Amado, e quando o pedido de urgência, com risco de desabamento, fica semanas sem ir concluso, mesmo tendo o advogado telefonado para a Secretaria e encaminhado e-mails pedindo a conclusão? Acabo acreditando que não pode ser por maldade que deixam idosos sob risco de vida, mas por causa do monstro da "Sobrecarga". Em 2001 os magistrados em MG fizeram greve dizendo que estavam sobrecarregados e, por isso, precisavam de aumento de salários. Ganharam muito daquilo que o pitoresco Procurador do MPMG (aquele que saiu no Jornal Nacional há uns 4 anos, em gravação reclamando com o Procurador Geral do "miseré" de R$ 24k de salário, enquanto o Jornal EM mostrou que no Site de Transparência constava que ele havia levado para casa R$ 65k nos 6 meses anteriores) chamava de "criatividade" salarial, também conhecida como "penduricalhos". O tamanho do problema reportado no parágrafo anterior mereceria ao menos 5 teses de doutorado, das quais a mais importante não seria sobre dinheiro (impacto orçamentário), mas sobre CORROSÃO e DECREPITUDE da nação. Em síntese, é sabido que o maior de todos os problemas do país (ou da "nação", para quem acredita que pessoas são mais importantes que números) é a INJUSTIÇA. É dela que nasce a corrupção. Funciona assim: os Defensores Públicos em MG ganhavam muito pouco, mas estavam presentes em larga escala nas comarcas; em dado momento, dizem, alguns fidalgos (etimologicamente "filhos de alguém") resolveram prestar concurso para a Defensoria e, lá chegando, conseguiram a "automomia orçamentária", com o que pararam de contratar novos Defensores, aumentando os próprios salário. Daí a pouco os defensores, que ganhavam 1/3 do salário de Delegados de Polícia, passaram a ganhar o dobro, e os Delegados é que foram (literalmente) às ruas protestar sob o slogam: "Não é justo que quem prende ganhe metade do salário de quem solta". Entendeu o que é INJUSTIÇA? A lógica acima se repete em todas as carreiras públicas, e acaba que quem é prestigiado nos órgãos públicos não são os vocacionados para servir, mas os habilidosos em conseguir benesses para o grupo. Alguns usam de meios institucionais para fazer "justiça" em causa própria, com "criatividade" salarial. Outros não tendo esse poder, fazem justiça pelas próprias mãos de outras formas, que geralmente são classificáveis como atos de corrupção. Mas a tese de doutoramento, sobre a relação entre injustiça (e/ou sentimento de) e corrupção, não seria tão simplória, evidentemente. Tocaria também na fato de que o Brasil, graças às "justiças próprias" que criam supersalários (e não vamos falar que sejam supersalários os casos de servidores que, tendo prestado concurso de nível médio, e prestam serviços de nível simplório, ganhem mais de R$ 50k, pois vamos considerar como super apenas os vencimentos acima de R$ 90k, embora nesse cômputo incluamos como "vencimento" as férias prêmio, a aposentadoria integral e outras despesas para o Estado) tornou-se o país dos CONCURSEIROS. Se bem que esse tópico mereceria um "spin-off" em outro doutoramento, tocando em questões como as micareta-concursos, ou no fato de que muito jovens de grande potencial deixam de enriquecer o país em áreas científicas e empresariais para mergulharem na burocracia onde, muitas vezes, se tornam aquilo que o Desembargador Donizetti dizia serem "juízos que adoram ser juízes, mas processsos, argh!". No doutoramento principal a problemática do "país dos concurseiros" trataria do fato de que todos os estudantes e jovens bacharéis em Direito conseguem achar normais os supersalários e benefícios, pois todos querem mesmo é entrar no sistema, ao mesmo tempo em que reclamam da morosidade do Judiciário, mas sem jamais permitir que o lado consciente do cérebro confesse que a demora pode acaso ser decorrente da falta de servidores (hoje o Judiciário funciona com mais estagiários do que servidores) e essa decorra de limitações orçamentárias por causa dos super-salários pagos. Mas o doutoramento, como qualquer obra desses empedernidos intelectuais, que acham que são alguma coisa por conseguirem elucubrar teses, iria mais a fundo, e mostraria como o sistema da injustiça é tão perverso a ponto de prejudicar os próprio integrantes, na medida em que, com a transformação experimentada no