Amor pelo cego é o amor pela rotina, pelo familiar, pelos laços de família. As arvores que ela plantou são as escolhas e produções familiares e rotineiras. As arvores do Jardim Botanico é o desconhecido o que ela não cultivou o que não criou. Amava com nojo porque é o pesar que segue a pulsão erotica diante das criações limitadas. Clarice Lispector é uma cornucópia!
Ao que tudo indica. ela mora no Humaitá, que fica perto do bairro do Jardim Botânico: "O bonde se arrastava, em seguida estacava. Até Humaitá tinha tempo de descansar." Esse é um dos meus contos favoritos de todos os tempos. Uma coisa que eu gostaria de acrescentar - na verdade, isto está implícito no que você já disse -, seria que, apesar de "boa", a vida da Ana era infeliz, como se a felicidade fosse um sonho impossível da juventude. Ana era alegre na infelicidade: "Dela [da juventude] havia aos poucos emergido para descobrir que também sem a felicidade se vivia (...)- com persistência, continuidade, alegria." Isso me marcou bastante quando eu li pela primeira vez. Sobre o Jardim Botânico e o que o parque significava para Clarice, eu recomendo uma crônica dela chamada " O Ato Gratuito" para quem nunca leu.
Eu acho que esse Livro resume a vida da Clarice em si, se levar em conta como ela sofreu na vida conjugal e tudo mais. Isso é bem verdade o que ela conta, de vendermos a vida pra sobreviver. Por vezes abandonamos alguns sonhos para se entregar a uma vida rotineira, aquele velho conflito entre a geracão baby boommers , culminando com esse quadro de tentativa de fuga da vida rotineira que nos cerca. Acho que esse livro é um espelho da autora e de sua época.
Tati, queria que seu canal já existisse na minha época de Vestibular. Você tá fazendo o que os professores deveriam fazer para orientar os alunos nessa fase infernal. É a segunda vez que você fala de uma obra da Clarice - o primeiro que te vi falar foi do livro que tem uma barata e a protagonista fica olhando aquele bicho nojento e depois come ele ( ainda quero ler esse livro pra devanear e tentar não morrer de nojo ao chegar nessa parte ) - mas, de qualquer forma, o fato é que você tem me deixado intrigada com relação aos livros da Clarice. Sei lá, eu nunca tive uma educação boa no ensino médio. Não tive professor boas de literatura, então toda essa minha relação com livros palavras é algo que vem muito de mim. E, com esse seu projeto eu tenho visto que não sou tão burra pra esse tipo de coisa e que essas obras precisam ser lidas um pouco mais demorado porque requer pensar e refletir. Valeu mesmo, Tati!!!
Minha leitura da crônica de Clarice foi com olhar das contrariedades do amor, e acima de tudo, do desamor que transpassa o laço familiar e se difunde pela forma a qual tratamos o outro. Em expressões como "A vida do jardim botânico chamava-a como um lobisomem é chamado pelo luar", me deu uma leve sensação de TRAIÇÃO, o cego seria somente um cego? o gato um gato? um pardal um pardal? Para mim, são meras metáforas de uma vida da qual ela toma nas horas perigosas, para relembrar sua loucura de "Sua juventude anterior, que em horas das quais o mundo a via e ela pertencia, o da família, a juventude lhe parecia doença", mas quando a família saía, a juventude era em si uma doença buscada. E quando ela fala que penteava o cabelo em frente ao espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração.... ao meu ver ela enfrentava a ANA certinha e a ANA traidora do lar, e se encontrava, indo dormir com os dois mundos aos quais ela pertencia harmonizados, até o dia de amanhã. Não sei se minha interpretação é certa ou errada. É apenas uma interpretação!
Tati, Lí o conto antes e vim tirar algumas dúvidas com o vídeo, foi muito produtivo. Tive outras percepções com o livro, como na questão da Ana ver o cego mascando chiclete no ponto de ônibus e esse fato transformá-la, me parece muito com o conceito do Max Weber de "desencanto do mundo", o qual ele conceitua que quanto mais conhecimento a pessoa adquirir, menos magia o mundo vai ter, perdendo assim seu encanto. A mesma coisa da pessoa sair da ignorância e adquirir conhecimento. Esse fato se mostrou muito evidente pra mim, pois despertou nela o nojo da realidade verdadeira e posteriormente o sentimento de Amor pelo próximo, amor o qual a faz querer tentar salvar o cego dessa triste realidade. Nesse momento ela toma a responsabilidade de ter que ir embora e tornar o mundo um lugar melhor, por isso diz aquelas coisas ao filho. Em relação ao final do conto, notei que o "estouro no fogão" a assusta de um modo que a faz se sentir desprotegida, e assim, ela perde a coragem, a chama, que havia despertado ao longo do dia, o que é uma escapatória para ela esquecer toda a ruim realidade que havia percebido e retornar a sua vida comum, protegida e sem os desencantos do mundo.
Também interpretei desse modo, não acho que a ideia central do livro foi ter a temática feminista em relação à vida padrão da mulher na sociedade... Mas acho que é multi-interpretativo esse conto, muito bom.
Clarice é maravilhosa, nem sei descrever como amo essa mulher. Tudo nela parece louco, ou superficial, na água rasa, mas é profundo e visceral quando se adentra. "Amor" eu acho que fala sobre o perigo que a empatia desperta nas pessoas. A maioria de nós passa a vida sem se importar com os outros, sem olhar na cara de ninguém, sem reconhecer a dificuldade alheia de se viver, então, quando somos obrigados a observar o outro, observar uma situação que retrata o cotidiano alheio, onde nem tudo é perfeito, nós somos atingidos pela empatia, pela realidade de ser o outro. Acho que ela diz que o ama porque ele lhe despertou essa forma de amor, a empatia. É preciso amar a humanidade para sentir a dor dos outros, mesmo os desconhecidos. AMO esse livro. Ótimo vídeo, Tati. ;)
amei, realmente uma leitura valiosa. discordo unicamente da observação final sobre Ana. Não foi uma escolha por amor à família, foi por ela mesma, pelo modelo, e isso lhe era muito caro para ser trocado pelo amor ao próximo, ao desvonhecido. Teve um breve momento na luz, mas se recolheu na sombra porque já a conhecia e isso bastava.
Sensacional! Eu li o amor 2 vezes pois a primeira vez fiquei confuso com o contexto geral do que o texto realmente dizia! Depois de dar uma estudada reli e pra mim no final ela volta ao que ela era antes da epifania com o cego! Eu acho que tudo voltou a ser como era antes, igual um susto ou um "pesadelo" que te choca e abala por horas ou dois dias, mas que vai ficando pra trás e vc retoma a sua rotina diária! Pra mim a vida dela voltou às origens naquele fim, penteando os cabelos e etc! Enfim, sensacional esse conto ! Clarice é difícil pra mim, mas lê-la sempre agrega muito! Parabéns Tati.
As palavras desse conto ainda ecoam na minha cabeça. Boa escolha para o vídeo. De certo modo, ao ler a passagem do Jardim, lembrei imediatamente do Éden e de quando Eva, inocente, experimentava a criação em estado de êxtase; o que me puxou, é claro, para as páginas de Paraíso Perdido. A imagem do jardim me remete à pureza e à beleza da vida em seu estado mais puro, o nascimento. Ana renascia.
