Meu irmão escreveu um livro, e eu fiz um pouco de preparação de texto e revisão ortográfica para ele. Ainda falta muito para publicar, mas o que achei interessante é que apenas eu conseguia entender certas referências. Há coisas tão pessoais da memória que são refletidas ao descrevermos um personagem ou uma cena, o que é fantástico. Ou seja, em uma parte teoricamente divertida do texto, eu comecei a chorar, pois sabia que o personagem representava alguém muito querido que perdemos. Eu não sabia previamente, mas ao final da revisão eu fiz minha lista de personagens e em quem eu achava que eles eram baseados. Acertei, pois é assim quando conhecemos bem uma pessoa. São tantas camadas em um texto... Eu estou pesquisando há tempo para escrever uma narrativa, eu queria que se passasse na vida real, mas, às vezes, facilita tanto colocar tudo em um mundo fictício. Agora entendo o motivo de tantos livros serem fantasia hoje em dia, é mais fácil. Mas estou agarrada na pesquisa histórica para embasar de forma fiel historicamente.
É muito difícil escrever. Não consigo. Ela pensa; ele pensa. Penso. Dificílimo. Mesmo assim sigo, transformando a realidade em arte contra o formalismo, o niilismo e solipsismo. Assim me ensinou o senhor, querido mestre.
Eu comecei a escrever ha um tempo já. Porem somente agora as coisas estao fluindo, pois eu consegui transcrever o meu estilo de contar. Parece que antes eu tentava copiar os outros e eu sentia minha escrita algo sem vida. Eu reparei como eu converso ou conto 'causos', sempre usando um pouco de humor e entao eu tentei ser mais sincera, contando com humor.
Rodrigo, acompanho o teu trabalho diretamente do outro lado do Atlântico, mais especificamente da terra de Camões. Gostaria de ver-te analisando os escritores clássicos portugueses (principalmente Camilo, Eça e Aquilino) como fizeste com os brasileiros em "Muita retórica, pouca literatura", há duas cousas proveitosas nisso: 1. O intercâmbio que até o começo do século XX havia entre nós e vós, com os nossos escritores escrevendo para os vossos jornais e vice-versa. Camilo e Eça, por exemplo, exerceram uma certa influência na literatura brasileira e pelo menos um é citado por Alencar, Machado, Coelho Neto, Nelson Rodrigues, etc. 2. A literatura portuguesa está cheia de "vacas sagradas" (para usar uma expressão que salvo engano li em uma das tuas obras), principalmente na era republicana. Parece-me que sofremos do mesmo problema: após um escritor ser visto como génio (e toda semana nasce um escritor genial de acordo com os nossos jornais) simplesmente não há mais críticas; apenas aplausos. Qualquer um que procurar na imprensa oficial análise sérias simplesmente não acha, tudo aquilo que existe são aplausos e júbilos.
Em literatura, penso que o estilo é como se fosse o cheiro da escrita de determinado escritor. Aliás, cada pessoa tem um estilo de fala e de escrita. De vida e de pensamento. Costumo dizer que o bom escritor deixa que o personagem se apresente pelo próprio modo de falar. Nesse sentido, o travessão ou as aspas sinalizam o único contado real do personagem com o leitor.
Professor, o senhor acha que uma ideia boa deve ser guardada no fundo da memória, quando um escritor não se sente pronto para desvendar "o verdadeiro potencial" da ideia?
O bom da internet: É um prazer te conhecer, sábia e culta imagem. Último desta estirpe. Aproveitem carismáticos ouvintes. Como está declarado em Jó: ensina a teus ouvidos a saborear a boa palavra, assim como tu treina teus lábios a saborear a boa comida. Obrigado professor.
Professor Gurgel, já fiz muitos cursos de escrita e considero o senhor o melhor orador e mais didático professor de literatura dentre todos os que conheço!
Muito bom! 👏🏼👏🏼👏🏼 Obrigada, professor!
adoro seu trabalho, Professor. Obrigado.
