Augusto dos Anjos - Vandalismo
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- Опубліковано 2 жов 2024
- Para mim, este é o melhor poema já escrito em português, e Augusto dos Anjos é meu poeta preferido.
Autor: Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de 1884 - Leopoldina, 12 de novembro de 1914) foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas.
É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários. Sua poesia chocou a muitos, principalmente aos poetas parnasianos, mas hoje é um dos poetas brasileiros que mais foram reeditados. Sua popularidade se deveu principalmente ao sucesso entre as camadas populares brasileiras e à divulgação feita pelos modernistas. Hoje diversas editoras brasileiras publicam edições de Eu e Outras Poesias.
Voz: Othon Bastos.
"Vandalismo
Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!"
Uma análise do poema:
O poema é em si uma metáfora, onde o coração é o "querer" do poeta, como o amor espiritual, virtuoso e puro expresso na primeira estrofe. A segunda estrofe reitera e detalha estas virtudes onde o "querer" é minuciosamente enunciado com a descrição de um templo grandioso, local de louvor e adoração. O primeiro terceto representa a paixão como um templário, uma autoridade dominadora que arrebata e toma a virtude. Os gládios e hastas simbolizam os ímpetos do desejo sobre o amor espiritual idealizado e na "chave de ouro", prevalece o desejo que submete a paixão.
Vandalismo trata das rupturas internas, dos valores que uma vez idealizados; confrontam no íntimo e o arrebatamento, a paixão, nos leva a uma ruptura para sustentar uma nova ordem. O conflito entre o amor idealizado e o arrebatamento é a figura do templário e seu poder confessional. É uma representação profunda para o período que viveu o poeta, num ambiente de amenidades e manifestações idealizadas.
Vc sabe quando a obra do artista é boa quando vc vê nos comentários as poucas pessoas que se identificam coma obra, a excelência da arte é pra poucos...
Grosso modo, e muito particularmente, interpreto Vandalismo como uma metáfora do sentimento do homem sobre as desilusões que trazia sobre a vida, tendo o espírito - as catedrais- e os sonhos - seus ornamentos - destruídos, aniquilados pelo "despertar" à realidade indiferente e cruel.
Me tornei poeta por causa de Augustos dos Anjos - Hoje eu levo minhas letras, com o mesmo tom, simbolista e nitidamente expressionista, embora eu não tenha o talento magistral do mestre Augusto; trago a vós um dos meus Poemas:
- AO SERVIÇAL ABUTRE
Voa, mesquinho serviçal de asa umbrosa;
Segue o destino tão banal de tua sina,
banqueteando-se em vil carnificina
desse entulho bestial que decompora.
Chama o rebanho esfomeado, dá seus gritos
para pousar com frêmito arquejo gutural.
Põe-me as entranhas estendidas, invital,
à de servir de inspiração para teus filhos.
Ave altaneira, irrevogável e pestilenta,
vem espalhar o teu turíbulo necroso,
fazer do ar nossa memória agourenta.
Mostra a brancura desse ser choruminoso
sobre o contraste sepulcral de tua pena
e dá-lhe a chance de brilhar ao sol, de novo.
Itamar F S
#Soneto
#Direitos Reservados por lei
que bosta
Muito bom!!! Continue!!
Poderia postar mais, por favor!
Tem publicado como livro ja?
KD os outros?
Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Com os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos.
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
Espetacular... Descrição poética perfeita do processo de desconstrução e desmistificação de ideais e crenças enraizadas.
o melhor poema que já criaram na minha opinião
Ele não é ultra romântico. Princpalmente porque ele apresenta a morte de forma materialista. Diferentemente da morte romântica que é caracterizada pela transcedência
VERDADE
Dos poemas que conheço, esse é, sem dúvida, o que mais aprecio!
Esse áudio parece um dia amanhecendo depois de uma noite de insônia.
Que lindo!
Isso é de uma beleza tão espantadora, que chega hipnotizar!!!
Muito bom!
Difícil escolher um preferido.
Augusto dos Anjos ! Esse poeta é de outra galáxia; que um dia passou por aqui....e foi embora.
Esse me revolucionou.
sem querer jogar confetes nos escritos de Augusto dos Anjos
ele foi sem dúvidas o maior poeta de todos os tempos traduzido pra todas as linguas universais.
Sim ele é extraordinário e muito além do seu tempo.
Grande Augusto. Ficou perfeita essa interpretação.
Na voz de Oton Bastos
Obrigado por postar essa obra de arte.
Perfeito. Amo os poemas de augusto dos Anjos. The Best!
Recita lindamente... Obrigada.
Perfeito
Muito maravilhoso