Muito legal Tati! :D Quando li o conto pela primeira vez, concluí que não tinha entendido quase nada, pois talvez ainda não tivesse maturidade o suficiente para isso. Então pedi a alguém com mais experiência de vida para lê-lo e me explicar e aprendi muito com isso. E têm dois detalhes incríveis que queria muito compartilhar, relacionadas ao trecho: "Ela amava o mundo, amava o que fora criado - amava com nojo. Do mesmo modo como sempre fora fascinada pelas ostras" Acho que o contraste do sentimento de nojo e a comparação com as ostras incomodam bastante kkkk. Pois é, a explicação que essa pessoa me deu da ostra foi que a ostra esconde dentro de si uma pérola. Do mesmo modo a peróla que Ana escondia dentro de si (aquele modo de vida do Jardim Botânico) era escondida pela ostra (seu modo de vida cotidiana), e então ela tinha uma facinação pela vida diferente da dela: uma vida mais livre, mais racional e menos "mecanizada" nas ações. Porém surge o contraste, pois Ana almejava essa vida diferente ao mesmo tempo que "amava o que fora criado" (sua família moralizada, seus filhos e a própria casa), ela também sentia um "nojo" consigo mesma (que é citado várias vezes como um sentimento que acompanha outros sentimentos durante o conto) pelo fato de pensar no que ela seria capaz de fazer ou de se submeter pelo que ela amava (incluindo a abdicação daquela vida do Jardim Botânico) sem, no entanto, deixar de amar
O conto da pigmeia é um dos meus preferidos. Só a arte de Clarice para dizer com tanta propriedade o quanto temos traços escravagistas arraigados em nossas práticas cotidianas. Toca n'alma, muito triste e dolorido e por isso mesmo, belíssimo.
Tati, acho tão bons seus comentários sobre os livros, principalmente porque não tem aquele tom pré-vestibular, de estudo. Dá vontade de ler tudo o que você lê!
A interpretação desse livro me fez lembrar do filme "Foi apenas um sonho", de Sam Mendes, contracenado por Leonardo DiCaprio e Keite Winslet. Porque a personagem April, na minha opinião, representou muito bem a sensação de sufocamento, de humor sem humor, mas principalmente de tristeza, quando se dá conta de que esta vivendo a vida que sempre repudiou. Por trás daquela imagem perfeita, mostra toda a imperfeição. Impactante!
MARAVILHOSO! Amei a análise e me ajudou muito com tudo que eu já estava pensando! Clarice é fantástica mesmo: um cego é quem abre os olhos de uma mulher que se condiciona a não enxergar. Só um detalhe, 'Ana' vem do hebraico: "piedosa, pessoa benéfica". Uma interpretação minha (não sei se está correta), mas em algum momento, o texto diz que o jardim botânico havia mostrado que ela era parte das pessoas fortes que normalmente não sentiam piedade pelo cego; vejo isso como a alienação que a rotina nos traz e nos força a viver nossas próprias vidas e criar muralhas para fugir da realidade do mundo externo, acobertando alguns sentimentos e vontades. Ser forte - talvez nesse sentido - seja ser conformado.
esse é um dos melhores contos dela. E sua resenha foi sensacional como sempre!
8 років тому
Sensacional! Você é a diva de todas as divas literárias, melhor que elas porque você é real, concreta e nos ensina coisas abstratas que nunca chegaríamos a ver. Obrigada!
Muito boa explicação. Interpreto 'sem o mundo no coração' sua decisão de voltar para seu próprio mundo (estável e seguro), sem preocupar-se mais com o outro mundo que a afligira naquela tarde. Abraço.
Bacana esse conto , típico relato da diferença entre sobreviver e viver onde a rotina camufla desejos e guinadas mas Clarice proporciona inúmeras interpretações .
Mulher, você não sabe o quanto ajudou! Clarice é maravilhosa, mas estava desacostumada a ler e desacostumada também com a profundidade intocável daquilo que ela escreve. Obrigada por destrinchar pontos tão interessantes do conto, ajudou muito no entendimento! Bom pra eu REaprender que Clarice não é coisa que se leia rapidinho, voltando de ônibus (ou bonde rs) pra casa.
Olá Tatiana, gostei muito do vídeo, quero ler esse livro! :-D Gosto desse tipo de conto. Não sei se a moça que comenta também fala sobre o simbolismo da árvore. A árvore também tem um simbolismo que era muito utilizado antigamente por suas características como representação da vida. Por exemplo, a árvore no mito de Osíris, no mito de Teseu e o minotauro, na bíblia, na história de Buda que atingiu a iluminação em baixo de uma árvore, enfim... Talvez esse conto tem uma certa relação com o mito da caverna de Platão. Quando o personagem percebe que está acorrentado em uma caverna junto com outras pessoas (a personagem principal e família), percebe que o que vêem e acreditam são na verdade sombras projetadas por formas irreais e com o fogo (que simboliza as paixões do homem como sendo algo que o escraviza e o cega da realidade), e decide sair da caverna e, lá fora, ele vê o mundo como ele realmente é, à luz do sol (quando ela vai ao jardim botânico e tem todas aquelas sensações e epifanias). As árvores de antes, que zombavam dela, poderia ser apenas as sombras projetadas na caverna. Já as árvores do jardim botânico, mais vívidas, são as árvores de verdade, que estão fora da caverna, talvez fazendo uma alusão à vida dela dentro da "caverna" e fora. Você disse também que ela pensa em largar tudo depois de ver aquele jardim maravilhoso, de ter aquelas experiências. Porém, como no mito, o personagem lembra dos outros acorrentados na caverna e volta pra ajudá-los ver a verdade. Ela também sua família (talvez com nojo porque sabia que aquela vida que construíra não era real mas sombras projetadas, e apesar disso, ela amava-os), sente compaixão, "fora atingida pelo demônio da fé", fé de acreditar em que todos aqueles cegos e acorrentados, como ela era, podem ver o mundo lá fora da caverna. Talvez seja o simbolismo do cego mascando chiclete como quem não vê as coisas como elas realmente são, vivendo a vida de qualquer maneira inconscientemente. E resolve voltar à caverna para ajudá-los a sair daquela vida e levá-los pra fora, não abandonando sua família. Ela volta pra casa e dá aquele abraço forte no filho e fala aquelas frases de que a vida é horrível e faminta, e o menino dá aquele olhar estranhando ao que ela está dizendo. Essa cena é semelhante à volta do personagem voltando à caverna e procurando mostrar para os acorrentados que o que eles vêem na verdade são apenas sombras projetadas e que estão acorrentados, mas como estão todos acomodados e crentes de que aquilo é a realidade, começam a achar que ele é um louco e o olham torto. O marido dela "afasta ela do perigo de viver", você disse que é como se ele tivesse guiando ela de volta à vida conjugal, à vida "normal" (talvez acorrentando-a suavemente ao seu lado na caverna). "E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração". O espelho tem um simbolismo interessante associado ao conhecimento, como também à verdade e à consciência. O código de honra do samurai, Bushido, o sabre simbolizava a alma do guerreiro. Como o espelho, o sabre deveria ser polido com cuidado para ficar o mais perfeito possível. O ato de polir refere-se à ideia de aperfeiçoamento, da ética, de retidão. O coração do homem deve refletir a beleza das virtudes da alma, do que vem de dentro para fora. Nessa linha, acredito que o "mundo" que ela cita refere-se às coisas do exterior, àquilo que vem de fora pra dentro, as visão dos outros e não dela. Então imagino que essa frase final significa que, depois de ver a verdade lá fora, ela volta por compaixão de seus familiares (seu inferno) e, através da sua consciência e de seu aperfeiçoamento pessoal ou polimento de sua personalidade, ela se vê com seus próprios olhos (ou os olhos da verdade que ela viu lá no jardim botânico), não mais com a projeção das sombras na caverna como ela se via antes.
