isso é o que? Tu é pardo num estado mas em outro tu é branco? São contradições reais que geram processos no estado, sem falar na humilhação que levam muitas pessoas a serem arrastadas por anos na justiça e outras que desistem porque não querem passar por isso, é como passar por outro racismo, vindas de pessoas que muitas das vezes essas pessoas defendem na luta social. Com isso não defendo a destruição da política, mas pela melhoria de sua aplicação. Se as regras dizem que se tu tem um traço (cor de pele não branca, por exemplo) tu pode concorrer a vaga, mas isso não tem sido aplicado, e tipo tem situações que pessoas pardas são mais claras que outras mais escuras e passam, enquanto outras de pele mais escura não passam. Com isso devo apontar que existem sim pessoas brancas que procuram violar a política de cotas, e nisso meu repúdio, porque elas acabam minando a política afirmativa, mas discriminar pessoas pardas é uma questão séria.
Essa questão dos critérios para definir quem pertence a essa genérica etnia negra é muito complicada mesmo. Por enquanto nem vejo como, com justiça, definir regras e protocolos definitivos. Mesmo critérios objetivos cientificamente como genética e fenótipo são de difícil aplicação. Mas, em algum tempo, o desejável é que haja alguma diretriz definida.
@@PMfixman Sim, camarada.
Adorei tanto seu comentário que acabei fixando. Vou começar a criar esse hábito. Alguns comentários merecem ser lidos por quem assiste o vídeo e o nível aqui é tão alto que gostei dessa ideia. Quero reler em breve, com mais calma em um contexto menos conturbado, seu comentário.
Acerca das dificuldades, concordo com você que é complicado. Ser a favor de cotas e outras medidas sociais necessárias não implica dar completo aval para o modo como essas política serão implementadas né? Podemos e devemos ser críticos ao modo como tais políticas são feitas, muitas vezes de maneira injusta ou pouco eficiente.
Acredito, todavia, que seja bastante difícil acertar completamente os critérios de quem deve e quem não deve ser contemplado com cotas. Em vários casos a linha é bastante tênue né? Acho que muito dos equívocos podem ser feito por despreparo e até mesmo preconceito. Mas também acho que a perfeição é inatingível nesse caso. Sempre existirão injustiças. O ideal das cotas seria contemplar pessoas cujo racismo impede de acessar uma universidade. Isso é muito mais baseado no fenótipo do que no genótipo. Lembro de ouvir uma amiga negra que já participou de algumas comissões e estou convencido que mesmo pessoas inteligentes, preparadas e bem-intencionadas, correm o risco de cometerem injustiças.
@@iluminismoposmoderno Gratidão camarada, admiro muito seu trabalho de divulgação e filosofia por aqui. No ponto que você pontuou sobre questões fenotípicas, essa é a atual política, o problema é quando teu fenótipo é negado ou invisibilizado, situações do tipo tua pele ser parda, tu em vídeo ser perceptível e mesmo assim afirmarem ter ausência de fenótipo, e no recurso, quanto tu pede pra estar em uma entrevista presencial, simplesmente negarem o recurso. Outras pessoas no UA-cam já compartilharam ser aprovado num estado e em outro ser reprovado em relação a ser pardo, e mesmo as várias matérias jornalísticas que acompanham casos que vão a justiça, de pessoas que desistiram ou sofreram bullying por não parecerem “pardas” o suficiente para algumas pessoas. A regra atual diz que um fenótipo ou outros em conjunto ou não serão consideradas, se tua pele não é branca e teu cabelo tá liso, por exemplo, não se pode simplesmente negar a cor da pele (um fenótipo) em detrimento de outro, eu vi membro de família passando por isso. Muito triste, destruiu o sonho de uma pessoa que se esforçou pacas. Mas como você disse, até mesmo pessoas inteligentes podem cometer erros…o problema é que não pode haver injustiça, se não vira uma julgamento racial arbitrário e mina a própria noção de pardo também ser “negro”. Complicado mesmo.