perfil dos magistrados a partir do final dos anos 1990, quando a classe média perdeu as estatais e correu para o Judiciário, ingressando por meio de concursos propositadamente focados em inteligência retentiva (decoreba), o próprio Judiciário viu-se dominado por uma nova ordem de relações de poder, onde deixou de ser admirada a capacidade intelectual e a vocação para a magistratura e passou-se a admirar o tamanho das signos materiais de status, bem como os demais valores típicos dos "pequenos burgueses", de sorte que foi dominado pela politicagem e ascenderam à sua direção pessoas muitas vezes sem grandes paixões pelo Judiciário, mas com paixão pelo poder e luxo desde o berço. Na medida em que essa nova leva de dirigentes instaura-se, perde-se o trem da história, isto é, o trem da inovação, da revolução pelo aprimoramento, e da tecnologia, de sobre que os processo no PJe guardam muito da mesma sistemática de carimbos e de "ping-pong de mesa em mesa" que se observa quando se consultam autos de processos dos anos 1940, e não têm absolutamente NADA de automação e de participação responsável dos advogados no impulsionamento do feito. Com isso, com essa inaptidão dos dirigentes para amarem o Judiciário ao ponto de não se conformarem com pouco, o sistema fica ineficiente, servidores gastam zilhões de horas com tarefas braçais e desnecessárias, e sobra pouco espaço no orçamento para mais "reconhecimentos" salariais. Tudo isso eu penso para não acreditar que seja desídia o deixar petição urgente por semanas sem ir à conclusão.
Agradeço a participação e parabenizo pelo excelente texto e pelo posicionamento realista do Poder Judiciário do nosso país. Sinta-se à vontade para usar nosso espaço. O objetivo deste canal é informar e apresentar aos usuários internos e externos do poder judiciário as ferramentas e funcionalidades do PJE que otimizam os serviços judiciários. Obviamente que sem a gestão da Unidade Judiciária, o treinamento e o uso destas ferramentas, nada irá acontecer.
Parabéns pela iniciativa.
Excelência de colaboração ao sistema jurídico paraibano.
Amigo Francisco.
Forte abraço!
Deus te abençoe!
Obrigado amigo.. sempre às ordens
Amado, e quando o pedido de urgência, com risco de desabamento, fica semanas sem ir concluso, mesmo tendo o advogado telefonado para a Secretaria e encaminhado e-mails pedindo a conclusão?
Acabo acreditando que não pode ser por maldade que deixam idosos sob risco de vida, mas por causa do monstro da "Sobrecarga".
Em 2001 os magistrados em MG fizeram greve dizendo que estavam sobrecarregados e, por isso, precisavam de aumento de salários. Ganharam muito daquilo que o pitoresco Procurador do MPMG (aquele que saiu no Jornal Nacional há uns 4 anos, em gravação reclamando com o Procurador Geral do "miseré" de R$ 24k de salário, enquanto o Jornal EM mostrou que no Site de Transparência constava que ele havia levado para casa R$ 65k nos 6 meses anteriores) chamava de "criatividade" salarial, também conhecida como "penduricalhos".
O tamanho do problema reportado no parágrafo anterior mereceria ao menos 5 teses de doutorado, das quais a mais importante não seria sobre dinheiro (impacto orçamentário), mas sobre CORROSÃO e DECREPITUDE da nação.
Em síntese, é sabido que o maior de todos os problemas do país (ou da "nação", para quem acredita que pessoas são mais importantes que números) é a INJUSTIÇA. É dela que nasce a corrupção.
Funciona assim: os Defensores Públicos em MG ganhavam muito pouco, mas estavam presentes em larga escala nas comarcas; em dado momento, dizem, alguns fidalgos (etimologicamente "filhos de alguém") resolveram prestar concurso para a Defensoria e, lá chegando, conseguiram a "automomia orçamentária", com o que pararam de contratar novos Defensores, aumentando os próprios salário. Daí a pouco os defensores, que ganhavam 1/3 do salário de Delegados de Polícia, passaram a ganhar o dobro, e os Delegados é que foram (literalmente) às ruas protestar sob o slogam: "Não é justo que quem prende ganhe metade do salário de quem solta".
Entendeu o que é INJUSTIÇA? A lógica acima se repete em todas as carreiras públicas, e acaba que quem é prestigiado nos órgãos públicos não são os vocacionados para servir, mas os habilidosos em conseguir benesses para o grupo.