Acho q qnd ela fala sobre as sementes e as árvores, ela está falando sobre essa vida q ela quisera e escolherá e q à tarde no seu tempo ocioso, com essa vida pode zombar dela, questionando se sobre essa ser a decisão certa
9 років тому
Tatiana, como sempre seus vídeos sobre Clarice são imperdíveis. Já estou ansioso para assistir ao seu comentário sobre Sagarana!
Nao sabia da existência desse vídeo, que delícia foi encontrá-lo. A resenha está muito esclarecedora, Tati, investigando bem os símbolos do texto. Eu li esse mesmo conto na biblioteca da Unicamp, ano passado.
Que análise fantástica! Pela primeira vez que li também achei que ela sentia piedade pelo cego, mas agora ampliei minhas perspectivas. A analogia da sacola com a vida também me passara pela cabeça, brilhante! Gostaria de ver seus vídeos sobre livros do Paulo Coelho (Brida, O Alquimista e Veronika Decide Morrer seriam boas escolhas) seria muito bom.
Esse conto, assim como Negrinha do Lobato, tem em um livro chamado Os cem melhores contos brasileiros do século, eu ganhei do meu amigo, é perfeito!!! Recomendo você comprar Tati.
Li esse livro na época que fiz vestibular, além desse Lygia Fagundes e Rubem Fonseca , li outros tbm, mas esses três foram os que mais gostei. Mas falando sobre o conto acredito q os ovos simbolizam um momento de evolução e no final a vela é como se algo dentro dela estivesse se realizado. Pra mim teve mais haver com a imprecisão, instabilidade da vida, de certa forma aquele momento quebrou a rotina, a monotonia diária, e a certeza sobre ser em si.
Faço 14 anos esse ano e sei lá, não gostei de A Menor Mulher do Mundo e não entendi exatamente perfeitamente todos os contos. Eu adorei o Uma Galinha, de verdade ♥
Será que o conto quer dizer mais que o amor pelo próximo, e sim na desistência de muitas coisas pelo próximo, até mesmo de si próprio, uma falta de amor próprio? De viver para si mesma também?
Melhor livro de contos da Clarice. Pude perceber que esse momento de epifania ocorre também em outras obras, inclusive em A Hora da Estrela, se não me engano rs. Mas vale a pena mesmo, Tati.
Adorei toda essa interpretação por trás do conto "Amor". É o conto que eu mais gosto do livro, seguido de "Feliz Aniversário" que eu também acho genial. Mas o que eu queria mesmo era um vídeo desses dedicado somente ao conto "Preciosidade". Como você disse, até hoje eu tenho curiosidade de saber se aquilo se passou na cabeça dela ou se realmente aconteceu. Você poderia conversar com a Ju sobre esse conto e fazer mais um vídeo. Seria maravilhoso!
Para mim, ela vivia em um mundo plástico. Ela própria diz que "a vida podia ser feita pala mão do homem". Criou para si uma mundo onde não existia o mal e não existia contrariedades, quando as coisas não precisam de sua "mão pequena e forte" ela se sente perdida. Ao ver o cego, alguém que é dragada ao desconhecido, não pela própria vontade, mas por algo alheio e incontrolável é como se quebrasse nela a possibilidade mesma da vida poder ser feita pela mão do homem. A epifania no Jardim Botânico é o escândalo do mal, o escândalo que vivemos em mundo em que o mal existe e pode nos atingir e isso lhe causa medo. Acho que a vergonha que ela sente é de estar entre os que não sofrem com o mal, ela tem uma boa vida. "em tortura ela parecia ter passado para o lado dos que lhe haviam ferido os olhos". A misericórdia violenta, a piedade de um leão ainda não me parecem tão claras, me parece como uma falsa misericórdia, mais uma pena e um medo dela própria ser atingida pelo mal que existe no mundo, tanto que ela diz "era mais fácil ser santo que uma pessoa", "não era com este sentimento que se iria a uma igreja". O jantar em família é o retorno para sua vida "forjada pela mão do homem", um jantar longe do mal do mundo, mas ela não mais o ignora agora é uma "mulher bruta", embrutecida por ter tocado a existência do mal no Jardim Botânico. O medo permanece, não só do mal a atingi-la, mas a todos os seus, como o marido "não quero que lhe aconteça nada, nunca!". O marido é a proteção dela contra o mal, quando ela diz "afastando-a do perigo de viver". Ela diz ter atravessado "o amor e seu inferno" porque amar, em um mundo onde existe o mal e ele pode atingir o ser amado sem que você possa fazer algo é um inferno, e vai dormir "sem nenhum mundo no coração", para mim, mundo está significando o mal que há no próprio mundo, ela vai dormir sem medo, por isso a imagem leve de apagar a vela do dia, como nos aniversários, sobrevivemos mais um dia, sobrevivemos mais um ano, há o que se alegrar.
Parabéns pelo vídeo, Tatiana. Realmente me ajudou a compreender melhor o conto e a complexidade que se passa no interior da Ana. No entanto, pra mim, 'A menor mulher do mundo' ainda é o melhor conto da Clarice. Espero ver mais vídeos seus.
Tati, consegui perceber que quando ela fala que ficou tarde, no jardim botânico, parece que "estava tarde, mas não para ela acordar para o outro". acho que ela vive numa vida tão perfeita e tão frágil, como a conotação dos ovos, que essa confusão era um duelo interno em viver "numa bolha" e só ter ideia do próximo naquele dia. Mas que ao chegar no apt perfeito e as maçanetas brilhosas, o sentimento piora.. pois o cego vive no escuro e ela podendo perceber cada detalhe de sua vida vã e passa por tudo muito mecanicamente. Mas, no fim do dia.. como acontece com muitos, o sentimento de mudança acaba e o retorno para a zona de conforto retorna...beijos, adoro seus videos.
O que eu achei do conto... Bom, nada, porque não tinha nem entendido ele. Muito obrigada por dar uma iluminada no pensamento, pq toda vez que tenho que ler Clarice Lispector é uma ladainha. Ótimo vídeo, parabéns!
Como a maioria das mulheres casadas e mães, nas quais deixam de ter sua própria identidade e passam a ser esposa, mãe e dona de casa, assim como Ana, ela se encaixa em tudo isso, onde fica a sua personalidade, o momento para viver pra si mesma? E perdida nesses devaneios se encontra, mas por amor a família se esquece novamente, deixando de lado a si mesma.
Mas se esquecer a si mesmo em prol de algo maior ou alguém é uma forma de se encontrar. A mulher moderna pensa que casamento ou a constituição de uma família implica na mesma vida que levava enquanto solteira, isenta de responsabilidades...
Li esse livro esses dias e gostei pra caramba pena que li com certa pressa e posso ter deixado algumas coisas passar, mas irei reler mais pra frente, acho que os únicos contos que não gostei tanto assim foi o da "A menor mulher do mundo" também, e o ultimo, mas de resto todos bons. Recomendo!
