06:58 O Nuno não sabe a que se deve essa distância mas eu sei muito bem. As redes sociais e o facto de os galegos estarem no mesmo espaço onde estão os hispânicos todos faz com que haja uma forte separação entre os galegos e os portugueses (que já existia antes mas não era assim tão grande). O que não deixa de ser uma enorme pena porque muitos dos artistas galegos que tenho visto recentemente até poderiam ter sucesso em Portugal se realmente se dessem ao trabalho de promoverem mais aquilo que fazem. Esta última questão também é algo que vejo como um enorme problema não só dos galegos como também dos portugueses. Nós não sabemos partilhar o nosso talento com os outros e não respeitamos o melhor que temos até que outros de fora digam que o que nós fazemos é bom. Acho que isso foi bastante visível com o fenómeno Tanxugueiras em 2021 e 2022 - elas já faziam um ótimo trabalho mas foi preciso que tivessem ido ao Benidorm Fest e que tivesse um apoio enorme de outros espanhóis (e da comunidade internacional de eurofãs) para que elas passassem a ser respeitadas pela população galega em geral, pelo menos temporariamente. Devido a esta falta de noção do que têm a maioria dos galegos acaba por ouvir aquilo que passa nas rádios ou nas plataformas de streaming, sendo que no caso dos jovens é basicamente reggaeton da América Latina misturado com um bocadinho (quase de nada) de pop espanhol. Não há qualquer contacto com a Lusofonia nas gerações mais novas, no máximo é uma ou outra parceria que um artista hispano faz com um outro brasileiro, e o mais provável é que quando venham a Portugal e ouçam as rádios portuguesas mais abrangentes acabem por ouvir os mesmos êxitos internacionais que nas rádios espanholas porque os portugueses têm o mesmo complexo de inferioridade que os galegos. Portugueses esses que tampouco ouvem seja o que for de galego, mas isso aí não é de agora e é em parte culpa dos próprios galegos.
Concordo moito co que dis. As fronteiras actúan como axente polarizador en canto ao consumo cultural da Galiza e Portugal se refire, unha infeliz tendencia que as redes sociais non fan máis que acentuar de xeito exponencial. Canto me gustaría unha sociedade destes dous territorios que partillase gustos, comentase e colaborase non so no eido musical, se non tamén na literatura e no cinema, por exemplo. Penso que os nosos referentes culturais poderían facer moito máis pola causa.
@@martinocrespoalvarez4663 como brasileiro, também gostaria de ver esse compartilhamento cultural mais próximo de artistas galegos, portugueses e brasileiros. Acredito que seria enriquecedor para todos
Me parece que Galícia, Portugal e Brasil bastam em si mesmos, consumindo seus próprios conteúdos sem dar muita atenção ao que vem dos países vizinhos. No Brasil não se ouve música hispânica, por exemplo; da mesma forma que Portugal desconhece a música pop galega e vice-versa. É grave a não integração musical entre Portugal e Galícia devido à fatores políticos de séculos. Não importa à Espanha que suas comunidades tenham esse intercâmbio. Em olha que a música tradicional galega e a música do norte de Portugal partilham a mesma história e matriz. Há algumas ações pontuais, mas que não partem de governos. São iniciativas particulares. O caso do Brasil é icônico. "Gigante pela própria natureza", cria uma barreira cultural donde não interessa o que se faz na Espanha, em Portugal e países vizinhos, salvo uma coisinha ou outra. É um fator histórico e cultural. A música de fora não nos diz respeito, não fala dos valores brasileiros, não possui a malemolência da nossa negritude e o exotismo cultural da nossa terra, por exemplo; daí não nos alcançam. Entra por um ouvido e sai pelo outro.
@@joselitomiranda-editoraartner Os únicos galegos que tiveram sucesso em Portugal foram Julio Iglesias, Inigo Quintero e Os Resentidos, e os primeiros dois foi cantando em espanhol. Mas eu tampouco utilizaria o exemplo do isolamento brasileiro, por ser tão extremado. Os brasileiros não ouvem nada de fora (ou quase nada), já os portugueses ouvem. Inclusive ouvem música espanhola - os artistas espanhóis mais famosos da atualidade são conhecidos em Portugal (Rosalía, Bad Gyal, Aitana, Pablo Alborán, Álvaro de Luna, Morad, Dellafuente, Álvaro Soler...), alguns até bastante afamados - o que não ouvem é música galega em específico.
