O pensamento de Neusa Santos Souza - 1: o negro em ascensão social

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  • Опубліковано 17 вер 2024
  • Nessa série de vídeos apresentamos o livro da psicanalista Neusa Santos Souza, "Tornar-se negro: as vicissitudes do negro brasileiro em ascensão social". A psicanálise ao longo de sua história, inclusive e principalmente no Brasil, pouco discutiu a questão racial e o racismo, esquecendo-se de que nasceu de um judeu perseguido pelo regime nazista, membro de um povo que sempre foi considerado pelo Ocidente branco um povo menor, racializado. Neusa Souza retoma o problema racial em psicanálise a partir do contexto do negro e negra brasileiros, levantando o recalque da comunidade psicanalítica para essa questão. O problema que Neusa quer discutir é sobre a violência constante, contínua e cruel contra os negros e negras. Tal como o conceito de pulsão em psicanálise, definido como uma força constante, Neusa quer discutir essa pulsão de morte, essa linha de abolição dos brancos contra os corpos negros, para que suas imagens, palavras e afetos, suas criações, desapareçam do laço social - principalmente daqueles que ascendem socialmente, recusando seu lugar de subalternidade "natural". No entanto, o ideal do eu branco, que coloca todos na falta, é particularmente cruel na medida em que se coloca como um ideal social e subjetivo inalcançável para o povo preto, que jamais poderá, nem mesmo de maneira imaginária, estar ao seu alcance. Esse mesmo branco e seu ideal produz pela cultura o massacre constante dos negros e negras, a violência racial nas suas formas mais patentes, mas também em suas formas mais sutis e venenosas, latentes, não ditas ou mal ditas, mas sempre praticadas, constituindo a própria reprodução do laço social brasileiro e sua ilusão de democracia racial. Invertendo o sentido da racialização, vemos que a violência racial é oriunda dos brancos, malgrado o recalque do seu desejo, protegidos pelo seu narcisismo imaginário de se considerarem bons, e da projeção dos seus desejos recalcados (agressivos e sexuais) contra o provo preto, tornados objetos e dessubjetivados.
    Na semana que vem, traremos a segunda parte dessa série, aprofundando sobre o tema do "ideal do eu branco"

КОМЕНТАРІ • 23

  • @doneunice
    @doneunice 11 місяців тому +8

    Gostei muito da sua sua apresentação de Neusa. Eu também me perguntei, depois da entrevista com Lázaro Ramos ( que estava ótimo, por sinal) porque Neusa recusava as bases do seu livro e fazia uma apologia à clínica psicanalítica, após toda sua Trajetória política e como cidadã. Ela quando jovem, em Salvadot era amiga dos Ticoãs e do seu mestre Matheus Aleluia um grande lider da aficanidade no nosso lugar. Neusa visitou a África, o Senegal, era uma mulher inquieta buscando ultrapassar as barreiras que estavam à sua frente. Participou de grupos de militância, mas rompeu. Neusa teve uma historia de rupturas.Mas as que estavam atrás? Fincadas na sua origem? Pai brutal e ignorante que desdenhou da sua incrivel vitoria em passar em Medicina. Mais brutal em outras coisas que não dá pra falar aqui e agora. Filha única, abandonada pelos pais e criada por uma senhora que adotou outras crianças. Neusa resgatou essa senhora de Cachoeira, que morreu no Rio, num lar de idosos. Neusa tinha "capricho" com tudo que fazia. O apartamento de onde ela se jogou era finamente decorado por um grande arquiteto. Apartamento de classe alta.
    Teve um companheiro mexicano de profissão marceneiro, pouco falado nas biografias de Neusa, que lhe deu um grande golpe. Tvz por isso ela defendesse a análise - as dores pessoais não cessavam de acossá-la.
    Na hora do enterro, o funcionário do cemitério perguntava quem poderia guardar o numero do túmulo de Neusa e a pergunta foi respondida por um silêncio constrangido: Ninguém.
    Tem tanta coisa aí a ser discutida e descoberta.

  • @ricleide938
    @ricleide938 2 місяці тому

    Explicação MARAVILHOSA!!! Gratidão pelo conteúdo 🙏✨

  • @marcelagonzaga1828
    @marcelagonzaga1828 4 місяці тому

    Massa!