Tatiana, me lembrei do seu mini vlog sobre Borges e então, buscanda na minha estante, encontrei o "A Voz do Fogo" de Alan Moore. O livro conta a história de doze personagens distintas que viveram na região de Northanmpton, em Inglaterra, durante um periodo de seis mil anos. E então, Moore, o que faz é pegar em alguns dos conceitos criados por Kipling e Borges e meio que criar os seus. É muito bom, mesmo :) Se não estiver aí à venda no Brasil (sou de Portugal), penso que haja em ingles com o título "The Voice of Fire" Ps: adoro todos os seus videos :)
tatianagfeltrin esse conto me pareceu ser o retrato da mulher dona de casa, esposa e mãe que para ter sucesso em todos esses aspectos invariavelmente precisa abdicar de alguns sonhos e vontades.
Clarice é incrível, né? Claro que a posição dela na escrita do conto é de questionar o lugar da mulher na sociedade, especialmente de sua época, e por isso essa perspectiva um pouco fatalista dessa total perda de si em nome da vida conjugal e doméstica, mesmo quando escolhida de forma consciente. Eu fico é me perguntando sobre esse comentário da Ju e esse final do conto, será mesmo possível "resetar o sistema"? Acho que penso com o Kafka "de um certo ponto adiante, não há mais volta", o Kafka ainda diz "esse é o ponto que deve ser alcançado". Essa frase do Kafka me assusta muito, mas, ao mesmo tempo, concordo com ele, depois de certo ponto não há mais volta. Quanto á pigméia, acho interessantíssimo, apesar de incômodo, de fato, mas serve como uma metáfora muito incrível para pensarmos sobre como algumas pessoas ou grupos acabam tendo esse lugar de objeto na sociedade em diversos sentidos, dá pano pra manga para muitas leituras e usos, um pouco como o Metamorfose do Kafka (estou eu citando Kafka de novo rsrs).
Quando você comentou sobre o sentimento de piedade sentido pela personagem, me veio em mente que esse sentimento ela pode até direcionar ao cego, mas que de fato é o sentimento dela em relação a ela mesma. Já que ao ver esse cego ela comparou a vida dela com o movimento dele, de mastigar o chiclete no escuro. Não sei, foi apenas uma interpretação minha.
Taynah Aviz E aí começa a epifania! Ela compara sua vida de atividades mecânicas ao cego mastigando chiclete no escuro. Ela está no escuro, sem opinião e vontade próprias, fazendo todos os dias, mecanicamente, as mesmas coisas. A piedade pelo cego é a piedade por ela mesma. Empatia. Concordo com vc, Taynah.
engraçado que o único conto que você não gostou é o único de que me lembro do livro (já o o li há uns anos). eu acabei de ler sagarana e... não sei o que falar apenas sentir. risos. guimarães rosa é excelente! me apaixonei, e sai comprando todos os livros dele, lendo todos as suas entrevistas. há um vídeo aqui no youtube meio documental, que conta um pouco de sua história, com participação de críticos e familiares, vale a pena vê-lo, tati. ele foi um homem sensacional.
Ótimo vídeo Tati! Nunca li esse livro, mas fiquei com muita vontade de ler. Quando fiz o vestibular tive que ler o Felicidade Clandestina, da Clarice e gostei bastante. Sobre o conto da galinha, acho que a Clarice adorava escrever contos assim. No livro que li tinha pelo menos uns dois contos falando sobre ovos e galinhas hahaha Se puder ler depois, eu recomendo. Vale muito a pena!
preciso dizer que 1- sou vestibulanda e preciso de uma analise desse livro 2- nunca consigo fazer essa leitura profunda e dinâmica, com vários significados 3- logo, nunca pensaria em todos esses pontos que provavelmente as universidades cobram 4- e por fim, parabéns pelo canal e pela ideia que move o canal! Incrível! Obrigada, sucesso pra você!
A minha interpretação dela dormir sem mundo tem relação com os dois mundos da vida dela, aquilo que ela É e aquilo que ela escolheu ser, a vida que ela podia ter e a vida que ela tem. O cego e o Jardim Botânico. Ela só teve noção desses dois mundos com a epifania, mas no final ela apaga essa possibilidade de mudança.
Oiee Tati! 😊 Nunca li nenhum livro da Clarice, mas você fala com tanta paixão doa livros dela que sempre fico morrendo de vontade de ler, acho que esse mês eu leio o meu A Hora da Estrela.
Anni Cavalcanti A Hora da Estrela é um livro curto e um pouco menos denso que os outros da autora. É um livro que eu gosto bastante. Acho que é um bom livro pra começar a ler Clarice. Espero que você goste. =)
Amor pelo cego é o amor pela rotina, pelo familiar, pelos laços de família. As arvores que ela plantou são as escolhas e produções familiares e rotineiras. As arvores do Jardim Botanico é o desconhecido o que ela não cultivou o que não criou. Amava com nojo porque é o pesar que segue a pulsão erotica diante das criações limitadas. Clarice Lispector é uma cornucópia!
Ao que tudo indica. ela mora no Humaitá, que fica perto do bairro do Jardim Botânico: "O bonde se arrastava, em seguida estacava. Até Humaitá tinha tempo de descansar."
Esse é um dos meus contos favoritos de todos os tempos. Uma coisa que eu gostaria de acrescentar - na verdade, isto está implícito no que você já disse -, seria que, apesar de "boa", a vida da Ana era infeliz, como se a felicidade fosse um sonho impossível da juventude. Ana era alegre na infelicidade: "Dela [da juventude] havia aos poucos emergido para descobrir que também sem a felicidade se vivia (...)- com persistência, continuidade, alegria." Isso me marcou bastante quando eu li pela primeira vez.
Sobre o Jardim Botânico e o que o parque significava para Clarice, eu recomendo uma crônica dela chamada " O Ato Gratuito" para quem nunca leu.
Estou vivendo exatamente o que essa mãe vive! !!! É muito difícil deixar tudo pela maternidade e pela família, mas ao mesmo tempo é maravilhoso! !!!!!
Eu acho que esse Livro resume a vida da Clarice em si, se levar em conta como ela sofreu na vida conjugal e tudo mais. Isso é bem verdade o que ela conta, de vendermos a vida pra sobreviver. Por vezes abandonamos alguns sonhos para se entregar a uma vida rotineira, aquele velho conflito entre a geracão baby boommers , culminando com esse quadro de tentativa de fuga da vida rotineira que nos cerca. Acho que esse livro é um espelho da autora e de sua época.
Tati, queria que seu canal já existisse na minha época de Vestibular. Você tá fazendo o que os professores deveriam fazer para orientar os alunos nessa fase infernal. É a segunda vez que você fala de uma obra da Clarice - o primeiro que te vi falar foi do livro que tem uma barata e a protagonista fica olhando aquele bicho nojento e depois come ele ( ainda quero ler esse livro pra devanear e tentar não morrer de nojo ao chegar nessa parte ) - mas, de qualquer forma, o fato é que você tem me deixado intrigada com relação aos livros da Clarice. Sei lá, eu nunca tive uma educação boa no ensino médio. Não tive professor boas de literatura, então toda essa minha relação com livros palavras é algo que vem muito de mim. E, com esse seu projeto eu tenho visto que não sou tão burra pra esse tipo de coisa e que essas obras precisam ser lidas um pouco mais demorado porque requer pensar e refletir. Valeu mesmo, Tati!!!