Bom demais saber sobre essa Escala de Allport. Eu tava pensando sobre isso esses dias, até procurei na internet algum sistema explicativo sobre a dinâmica da aceitabilidade social, mas o mais próximo que encontrei foi a Janela de Overton.
Grato.
Disponha amigo. Grande abraço.
"Podemos efetuar, gradativamente, em nossa civilização, alterações tais que satisfaçam melhor nossas necessidades e escapem às nossas críticas. Mas talvez possamos também nos familiarizar com a idéia de existirem dificuldades ligadas à natureza da civilização, que não se submeterão a qualquer tentativa de reforma". (Freud)
O curso do Clóvis sobre Bourdieu é muito bom mesmo
Eu acho maravilhoso. Queria achar pra assistir de novo.
@@iluminismoposmoderno ua-cam.com/play/PLQ-hk_TNIx2vbvmsU_aonr5PkRm7jazWk.html
Obrigada
Que bom que gostou.
Assunto muito relevante
Obrigado. Feliz que tenha gostado.
Cara ja amo seu canal, sempre sonhei em ver você fazer algum vídeo sobre Bourdieu. Obg ❤
Se eu soubesse profundamente sobre o autor, falaria mais. Ainda vai chegar o dia, hahaha. :)
Vídeo muito elucidativo. Já sou inscrito no seu canal. Parabéns pelo vídeo!
Meu TCC de pós de Sociologia foi um artigo sobre a possibilidade da investigação dos "temas geradores" da Pedagogia do Oprimido ser uma alternativa ao "capital cultural legitimado" de Bourdieu; assim conheci a violência simbólica (nos seus estudos sobre educação). Portanto só a identificava dentro do campo da educação. Seu vídeo foi muito bom para perceber como ela também se encontra fora deste ambiente. Só não ficou muito claro para mim a relação desta com a microfísica do poder de Foulcaut. Parabéns pelo trabalho.
Cara, ótimo vídeo. Assunto muito pouco falado aqui no UA-cam.
Muito obrigado. Feliz que tenha gostado.
Faz um video se puder falando sobre o Habitus, pois a violência em seu estado simbolico vem do poder simbolico concentrado por indivíduos ou grupos tambem levando em consideração a noção sociológica e relacional de "campo" e a estrutura de distribuição no campo, onde os efeitos do poder simbolico (a violência que é extrafisica, interior, unidirecional, opressiva, insensivel e eficaz ) é abstraido. Por exemplo, a violência simbólica no campo jurídico pode vir de uma matriz de diferentes capitais distribuídos desigualmente pela estrutura do campo, como o habitus juridico, o uso simbolico da linguagem juridica, credenciais, gostos legitimos, a brancura dos magistrados, a subrepresentacao de grupos desprivilegiados e perfil de classe do proprio direito entre tantos outros fatores de violência, essa violência tal como opera no interior do campo juridico, tem o duplo carater de afastar e de concentrar, de fazer crer naquilo que é percebido e de fazer agir de um certo modo, atuando como um mecanismo eficaz de legitimação do propria forma-juridica existente, pois requer o desconhecimento de sua origem e de sua arbitraridade para ter efeitos concretos.
A violência do capital onde uns que detém o capital impõe suas regras a quem não tem.
Totalmente amigo. Triste, mas verdadeiro. E quem tem o capital, muitas vezes consegue impor as regras sem derramar sangue (embora haja muito derramamento de sangue). Para isso precisamos dessas ferramentas filosóficas, para compreender as inúmeras maneiras de opressão.
Assistindo mais uma vez...
Vai rolar aquela resenha do Racismo Recreativo? Achei interessante demais o que vc disse sobre o livro.
