Um exemplo de dedicação: A surdez não impediu que Fábio se destacasse como aluno e profissional

Fábio fala com as mãos e ouve com as mãos dos outros. É professor da língua brasileira de sinais. Ensina alunos que, como ele, são surdos. Para Gabriela, Fábio é uma inspiração. "Ele nos estimula, nos incentiva para que nos desenvolvamos como pessoas. Quer que a gente aprenda mais, se preocupa conosco".
Com a ajuda de um intérprete, Fábio nos conta que teve que superar obstáculos. O maior deles, estudar desde criança em uma escola regular. Mas Fábio tinha muita vontade de aprender.
Entrou no Instituto Federal de Santa Catarina e se formou técnico em refrigeração e ar-condicionado. A professora e fonoaudióloga, Elde Gomes, diz que a determinação dele fez a escola mudar. "Nós percebemos que a pessoa surda não aprende através da língua portuguesa. Então nós adotamos, dentro da sala de aula, a língua brasileira de sinais, através de interpretes."
No Brasil, 90% dos surdos em idade escolar estão fora da escola e, de cada dez crianças surdas que começam o ensino fundamental, apenas duas chegam à 8ª série. Para os especialistas, o desafio do país é ter mais ambientes assim: escolas em que os alunos surdos possam aprender na língua de sinais.
Para Fábio, os limites desapareceram. Entrou para a universidade, se formou em pedagogia, fez mestrado em educação e hoje é um respeitado pesquisador da escrita da língua de sinais.
"Tendo acesso à informação pela língua de sinais eu consigo compreender e isso me dá desejo de aprender mais e mais". Conta Fábio que agora cursa a faculdade de matemática.
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Reportagem exibida no Jornal da Globo, no dia 13/08/2009.