Pena que ela não viu.
Que bom que gratidão não requer reconhecimento.
Você falando de Clarice é sempre incrível!
Minha leitura da crônica de Clarice foi com olhar das contrariedades do amor, e acima de tudo, do desamor que transpassa o laço familiar e se difunde pela forma a qual tratamos o outro. Em expressões como "A vida do jardim botânico chamava-a como um lobisomem é chamado pelo luar", me deu uma leve sensação de TRAIÇÃO, o cego seria somente um cego? o gato um gato? um pardal um pardal? Para mim, são meras metáforas de uma vida da qual ela toma nas horas perigosas, para relembrar sua loucura de "Sua juventude anterior, que em horas das quais o mundo a via e ela pertencia, o da família, a juventude lhe parecia doença", mas quando a família saía, a juventude era em si uma doença buscada.
E quando ela fala que penteava o cabelo em frente ao espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração.... ao meu ver ela enfrentava a ANA certinha e a ANA traidora do lar, e se encontrava, indo dormir com os dois mundos aos quais ela pertencia harmonizados, até o dia de amanhã.
Não sei se minha interpretação é certa ou errada. É apenas uma interpretação!
Clarice é tão magnífica que assusta, sempre!!
Tati,
Lí o conto antes e vim tirar algumas dúvidas com o vídeo, foi muito produtivo. Tive outras percepções com o livro, como na questão da Ana ver o cego mascando chiclete no ponto de ônibus e esse fato transformá-la, me parece muito com o conceito do Max Weber de "desencanto do mundo", o qual ele conceitua que quanto mais conhecimento a pessoa adquirir, menos magia o mundo vai ter, perdendo assim seu encanto. A mesma coisa da pessoa sair da ignorância e adquirir conhecimento. Esse fato se mostrou muito evidente pra mim, pois despertou nela o nojo da realidade verdadeira e posteriormente o sentimento de Amor pelo próximo, amor o qual a faz querer tentar salvar o cego dessa triste realidade. Nesse momento ela toma a responsabilidade de ter que ir embora e tornar o mundo um lugar melhor, por isso diz aquelas coisas ao filho.
Em relação ao final do conto, notei que o "estouro no fogão" a assusta de um modo que a faz se sentir desprotegida, e assim, ela perde a coragem, a chama, que havia despertado ao longo do dia, o que é uma escapatória para ela esquecer toda a ruim realidade que havia percebido e retornar a sua vida comum, protegida e sem os desencantos do mundo.
Também interpretei desse modo, não acho que a ideia central do livro foi ter a temática feminista em relação à vida padrão da mulher na sociedade... Mas acho que é multi-interpretativo esse conto, muito bom.
Interpretei assim também.
Amo Clarice Lispector
Clarice é maravilhosa, nem sei descrever como amo essa mulher. Tudo nela parece louco, ou superficial, na água rasa, mas é profundo e visceral quando se adentra.
"Amor" eu acho que fala sobre o perigo que a empatia desperta nas pessoas. A maioria de nós passa a vida sem se importar com os outros, sem olhar na cara de ninguém, sem reconhecer a dificuldade alheia de se viver, então, quando somos obrigados a observar o outro, observar uma situação que retrata o cotidiano alheio, onde nem tudo é perfeito, nós somos atingidos pela empatia, pela realidade de ser o outro. Acho que ela diz que o ama porque ele lhe despertou essa forma de amor, a empatia. É preciso amar a humanidade para sentir a dor dos outros, mesmo os desconhecidos.
AMO esse livro. Ótimo vídeo, Tati. ;)
amei, realmente uma leitura valiosa. discordo unicamente da observação final sobre Ana. Não foi uma escolha por amor à família, foi por ela mesma, pelo modelo, e isso lhe era muito caro para ser trocado pelo amor ao próximo, ao desvonhecido. Teve um breve momento na luz, mas se recolheu na sombra porque já a conhecia e isso bastava.
"Mrs. Dalloway disse que ela própria iria comprar os ovos e plantar as árvores."
Cara, que comentário épico! ❤️
Esse conto mudou a minha vida. Obrigada clarice, ao meu prof que apresentou essa obra. Hoje volto aqui pra reviver aquele sentimento!
Sensacional! Eu li o amor 2 vezes pois a primeira vez fiquei confuso com o contexto geral do que o texto realmente dizia! Depois de dar uma estudada reli e pra mim no final ela volta ao que ela era antes da epifania com o cego! Eu acho que tudo voltou a ser como era antes, igual um susto ou um "pesadelo" que te choca e abala por horas ou dois dias, mas que vai ficando pra trás e vc retoma a sua rotina diária! Pra mim a vida dela voltou às origens naquele fim, penteando os cabelos e etc! Enfim, sensacional esse conto ! Clarice é difícil pra mim, mas lê-la sempre agrega muito! Parabéns Tati.
As palavras desse conto ainda ecoam na minha cabeça. Boa escolha para o vídeo. De certo modo, ao ler a passagem do Jardim, lembrei imediatamente do Éden e de quando Eva, inocente, experimentava a criação em estado de êxtase; o que me puxou, é claro, para as páginas de Paraíso Perdido. A imagem do jardim me remete à pureza e à beleza da vida em seu estado mais puro, o nascimento. Ana renascia.
Muito legal Tati! :D
Quando li o conto pela primeira vez, concluí que não tinha entendido quase nada, pois talvez ainda não tivesse maturidade o suficiente para isso. Então pedi a alguém com mais experiência de vida para lê-lo e me explicar e aprendi muito com isso. E têm dois detalhes incríveis que queria muito compartilhar, relacionadas ao trecho:
"Ela amava o mundo, amava o que fora criado - amava com nojo. Do mesmo modo como sempre fora fascinada pelas ostras"
Acho que o contraste do sentimento de nojo e a comparação com as ostras incomodam bastante kkkk.
Pois é, a explicação que essa pessoa me deu da ostra foi que a ostra esconde dentro de si uma pérola. Do mesmo modo a peróla que Ana escondia dentro de si (aquele modo de vida do Jardim Botânico) era escondida pela ostra (seu modo de vida cotidiana), e então ela tinha uma facinação pela vida diferente da dela: uma vida mais livre, mais racional e menos "mecanizada" nas ações.
Porém surge o contraste, pois Ana almejava essa vida diferente ao mesmo tempo que "amava o que fora criado" (sua família moralizada, seus filhos e a própria casa), ela também sentia um "nojo" consigo mesma (que é citado várias vezes como um sentimento que acompanha outros sentimentos durante o conto) pelo fato de pensar no que ela seria capaz de fazer ou de se submeter pelo que ela amava (incluindo a abdicação daquela vida do Jardim Botânico) sem, no entanto, deixar de amar
O conto da pigmeia é um dos meus preferidos. Só a arte de Clarice para dizer com tanta propriedade o quanto temos traços escravagistas arraigados em nossas práticas cotidianas. Toca n'alma, muito triste e dolorido e por isso mesmo, belíssimo.
Tati, acho tão bons seus comentários sobre os livros, principalmente porque não tem aquele tom pré-vestibular, de estudo. Dá vontade de ler tudo o que você lê!
