Todo mundo fala de visão eurocêntrica; ninguém fala, no brasil, de visão sudestinocêntrica. quando ouço um negro na grande mídia falando sobre ser negro que ascendeu socialmente, economicamente numa sociedade majoritariamente branca e racista, eu acho muito bizarro. Cresci na Bahia e minha mãe é parda-negra e meu pai tem a pele clara. Nenhum dos dois conheceu ou sabe quem são seus avós; nenhum dos dois têm árvore genealógica. No entanto, tínhamos vizinhos negros donos de barbearia, salão de beleza, funcionários públicos, uma colega era filha de advogados e tinha piano em casa. Enquanto nós éramos nove pessoas dividindo uma casa com apenas um quarto, sem forro ou laje. Fiz um ano de História de Áfricas, na Unicamp e muitos estudantes que se consideravam negros por terem a pele não branca, voltavam de seus estudos de campo em África negra, se dizendo brancos. Agualusa é um autor que discute muito isso em seus livros... Fica a dica.
Conversa interessante, porém gostaria de comentar algumas coisas: não vejo idealização de família no Brasil. Também não vejo ninguém obrigando as outras a serem mães, até porque depois de ter me tornado mãe e amar a maternidade, acredito firmemente que não é algo para todas as mulheres, o que mais quero é que essas mulheres não sejam mães para evitar tanto sofrimento para as crianças.
Moça talvez seja algo que não faça parte da sua experiência, mas que acontece com muitas mulheres! Sou muito julgada por não querer ter filhos, e muitos dos meus familiares não entendem isso. Fica uma pressão chata com relação a isso, o que me afetou por muito tempo... Já cheguei a pensar que era psicopata por não querer ter filhos ( algo que foi colocado na minha cabeça ), o que em determinado momento, me causou um certo sofrimento psicológico. Ainda bem que vc não está inserida num lugar que dissemine essa cultura de maternidade, mas vale ressaltar que hoje em dia, temos pesquisas que confirmam como essa pressão existe de fato e afeta a psiquê das mulheres.
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Que papo terapêutico incrível, me fará refletir muito e mudar várias crenças, grato.
Maju coutinho: "o choro é livre". Jamais esqueceremos
Amei Maju, forte e resitente. Vera sempre ímpar!
Que entrevista interessante! Fundamental!
Valeu!
Obrigado! Gosto de escutar e sim ficar mais confiante em meus análogos. Q.b está entrevista!
Excelente !!!!
Excelente
Todo mundo fala de visão eurocêntrica; ninguém fala, no brasil, de visão sudestinocêntrica. quando ouço um negro na grande mídia falando sobre ser negro que ascendeu socialmente, economicamente numa sociedade majoritariamente branca e racista, eu acho muito bizarro. Cresci na Bahia e minha mãe é parda-negra e meu pai tem a pele clara. Nenhum dos dois conheceu ou sabe quem são seus avós; nenhum dos dois têm árvore genealógica. No entanto, tínhamos vizinhos negros donos de barbearia, salão de beleza, funcionários públicos, uma colega era filha de advogados e tinha piano em casa. Enquanto nós éramos nove pessoas dividindo uma casa com apenas um quarto, sem forro ou laje. Fiz um ano de História de Áfricas, na Unicamp e muitos estudantes que se consideravam negros por terem a pele não branca, voltavam de seus estudos de campo em África negra, se dizendo brancos. Agualusa é um autor que discute muito isso em seus livros... Fica a dica.
Olá, Vera! Adoro seu podcast! SUGESTÃO: Grace Gianoukas (atriz).
Conversa interessante, porém gostaria de comentar algumas coisas: não vejo idealização de família no Brasil. Também não vejo ninguém obrigando as outras a serem mães, até porque depois de ter me tornado mãe e amar a maternidade, acredito firmemente que não é algo para todas as mulheres, o que mais quero é que essas mulheres não sejam mães para evitar tanto sofrimento para as crianças.
Moça talvez seja algo que não faça parte da sua experiência, mas que acontece com muitas mulheres! Sou muito julgada por não querer ter filhos, e muitos dos meus familiares não entendem isso. Fica uma pressão chata com relação a isso, o que me afetou por muito tempo... Já cheguei a pensar que era psicopata por não querer ter filhos ( algo que foi colocado na minha cabeça ), o que em determinado momento, me causou um certo sofrimento psicológico.
Ainda bem que vc não está inserida num lugar que dissemine essa cultura de maternidade, mas vale ressaltar que hoje em dia, temos pesquisas que confirmam como essa pressão existe de fato e afeta a psiquê das mulheres.
Claro, quando você mora numa caverna, fica fácil afirmar isso. Eu tbm não vejo gente passando fome. Então posso dizer que a fome não existe?