Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo - 80 Anos

É o vira que nos une.
O vira que dançamos de braços no ar. O vira que nos faz rodopiar na chinela. O vira que viramos a cada página escrita da nossa história. O vira que nos faz dar voltas e voltas e voltar sempre às origens.
É um vira velho na idade. É um vira novo no espírito. É um vira que vira e torna a virar.
Passamos pelos altos e baixos que oito décadas trazem na bagagem. Levamo-la connosco em cada quilometro de estrada que percorremos, para cada lugar, terra, vila, cidade, país para onde vamos. Trazemos os pés marcados por esse caminho, ora das farpas que nos espetam os pés descalços e indefesos, ora nas bolhas que socos, chancas e chinelas deixam pela fricção do tempo.
Levantamos os braços no ar como sinal de alegria e orgulho em todos os viras, chulas e rusgas que esta vida nos faz dançar. Levantamo-los bem alto, suportados pela memória daqueles que tal como nós ergueram os braços desde 1940 ate aos nossos dias e mantiveram viva a cultura da nossa gente.
Marcamos o tempo desta história tal e qual o compasso do vira. Um, dois, três. Um, dois, três. E por entre a melodia da concertina, que nos conduz o movimento do corpo como se do próprio vento se tratasse, irrompem os contratempos dos cavaquinhos que nos despertam a alma a desejar mais momentos de felicidade, e destacam-se os acordes da viola, como corações que batem em uníssono: Tum, Tum, Tum.
Cantamos. Novos e velhos. O medo, a angústia, o dia-a-dia, o trabalho, a festa, o sagrado, o profano, a alegria, a verdade, os enganos, o amor e a saudade.
A saudade dos que estão perto e que neste momento não podemos abraçar. A saudade dos que estão longe, mas que nos têm sempre no pensamento. E todos sentimos que desde os primeiros momentos de vida do grupo, fosse em que década fosse, e independentemente das dificuldades inerentes a manter uma família como esta, chegar a este dia só fez e faz sentido de uma forma: JUNTOS.
Juntos pra agradecer aos que por cá passaram.
Juntos para abraçar os que cá estão.
Juntos para brindar com os amigos que fizemos ao longos dos anos pelo país e pelo mundo fora.
Juntos para celebrar uma vida cheia de vidas, uma História cheia de histórias.
E com a teimosia que nos caracteriza, estampada até nas nossas cantigas
“Não há quem possa medir
A água do rio Lima,
Há quem diga que vai para baixo,
Eu digo que vai para cima”,
contamos estar por aqui mais uns bons anos para acrescentar histórias a esta vida.
Estamos todos de PARABÉNS!!!
Estes são os 80 anos do Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo!
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