Os 500 anos da morte de D. Manuel I (13 de dezembro de 1521) e a subida ao trono de D. João III

A Academia de Marinha tem no seu núcleo fundador várias personalidades importantes no campo de estudos da história dos Descobrimentos e da colonização portuguesa, prosseguindo esse legado prestando uma atenção particular à história da expansão e da presença portuguesa no mundo, ambas realidades intimamente ligadas com o mar. Um dos períodos mais importantes e dinâmicos na história do processo expansionista português coincide com o reinado do rei D. Manuel I (1495-1521). Foi um tempo de grandes viagens e descobertas, da edificação e expansão do império português no oriente, acontecimentos e feitos que de tão extraordinários e concentrados no tempo valeram ao monarca as designações de Venturoso ou Felicíssimo. Evocando “os 500 anos da morte de D. Manuel I (13 de dezembro de 1521) e a subida ao trono de D. João III”, a Academia de Marinha convidou dois reconhecidos especialistas da vida e época de D. Manuel e membros desta academia, os Professores João Paulo Oliveira e Costa e Ana Paula Avelar, que apresentaram duas visões complementares sobre o último ano de vida e reinado do monarca Venturoso. Coube ao Professor Oliveira e Costa dar início a essa evocação, apresentando o último ano de vida e reinado de D. Manuel cuja morte, fruto de doença súbita e rápida, se deu inesperadamente. Este acontecimento encontra o reino desprevenido para tal eventualidade, não estando preparada uma transição gradual do poder do monarca para o seu herdeiro, sendo até possível antever vários dos projetos que esse pretendia levar a cabo.
1521 foi de facto o ano que marcou o auge do seu poder político e económico, o ano em que os seus desígnios imperiais pareciam estar finalmente a ponto de se concretizar. Para essa perceção contribuíram vários elementos, apresentados pelo Professor Oliveira e Costa na sua exposição. Aos 26 anos de reinado D. Manuel certamente olharia para a sua posição com motivos para acreditar que conseguiria cumprir os desígnios que já lhe animavam o espírito quando subiu ao trono em 1495. Através do seu casamento com Leonor de Áustria, que durante muito tempo havia sido prometida a seu filho e futuro D. João III, em 1518 o Venturoso tornou-se cunhado do Imperador Carlos V. Além deste facto, D. Manuel era também responsável pela sobrevivência política do Imperador nos seus domínios ibéricos o que lhe garantia uma posição de força no xadrez euro-mediterrânico.
Finalmente, em setembro de 1521, D. Manuel recebeu em Lisboa uma discreta comitiva veneziana que lhe suplicou a venda de especiarias, confirmando a sua vitória na guerra comercial com a Sereníssima e a transição para Lisboa do centro do eixo comercial com o Oriente. Tudo isto contaria para pouco quando, acometido de uma febre e passadas menos de duas semanas, em dezembro de 1521, a ventura do monarca chegou ao fim, impondo assim a sua sucessão pelo seu filho, D. João. Dessa sucessão nos falou a Professora Ana Paula Avelar, que focou a sua apresentação no contexto em torno do perfil do jovem monarca que substituiu D. Manuel, e que imprimiu uma diferente forma de olhar, compreender e governar o império que lhe legaram. Durante esta comunicação, foram-nos apresentados os principais traços da personalidade de D. João, bem como a sua aproximação à mudança inesperada do poder e os impactos que a receção e o peso desse poder tiveram neste jovem de 19 anos. Ficou patente desde cedo que D. João III traria uma nova forma de governo. Apesar de não ter encetado uma rutura total com o reinado do seu pai, existindo linhas de continuidade, o novo monarca verá o império português como igual ao império do seu cunhado, Carlos V, com o qual manteve um clima de competição.

[@catoelder4696]

Magnífico! Muito obrigado pelas excelentes conferências. Saudações do Brasil. Um forte abraço a todos!

[@lusitano77]

Este é o tipo de videos que vale a pena ver e guardar para o futuro como testemunho da nossa história. Força!

[@luiseduardosantoslemosfigu5371]

Muito bem. O conhecimento deverá sempre que possível ser partilhado.

[@rosesavoy9035]

Muito Obrigada! Este senhor é um bom autor também