A interpretação desse livro me fez lembrar do filme "Foi apenas um sonho", de Sam Mendes, contracenado por Leonardo DiCaprio e Keite Winslet. Porque a personagem April, na minha opinião, representou muito bem a sensação de sufocamento, de humor sem humor, mas principalmente de tristeza, quando se dá conta de que esta vivendo a vida que sempre repudiou. Por trás daquela imagem perfeita, mostra toda a imperfeição. Impactante!
MARAVILHOSO! Amei a análise e me ajudou muito com tudo que eu já estava pensando!
Clarice é fantástica mesmo: um cego é quem abre os olhos de uma mulher que se condiciona a não enxergar.
Só um detalhe, 'Ana' vem do hebraico: "piedosa, pessoa benéfica".
Uma interpretação minha (não sei se está correta), mas em algum momento, o texto diz que o jardim botânico havia mostrado que ela era parte das pessoas fortes que normalmente não sentiam piedade pelo cego; vejo isso como a alienação que a rotina nos traz e nos força a viver nossas próprias vidas e criar muralhas para fugir da realidade do mundo externo, acobertando alguns sentimentos e vontades. Ser forte - talvez nesse sentido - seja ser conformado.
esse é um dos melhores contos dela. E sua resenha foi sensacional como sempre!
Sensacional! Você é a diva de todas as divas literárias, melhor que elas porque você é real, concreta e nos ensina coisas abstratas que nunca chegaríamos a ver. Obrigada!
Muito boa explicação. Interpreto 'sem o mundo no coração' sua decisão de voltar para seu próprio mundo (estável e seguro), sem preocupar-se mais com o outro mundo que a afligira naquela tarde. Abraço.
Bacana esse conto , típico relato da diferença entre sobreviver e viver onde a rotina camufla desejos e guinadas mas Clarice proporciona inúmeras interpretações .
Quando ela fala que não tem mais mundo no coração, achei que ela tinha aceitado aquela condição que ela vivia antes de fazer a reflexão.
Mulher, você não sabe o quanto ajudou! Clarice é maravilhosa, mas estava desacostumada a ler e desacostumada também com a profundidade intocável daquilo que ela escreve. Obrigada por destrinchar pontos tão interessantes do conto, ajudou muito no entendimento! Bom pra eu REaprender que Clarice não é coisa que se leia rapidinho, voltando de ônibus (ou bonde rs) pra casa.
Gostei do vídeo vou comprar esse livro pra dar de presente de aniversário pra minha avó!
Olá Tatiana, gostei muito do vídeo, quero ler esse livro! :-D
Gosto desse tipo de conto. Não sei se a moça que comenta também fala sobre o simbolismo da árvore. A árvore também tem um simbolismo que era muito utilizado antigamente por suas características como representação da vida. Por exemplo, a árvore no mito de Osíris, no mito de Teseu e o minotauro, na bíblia, na história de Buda que atingiu a iluminação em baixo de uma árvore, enfim...
Talvez esse conto tem uma certa relação com o mito da caverna de Platão. Quando o personagem percebe que está acorrentado em uma caverna junto com outras pessoas (a personagem principal e família), percebe que o que vêem e acreditam são na verdade sombras projetadas por formas irreais e com o fogo (que simboliza as paixões do homem como sendo algo que o escraviza e o cega da realidade), e decide sair da caverna e, lá fora, ele vê o mundo como ele realmente é, à luz do sol (quando ela vai ao jardim botânico e tem todas aquelas sensações e epifanias).
As árvores de antes, que zombavam dela, poderia ser apenas as sombras projetadas na caverna. Já as árvores do jardim botânico, mais vívidas, são as árvores de verdade, que estão fora da caverna, talvez fazendo uma alusão à vida dela dentro da "caverna" e fora.
Você disse também que ela pensa em largar tudo depois de ver aquele jardim maravilhoso, de ter aquelas experiências. Porém, como no mito, o personagem lembra dos outros acorrentados na caverna e volta pra ajudá-los ver a verdade. Ela também sua família (talvez com nojo porque sabia que aquela vida que construíra não era real mas sombras projetadas, e apesar disso, ela amava-os), sente compaixão, "fora atingida pelo demônio da fé", fé de acreditar em que todos aqueles cegos e acorrentados, como ela era, podem ver o mundo lá fora da caverna. Talvez seja o simbolismo do cego mascando chiclete como quem não vê as coisas como elas realmente são, vivendo a vida de qualquer maneira inconscientemente. E resolve voltar à caverna para ajudá-los a sair daquela vida e levá-los pra fora, não abandonando sua família.
Ela volta pra casa e dá aquele abraço forte no filho e fala aquelas frases de que a vida é horrível e faminta, e o menino dá aquele olhar estranhando ao que ela está dizendo. Essa cena é semelhante à volta do personagem voltando à caverna e procurando mostrar para os acorrentados que o que eles vêem na verdade são apenas sombras projetadas e que estão acorrentados, mas como estão todos acomodados e crentes de que aquilo é a realidade, começam a achar que ele é um louco e o olham torto. O marido dela "afasta ela do perigo de viver", você disse que é como se ele tivesse guiando ela de volta à vida conjugal, à vida "normal" (talvez acorrentando-a suavemente ao seu lado na caverna).
"E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração". O espelho tem um simbolismo interessante associado ao conhecimento, como também à verdade e à consciência. O código de honra do samurai, Bushido, o sabre simbolizava a alma do guerreiro. Como o espelho, o sabre deveria ser polido com cuidado para ficar o mais perfeito possível. O ato de polir refere-se à ideia de aperfeiçoamento, da ética, de retidão. O coração do homem deve refletir a beleza das virtudes da alma, do que vem de dentro para fora. Nessa linha, acredito que o "mundo" que ela cita refere-se às coisas do exterior, àquilo que vem de fora pra dentro, as visão dos outros e não dela. Então imagino que essa frase final significa que, depois de ver a verdade lá fora, ela volta por compaixão de seus familiares (seu inferno) e, através da sua consciência e de seu aperfeiçoamento pessoal ou polimento de sua personalidade, ela se vê com seus próprios olhos (ou os olhos da verdade que ela viu lá no jardim botânico), não mais com a projeção das sombras na caverna como ela se via antes.
Diego Souza Rodrigues muito boa sua análise
Perfeito! 👋🏽
Amo Clarice forever. Esse conto é lindo e profundo.Ótima análise!
Acho q qnd ela fala sobre as sementes e as árvores, ela está falando sobre essa vida q ela quisera e escolherá e q à tarde no seu tempo ocioso, com essa vida pode zombar dela, questionando se sobre essa ser a decisão certa
Tatiana, como sempre seus vídeos sobre Clarice são imperdíveis. Já estou ansioso para assistir ao seu comentário sobre Sagarana!
Nao sabia da existência desse vídeo, que delícia foi encontrá-lo. A resenha está muito esclarecedora, Tati, investigando bem os símbolos do texto. Eu li esse mesmo conto na biblioteca da Unicamp, ano passado.
Nossa, amei esse vídeo! Nunca tinha realmente entendido o porquê da epifania com o cego, ajudou muito mesmo, muitíssimo obrigada!
Impossível não ter vontade de ler um livro depois de ver suas considerações sobre. Parabéns!
que vídeo incrível! adorei a interpretação que você deu, abriu o meu olhar sobre o conto.