@@diogorodrigues747 De facto, bom comentário. Me passei ao citar que Portugal não ouve música dos vizinhos... na verdade, eu queria referir à música galega e não a espanhola propriamente dita. Tu estás certo. No Brasil escutamos muito música americana ou inglesa, mas perde de longe dos ritmos brasileiros como a MPB, samba, funk, regional, sofrência e principalmente sertanejo.
Pois a mim o sotaque parece-me muito transmontano, mas isso sou eu tendo um viés português (porque eu sou português, claro está). Mesmo a dicção é muitíssimo idêntica à dos sotaques do Interior Norte de Portugal.
@@diogorodrigues747 Tendo em conta a ligação multimilenar das duas regiões, não estará assim tão longe da verdade. Mas está muito acastelanado, como é triste norma nos jovens galegos. Conheço o nordestino e não consigo ouvir a ligação. A minha experiência pessoal é que os brasileiros por norma têm um ouvido ruim para línguas, e na mesma linha sotaques, é sempre interessante ver as associações que estabelecem.
@@BernasLL "A minha experiência pessoal é que os brasileiros por norma têm um ouvido ruim para línguas" - o Brasil em geral é uma enorme bolha, ainda mais que os EUA de hoje em dia. A maioria das pessoas não tem contacto com o resto do planeta (no máximo só chegam ao Brasil algumas músicas anglófonas, do mercado norte-americano, e algumas novelas mexicanas através da televisão pública brasileira) e apenas 5% da população brasileira é considerada "fluente" em inglês (e a percentagem real é ainda menor, visto que muitas destas pessoas fizeram curso de inglês há décadas e nunca chegaram a praticar a língua, a percentagem de pessoas que realmente sabe falar inglês andará nos 1,5 a 2%). Mesmo países europeus com baixos níveis de proficiência no inglês, como Espanha ou França, têm pelo menos 10 a 15% da população que é fluente na língua.
Olá, um abraço a partir do Sertão de Pernambuco- Brasil.
👏🏼 saudações do sul do Brasil
Viva a Galiza 🇵🇹❤️
06:58 O Nuno não sabe a que se deve essa distância mas eu sei muito bem. As redes sociais e o facto de os galegos estarem no mesmo espaço onde estão os hispânicos todos faz com que haja uma forte separação entre os galegos e os portugueses (que já existia antes mas não era assim tão grande). O que não deixa de ser uma enorme pena porque muitos dos artistas galegos que tenho visto recentemente até poderiam ter sucesso em Portugal se realmente se dessem ao trabalho de promoverem mais aquilo que fazem.
Esta última questão também é algo que vejo como um enorme problema não só dos galegos como também dos portugueses. Nós não sabemos partilhar o nosso talento com os outros e não respeitamos o melhor que temos até que outros de fora digam que o que nós fazemos é bom. Acho que isso foi bastante visível com o fenómeno Tanxugueiras em 2021 e 2022 - elas já faziam um ótimo trabalho mas foi preciso que tivessem ido ao Benidorm Fest e que tivesse um apoio enorme de outros espanhóis (e da comunidade internacional de eurofãs) para que elas passassem a ser respeitadas pela população galega em geral, pelo menos temporariamente. Devido a esta falta de noção do que têm a maioria dos galegos acaba por ouvir aquilo que passa nas rádios ou nas plataformas de streaming, sendo que no caso dos jovens é basicamente reggaeton da América Latina misturado com um bocadinho (quase de nada) de pop espanhol. Não há qualquer contacto com a Lusofonia nas gerações mais novas, no máximo é uma ou outra parceria que um artista hispano faz com um outro brasileiro, e o mais provável é que quando venham a Portugal e ouçam as rádios portuguesas mais abrangentes acabem por ouvir os mesmos êxitos internacionais que nas rádios espanholas porque os portugueses têm o mesmo complexo de inferioridade que os galegos. Portugueses esses que tampouco ouvem seja o que for de galego, mas isso aí não é de agora e é em parte culpa dos próprios galegos.
Concordo moito co que dis. As fronteiras actúan como axente polarizador en canto ao consumo cultural da Galiza e Portugal se refire, unha infeliz tendencia que as redes sociais non fan máis que acentuar de xeito exponencial.
