REVELAÇÕES de um caminhoneiro CANSADO DE SOFRER

Conheci dois caminhoneiros que fazem São Paulo-Chile. Uma tocada de mais de 30 dias, vários dias só em espera. Um tem 41 anos de trecho e o outro só quatro meses nesta rota. Eles falam da falta de valorização do motorista e das dificuldades nas estradas. Falam também da falta de formação de caminhoneiros, como em outras profissões.
“No Brasil não tem ponto de apoio para o caminhoneiro, só se você abastecer”, afirma Sérgio de Oliveira, carreteiro de 61 anos de idade e 41 de profissão na rota São Paulo-Mercosul. “No Chile, a cada 100 quilômetros tem um ponto de apoio com banheiros limpos”, acrescenta ele.
Sobre pontos de parada assista: • ZapStrada #86 Motorist...
Sem os tais pontos de parada, o motorista não consegue descansar por 30 minutos após dirigir até cinco horas e meia; nem passar a noite e cumprir o período de até 11 horas contínuas de repouso, conforme prevê a lei do motorista. E esse é um problema que causa sofrimento.
De acordo com a legislação, o tempo de direção pode ser estendido até encontrar um local seguro para estacionar. Locais seguros normalmente são os postos de combustível, mas por serem estabelecimentos particulares, muitos condicionam a parada para pernoite com o abastecimento do caminhão.
Sérgio recomenda ao amigo Leandro Bertolino Barbosa a desistir da profissão. Leandro tem 30 anos de idade e, na data da entrevista, estava há seis anos no trecho. A recomendação vem da experiência de vida. Sérgio não viu os filhos crescerem e perdeu encontros familiares importantes, como os aniversários de 15 anos das filhas. Isso entristece o velho carreteiro. É outro sofrimento, compartilhado por muitos motoristas.
Se não precisar abastecer, o carreteiro é obrigado a continuar na estrada, mesmo cansado e correndo o risco de provocar um acidente motivado pela fadiga. “Ou toca direto ou estaciona nessas barracas de fruta ou mecânica de beira de estrada, mas sem qualquer segurança”, reforça o carreteiro.
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