  • @paulocassemiro3601
    @paulocassemiro3601 6 місяців тому +1

    Maravilhoso 🎉🎉🎉🎉🎉 obrigado.
    E difícil organizar de maneira didática tantas violência sem paracer alienação.

  • @user-do7il6tr7v
    @user-do7il6tr7v Рік тому +1

    Muito conteúdo a nos alertar e fazer valer o nosso papel, enquanto cidadã negra e mulher nesse País!

  • @rosangelachuab
    @rosangelachuab Рік тому +3

    Muito obrigada por essa aula.

  • @aquilombamente9373
    @aquilombamente9373 2 роки тому +4

    Acredito que se torna difícil tornar-se negro quando não se sabe o que é ser negro, ocorreu um apagamento histórico. Como vou saber quem eu sou se não conheço a minha ancestralidade?

    • @canaldaimanencia-marciocos7451
      @canaldaimanencia-marciocos7451  2 роки тому

      É verdade. O resgate da História coletiva é muito importante, na medida que o apagamento da história dos negros faz parte da estratégia de repressão social e desejante da cultura branca que visa tornar os negros objetos. Mas Neusa traz mais a questão, fundamental, de resgate da história singular de cada negro e negra. Por isso construir um discurso sobre si mesmo é essencial para construir a autonomia, para além do discurso somente social, histórico e militante. É a escuta de cada um que nos faz ver que somos mais do que simplesmente negros (objetificação dos brancos), e sim nos tornar negros (subjetivação dos negros).

    • @liamartins3288
      @liamartins3288 6 місяців тому

      Por isso é importante levar Neusa Santos Souza para a realidade escolar. Trabalhar ancestralidade e subjetividade desde cedo

    • @ceica1296
      @ceica1296 4 місяці тому

      Que morte trágica a da Neusa Santos! 😢 E a aula foi maravilhosa! ❤

  • @marciasantos8941
    @marciasantos8941 2 роки тому +3

    Aula maravilhosa! Trouxe pontos super importantes pra pensarmos o racismo ainda como fenômeno atual.

    • @canaldaimanencia-marciocos7451
      @canaldaimanencia-marciocos7451  2 роки тому

      Que bom que gostou, Marcinha! Foi um recorte pequeno a partir do livro da Neusa de uma problemática bastante complexa que outros colegas negris na psicanálise estão avançando muito. Grato pela presença. Um forte abraço!

  • @prof.julianabartholomeu1178
    @prof.julianabartholomeu1178 2 роки тому +2

    muito bom!

  • @paulocassemiro3601
    @paulocassemiro3601 6 місяців тому

    Muito bom.
    Importante vc evidênciar tal recalque .

  • @blogshineyellow
    @blogshineyellow 2 роки тому +1

    Ótima introdução, meu amigo. Repassando aqui junto com os demais que assistirei na sequência.

  • @angelasaldanha540
    @angelasaldanha540 2 роки тому +1

    Maravilha de aula. Obrigada, professor.

  • @klauferreira3692
    @klauferreira3692 Рік тому +1

    Aula incrível!

  • @rosasantossantos1815
    @rosasantossantos1815 10 місяців тому

    Adorei!👏🏾👏🏾👏🏾

  • @jessicavelloso5243
    @jessicavelloso5243 Рік тому +2

    Olá! Sou estudante iniciante e gostaria de saber se posso entender que recalque é um esquecimento proposital em relação ao racismo e as consequências que ele produz até os dias de hoje.

  • @eduardoambrosio5754
    @eduardoambrosio5754 2 роки тому +2

    aula maravilhosa! vcs fazem parte ou têm algum grupo de formação clínica ou de pesquisa? me vejo muito alinhado com a abordagem, achei muito interessante

    • @canaldaimanencia-marciocos7451
      @canaldaimanencia-marciocos7451  2 роки тому

      Oi Eduardo. Tenho o grupo de estudos e pesquisas Transversalidades no curso de Psicologia da UFMA, onde sou docente, onde participam minhas supervisandas na clínica e outras alunas interessadas. Estudamos temas na encruzilhada de problemas clínicos e sociais.

    • @eduardoambrosio5754
      @eduardoambrosio5754 2 роки тому

      deve ser o máximo! eu adoraria acompanhar as discussões, se fosse possível... acompanhar o trabalho de vcs