Canto me gustaría unha sociedade destes dous territorios que partillase gustos, comentase e colaborase non so no eido musical, se non tamén na literatura e no cinema, por exemplo. Penso que os nosos referentes culturais poderían facer moito máis pola causa.
@@martinocrespoalvarez4663 como brasileiro, também gostaria de ver esse compartilhamento cultural mais próximo de artistas galegos, portugueses e brasileiros. Acredito que seria enriquecedor para todos
Me parece que Galícia, Portugal e Brasil bastam em si mesmos, consumindo seus próprios conteúdos sem dar muita atenção ao que vem dos países vizinhos. No Brasil não se ouve música hispânica, por exemplo; da mesma forma que Portugal desconhece a música pop galega e vice-versa.
É grave a não integração musical entre Portugal e Galícia devido à fatores políticos de séculos. Não importa à Espanha que suas comunidades tenham esse intercâmbio. Em olha que a música tradicional galega e a música do norte de Portugal partilham a mesma história e matriz. Há algumas ações pontuais, mas que não partem de governos. São iniciativas particulares.
O caso do Brasil é icônico. "Gigante pela própria natureza", cria uma barreira cultural donde não interessa o que se faz na Espanha, em Portugal e países vizinhos, salvo uma coisinha ou outra. É um fator histórico e cultural. A música de fora não nos diz respeito, não fala dos valores brasileiros, não possui a malemolência da nossa negritude e o exotismo cultural da nossa terra, por exemplo; daí não nos alcançam. Entra por um ouvido e sai pelo outro.
@@joselitomiranda-editoraartner Os únicos galegos que tiveram sucesso em Portugal foram Julio Iglesias, Inigo Quintero e Os Resentidos, e os primeiros dois foi cantando em espanhol.
Mas eu tampouco utilizaria o exemplo do isolamento brasileiro, por ser tão extremado. Os brasileiros não ouvem nada de fora (ou quase nada), já os portugueses ouvem. Inclusive ouvem música espanhola - os artistas espanhóis mais famosos da atualidade são conhecidos em Portugal (Rosalía, Bad Gyal, Aitana, Pablo Alborán, Álvaro de Luna, Morad, Dellafuente, Álvaro Soler...), alguns até bastante afamados - o que não ouvem é música galega em específico.
@@diogorodrigues747 De facto, bom comentário. Me passei ao citar que Portugal não ouve música dos vizinhos... na verdade, eu queria referir à música galega e não a espanhola propriamente dita. Tu estás certo.
No Brasil escutamos muito música americana ou inglesa, mas perde de longe dos ritmos brasileiros como a MPB, samba, funk, regional, sofrência e principalmente sertanejo.
Con ese nome tan guai, Nuno Pico tiña que ser artista jajajajaja
Primeiro
O sotaque parece muito ao brasileiro nordestino 😮
Pois a mim o sotaque parece-me muito transmontano, mas isso sou eu tendo um viés português (porque eu sou português, claro está). Mesmo a dicção é muitíssimo idêntica à dos sotaques do Interior Norte de Portugal.
@@diogorodrigues747 Tendo em conta a ligação multimilenar das duas regiões, não estará assim tão longe da verdade. Mas está muito acastelanado, como é triste norma nos jovens galegos.
Conheço o nordestino e não consigo ouvir a ligação.
A minha experiência pessoal é que os brasileiros por norma têm um ouvido ruim para línguas, e na mesma linha sotaques, é sempre interessante ver as associações que estabelecem.
@@BernasLL "A minha experiência pessoal é que os brasileiros por norma têm um ouvido ruim para línguas" - o Brasil em geral é uma enorme bolha, ainda mais que os EUA de hoje em dia. A maioria das pessoas não tem contacto com o resto do planeta (no máximo só chegam ao Brasil algumas músicas anglófonas, do mercado norte-americano, e algumas novelas mexicanas através da televisão pública brasileira) e apenas 5% da população brasileira é considerada "fluente" em inglês (e a percentagem real é ainda menor, visto que muitas destas pessoas fizeram curso de inglês há décadas e nunca chegaram a praticar a língua, a percentagem de pessoas que realmente sabe falar inglês andará nos 1,5 a 2%). Mesmo países europeus com baixos níveis de proficiência no inglês, como Espanha ou França, têm pelo menos 10 a 15% da população que é fluente na língua.