Que análise fantástica! Pela primeira vez que li também achei que ela sentia piedade pelo cego, mas agora ampliei minhas perspectivas. A analogia da sacola com a vida também me passara pela cabeça, brilhante! Gostaria de ver seus vídeos sobre livros do Paulo Coelho (Brida, O Alquimista e Veronika Decide Morrer seriam boas escolhas) seria muito bom.
Com certeza um dos melhores vídeos que já vi no teu canal, Tati. que ideia incrível para um conto teve a Clarice!
Pensei em empatia também. Empatia é um dos sentimentos que mais se aproxima do amor, na minha opinião. :)
Esse conto, assim como Negrinha do Lobato, tem em um livro chamado Os cem melhores contos brasileiros do século, eu ganhei do meu amigo, é perfeito!!! Recomendo você comprar Tati.
Li esse livro na época que fiz vestibular, além desse Lygia Fagundes e Rubem Fonseca , li outros tbm, mas esses três foram os que mais gostei. Mas falando sobre o conto acredito q os ovos simbolizam um momento de evolução e no final a vela é como se algo dentro dela estivesse se realizado. Pra mim teve mais haver com a imprecisão, instabilidade da vida, de certa forma aquele momento quebrou a rotina, a monotonia diária, e a certeza sobre ser em si.
Faço 14 anos esse ano e sei lá, não gostei de A Menor Mulher do Mundo e não entendi exatamente perfeitamente todos os contos. Eu adorei o Uma Galinha, de verdade ♥
reflexões primorosas, deu vontade de reler este conto, na verdade deu vontade de reler todo o livro laços de família!!!! 👏🏽😊
Será que o conto quer dizer mais que o amor pelo próximo, e sim na desistência de muitas coisas pelo próximo, até mesmo de si próprio, uma falta de amor próprio? De viver para si mesma também?
Comprei a coletânea completa de todos os contos. Incluído todos os livros de conto. O conto feliz aniversário me impressionou muito
Melhor livro de contos da Clarice.
Pude perceber que esse momento de epifania ocorre também em outras obras, inclusive em A Hora da Estrela, se não me engano rs. Mas vale a pena mesmo, Tati.
Não lembro mais como era a minha vida antes do TLT.
ESTOU APAIXONADO PELO CANAL! AMO CLARICE*----*
Que conto maravilhoso!!! lindo lindo lindo, e a analise foi incrível! vou tentar ler o livro todo
Adorei toda essa interpretação por trás do conto "Amor". É o conto que eu mais gosto do livro, seguido de "Feliz Aniversário" que eu também acho genial. Mas o que eu queria mesmo era um vídeo desses dedicado somente ao conto "Preciosidade". Como você disse, até hoje eu tenho curiosidade de saber se aquilo se passou na cabeça dela ou se realmente aconteceu. Você poderia conversar com a Ju sobre esse conto e fazer mais um vídeo. Seria maravilhoso!
Para mim, ela vivia em um mundo plástico. Ela própria diz que "a vida podia ser feita pala mão do homem". Criou para si uma mundo onde não existia o mal e não existia contrariedades, quando as coisas não precisam de sua "mão pequena e forte" ela se sente perdida. Ao ver o cego, alguém que é dragada ao desconhecido, não pela própria vontade, mas por algo alheio e incontrolável é como se quebrasse nela a possibilidade mesma da vida poder ser feita pela mão do homem. A epifania no Jardim Botânico é o escândalo do mal, o escândalo que vivemos em mundo em que o mal existe e pode nos atingir e isso lhe causa medo. Acho que a vergonha que ela sente é de estar entre os que não sofrem com o mal, ela tem uma boa vida. "em tortura ela parecia ter passado para o lado dos que lhe haviam ferido os olhos". A misericórdia violenta, a piedade de um leão ainda não me parecem tão claras, me parece como uma falsa misericórdia, mais uma pena e um medo dela própria ser atingida pelo mal que existe no mundo, tanto que ela diz "era mais fácil ser santo que uma pessoa", "não era com este sentimento que se iria a uma igreja". O jantar em família é o retorno para sua vida "forjada pela mão do homem", um jantar longe do mal do mundo, mas ela não mais o ignora agora é uma "mulher bruta", embrutecida por ter tocado a existência do mal no Jardim Botânico. O medo permanece, não só do mal a atingi-la, mas a todos os seus, como o marido "não quero que lhe aconteça nada, nunca!". O marido é a proteção dela contra o mal, quando ela diz "afastando-a do perigo de viver". Ela diz ter atravessado "o amor e seu inferno" porque amar, em um mundo onde existe o mal e ele pode atingir o ser amado sem que você possa fazer algo é um inferno, e vai dormir "sem nenhum mundo no coração", para mim, mundo está significando o mal que há no próprio mundo, ela vai dormir sem medo, por isso a imagem leve de apagar a vela do dia, como nos aniversários, sobrevivemos mais um dia, sobrevivemos mais um ano, há o que se alegrar.
Tomada de consciência, epifania, Todos os contos têm essa característica.
Adoraria ter debatido com vc esse livro. Amo os escritos de Clarice Lispector.
Finalmente outro vídeo sobre Clarice. O meu conto preferido do livro è "O Búfalo " .
Obrigado pela análise, me ajudou muito, estou lendo para realizar um debate na escola, e estava com dificuldades na interpretação!
Parabéns pelo vídeo, Tatiana. Realmente me ajudou a compreender melhor o conto e a complexidade que se passa no interior da Ana. No entanto, pra mim, 'A menor mulher do mundo' ainda é o melhor conto da Clarice. Espero ver mais vídeos seus.
adorei! seus vídeos estão me ajudando MUITO em meu seminário. Obrigada!
Acabei de fazer a prova da segunda fase da Unicamp. Seu vídeo me ajudou muito em uma das questões. Obrigado!!
Tati, consegui perceber que quando ela fala que ficou tarde, no jardim botânico, parece que "estava tarde, mas não para ela acordar para o outro". acho que ela vive numa vida tão perfeita e tão frágil, como a conotação dos ovos, que essa confusão era um duelo interno em viver "numa bolha" e só ter ideia do próximo naquele dia. Mas que ao chegar no apt perfeito e as maçanetas brilhosas, o sentimento piora.. pois o cego vive no escuro e ela podendo perceber cada detalhe de sua vida vã e passa por tudo muito mecanicamente. Mas, no fim do dia.. como acontece com muitos, o sentimento de mudança acaba e o retorno para a zona de conforto retorna...beijos, adoro seus videos.
Chegou a hora de reler este conto. Tati, obrigada pelo vídeo, adorei!
Muito boa a análise. Seus vídeos são muito esclarecedores!
Obrigada!
O cego é ela mesma..
Logo o amor pelo cego é um recén descoberto amor por si mesma.
Profundo d+
O que eu achei do conto... Bom, nada, porque não tinha nem entendido ele. Muito obrigada por dar uma iluminada no pensamento, pq toda vez que tenho que ler Clarice Lispector é uma ladainha. Ótimo vídeo, parabéns!
Como a maioria das mulheres casadas e mães, nas quais deixam de ter sua própria identidade e passam a ser esposa, mãe e dona de casa, assim como Ana, ela se encaixa em tudo isso, onde fica a sua personalidade, o momento para viver pra si mesma? E perdida nesses devaneios se encontra, mas por amor a família se esquece novamente, deixando de lado a si mesma.