Sim. To lendo toda a coleção do Feminismos Plurais, tem vários livros. Racismo estrutural, local de fala, racismo recreativo, transfeminismo, colorismo e afins. Vou fazer review de todos. Mas to lendo com calma. Só vou começar quando tiver lido todos, hehehe.
@@iluminismoposmoderno massa! Fico no aguardo então...
E Racismo Estrutural é uma puta obra, obrigação de todo antirracista.
Jurava q o próximo vídeo seu seria sobre o Yuval falando de paz direto de Israel kkkkkl
Yuval perdeu toda moral depois daquela entrevista no Fantástico. Puro fantoche.
@@5driedgrams Verdade, ele n conseguiu segurar o 10farce por muito tempo.
@@5driedgrams senti muita vergonha alheia.
Farei. Estou tendo uns contratempos pessoais que me impossibilitaram. Mas já está acabando e sai ainda essa semana.
@@5driedgrams sim. Concordo. Meu vídeo será de alguém bem decepcionado com ele.
Concordo 185,39% com o que vc falou, Daniel. A violência simbólica implica, em maior ou menor grau, em maior ou menor frequência, em violência física. E eu prefiro utilizar a expressão "violência física" a "literal", já que eu acho que a chamada violência simbólica já é literal.
Que bom que gostou. Também acho que a violência simbólica é literal, acho que não acertei a linguagem ainda. Talvez porque venhamos de uma tradição que minimiza este tipo de violência.
👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼
Yeahhhhh
Varias opiniões e nenhuma ciência
👍
Yeahhhhh
♥️☭
Uhulll
Vc que eh professor de filosofia, faço aqui uma observação. Será que Nietzsche nunca leu Marx? Suas críticas ao socialismo se assemelham a de Marx ao socialismo utópico e também, sua forma de analisar o comportamento humano e se basear em algo real e não idealizado tambem se assemelham. Talvez Nietzsche e Marx tem mais em comun do que diferenças, como muitos acham.
justamente! Ambos teorizavam no sentido de destruir o trono da metafísica, um pelo caminho da linguagem, outro pelo da luta de classes, mas ambos pós-liberais
Eu concordo com você que eles podem ter muito mais em comum do que diferenças. Já me considero bastante versado em Nietzsche. Atualmente, o autor que mais estudo é Marx. Um dia saberei te responder.
Mas acredito que Nietzsche nunca tenha lido Marx e vice-versa. Porém, é só um palpite mesmo.
@@TheSpendTime nesse sentido você está certíssimo. Ainda quero fazer um vídeo sobre pós-metafísica.
Nossa, como eu amo Bourdieu kkkkk
Mas, é interessante lembrar que violência simbólica é mais efetiva quanto mais sutil ela for. Por exemplo, falar para uma mulher "é sua obrigação perante a sociedade estar sempre arrumada" é uma violência simbólica menos eficaz do que falar "você não vai passar um batom?". No fundo, os dois fazem a mesma coisa, naturalizam um preconceito social, mas, o primeiro é mais escancarado, enquanto o segundo é tão sutil que as pessoas dificilmente reparam toda a violência que tem por trás de uma aparente inocente pergunta.
Alias, o próprio fato de ter poucos negros em certos ambientes já é por si só uma violência simbólica. A falta de questionamentos sobre isso também. Eu fiz faculdade de exatas, e a falta de mulheres nos cursos de exatas é uma violência simbólica - e tudo que tentam criar pra justificar isso ainda mais.
Sim. Inclusive, a ideia de que quanto mais frágil uma relação de poder é, mais ela precisa se utilizar da violência e afins é algo que me interessa muito. A violência simbólica consegue se infiltrar no dia a dia e muitas vezes parecer inofensiva. Muitas vezes ela não vai suscitar protestos, aqueles que a apontarem serão vistos como loucos ou "mimizentos". É aí que ela atingiu sua maior eficácia e os seus exemplos do batom e dos negros foi muito bom (o do batom eu nunca nem havia pensado, o dos negros uso bastante).
muito bom , aff