ESTE POEMA NÃO É SOBRE UMA GAROTA |

POEMA PARA A MOÇA TRISTE
(Por Jon Don)
“Todos que eu conheço vão embora em algum momento”
Ela me olha nos olhos e ri
Diz que estou velho demais
Para falar coisas assim
Além do mais, ela ainda não foi
Ela me encara séria ao falar isso
Como se quisesse parecer ameaçadora
Mas logo se desfaz num sorriso
Como sempre faz quando tenta falar assim
É quase como se eu não lembrasse como a conheci
Namorei-a de longe muito tempo
Antes de saber seu nome
Quando me peguei chamando-a pelo nome
Ela já estava comigo
Esse dias ela me confessou que
Também me paquerava sem eu perceber
Acho que fomos feitos um para o outro
A garota mais encantadora que você poderia conhecer
Não é bonita, não canta bem
E curte uns filmes que nunca vou entender
Mas tem algo na calmaria com a qual ela me olha
Uma certa serenidade triste de quem entendeu
Algo que até os mais espertos só suspeitam
Não vê sentido nas relações fúteis atuais
Por isso prefere ficar sozinha
Quase sempre insiste que eu fique com ela
Exceto nas sextas e sábados
Ela sempre pergunta se não vou sair com os amigos
Diz que é importante manter boas amizades
Mas aos domingos
Aos domingos eu sou só dela
E ela sabe disso
Ela brinca que sou tipo Chico
Escrevendo o Velho Francisco
Por isso gosta de recitar um trecho
Sempre que vem me visitar
“Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco
Vem todo domingo
Tem cheiro de flor”
Quando ela me beija
É como se nossas almas se tornassem uma só
Transamos ao som de Jazz, gemidos e sussurros
Ela conhece todos os meus pontos fracos
E me trata de um jeito que nenhuma garota jamais tratou
Toda vez que ela parti sinto como se
O mundo inteiro desabasse sobre mim
Sou tomado por um vazio que ainda não sei explicar
Mesmo ela me prometendo que volta
E que não vai demorar
Por isso decidi que odeio segundas-feiras
Por vezes acabo me acostumando com sua ausência
De tal maneira que me assusta saber que ela vai voltar
Sou tão dela que não sei o que sobra de mim pra mim
Sinto que tudo que sou devo a ela
Ainda que ela insista em dizer que não
Seus cabelos Bethânia ao vento
Seus lábios fartos e olhos verdes, cor de tempestade
E aquela curvinha logo abaixo de seus seios
O jeito que você segurou minhas mãos
E perguntou sobre as marcas em meu coração
Me fizeram ter a certeza que serei teu enquanto ele bater!