Mas se esquecer a si mesmo em prol de algo maior ou alguém é uma forma de se encontrar.
A mulher moderna pensa que casamento ou a constituição de uma família implica na mesma vida que levava enquanto solteira, isenta de responsabilidades...
@@matheuslopes3986 a mesma coisa são os homens que só querem curtição
sensacional! adorei a resenha e estou ansioso para ler o livro!
Esse livro é espetacular, gostei muito de ter lido! 😍
Li esse livro esses dias e gostei pra caramba pena que li com certa pressa e posso ter deixado algumas coisas passar, mas irei reler mais pra frente, acho que os únicos contos que não gostei tanto assim foi o da "A menor mulher do mundo" também, e o ultimo, mas de resto todos bons. Recomendo!
Tati, Feliz Aniversáro também achei o melhor conto... Já estou relendo...
Tatiana, me lembrei do seu mini vlog sobre Borges e então, buscanda na minha estante, encontrei o "A Voz do Fogo" de Alan Moore. O livro conta a história de doze personagens distintas que viveram na região de Northanmpton, em Inglaterra, durante um periodo de seis mil anos. E então, Moore, o que faz é pegar em alguns dos conceitos criados por Kipling e Borges e meio que criar os seus. É muito bom, mesmo :)
Se não estiver aí à venda no Brasil (sou de Portugal), penso que haja em ingles com o título "The Voice of Fire"
Ps: adoro todos os seus videos :)
Gostei muito do texto. Da avaliação também.
Excelente explicação! Parabéns!
Que lindo, o da dona de casa...! Já vi o vídeo umas 3 vezes
Ju, que delicia de analise! Queria comentários para ano precisar ler o livro, resumindo, estou lendo o livro. hahaha
Obrigado por me motivar.
ÓTIMO. faz um vídeo sobre como tu marcas teus livros (usa post-it etc) por favor!
Estou apaixonada por esse canal
Muito esclarecedor. Obrigado.
tatianagfeltrin esse conto me pareceu ser o retrato da mulher dona de casa, esposa e mãe que para ter sucesso em todos esses aspectos invariavelmente precisa abdicar de alguns sonhos e vontades.
Clarice é incrível, né? Claro que a posição dela na escrita do conto é de questionar o lugar da mulher na sociedade, especialmente de sua época, e por isso essa perspectiva um pouco fatalista dessa total perda de si em nome da vida conjugal e doméstica, mesmo quando escolhida de forma consciente. Eu fico é me perguntando sobre esse comentário da Ju e esse final do conto, será mesmo possível "resetar o sistema"? Acho que penso com o Kafka "de um certo ponto adiante, não há mais volta", o Kafka ainda diz "esse é o ponto que deve ser alcançado". Essa frase do Kafka me assusta muito, mas, ao mesmo tempo, concordo com ele, depois de certo ponto não há mais volta. Quanto á pigméia, acho interessantíssimo, apesar de incômodo, de fato, mas serve como uma metáfora muito incrível para pensarmos sobre como algumas pessoas ou grupos acabam tendo esse lugar de objeto na sociedade em diversos sentidos, dá pano pra manga para muitas leituras e usos, um pouco como o Metamorfose do Kafka (estou eu citando Kafka de novo rsrs).
Olá Tati, por favor faça uma resenha de "Perto do coração selvagem".
Vou ler e volto
Obrigada!
Quando você comentou sobre o sentimento de piedade sentido pela personagem, me veio em mente que esse sentimento ela pode até direcionar ao cego, mas que de fato é o sentimento dela em relação a ela mesma. Já que ao ver esse cego ela comparou a vida dela com o movimento dele, de mastigar o chiclete no escuro. Não sei, foi apenas uma interpretação minha.
Taynah Aviz E aí começa a epifania! Ela compara sua vida de atividades mecânicas ao cego mastigando chiclete no escuro. Ela está no escuro, sem opinião e vontade próprias, fazendo todos os dias, mecanicamente, as mesmas coisas. A piedade pelo cego é a piedade por ela mesma. Empatia. Concordo com vc, Taynah.
O crime do professor de matemática nós destrói. A maioria dos contos aí são excelentes e eu leio e releio e sempre me surpreendendo
Deu muita vontade de reler! Só li na época do colégio e, com certeza, não captei muita coisa.
Ótimo vídeo!! Mega interessante essa coletânea ❤
Muito booom ! Arrasa !
engraçado que o único conto que você não gostou é o único de que me lembro do livro (já o o li há uns anos). eu acabei de ler sagarana e... não sei o que falar apenas sentir. risos. guimarães rosa é excelente! me apaixonei, e sai comprando todos os livros dele, lendo todos as suas entrevistas. há um vídeo aqui no youtube meio documental, que conta um pouco de sua história, com participação de críticos e familiares, vale a pena vê-lo, tati. ele foi um homem sensacional.
Muito bom sua análise!
Sensacional Tati, muito bom ♥
Já quero ler mais que a vida!
Ótimo vídeo Tati! Nunca li esse livro, mas fiquei com muita vontade de ler. Quando fiz o vestibular tive que ler o Felicidade Clandestina, da Clarice e gostei bastante. Sobre o conto da galinha, acho que a Clarice adorava escrever contos assim. No livro que li tinha pelo menos uns dois contos falando sobre ovos e galinhas hahaha
Se puder ler depois, eu recomendo. Vale muito a pena!
Caiu uma questão e você ajudou muito com esse video, obrigada
preciso dizer que 1- sou vestibulanda e preciso de uma analise desse livro 2- nunca consigo fazer essa leitura profunda e dinâmica, com vários significados 3- logo, nunca pensaria em todos esses pontos que provavelmente as universidades cobram 4- e por fim, parabéns pelo canal e pela ideia que move o canal! Incrível! Obrigada, sucesso pra você!
Conseguiu passar no vestibular?
Tenho prova amanhã disso e vc tá me salvando klkklkkkkkkkkkk
A minha interpretação dela dormir sem mundo tem relação com os dois mundos da vida dela, aquilo que ela É e aquilo que ela escolheu ser, a vida que ela podia ter e a vida que ela tem. O cego e o Jardim Botânico. Ela só teve noção desses dois mundos com a epifania, mas no final ela apaga essa possibilidade de mudança.
Sua placa de 100k do UA-cam ♥
Oi, achei seu canal hoje! Valeu eu tenho prova sobre esse conto e eu fiquei com a cabeça torrando, não entendi quase nada... Muito Obrigado mesmo!!!
Oiee Tati! 😊
Nunca li nenhum livro da Clarice, mas você fala com tanta paixão doa livros dela que sempre fico morrendo de vontade de ler, acho que esse mês eu leio o meu A Hora da Estrela.
Anni Cavalcanti A Hora da Estrela é um livro curto e um pouco menos denso que os outros da autora. É um livro que eu gosto bastante. Acho que é um bom livro pra começar a ler Clarice. Espero que você goste. =)
Nathalia Nunes Depois que ler volto aqui para comentar 😊
Parabéns, me ajudou muito !!!
A Clarice é absolutamente penetrante. Chega a me dar calafrios as coisas que ela escreveu.
MUITO obrigada
eu precisava entender o livro mas estou doente e tenho prova amanhã e n consegui entender