Ana Luísa Amaral inaugurou ano letivo da Faculdade de Letras da U.Porto

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  • Опубліковано 18 жов 2018
  • A Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) promoveu, no passado dia 16 de outubro, a tradicional Sessão Solene de Abertura do Ano Letivo, evento que serve para assinalar aquele que é um dos acontecimentos mais importantes no ciclo académico.
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  •  Рік тому

    Desapareceu deste planeta, ou deste plano, ou, se quiserem, desta dimensão, Ana Luísa Amaral, uma das mais geniais poetas dos séculos XX e XXI. A sublime e transcendental escritora, com uma voz que dourava todas as palavras que dizia, das pessoas mais sensíveis e inteligentes que Portugal teve o privilégio de ter como cidadã.
    Esta poeta embalava-me no caminho para casa, sempre que a ouvia, ao entardecer, no programa «O Som que os Versos Fazem ao Abrir» da Antena 2, com aquela maneira singular de falar, de sonorizar cada palavra, de entoar cada expressão e frase. A sensação que tinha era a de estar a ouvir uma eremita, porque só uma eremita teria tempo para reunir em si tanta sabedoria; uma enciclopédia de conhecimento, mas, sobretudo, de emoções. Quando penso em Ana Luísa Amaral é esta a imagem que me surge imediatamente: a ler, a escrever, mergulhada em pilhas de livros, saindo do templo só para, generosamente, nos encantar.
    Mas, como é evidente, este meu ideal da poeta só persiste porque não tive o privilégio de a conhecer pessoalmente e de experienciar a afabilidade que deixava transparecer. Quem seria eu se tivesse sido seu aluno, ou estado presente no Ciclo de Masterclasses «Pessoa convida Pessoas» ou no momento em que recebeu o Prémio Rainha Sofia? Ou, então, assistido à justíssima homenagem da Feira do Livro do Porto, em Julho último? Fantasiando mais um pouco, quem seria eu se a tivesse acompanhado à livraria Lello ou a uma qualquer esplanada do seu amado Porto?
    Ao ouvi-la, perdia a noção deste tempo terreno, limitado, cruel, inexorável. Talvez seja esta, também, uma das razões pelas quais era tão marcante e tão saboroso. Porque tinha, precisamente, a sensação de estar a ludibriar o tempo. Estivesse nesse idílio horas a fio, nunca me cansaria, impregnado daquela torrente de erudição, que me afastava langorosamente da realidade.
    Porque o que dali brotava era contraponto da mísera mundaneidade. Era a Verdade.
    Desapareceu mais um bastião da cultura, do feminismo e da luta contra a desigualdade. Lamentavelmente.