Meu irmão escreveu um livro, e eu fiz um pouco de preparação de texto e revisão ortográfica para ele. Ainda falta muito para publicar, mas o que achei interessante é que apenas eu conseguia entender certas referências. Há coisas tão pessoais da memória que são refletidas ao descrevermos um personagem ou uma cena, o que é fantástico. Ou seja, em uma parte teoricamente divertida do texto, eu comecei a chorar, pois sabia que o personagem representava alguém muito querido que perdemos. Eu não sabia previamente, mas ao final da revisão eu fiz minha lista de personagens e em quem eu achava que eles eram baseados. Acertei, pois é assim quando conhecemos bem uma pessoa. São tantas camadas em um texto... Eu estou pesquisando há tempo para escrever uma narrativa, eu queria que se passasse na vida real, mas, às vezes, facilita tanto colocar tudo em um mundo fictício. Agora entendo o motivo de tantos livros serem fantasia hoje em dia, é mais fácil. Mas estou agarrada na pesquisa histórica para embasar de forma fiel historicamente.
Outra aula maravilhosa!
Eu até diria que o estilo seria análogo a escrita a lápis de cada pessoa, a grafia parece única também.
Boa noite Prof , em cada palavra sua ficou tão explicado o estilo de cada escritor, gratidao
A literatura é a generosidade posta a público.
Falou tudo professor. Acredito tanto nessa objetividade que muitos não enxergam. Pauta magnifica. 👏👏👏
Que maravilha seus vídeos prof. Gurgel!
É, pelo jeito precisamos antes transcender nosso tempo e nos encontrar, para então nos deixar falar.
É muito difícil escrever. Não consigo. Ela pensa; ele pensa. Penso. Dificílimo. Mesmo assim sigo, transformando a realidade em arte contra o formalismo, o niilismo e solipsismo. Assim me ensinou o senhor, querido mestre.
Que maravilha professor ❤
Eu comecei a escrever ha um tempo já. Porem somente agora as coisas estao fluindo, pois eu consegui transcrever o meu estilo de contar. Parece que antes eu tentava copiar os outros e eu sentia minha escrita algo sem vida. Eu reparei como eu converso ou conto 'causos', sempre usando um pouco de humor e entao eu tentei ser mais sincera, contando com humor.
Rodrigo, acompanho o teu trabalho diretamente do outro lado do Atlântico, mais especificamente da terra de Camões. Gostaria de ver-te analisando os escritores clássicos portugueses (principalmente Camilo, Eça e Aquilino) como fizeste com os brasileiros em "Muita retórica, pouca literatura", há duas cousas proveitosas nisso:
1. O intercâmbio que até o começo do século XX havia entre nós e vós, com os nossos escritores escrevendo para os vossos jornais e vice-versa. Camilo e Eça, por exemplo, exerceram uma certa influência na literatura brasileira e pelo menos um é citado por Alencar, Machado, Coelho Neto, Nelson Rodrigues, etc.
2. A literatura portuguesa está cheia de "vacas sagradas" (para usar uma expressão que salvo engano li em uma das tuas obras), principalmente na era republicana. Parece-me que sofremos do mesmo problema: após um escritor ser visto como génio (e toda semana nasce um escritor genial de acordo com os nossos jornais) simplesmente não há mais críticas; apenas aplausos. Qualquer um que procurar na imprensa oficial análise sérias simplesmente não acha, tudo aquilo que existe são aplausos e júbilos.
Em literatura, penso que o estilo é como se fosse o cheiro da escrita de determinado escritor. Aliás, cada pessoa tem um estilo de fala e de escrita. De vida e de pensamento. Costumo dizer que o bom escritor deixa que o personagem se apresente pelo próprio modo de falar. Nesse sentido, o travessão ou as aspas sinalizam o único contado real do personagem com o leitor.
Professor, o senhor acha que uma ideia boa deve ser guardada no fundo da memória, quando um escritor não se sente pronto para desvendar "o verdadeiro potencial" da ideia?
O estilo é a tradução literária da personalidade do artista.
O bom da internet: É um prazer te conhecer, sábia e culta imagem. Último desta estirpe. Aproveitem carismáticos ouvintes. Como está declarado em Jó: ensina a teus ouvidos a saborear a boa palavra, assim como tu treina teus lábios a saborear a boa comida. Obrigado professor.
Professor Gurgel, já fiz muitos cursos de escrita e considero o senhor o melhor orador e mais didático professor de literatura dentre todos os que conheço!
Impulso a mais para aqueles q ainda estão diante da síndrome da folha em branca.
*LEIA OS CLÁSSICOS!*