Alguns usam de meios institucionais para fazer "justiça" em causa própria, com "criatividade" salarial. Outros não tendo esse poder, fazem justiça pelas próprias mãos de outras formas, que geralmente são classificáveis como atos de corrupção.
Mas a tese de doutoramento, sobre a relação entre injustiça (e/ou sentimento de) e corrupção, não seria tão simplória, evidentemente. Tocaria também na fato de que o Brasil, graças às "justiças próprias" que criam supersalários (e não vamos falar que sejam supersalários os casos de servidores que, tendo prestado concurso de nível médio, e prestam serviços de nível simplório, ganhem mais de R$ 50k, pois vamos considerar como super apenas os vencimentos acima de R$ 90k, embora nesse cômputo incluamos como "vencimento" as férias prêmio, a aposentadoria integral e outras despesas para o Estado) tornou-se o país dos CONCURSEIROS.
Se bem que esse tópico mereceria um "spin-off" em outro doutoramento, tocando em questões como as micareta-concursos, ou no fato de que muito jovens de grande potencial deixam de enriquecer o país em áreas científicas e empresariais para mergulharem na burocracia onde, muitas vezes, se tornam aquilo que o Desembargador Donizetti dizia serem "juízos que adoram ser juízes, mas processsos, argh!".
No doutoramento principal a problemática do "país dos concurseiros" trataria do fato de que todos os estudantes e jovens bacharéis em Direito conseguem achar normais os supersalários e benefícios, pois todos querem mesmo é entrar no sistema, ao mesmo tempo em que reclamam da morosidade do Judiciário, mas sem jamais permitir que o lado consciente do cérebro confesse que a demora pode acaso ser decorrente da falta de servidores (hoje o Judiciário funciona com mais estagiários do que servidores) e essa decorra de limitações orçamentárias por causa dos super-salários pagos.
Mas o doutoramento, como qualquer obra desses empedernidos intelectuais, que acham que são alguma coisa por conseguirem elucubrar teses, iria mais a fundo, e mostraria como o sistema da injustiça é tão perverso a ponto de prejudicar os próprio integrantes, na medida em que, com a transformação experimentada no perfil dos magistrados a partir do final dos anos 1990, quando a classe média perdeu as estatais e correu para o Judiciário, ingressando por meio de concursos propositadamente focados em inteligência retentiva (decoreba), o próprio Judiciário viu-se dominado por uma nova ordem de relações de poder, onde deixou de ser admirada a capacidade intelectual e a vocação para a magistratura e passou-se a admirar o tamanho das signos materiais de status, bem como os demais valores típicos dos "pequenos burgueses", de sorte que foi dominado pela politicagem e ascenderam à sua direção pessoas muitas vezes sem grandes paixões pelo Judiciário, mas com paixão pelo poder e luxo desde o berço.
Na medida em que essa nova leva de dirigentes instaura-se, perde-se o trem da história, isto é, o trem da inovação, da revolução pelo aprimoramento, e da tecnologia, de sobre que os processo no PJe guardam muito da mesma sistemática de carimbos e de "ping-pong de mesa em mesa" que se observa quando se consultam autos de processos dos anos 1940, e não têm absolutamente NADA de automação e de participação responsável dos advogados no impulsionamento do feito.
Com isso, com essa inaptidão dos dirigentes para amarem o Judiciário ao ponto de não se conformarem com pouco, o sistema fica ineficiente, servidores gastam zilhões de horas com tarefas braçais e desnecessárias, e sobra pouco espaço no orçamento para mais "reconhecimentos" salariais.
Tudo isso eu penso para não acreditar que seja desídia o deixar petição urgente por semanas sem ir à conclusão.
Agradeço a participação e parabenizo pelo excelente texto e pelo posicionamento realista do Poder Judiciário do nosso país. Sinta-se à vontade para usar nosso espaço. O objetivo deste canal é informar e apresentar aos usuários internos e externos do poder judiciário as ferramentas e funcionalidades do PJE que otimizam os serviços judiciários. Obviamente que sem a gestão da Unidade Judiciária, o treinamento e o uso destas ferramentas, nada irá acontecer.
Se for depender desses serventuários???
Bem, a funcionalidade existe. Se usam, depende da gestão da Vara.